quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais um fora do ringue

Paulo Rangel, hoje, em entrevista dada à RTP, também se pôs fora da corrida à presidência do PSD e tratou de empurrar Marcelo Rebelo de Sousa para o ringue. Ao que parece, estão na calha outros empurrões no mesmo sentido.
Será que, com tanto empurrão, Marcelo acaba mesmo por entrar no ringue (hipótese que, como já disse anteriormente, não descarto) apesar de todas as sua declarações em contrário ? Ou será que a claque ferreiraleitista terá mesmo que encontrar um candidato de recurso para defrontar Passos Coelho?
Todas as hipóteses continuam em aberto. Em todo o caso, tendo em conta os preparativos (e os avanços e recuos) a sessão de boxe promete.

A chantagem compensa ?

O fim da crise ?

Um crescimento do PIB da ordem dos 3,5%, valor agora anunciado para a economia americana, relativamente ao 3º trimestre deste ano é, claramente, uma boa notícia. É a retoma da economia e o fim da crise ? Resta-nos, por ora, fazer votos para que tal se venha a confirmar.

A virtude da prudência

O receio de derrubar o Governo através da aprovação de uma eventual moção de censura que venha a ser apresentada é tanto que ainda o programa de governo não é conhecido e já praticamente todos os partidos com representação parlamentar se pronunciaram no sentido de que não irão tomar a iniciativa de propor moções de rejeição e o PS, para não ficar atrás, também se irá abster de apresentar uma moção de confiança.
A palavra de ordem, por estes dias, parece ser a da prudência, quer por parte da oposição, quer por parte do partido do Governo e não é para admirar que assim seja: por contraditório que possa parecer, se a almofada da maioria parlamentar era cómoda para anterior o Governo, não o era menos para as oposições. Com a actual composição parlamentar, as oposições deixaram de poder contar com o álibi da maioria do partido do Governo, pelo que a sua responsabilidade torna-se muito mais evidente para os cidadãos e também as suas iniciativas e propostas ficarão sujeitas a um escrutínio bem mais rigoroso.
Tudo indica, pois, que soou a hora da virtude da prudência.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Na mesma família política, dois suicídios era demais...

Ainda bem: dois suicídios, na mesma família política, em tão curto espaço de tempo, também era demais. Acho eu.

O venha a nós ...

Pelos vistos, os empresários portugueses, da oração do "Pai Nosso" só conhecem o "venha a nós".
Também, pelos vistos, e contrariamente ao propalado pela Drª Leite e pelo Dr. Paulo Portas, as empresas portuguesas não se queixam de ter havido falta de apoios por parte do Estado. Tanto assim é que, afinal, o que os empresários querem é que tais apoios continuem.
Admito que, se tal se justificar, pela incerteza da retoma, os apoios possam continuar. No entanto, o Estado deve, como contrapartida, exigir o cumprimento integral de compromissos assumidos no respeitante à subida do salário mínimo.
Eu até reconheço que, infelizmente, o sol quando nasce não é igual para todos. Mas já diziam os romanos: est modus in rebus.

domingo, 25 de outubro de 2009

Má sorte...

Para fazer frente à candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, o círculo da actual presidente parece não encontrar melhor alternativa do que o eurodeputado Paulo Rangel. Isto, depois de o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa se ter, pelo menos aparentemente, afastado do "ringue" e da corrida.
Má sorte, digo eu, a de um partido que não tem outra escolha que não seja optar, ou por um peso pluma (Passos Coelho) ou por um "pinguim" esganiçado (Rangel).
Verdade se diga que se o Prof. Marcelo voltasse atrás na sua decisão (hipótese que não excluo, porque, com Marcelo, Cristo está sempre pronto a voltar à terra) o PSD não teria melhor sorte: Marcelo é um malabarista que nem ele próprio se leva a sério. Faço-lhe essa justiça.
Má sorte ainda quando são aventados os nomes de Morais Sarmento e de Aguiar Branco, o que me leva a perguntar se não haverá ninguém no PSD que seja capaz de definir uma linha de rumo consistente e que possamos levar a sério ? Pessoalmente, até julgo que há. Mas tardam a aparecer. Receio do "saco de gatos"?

Uma flor de vem em quando # 8

Roseira-brava (Rosa corymbifera Borkh.)
(Clicando, amplia)

sábado, 24 de outubro de 2009

"Your Blog is just perfect to learn something every day":

Fico em dívida ao T.Mike (Miguel Gomes Coelho) autor do "Vermelho Côr de Alface" pela atribuição deste selo. E dívida que é grande, pois nem o "Terra dos Espantos" é um blogue VIP, e pouco ou nada aqui se aprende. Porque a dívida é grande, maior é o agradecimento.
Aprender, aprendo eu nos blogues citados a seguir, aos quais endosso o galardão e passo a palavra:

Por que será ?

Dou de barato que José Sócrates tenha que ser ilibado do quer que seja, pois para ser ilibado necessário seria que tivesse sido suspeito e, como é sabido, segundo repetidas afirmações dos responsáveis pela investigação, nunca o foi. Vítima foi sim de calúnias várias propangandeadas por grande parte da comunicação social, o que prova o seu nível de seriedade e de responsabilidade. Nível que foi ao ponto de negar à vitima o direito de pedir contas, pela via judicial, a quem se encarregou de difundir e propalar insinuações, calúnias e boatos.
Entretanto, e aqui chego ao ponto pretendido, esta notícia, no Correio da Manhã on line, já se sumiu e nem sequer aparece no dossiê dedicado ao caso Freeport. E, mais surpreendente, ou talvez não, no Público.PT, sempre lesto a divulgar qualquer boato desfavorável a José Sócrates, dessa notícia, nem sinais.
Por que será que, num caso, a notícia se sumiu tão rapidamente e, no outro, não chegou a ver a luz do dia ? Será porque não faz parte da agenda política que um e outro têm prosseguido?
Razão tem o José Ferreira Marques para admitir, no seu "A Forma e o Conteúdo", que talvez tenham sido prejudicados o Mali e a Costa Rica ao ficarem colocados a par de Portugal num ranking em termos de liberdade de imprensa, tendo em conta que, indirectamente, estes rankings também avaliam jornalistas…

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ainda acreditam em milagres ?

Como é sabido, com o aparecimento da crise económica mundial, o desemprego tem vindo a crescer em todo o mundo, fenómeno a que Portugal não escapou, se bem que os números, felizmente, não tenham atingido expressão idêntica à verificada em muitos noutros países, como é o caso, para não irmos mais longe, da vizinha Espanha, onde o desemprego anda perto dos 20% da população activa.
Tudo isto é conhecido e não sofre contestação que, enquanto a economia mundial não recuperar da crise, o desemprego também não diminuirá. Infelizmente é assim e, pelos vistos, não há volta a dar.
No entanto, todos os meses temos vindo a assistir, aquando da publicação dos números dos desempregados por parte das entidades oficiais, a manifestações retóricas por partes dos partidos da oposição. Também, desta feita, não escapámos a idêntico exercício, com a divulgação dos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, segundo os quais o número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 29,1 por cento em Setembro em relação ao mesmo mês do ano passado e aumentou 1,7 por cento face a Agosto: uns (PCP) exigem respostas aos números “mais graves de que há memória”; outros (BE) consideram que o número de desempregados é “marca de uma governação que falhou”; e, finalmente, outros (PSD) querem que “rapidamente o Governo diga o que vai fazer para estancar esta situação”.
Trata-se de pura retórica, pois ficamos, lamentavelmente e uma vez mais, sem saber quais são as soluções propostas por estes partidos para enfrentar o drama do desemprego. Se calhar, foi por isso mesmo, que os eleitores, mais confiados no empenho do Governo em aumentar o investimento público e em minorar os efeitos do desemprego até onde as finanças públicas o têm permitido (que é o que, em toda a parte, está ao alcance dos Governos) do que em proclamações vãs, resolveram, nas recentes legislativas, confiar de novo ao PS a responsabilidade de formar governo.
Se os partidos da oposição não apresentam soluções será só porque ainda acreditam em milagres ?
Adenda:
Não será ainda o "milagre" esperado, mas são boas, em todo o caso, estas notícias: os Centros de Emprego colocaram 7.021 desempregados em Setembro, o que corresponde a um aumento de 3,5 por cento em relação ao mesmo mês de 2008 e de 39,6 por cento em relação a Agosto; ao mesmo tempo, verificou-se em Setembro um aumento do número de ofertas de emprego de 15,7 por cento em relação ao mesmo mês de 2008 e de 4,4 por cento face a Agosto. Sinais de alguma retoma da economia ? Toda a gente, suponho, deseja que sim.

