O "verdadeiro" Programa Eleitoral do PSD não é o chamado "Compromisso de Verdade" embora tenha sido apresentado como tal. O "verdadeiro" programa do PSD não está escrito, nem por escrever, pois está na cabeça de Manuela Ferreira Leite que é quem tudo sabe e manda no seu partido. (Ai de quem não esteja em completa sintonia com ela - Passos Coelho e Miguel Relvas, que o digam).
O "verdadeiro" programa tem como única fonte de inspiração a obsessão de Manuela Ferreira Leite com o "endividamento do país" e pode, por isso, resumir-se ao "Rasgar tudo" em matéria de apoios sociais, ao "Parar tudo", em matéria de investimento público.
A afirmação de que “aquilo que há a fazer é travar, tudo menos avançar”, aqui atribuída a Manuela Ferreira Leite e proferida já depois de conhecido o dito "Compromisso" não deixa dúvidas sobre o pensamento e o programa de acção da líder do PSD.
Dúvidas não terá também o Professor Marcelo Rebelo de Sousa que afirmou que o programa eleitoral (oficial) do PSD servia para duas eleições: uma a 27 de Setembro e outra daqui a dois anos. Uma pessoa inteligente, como ele, não acredita, por certo, que um programa eleitoral escrito, por muito bem preparado que tenha sido, possa ser o adequado para dar resposta às condições e circunstâncias em que viveremos daqui a dois anos e que são, neste momento, completamente imprevisíveis, tal a volatilidade de umas e de outras. Não acredita ele, nem ninguém, em seu perfeito juízo. A sua afirmação terá, pois, de ser lida como mais uma manifestação da sua fina ironia. Tão fina que, frequentemente, passa despercebida.
Diria ainda que, por esta forma, se explicariam também as afirmações de Pina Moura que considerou o programa do PSD mais "focado" que o do PS. Se nos ativermos ao "verdadeiro" programa, Pina Moura tem razão, do seu ponto de vista. Pina Moura pode não estar tão obcecado como Ferreira Leite com o problema do "endividamento", mas não há dúvida que este é um problema por ele "focado", desde há muito.
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