Observação dos dias (XXVII): Razões de queixa

[Abibe-andino ou Abibe-serrano (Vanellus resplendens Tschudi)]

"Na composição do novo Governo, é lamentável que se tenham esquecido do Algarve" diz, amuado, o presidente da Câmara de Portimão. Tem razão, mas não é caso único. De facto, mais razões de queixa tem o presidente da junta da freguesia da Abitureira: não só nenhum dos seus fregueses foi convidado para integrar o Governo, como também não tem nenhum Presidente da República saído lá da terra. Está mal !...
(Clicando na imagem, amplia)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Com a prata da casa !

Com a prata da casa (Miguel Veloso e João Moutinho - um golo cada um) o Sporting levou de vencida o Ventspils (1-2) em jogo disputado em Riga (Letónia) para a Liga Europa, averbando assim o terceiro triunfo na prova, em outros tantos jogos disputados. A passagem à fase seguinte parece assim estar bem encaminhada. Para quem não dispõe de milhões, não está nada mal. Oxalá assim continuem. Palavra de simpatizante!

Novo Governo (Caras e Perfis)


As caras dos membros do novo Governo. A imagem foi roubada aqui, onde igualmente podem ser consultados os respectivos perfis.

Acabem com a novela !

As autoridades britânicas já enviaram todos os documentos solicitados pela equipa do Ministério Público (MP) que investiga o caso Freeport.
Se assim é, já não há mais desculpas. Acabem com a novela!

Temos campeão ?

Impor uma goleada (5-0) ao Everton é uma proeza e tanto, se bem que o Benfica, esta época, já esteja habituado a presentear as equipas adversárias com uma chuva de golos. A excepção terá sido a derrota em Atenas, frente ao AEK.
Resumindo e concluindo: parece que o investimento feito, no início da época, está a render dividendos. A continuar, neste ritmo, estará o Benfica destinado a destronar o FCP ? Assim seja, já que o "meu" Sporting não vai lá.

O novo Governo

Primeiro-ministro - José Sócrates;

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros – Luís Amado;

Ministro de Estado e das Finanças - Fernando Teixeira dos Santos;

Ministro da Presidência – Pedro Silva Pereira;

Ministro da Defesa Nacional - Augusto Santos Silva;

Ministro da Administração Interna – Rui Pereira;

Ministro da Justiça - Alberto Martins;

Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento - Vieira da Silva;

Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas - António Manuel Soares Serrano;

Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - António Augusto da Ascensão Mendonça;

Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território - Dulce dos Prazeres Fidalgo Álvaro Pássaro;

Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social - Maria Helena dos Santos André;

Ministra da Saúde - Ana Maria Teodoro Jorge;

Ministra da Educação - Isabel Alçada;

Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Mariano Gago;

Ministra da Cultura - Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas

Ministro dos Assuntos Parlamentares - Jorge Lacão

Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - João Tiago Silveira

(Posse agendada para a próxima 2ª feira)

Comentário

1. Transitam do anterior Governo os ministros que já eram apontados como insubstituíveis (Luís Amado, Teixeira dos Santos, Pedro Silva Pereira, Augusto Santos Silva, Vieira da Silva, Ana Jorge e Mariano Gago) embora nalguns casos se verifique a mudança de pasta (Vieira da Silva e Augusto Santos Silva). A excepção terá sido Rui Pereira que se admitia que viesse a ser substituído, embora, pessoalmente, considere que teve um bom desempenho no anterior Governo.
2. Saúda-se o reforço da componente feminina, pois o Governo passa a contar com cinco ministras.
3. Nas actuais circunstâncias, (tempo de crise económica e governo minoritário) a formação do Governo requeria muita ponderação, quer por parte do primeiro-ministro, quer por parte das pessoas convidadas. O tempo que decorreu entre a indigitação do primeiro-ministro e a apresentação do elenco governativo, não me parece, ao contrário do que por aí se tem afirmado, que tenha sido excessivo. Depressa e bem não há quem.
4. Os ministros que entram no Governo pela primeira vez não conheço, com excepção do Alberto Martins, meu contemporâneo em Coimbra, que considero uma boa escolha para a pasta da Justiça. Trabalho não lhe vai faltar.
5. Governar nos tempos que correm não vai ser tarefa fácil. Saúda-se, por isso, a disponibilidade e a coragem dos novos ministros. E formulam-se votos de boa sorte.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Não foi pêra doce

O Futebol Clube do Porto (FCP) arrecadou os três pontos no jogo contra o APOEL, depois de dar a volta ao resultado, quando estava a perder por 1-0, com dois golos de Hulk, mas o jogo esteve longe de ser uma pêra doce para o FCP. E, na segunda parte, depois da expulsão (justa) de Mariano, o jogo passou a ser dominado pelo APOEL, tendo terminado com o Porto com o credo na boca.
Já vi o FCP em melhores dias: fraca exibição, salva-se o resultado.

Disse "Gulag" ?...

Em entrevista à revista "Domingo" do "Correio da Manhã" foi perguntado à nova deputada do PCP, Rita Rato, licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais, o que pensa do ‘Gulag’, em que morreram milhares de pessoas. Resposta : "Não sou capaz de responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso".
Em que raio de Escola é que a jovem e "promissora" deputada do PCP terá tirado o curso de "Ciência Política e Relações Internacionais" ?
Na escola da JCP ? Só pode.

Um país às arrecuas ?

Ao que aqui se adianta, a avaliação dos professores, o estatuto da carreira docente, as taxas moderadoras nas cirurgias e internamentos, a reforma das leis penais, o estatuto do Ministério Público, a concessão do terminal de Alcântara e as matrículas electrónicas nos automóveis são matérias que toda a oposição quer rever, suspender ou revogar. Fora o que adiante se verá...
Se assim for, tal significa que a oposição é incapaz de conceber alternativas e que a sua imaginação se esgota em destruir o que foi feito. Em vez de propor novas reformas e de construir novas soluções, a oposição entretém-se a tratar de contas do passado.
Terá sido para isto que no dia 27 de Setembro, os eleitores deram ao PS um mandato para governar ?
Não me parece.

Avifauna portuguesa # 74 : Pilrito-de-bico-comprido (Calidris ferruginea)

[Pilrito-de-bico-comprido (Calidris ferruginea Pontoppidan)]
(Local e data: Sapal de Castro Marim - Algarve; 13-08-2009)
(Clicando na imagem, amplia)

Quando a responsabilidade cede o passo à demagogia

Mandaria o simples bom senso que os partidos que defendem a existência de uma avaliação de desempenho para os professores, se abstivessem de revogar ou suspender o actual sistema, antes de construída uma solução alternativa. Todavia, parece que não vai ser assim, pois os partidos da oposição mostram-se empenhados em conseguir o que não puderam alcançar na anterior legislatura, ou seja, a suspensão do actual modelo de avaliação e o fim da divisão da carreira entre titulares e não titulares.
A definição de um novo modelo e de novas regras, pelos vistos, pode esperar e, antecipo eu, vai esperar até às calendas gregas, porque é mais que sabido que as estruturas sindicais e os movimentos dos professores não vão aceitar qualquer solução que não seja o fim de toda e qualquer avaliação e é mais que certo que os partidos que agora cedem à pressão dos professores, também não vão ter coragem, no futuro, para enfrentar os interesses corporativos da classe docente.
Quando a responsabilidade cede o passo à demagogia, o resultado não podia ser outro que não este.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Bíblia segundo S.Aramago

Não me parece ser difícil concordar com José Saramago quando afirma que a Bíblia é obra puramente humana, e estou certo que ateus, agnósticos e até muitos crentes comungam dessa opinião, pois para ser obra inspirada por Deus (por definição, na visão bíblica, infinitamente perfeito) a Bíblia é demasiado imperfeita. Como também ninguém, suponho, contesta o direito de José Saramago escrever sobre o que muito bem entenda e de expressar a sua opinião sobre a Bíblia. Eu, pelo menos, não contesto. Tal, no entanto, não significa que as opiniões que emite, como as de qualquer outra pessoa, não possam também ser objecto de apreciação crítica, sobretudo quando, como foi agora o caso, a sua opinião, independentemente de qualquer consideração religiosa, mostra ser extremamente redutora.
Na verdade, considerar a Bíblia tão só como "um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana" só pode ser levado à conta, ou de uma infantilidade, ou de um golpe publicitário. Em todo o caso, a afirmação não acrescenta nada ao prestígio de que goza o seu autor. Pelo contrário só o diminui.
Com efeito, para quem já a leu, se não no seu todo, pelo menos em parte, a Bíblia, mesmo pondo de lado o aspecto religioso e moral, é um documento com interesse histórico e um monumento literário de primeira grandeza. Nem é preciso conhecer o Cântico dos Cânticos, ou os Salmos, para chegar a tal conclusão. A própria narrativa da Criação, no Livro do Génesis, é uma peça literária de grande beleza. Causa, pois, alguma admiração que o escritor Saramago, que deve ter lido o Génesis, para escrever o "Caim", não se tenha sentido sensibilizado pela beleza literária da narrativa.
O preconceito, já se sabe, tem destas coisas e Saramago não foge à regra. É pena.
Adenda:
Pior a emenda que o soneto.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um "chumbo" histórico

A honra pertence por inteiro a Cavaco Silva (CS) que, segundo uma sondagem da Aximage para o "Jornal de Negócios" e o "Correio da Manhã", é avaliado negativamente por 42,4% dos portugueses consultados, contra 35,5% (que acham que esteve bem) e 15,9% (que consideram que nem esteve bem nem mal) avaliação que é complementada pela atribuição de uma nota que, numa escala de 0 a 20, não vai além de 9,6. Esta avaliação surge no rescaldo da actuação de CS no caso das escutas e do patético discurso com que o pretendeu encerrar.
A meu juízo, o comportamento de CS em toda esta "estória" é merecedor de uma nota bem mais negativa, mas até compreendo que os consultados não tenham ido mais além pelo "respeitinho" com que, habitualmente, tratam o detentor do cargo de Presidente da República. Sorte, pois, a dele. Até ver.

domingo, 18 de outubro de 2009

Marcelo tira mais um coelho (salvo seja) da cartola

Dou por assente que Marcelo Rebelo de Sousa pretende vir a ocupar o lugar de presidente do PSD, conclusão que se tornou evidente a partir do momento em que Marcelo afirmou ir ponderar a possibilidade de se candidatar ao cargo.Perguntar-se-á então por que razão não assume essa intenção, seguindo o exemplo de Passos Coelho, que já o fez ?
Suponho que ainda o não terá feito, porque não está interessado em correr o risco de ter de enfrentar um ou mais concorrentes e de, eventualmente, perder a eleição, porque se tal suceder, a sua carreira política terá chegado ao fim e a sua alegada ambição de vir a ser candidato a Presidente da República ter-se-á esfumado de vez.
Esta suposição encontra algum suporte em dois dados de facto, a saber:

I. Até ao momento, a única candidatura já em acção é a de Pedro Passos Coelho que, após as últimas directas, de que saiu derrotado, embora por não larga margem, nunca mais abandonou o combate político dentro do partido e tem, por isso, as suas "tropas" devidamente alinhadas no terreno. Ao invés, Marcelo, com excepção da última campanha para as legislativas em que apareceu por diversas vezes ao lado da actual líder, tem mantido algum distanciamento em relação ao partido. A sua candidatura, nestas condições, por muitos apoios que possa vir a ter no futuro, precisa de tempo para se organizar. Não admira, por isso, que ele surja a defender, de todos os modos e sem argumentos convincentes, a manutenção de Manuela Ferreira Leite à frente do partido até ao final do seu actual mandato. É um facto. Pressa, na perspectiva da sua candidatura, está fora de questão.

II. Mesmo tendo todo o tempo necessário para desenvolver a sua campanha, Marcelo não tem a certeza (e tem boas razões para isso) de que a sua eleição nas próximas directas esteja assegurada à partida. Pese embora a notoriedade de que goza, graças às suas frequentes aparições nos media e, muito particularmente, devido às suas prédicas dominicais na RTP, a verdade é que contra ele pesa o facto de a sua anterior passagem pelo cargo de presidente do PSD e de a sua saída não terem sido particularmente brilhantes. Acresce a circunstância de surgir, aos olhos de muita gente, como uma personalidade sem dúvida muito inteligente, mas também capaz de dar uma no cravo outra na ferradura, ou seja, como um "jongleur", para utilizar uma palavra não excessivamente cáustica.

Na dúvida, que faz Marcelo? Prestidigitador, como é, o Professor tira mais um coelho (salvo seja) da cartola, apresentando a ideia da realização de uma reunião de “ex-líderes ou aqueles que acham que lideram sensibilidades”. Para quê ? Para "ultrapassar 'a balcanização' no PSD, dado que há uma 'unidade ideológica e estratégica' no partido". Balcanização que, digo eu, só terminaria com o estabelecimento de um acordo tendente à apresentação de uma única candidatura: a do Professor Marcelo, esperará ele, já que é dele que parte a ideia.

A estratégia seria brilhante, se a ideia pegasse, mas duvido que tal venha a acontecer, não só porque os pressupostos de que parte (a unidade ideológica e estratégica no partido) não são verdadeiros, mas também porque há, certamente, outros interesses em jogo. Aliás, é o próprio Marcelo quem nos garante que o PSD é um "saco de gatos". Sendo assim, como espera ele evitar que os "gatos" se continuem a "arranhar", se tal, como é sabido, faz parte da sua natureza ?
(Imagem daqui)

Avifauna portuguesa # 73: Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)

[Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula L.)
(Local e data: Fonte da Pipa - Almada; 13-10-2009)
(Clicando na imagem, amplia)

A falácia

É claro que um governo minoritário é, em geral, uma má solução governativa e, numa época de crise económica mundial que é, por ora, a situação em que se vive, tal conclusão é ainda mais evidente. E é má, não porque o governo minoritário esteja, à partida, condenado a ter uma vida breve (mal menor para quem até gosta de votar) mas sim e fundamentalmente porque não terá, em muitos casos, possibilidade de realizar as reformas de que o país carece, correndo-se, inclusive, o risco de ver destruídas algumas das reformas empreendidas pelo Governo ainda em funções, como se antevê seja o caso das medidas tomadas em matéria de educação. Por alguma razão são raros, na Europa, os governos minoritários, como se escreve hoje no "Público".
Não será, por isso, de admirar que os portugueses, mesmo o que, votando como votaram, o inviabilizaram, ainda venham a ter, a breve trecho, saudades de um governo maioritário.
Aquela solução, no entanto, é, neste momento, face à posição dos diversos partidos com representação parlamentar, a única possível, pelo que não vale a pena passar a vida a chorar sobre o leite derramado. Como diria o outro: meus senhores, é a vida !
No meio disto tudo, o que espanta é que, nesta altura, os maiores lamentos partam, não dos apoiantes do partido encarregado de formar governo, mas sim de alguns dos sectores que mais se encarniçaram contra o governo cessante, em nome da "asfixia democrática". A meu ver, fica assim demonstrado que o argumento da "asfixia" invocado por tutti quanti, não passou de um artifício falacioso. Entenda-se que a demonstração é só em benefício de quem ainda tivesse dúvidas. Não é o meu caso, esclareço.

A seguir ...

Saúda-se o surgimento de um novo blogue colectivo que, pela qualidade dos seus autores, já conhecidos de outros sítios, vai valer a pena seguir: A Regra do Jogo.

sábado, 17 de outubro de 2009

Avifauna portuguesa # 72 : Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa)

[Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa L.) ]
(Local e data: Ria Formosa - Faro - Algarve; 11-08-2009)
(Clicando na imagem, amplia)

O que é que o "Magalhães" tem que outros não têm ?

Os portáteis "Magalhães" que estão a ser distribuídos mas escolas, ao que parece, já em versão melhorada, são, no dizer de Manuel Cerqueira, presidente da Associação Portuguesa de Software, “uma fábrica de piratinhas”.
Sendo assim, impõe-se afirmar que o "Magalhães" não só não é " uma fábrica de piratinhas" como tem o que outros não têm, isto é, sucesso. Aliás, comprovado com a enorme aceitação com que tem sido premiado onde já chegou, países estrangeiros incluídos.
E concluo: se é costume dizer que o sucesso alheio gera "dor de corno", este caso confirma-o.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A cooperação institucional está de volta ?

Senão vejamos o discurso de Cavaco Silva nas comemorações do centésimo aniversário do Liceu Camões, em Lisboa.
Cito: "O Presidente destacou os 'progressos notáveis' das últimas décadas na generalização do ensino obrigatório, na redução do abandono escolar e nos níveis de frequência das universidades, mas sublinhou que falta ao país 'ir muito mais longe na qualidade e na competitividade' dos sistemas de educação e formação, 'tendo em conta os padrões europeus' com o Portugal se compara."
Cavaco Silva despertou tarde para as questões da educação, é verdade, mas de tanto ouvir o actual Governo e o primeiro-ministro falar da educação como indutor de competitividade na economia portuguesa e como factor de igualdade entre os cidadãos, acabou por despertar para o tema.
É uma boa forma de regressar à cooperação institucional. A fase da paranóia será já passado?

Sorte a dele não ter de andar por aí ...

Muito se falou em toda a comunicação social sobre a dupla candidatura de Elisa Ferreira e de Ana Gomes ao Parlamento Europeu e à presidência das Câmaras do Porto e de Sintra, respectivamente. O tema até serviu de cavalo de batalha contra estas candidatas, durante a campanha eleitoral para as eleições autárquicas. Reparo, no entanto, que o agora eleito vice-presidente da Assembleia da República, Luís Fazenda (do Bloco de Esquerda) estava em idêntica situação, pois foi candidato nas eleições legislativas e foi cabeça de lista do Bloco à presidência da Câmara de Lisboa. Ninguém, no entanto, se lembrou de chamar a atenção para o seu caso. O que me leva a dizer: vá lá o diabo entender isto. O que se censura nuns casos (embora sem razão, a meu ver) é perfeitamente aceitável noutros, em nome de quê?
Com tudo isto, tem que se reconhecer que sorte teve o Fazenda que até foi promovido, tudo ao contrário de Santana Lopes, que tendo averbado, tal como o Fazenda, uma derrota nas eleições para a Câmara de Lisboa, mas não tendo beneficiado, ao invés deste, duma dupla candidatura, terá agora de, uma vez mais, "andar por aí".
Ser do Bloco faz e fez toda a diferença, está visto. Por certo, em nome da propalada "transparência". Só pode.

Pobrezinha ! (II)

Apesar da discordância do António de Almeida, manifestada num comentário a um "post" aqui publicado sob o mesmo título, quanto à indigitação de Guilherme Silva, por parte do PSD, para ocupar uma das vice-presidências da Assembleia da República, continuo na minha quanto à apreciação que faço da bancada do PSD: muito pobrezinha. A formalização da candidatura de Aguiar Branco ao cargo de líder parlamentar confirma-o. É verdade que o seu empenho na campanha eleitoral ao lado de Ferreira Leite merecia alguma recompensa e esta porventura nem seria a que ele esperava. Tal facto, no entanto, não lhe aumenta a estatura, nem a competência. O futuro o dirá.

A acelerar

Pelo que os índices revelam, a economia portuguesa está mais sã do que o "pintão", visto que nem os augúrios pessimistas da Drª Manuela e de mais uns quantos profetas da desgraça conseguiram impedir "a aceleração do ritmo de recuperação". Afastado que está o perigo de um governo liderado pela nossa senhora da "Verdade", temos agora melhores condições para que a aceleração prossiga. Isto digo eu, com esperança, apesar de todas as dificuldades.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A bem da República !

Não obstante os vários partidos da oposição terem desenvolvido, durante a recente campanha eleitoral para a Assembleia da República, todos os esforços para tirarem ao PS a maioria absoluta, tendo alguns deles feito desse objectivo o seu principal cavalo de batalha, a verdade é que, nenhum deles, nem o PSD, nem o CDS, nem o BE, nem o PCP, se dispuseram a participar num governo de coligação, nem a chegar a qualquer tipo de acordo que permitisse a estabilidade da governação. Tal facto demonstra que nenhum deles é capaz de arcar com as suas próprias responsabilidades, preferindo antes, porque é mais fácil, assumir-se como partidos de protesto. Já se sabia, aliás, que todos tinham um pretexto para invocar: a política alternativa de "Verdade" à moda do PSD, o caderno de encargos do CDS e a alegada política de direita levada a cabo pelo PS que não consentiria aproximações à esquerda (leia-se BE e PCP).
Perante tanta porta fechada, o PS e José Sócrates não têm, como já era antecipado, outra alternativa que não seja a de formar um governo minoritário. Pese embora as muitas dificuldades que vai encontrar, espero que governe a bem da República. Na altura própria, cá estarão os eleitores para premiar a coragem de uns e pedir contas a outros. Vamos a isso !

Pobrezinha !

Guilherme Silva, para além de outras qualidades que eventualmente terá, passa por ser um serventuário de Alberto João Jardim, ligação que, na minha perspectiva, é suficiente para o desqualificar para o exercício do cargo de vice-presidente da Assembleia da República.
Será que na bancada do PSD não existe outro deputado que pudesse desempenhar o cargo, sem acarretar desprestígio para a Assembleia da Republica? Ou dar-se-á, antes, o caso de o PSD continuar refém das exigências do soba da Madeira?
Seja assim, ou seja assado, temos de concluir que a bancada do PSD é muito pobrezinha!

Passou o teste e com brilho

Ao recolher 204 votos, entre os 228 deputados presentes, Jaime Gama passou com brilho o teste para a sua eleição como presidente da Assembleia da República, sinal de que, para os seus pares, exerceu o mesmo cargo, durante a legislatura cessante, por forma a agradar a gregos e a troianos, o que não é pequeno mérito.
Idêntico resultado não teve, no entanto, há dois dias, aquando da sua passagem pelo programa "Os Gato Fedorento esmiúçam os escrutínios", onde, a meu ver, não passou no teste. Prova de que política e o humor têm exigências distintas, ainda que a política se preste ao tratamento humorístico e com o humor também se possa fazer política. Não virá daí grande mal ao mundo. Antes pelo contrário, acho eu.

Meia hora depois de o ser já não era

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, João de Deus Pinheiro, proposto pelo PSD nas recentes eleições legislativas como cabeça de cabeça-de-lista pelo círculo de Braga, renunciou de imediato ao mandato, logo após a tomada de posse dos deputados da nova legislatura. Meia hora depois de ser já não era.
Com esta tão intempestiva renúncia, fica por explicar o que é que passou pela cabeça de Manuela Ferreira Leite quando tomou a decisão de o "ressuscitar" e o que é que Deus Pinheiro pensou quando aceitou o convite.
Serão tudo consequências da "política de Verdade"?
Seja como for, é evidente que os critérios seguidos por Manuela Ferreira Leite para a escolha de candidatos a deputado estão a revelar-se um desastre, pois, para além da renúncia de Deus Pinheiro há ainda a assinalar a suspensão do mandato por parte de António Preto (outra escolha pessoal de MFL) para se submeter a julgamento já agendado para o dia 27 deste mês.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O melhor é regressarmos à escrita cuneiforme


Sob o falso pretexto de que "o sistema informático do Ministério da Justiça é altamente vulnerável a intrusões graves que podem ter as mais diversas finalidades", a direcção do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), defende "a imediata suspensão de todos os programas informáticos em utilização, única forma de salvaguardar a informação criminal".
Sob o falso pretexto disse eu, porque o Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça (ITIJ) não só garante que o tratamento concedido às questões de segurança é "adequado" e "uma prioridade na sua actividade, o que tem permitido garantir a integralidade dos sistemas e dos dados sob sua administração", como afirma que "o CITIUS não é de utilização obrigatória nos processos penais", pois "os magistrados não são obrigados a utilizá-lo nos processos que possam estar abrangidos pelo segredo de justiça". Assim sendo, conclui (e bem) que, "qualquer afirmação no sentido de o CITIUS viabilizar violações do segredo de justiça é falsa".

Por esta e por outras, de idêntico teor, parece lícito concluir que para estes senhores do SMMP, o melhor mesmo é regressarmos à escrita cuneiforme. E ao Código de Hamurábi. Para eles, que estão no período da pedra lascada, já seria um grande progresso !

Entretanto, o Procurador-Geral da República, embora criticando a posição “radical” do SMMP, afirma a necessidade de “aperfeiçoar” os sistemas informáticos do Ministério da Justiça. Lamentavelmente, não diz porquê.
Salvo o devido respeito, a sua declaração, feita nestes termos, e as alegações do Sindicato, são graves, porque infundamentadas no caso do Procurador-Geral e falsas as do SMMJ. Trato delas a rir, mas são para levar a sério por quem de direito, porque, no mínimo, denotam falta de sentido de responsabilidade. Mais as exigências do SMMJ do que a declaração do Procurador-Geral, obviamente.

(reeditada)

Quem disse que a mesma água não corre duas vezes sob a mesma ponte ?

É claro que pode correr e Marcelo Rebelo de Sousa já prepara, afanosamente, o leito do rio. Para quem já fez regressar Cristo à terra, embora sem o apocalipse anunciado, nada é impossível. Passos Coelho que se cuide, porque tudo indica que o Professor Marcelo está na corrida à presidência do PSD. A monotonia das pregações dominicais na RTP 1, ao que parece, já não suficientes para lhe estimular a adrenalina. Por alguma razão ele fala em "solução madura". Ele é a "solução madura" e, por sinal, bem madura, ou madura de mais. E Passos Coelho, de facto, é verde.

Observação dos dias (XXVI): a pergunta

Confrontados os resultados eleitorais apurados em Oeiras (com a vitória de Isaltino Morais) com os apurados em Felgueiras (com a derrota de Fátima Felgueiras) e em Marco de Canavezes (com a derrota de Avelino Ferreira Torres) e tendo em conta que é voz comum que Oeiras é o concelho com maior percentagem de pessoas com curso superior, pergunto-me se é possível encontrar alguma relação entre o grau de educação literária e/ou científica e o indíce de cidadania e de educação cívica. Numa primeira tentativa de resposta à pergunta, diria que não. A resposta parece um tanto desoladora e nada confortável, mas parece difícil fugir à conclusão. (Imagem daqui)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Observação dos dias (XXV): flor na lapela

Reflexão pós-eleitoral: Condenação, pelos vistos, é flor em lapela. Digam lá que não !
(Imagem daqui)

O trunfo

A indigitação de José Sócrates para formar o novo Governo põe termo às especulações sobre a possibilidade de Cavaco Silva vir a indigitar alguém que não fosse oriundo do partido mais votado nas eleições legislativas, ou seja, o PS, hipótese que nunca admiti, por grande que seja o desnorte que paira em Belém.
Com a indigitação, começam as dores de cabeça de Sócrates que, no entanto, não terá dificuldades em formar Governo, já que boa parte dos actuais ministros transitarão para o novo executivo. Pelas minhas contas, metade do Governo estava, à partida, escolhida. As dificuldades (de monta) resultam de ir formar um Governo sem apoio parlamentar maioritário, sendo certo que não conta com a boa vontade das oposições, com a possível excepção do CDS/PP (excepção que não será a que mais agrade ao PS) já que o que se tem ouvido por parte dos dirigentes de outros partidos com assento parlamentar e, em particular, do PSD e do BE é sinal de oposição extremada, a roçar, de perto, pela irresponsabilidade.
Não me admiraria, todavia, que, a confirmarem-se as dificuldades do governo minoritário, não se assista, a breve trecho, ao surgimento, entre os eleitores, da ânsia por uma nova maioria absoluta que, passando por cima da vontade das corporações, consiga levar a efeito as reformas e a tomar as medidas de que o país precisa. Este é um trunfo de que o PS e José Sócrates dispõem e, por certo, não deixarão de o lembrar quando for caso disso.

O dia em que nem tudo são vitórias

O PS foi não só o partido mais votado (37,67% dos votos) como o que recolheu maior número de mandatos e recuperou, em relação às anteriores eleições autárquicas, 21 presidências de Câmaras Municipais. Tem, pois, razões para festejar, embora os festejos tenham que ser comedidos, pois o PSD continua a ter o maior número de presidências (140 contra 131 do PS) . O registo da moderação foi, aliás, o utilizado por José Sócrates ao pronunciar-se sobre as eleições, pese embora o especial sabor da vitória alcançada em Lisboa, onde a lista do PS, liderada por António Costa, bateu toda a direita coligada com Santana Lopes.

O PSD, apesar de continuar a ter o maior número de presidências, não tem, a meu ver, grandes motivos para se regozijar, não só porque perde para o PS, algumas dezenas de Câmaras, como perde algumas apostas pessoais da sua líder, casos de Lisboa e Leiria. O que prova que, ao contrário do que esta afirmou, "a escolha dos candidatos [não] foi criteriosa e [não]respondeu aos anseios das populações locais". Isto, para além de outras razões, como é óbvio. E convém ainda lembrar que os resultados alcançados pelo PSD se ficam a dever ao facto de os seus candidatos se apresentarem ao eleitorado em coligação com o CDS em dezenas de casos (mais de sessenta, se não estou em erro). Sem essas coligações, o PSD, a estas horas, não estaria a reivindicar a maioria das presidências de Câmaras, algumas das quais assegurou por pouco mais do que 100 votos 100. Foi o caso da Câmara de Faro.

Quem, por esta altura, deve estar bem arrependido da opção pelas coligações é Paulo Portas, embora, publicamente, se declare satisfeito com “subida moderada” da presença autárquica. E, de facto, tem razão para estar arrependido. Com estas eleições, o CDS, ao prestar-se a servir de muleta para o PSD nas coligações, transferiu para este uma boa parte dos ganhos recentemente adquiridos nas eleições legislativas. Ao fazê-lo "por três réis de mel coado" sai destas eleições como um perdedor, sem apelo nem agravo. Reconheço, no entanto, que Paulo Portas tem desculpa, pois nunca lhe deve ter passado pela cabeça, nem nos momentos de maior optimismo, que o CDS viesse a alcançar, nas legislativas, o resultado que obteve. Nem ele, nem ninguém. Nem as sondagens, como é sabido.

Louçã, a meu ver e já o disse no "post" anterior, saiu, destas eleições, atropelado e aos trambolhões. E o Bloco também, como é claro.
O PCP que, do meu ponto de vista, até teria alguma razão para estar satisfeito com os resultados, pois, em termos de poder autárquico, continua a manter-se como a terceira força política (que já era) depois de ter descido para a quinta posição nas legislativas, parece estar a digerir mal a derrota sofrida em Aljustrel, em Beja e na Marinha Grande. A derrota em Beja, a primeira depois do 25 de Abril e logo com a obtenção de uma maioria absoluta por parte do PS deve, de facto, ser dura de roer. Jerónimo de Sousa confirma.
Para compor o ramo deste dia em que nem tudo são (foram) vitórias, ainda temos as eleições de de Isaltino Morais e Valentim Loureiro para prova de que há vitórias que, envergonhando-nos, são derrotas.

O Louçã foi atropelado

Francisco Louçã não só foi atropelado pelo resultado das eleições autárquicas em Lisboa e no Porto, (onde o Bloco de Esquerda não conseguiu eleger um só vereador que fosse) como deu um grande trambolhão em termos de votação nacional, ficando desta vez, longe dos resultados do PCP, que, a estas horas, tem razão para festejar, neste particular.
Para quem, antes e depois das legislativas, se apresentava com o "rei na barriga", o "atropelamento" e o "trambolhão" destas eleições autárquicas representa uma dura lição. Julgo, no entanto, que ele, com a arrogância de que tem dado provas, não a vai aprender. Pelo menos, logo à primeira, mesmo que alguns dos seus camaradas do Bloco lhe peçam atenção.

Uma oportunidade perdida

Resultado das eleições para a Câmara de Almada

Percentagem de votos:

PCP-PEV- 38.67%
PS - 23.86%
PPD/PSD - 15.42%
BE -7.81%
CDS-PP - 5.31%
PCTP/MRPP - 4.55%
MMS - 0.47%

Número de mandatos:

PCP-PEV - 5
PS - 3
PPD/PSD - 2
BE - 1
CDS-PP - 0
PCTP/MRPP - 0
MMS - 0

Comentário:


É um facto que a CDU voltou a ganhar as eleições para a Câmara de Almada, embora desta vez sem maioria absoluta e que a candidatura a que declarei o meu apoio (a do PS, liderada por Paulo Pedroso) as perdeu.
Tal não me impede de continuar a considerar (pelas razões que já tive oportunidade de salientar e que aqui não vou repetir) que Paulo Pedroso era, de longe, a pessoa mais qualificada para exercer o cargo de presidente da Câmara de Almada e para dar um novo rumo ao concelho de Almada.
Direi, pois, que, se antes das eleições considerava que a sua eleição era "Uma oportunidade a não perder" terei agora de concluir que esta eleição, com este resultado eleitoral, foi para os almadenses, "uma oportunidade perdida".
Em todo o caso, não completamente perdida, porque Paulo Pedroso faz ponto de honra em exercer o cargo de vereador para que foi eleito, salvo caso de força maior, como afirmou explicitamente, quer no discurso de encerramento da campanha, quer no discurso pós-eleitoral. A Câmara de Almada, tendo Paulo Pedroso como vereador e não contando a CDU com a maioria absoluta não será, seguramente, a mesma. A presença de Paulo Pedroso na Câmara de Almada, mesmo como vereador sem pelouro, é uma importante mais-valia para o concelho. Tal não será motivo para grande alegria. É verdade. A mim, no entanto, serve-me de consolação.

domingo, 11 de outubro de 2009

Avifauna portuguesa # 70 : Combatente (Philomachus pugnax)

[Ave designada pelo nome comum de Combatente (nome científico:Philomachus pugnax L.) com plumagem não nupcial]
(Local e data: Sapal de Castro Marim - Algarve; 13-08-2009)
(Clicando na imagem, amplia)

sábado, 10 de outubro de 2009

Sítios arqueológicos do Peru : Huaca Rajada - Sipan

(1)

(2)

Réplica (1) in situ e pormenor (2) da câmara funerária do Senhor de Sipan no sítio arqueológico de Huaca Rajada - Sipan (complexo funerário-religioso da cultura mochica ou moche, cultura pre-inca dominante na região, entre séculos II a VII d.C.). O sítio arqueológico fica situado na Região de Lambayeque, no Norte do Peru. Os restos mortais e os artefactos originais encontrados na câmara funerária, onde foram enterradas outras oito pessoas, podem actualmente ser vistos no Museo Tumbas Reales de Sipán, na cidade de Lambayeque.
Clicando nas imagens, amplia)

Tratado de Lisboa: o penúltimo passo está dado

Com a ratificação do Tratado de Lisboa por parte da Polónia, fica a faltar idêntico procedimento por parte da República Checa, para a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. A renitência na ratificação ficou agora apenas reduzida a Praga. As exigências de última hora feitas pelo Presidente da República Checa, Vaclav Klaus, não são de molde a constituir um obstáculo intransponível. Seria um ónus demasiado pesado para a Europa e também para os checos que estes não quererão assumir. Por sua vez, estou certo, o eurocéptico Presidente checo não tem ombros para arrostar, sozinho, com as consequências do seu euroceptismo.
(reeditada)

A humildade (e a grandeza) de um Prémio Nobel da Paz

(Assim fala Barack Obama)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Em Almada há coisas espantosas, não há ?

(Clicando, amplia)
Este é o "Cais do Ginjal requalificado", segundo leio, em título de caixa alta, no boletim municipal "Almada informa".
Requalificado, não me parece, face à fotografia tirada hoje.
É verdade que, no seguimento do título, os leitores são informados de que "No 'novo' Cais do Ginjal vão surgir espaços públicos, zonas de lazer e actividades económicas ligadas às indústrias criativas. Estes são alguns dos objectivos do plano de pormenor cuja elaboração já teve início".
O "requalificado" não passa, pois, de uma promessa feita, em véspera de eleições, pela força política que detém o poder municipal há 35 anos (CDU) e que, ao longo de todo esse largo espaço de tempo, foi incapaz de fazer o que ora anuncia. Como tal, vale o que vale, se é que vale alguma coisa, pois não se sabe o tempo que leva a concluir o plano de pormenor "cuja elaboração já teve início" (teve ?) e muito menos é conhecida a data para início e conclusão das obras. Talvez daqui por outros 35 anos. Não será ?

Ridícula, diz ela ...

A comparação entre os dois candidatos [Fernando Seara, candidato da coligação “Mais Sintra” (PSD-CDS/PP-PPM-MPT - eia, tanta gente junta !) e Ana Gomes, candidata pelo PS] seria verdadeiramente ridícula”, disse Manuela Ferreira Leite, durante uma acção de promovida pela referida coligação integrada na campanha para as eleições para a autarquia de Sintra.
Tem razão a Drª Manuela, pois julgo que Ana Gomes não percebe nada de futebol, matéria em que o seu candidato é especialista. Duvido é que esta especialização seja de alguma utilidade para um gestor autárquico. Em todo o caso, aqui fica o registo de mais uma "elegância" da Drª Manuela.

A difícil digestão

Pelas recentes e agressivas declarações de Manuela Ferreira Leite, sou levado a concluir que a vitória do PS nas últimas legislativas (que, afinal, não foram "favas contadas") e a derrota do PSD não têm sido de fácil digestão para a líder deste partido.
Após ter sido recebida por Cavaco Silva, no âmbito das consultas para a formação do novo governo, MFL parece ter amenizado o seu discurso e já fala em “oposição responsável”. Fica, no entanto, a dúvida sobre se a visita lhe fez bem à digestão ou se se tratou apenas de um discurso de circunstância. Por ora, vou por aqui. No futuro, se é que depois das autárquicas, a senhora ainda vai ter futuro político, veremos.

Obama - Prémio Nobel da Paz

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído a Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos". Esta atribuição pode parecer surpreendente tendo em conta que Obama se encontra ainda no princípio do seu mandato, pois só iniciou a presidência em Janeiro deste ano. Todavia, não só pelas medidas que já tomou no sentido do desanuviamento militar entre as nações e do desarmamento nuclear e dos esforços para resolver a questão do Médio Oriente, mas também pela onda de esperança por um mundo melhor e mais pacífico que a sua eleição suscitou em todo o globo, justifica amplamente a atribuição do prémio.
A tarefa que tem entre mãos, depois do legado deixado por Bush e das malhas que o "império" teceu durante a anterior administração republicana não é nada fácil. Espero e desejo que a atribuição do Prémio Nobel da Paz, lhe sirva de estímulo para prosseguir na senda que iniciou e que tanto entusiasmo criou em todo o mundo. Parabéns Obama!
Reacções:
António Guterres: "Espero que esta distinção possa ser um estímulo". (Também espero e já acima o disse);
Mário Soares: "Foi a melhor escolha possível". (Surpreendente, sem dúvida, mas a melhor possível. Concordo);
Presidente francês, Nicolas Sarkozy: O prémio “consagra o regresso da América ao coração de todos os povos do mundo”. (Bem visto e melhor dito);
Jorge Sampaio: Prémio é "uma aposta no futuro" (Também é, sem dúvida).

Uma oportunidade a não perder

Como, honestamente, reconhece o candidato Paulo Pedroso, nem tudo o que a CDU fez à frente da Câmara de Almada nos últimos 35 anos foi mau, pois há muita realização merecedora de apreço. Inconcebível seria, na verdade, que tal não tivesse acontecido, por muita incompetência que pudesse ter havido. Todavia, o modelo de gestão da CDU está esgotado pois, além do mais, manifestou-se incapaz de revitalizar o concelho, depois do encerramento da Lisnave, sendo igualmente verdade que a gestão da CDU perde no confronto com outros municípios do arco ribeirinho do Tejo, como Cascais ou Oeiras, que conheceram, ao longo de todos estes anos, um desenvolvimento a perder de vista em relação ao concelho de Almada, quando é certo que aqueles municípios nem sequer têm as condições naturais deste concelho, que dispõe, ao mesmo tempo, de uma frente ribeirinha (que é, actualmente, uma vergonha, dada a degradação que atingiu) e uma frente de praia, manifestamente desaproveitada.
Quer se queira, quer não, a verdade é que o concelho de Almada vive numa "apagada e vil tristeza", pese embora os muitos milhares (ou milhões ?) que a Câmara gasta em fogos de artifício e em propaganda a rodos.
Por tudo isso e também porque a longa permanência da mesma força política à frente do munícipio gerou, naturalmente, vícios e compadrios, o município de Almada só teria a lucrar, em nome da competência, da transparência e da inovação com uma mudança de política na gestão municipal.
Para mim é evidente que, perante as candidaturas em presença, só a candidatura do PS à Câmara Municipal de Almada, liderada por Paulo Pedroso, reúne as condições para realizar essa mudança.
Paulo Pedroso não só é uma pessoa superiormente inteligente (como é geralmente reconhecido) como já tem amplas provas dadas na gestão da res publica, quer como secretário de Estado, quer como ministro, não havendo também dúvidas de que a sua acção política foi sempre centrada em preocupações sociais. Qualidades pessoais não lhe faltam, seguramente, sendo também certo, do meu ponto de vista, que o seu programa é o que melhor serve os interesses do concelho. Senão vejamos, em breve resumo, algumas das suas ideias e propostas inovadoras:
  • aposta forte na educação, com o seu projecto "Escola das 7 às 7";
  • nova estratégia de apoio aos idosos, através do combate ao isolamento, ajuda às famílias e criação de melhores condições de mobilidade;
  • uma política de habitação de social e de coesão social em que se salienta a ideia de que não haverá novos bairros sociais, a substituir por um programa de diversidade social envolvendo todas as zonas do concelho;
  • simplificação dos procedimentos administrativos e adopção de modelos de gestão ágeis e transparentes que facilitem a vida aos cidadãos e às empresas;
  • adopção de políticas activas de captação de investimentos produtivos geradores de emprego;
  • a dinamização da actividade turística, com um vasto conjunto de acções, sob o lema "Toda a Costa, Todo o Ano";
  • apoio à investigação, aproveitando as potencialidades derivadas da existência de um pólo universitário, mas não só;
  • programa de reequilíbrio urbanístico do concelho, através da renovação urbana, da qualificação das áreas degradadas e do apoio à reconversão das AUGI;

Não me alongarei mais, pois o programa, bem mais completo e detalhado pode ser lido aqui, programa do qual, no entanto, me permito salientar o capítulo com o título: "A Nossa Visão: Um Município-Estratega para um Concelho Cosmopolita, Terra das Duas Águas na Grande Cidade-Capital". Ou seja, uma nova visão e uma visão de futuro, capaz de introduzir uma significativa mudança na vida dos almadenses, se à candidatura de Paulo Pedroso, for dada essa oportunidade.

Uma oportunidade a não perder. Digo eu.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Tratado de Lisboa: será desta ?

O sim, o não e outra vez sim. Será desta que Presidente polaco, Lech Kaczynski, vai assinar a ratificação do Tratado de Lisboa ? Com tanta jigajoga é caso para duvidar. Esperemos que sim e que a ratificação por parte da República Checa não tarde. A Europa agradece.

É o fim do mundo !

A concretizar-se a candidatura, preparemo-nos que Cristo estará, em tal caso, prestes a regressar à terra. É o fim do mundo! Pelo menos é o que dizem as "Sagradas Escrituras".

Jorge Sampaio apoia candidatura de Paulo Pedroso a Almada

Razões para tal: aqui.

O que é que o Cerejo tem que outros não têm ?

Lama, meus senhores, muita lama. Isto que ele escreve não é uma notícia, pois se o fosse, teria sido dado conhecimento dos factos, na altura própria. Publicado agora, em vésperas de eleições autárquicas, não é mais que uma cavadela, contando, para ser perfeita, com a colaboração do "Público" que, na sua edição impressa, chama o escrito à primeira página, onde se lê "Câmara pagou um milhão sem esperar pelo juiz", para lhe dedicar no interior (p. 26) uma página quase inteira onde o milhão se reduz a meio milhão. Em que ficamos, Zé Manel ? Um milhão, ou meio milhão? E, já agora, ainda que mal pergunte: a Câmara de Lisboa tinha mesmo que "esperar pelo juiz"? Porquê e em nome de quê ? Expliquem lá, sff. Talvez para o processo se arrastar durante anos pelos tribunais. Será ? É que eu até compreendo o motivo da publicação, mas não vi nada de censurável no relato. A não ser a "lama", claro está.

Que não se canse a repetir ...

“Vamos ficar à espera de qual dos partidos, à direita ou à esquerda o PS escolhe para governar o país. Nós estamos fora desse jogo. Nós somos oposição”. (Manuela Ferreira Leite dixit).
Já se sabia que da actual liderança do PSD não era de esperar qualquer contributo positivo para enfrentar a crise e os problema do país. A política do "Rasga tudo" e do "Pára tudo" não é, de facto, novidade, pelo que as afirmações de MFL só servem para confirmar que é para manter e continuar.
Como, além do mais, já se ouviu a mesma lengalenga, vezes que cheguem, MFL escusa de se cansar a repeti-la. Por cá, ainda se ouve menos mal e sempre poupa no fôlego, de que, aliás, bem precisa para que a ouçam no seu próprio partido.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A revelação



O debate entre os candidatos à presidência da Câmara de Almada que ontem teve lugar na RTPN, sob a (fraca) moderação de Cecília do Carmo, teve, além de outros (poucos, por força das condições em que o debate decorreu) o mérito de nos revelar que a actual presidente da Câmara e recandidata, Maria Emília Neto de Sousa, sob a capa de uma (pelos vistos) falsa simpatia, esconde uma evidente arrogância (ao reivindicar para si todos os méritos da construção do Metro Sul do Tejo, com a afirmação de que o Metro tem um rosto: o dela, quando é sabido que, sem o investimento do poder central, o Metro nunca veria a luz do dia) e falta de respeito pelos outros (ao monopolizar o uso da palavra e ao interromper, com inoportunos apartes, o discurso dos restantes, com a inexplicável complacência da moderadora). Os outros candidatos (uns melhor, outros pior) tentaram expor os seus programas, tarefa que a loquacidade da incumbente e inabilidade da moderadora não facilitaram, mas todos deram provas de serem gente educada, coisa que Maria Emília, pelo menos, na circunstância, não foi.
(O debate pode ser visto, na íntegra, aqui)

Uma referência mais, à esquerda ?

É evidente que o apoio dado por Carvalho da Silva à candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa faz mossa, e não pequena, à candidatura da CDU, liderada por Ruben de Carvalho, por muito que este tente disfarçar, cumprindo o seu papel, é bom de ver.
Como também é fácil compreender que Carvalho da Silva, ao mesmo tempo que manifesta o seu apoio à candidatura de António Costa ( o "quero desejar-lhe uma boa ponta final de campanha e dizer-lhe que os lisboetas e Lisboa precisam da sua vitória" é demonstração inequívoca de tal apoio) garanta à direcção do seu partido (o PCP) que a sua posição “tem em conta condições concretas e os objectivos presentes na disputa eleitoral por Lisboa”, não pondo em causa o seu apoio “claro e inequívoco” à CDU e aos seus “objectivos gerais no conjunto das suas candidaturas”.
Carvalho da Silva, com efeito, não deixou de ser comunista e, consequentemente, estranho seria que não manifestasse o seu apoio "claro e inequívoco" à CDU, em geral. Só que ele, ao contrário da direcção do seu partido, é capaz de distinguir o essencial, em cada circunstância, essencial que, na disputa eleitoral em Lisboa, passa por vencer a direita. Agindo nesta conformidade, Carvalho da Silva torna-se, se não o era já, numa importante referência para a esquerda em geral. Acho eu. Ou talvez não, tendo em conta este esclarecimento. Bem escusado.
(Reeditada)

"JUNTAR FORÇAS"

"Juntar forças", o slogan adoptado pelo Bloco de Esquerda na campanha para as eleições autárquicas em Almada (e admito que nas restantes autarquias) não podia ser mais enganoso, pois está provado que o voto no BE, em vez de servir para juntar forças, tem servido para dispersá-las. "Juntar forças" é, antes, seguir o exemplo de Carvalho da Silva e de José Saramago (entre outras personalidades de esquerda) e apoiar a candidatura de António Costa, em Lisboa, para vencer a direita e, em Almada, é concentrar os votos na candidatura do PS, liderada por Paulo Pedroso, para vencer o "Futuro".

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O "impagável bobo" quer "esmiuçar"

O "impagável bobo" e presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, quer ver deslindado (não será, antes, "esmiuçado" ?) o comportamento de graduados da PSP que "não são da Madeira" .
Porquê só os que "não são da Madeira" ? Será porque ele, o "grande truão" considera que são os únicos que não estão devidamente sintonizados com a "não asfixia democrática" à moda madeirense, ou será antes porque a Madeira, sem nos dar (ou levar) cavaco, já é independente ?

Calma aí, senhor C. Barbosa !

O senhor Carlos Barbosa, enquanto presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP) achou-se no direito de afirmar que António Costa, actual presidente da Câmara de Lisboa não tem“competência” para resolver o problema do trânsito em Lisboa.
O senhor Carlos Barbosa, como cidadão, pode ter as opções partidárias que muito bem entenda e manifestar as suas opiniões, como lhe aprouver. Como presidente do ACP não tem, nem competência, nem legitimidade para tomar a posição que tomou, posição que, além do mais, não é fundamentada, pois as dificuldades que aponta já não são de agora. Permito-me, aliás, salientar que, pelo menos em relação à entrada do Liceu Francês, na Avenida Duarte Pacheco, a situação é, actualmente, bem mais caótica do que antes da construção do Túnel do Marquês, de que ele é defensor, segundo consta.
Acontece que sou sócio do ACP e, nessa qualidade, repudio a sua tomada de posição, sobretudo porque viola gravemente o estatuto da associação a que preside (infelizmente, pelos vistos) associação que os seus órgãos ou dirigentes não podem envolver na luta política, pois não é uma associação política. Isto dito, devo declarar que se o cavalheiro vier a recandidatar-se ao lugar, não contará com o meu voto. Seguramente. E tenho dito.

Almada não é do PCP...

... nem da CDU, bem entendido.
Perguntar-se-á o leitor sobre o porquê da publicação destas placas toponímicas e eu explico-me: Quando, no início dos anos 80, fixei a residência em Almada, um dos factos que me chamou a atenção, pelo insólito, foi a existência de placas toponímicas (por definição, pertença do Município) com o símbolo do PCP. Volvidos que são 35 anos após o 25 de Abril, as placas toponímicas reproduzidas nas imagens, (placas que, durante anos pude observar todos os dias porque situadas no próprio edifício do meu local de trabalho) permanecem no mesmo sítio e continuam a ostentar o símbolo do PCP. Não sei se ainda haverá outras nas mesmas condições, mas estas, pelo menos, continuam a existir.
Ora bem, do meu ponto de vista, a utilização de meios pertencentes ao Município para servirem de suporte a propaganda partidária (e é disso que se trata) é, antes de mais, revelador de uma concepção política apenas própria de um regime de partido único que, pela sua natureza, tende a identificar o poder (neste caso, local) com o partido que o exerce e a colocar os bens pertencentes à comunidade ao serviço do mesmo partido. Tal constitui, a meu ver, um abuso intolerável numa democracia, regime onde o poder reside na comunidade (e comunidade somos todos) e não no partido que temporariamente o exerce e onde os bens da comunidade (Estado, ou autarquias) são pertença de todos e não apenas de alguns.
Deixo, pois, aqui um apelo ao futuro executivo municipal (qualquer que ele venha a ser) no sentido de pôr termo a tal situação que, a meu ver, não dignifica o Município de Almada e, menos, ainda o respectivo executivo camarário.
(Fique claro que não se contesta aqui o direito de a Câmara de Almada homenagear os militantes do PCP que deram o seu melhor e, nalguns casos, a vida, na luta contra a ditadura. Não é isso que esta mensagem põe em causa, até porque considero que tal homenagem é, antes de mais, um dever.)

Eleições autárquicas (Almada) - "A diferença de fazer diferente"

Já não é a primeira vez que o PSD faz questão de oferecer aos almadenses, em campanhas para eleições autárquicas, slogans bem "imaginativos". Ainda estamos lembrados do incrível "Alma até Almada", duma das últimas campanhas (a penúltima, se não estou em erro). Desta feita, foi a candidatura liderada por Jorge Pedroso de Almeida que se lembrou de presentear o eleitorado almadense com um slogan eleitoral não menos "feliz": " A diferença de fazer diferente". "A diferença de fazer melhor" era capaz de ser mais apelativo, acho eu que, no entanto, estou inclinado a não fazer disso muita questão, não obstante o sabor a tautologia. Isto, porque o slogan, embora inócuo, tem a qualidade de não reivindicar, para a candidatura que anuncia, o mérito "de fazer melhor". Como, de facto, considero que não tem. A capacidade de ser diferente e "de fazer melhor" atribuo-a, por inteiro, à candidatura do PS à Câmara Municipal de Almada, liderada por Paulo Pedroso.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Isto é mesmo só para contrariar !

Esta notícia Portugal tem o melhor curso de mestrado do mundo em gestão internacional e esta outra, onde nos é dado conta que equipa portuguesa arrecadou uma medalha de prata, duas medalhas de bronze e uma menção honrosa nas Olimpíadas Ibero-americanas de Física realizadas na capital do Chile, parece não terem outro propósito que não seja contrariar os muitos que se afadigam em afirmar que a política educativa do Governo só se preocupa com estatísticas.
Estes e outros resultados recentemente alcançados por estudantes portugueses em competições de igual nível, ou superior (lembro, a propósito, os resultados obtidos na área das matemáticas, considerados os melhores de sempre) talvez justificassem um rever de posição, por parte de quem não faz outra coisa que não seja depreciar a acção governativa, na área da educação. Dá, pelo menos, para pensar, ou não ?

Desculpem lá esta "colherada" !

Santana Lopes ao trazer à baila, uma vez mais mais, a questão da localização do aeroporto, faz-me lembrar, pela insistência, Manuela Ferreira Leite, na recente campanha para as legislativas, com o tema do TGV, embora o tratamento desta questão fizesse, na altura, algum sentido, visto a decisão sobre a continuação do projecto ser da competência do governo a sair das eleições. No caso de Santana Lopes, a introdução da discussão sobre o novo aeroporto na campanha para a eleição da Câmara de Lisboa, nem isso se pode dizer, visto que a decisão está tomada e não é da competência do executivo camarário.
António Costa tem, pois, toda a razão para acusar Santana Lopes de estar a levar a campanha para assuntos que nada têm a ver com as competências municipais.
E, sendo assim, é caso para nos perguntarmos se, no PSD, não têm emenda.
Desculpem lá os "alfacinhas" estar a meter a colherada na campanha, mas, em boa verdade, a questão do novo aeroporto não diz apenas respeito aos lisboetas.

Que pressa é essa ?

Ainda não há primeiro-ministro indigitado e já a líder do PSD intima o PS a anunciar uma solução de governabilidade para o país, esquecendo que é na Assembleia da República que o partido encarregado de formar governo terá de apresentar o seu programa e, consequentemente a "solução de governabilidade para o país". Não se compreende, pois, toda a pressa reclamada por Manuela Ferreirra Leite. Não se compreende, é verdade, mas não espanta, vindo a intimação de quem vem. MFL, pelos vistos, nem acerta nos temas (a "asfixia democrática" saiu-lhe cara) nem nos tempos e modos.
Neste caso, reconheço-lhe, no entanto, um mérito: com esta exigência formulada publicamente, a sua deslocação a Belém, para ser ouvida "formalmente", tornou-se desnecessária. Pela boca da sua líder, o PSD já disse a Cavaco Silva que quem deve formar governo é o PS, tendo como primeiro-ministro, José Sócrates.

Implantação da República: o sim e o não


Cavaco Silva entendeu por bem comemorar o 99º aniversário da República, com uma alocução proferida no Jardim da Cascata, no Palácio de Belém e justificou o facto de este ano não ter havido a tradicional cerimónia na Praça do Município com a sua presença, com a proximidade da realização das eleições autárquicas.

Ao invés, o primeiro-ministro, José Sócrates, compareceu nas cerimónias comemorativas da implantação da República realizadas na Câmara Municipal de Lisboa porque, segundo afirmou ,"gosta de comemorar a República “no sítio tradicional”.

A meu ver, não é só uma questão de "gostar" ou não "gostar", pois as comemorações devem realizar-se no local próprio e, goste-se, ou não, a proclamação da República teve lugar na Câmara Municipal de Lisboa. Não é o facto de estarmos em vésperas de eleições autárquicas que justifica a opção de Cavaco Silva, porque não se vê de que modo a comemoração da proclamação da República, na Praça do Município de Lisboa, poderia ter interferido na campanha eleitoral, tanto mais que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa tomou, ele próprio, a iniciativa de não usar da palavra durante a cerimónia comemorativa, ficando a cargo da presidente da Assembleia Municipal, Paula Teixeira da Cruz, por sinal, militante de um dos partidos da oposição na Câmara (o PSD) o único discurso proferido na ocasião. Querem melhor prova de isenção ?
Perante os factos, temos de concluir que um tem razão (José Sócrates) e outro, ao optar por uma comemoração doméstica e intra muros, não (Cavaco Silva). Ultimamente, o inquilino de Belém não acerta uma, em matéria de isenção, pois privilegia o formal e despreza o essencial. O importante não é parecer. É ser.
(Imagem daqui)
(Reeditada)