sábado, 5 de novembro de 2011

"Não passa pela cabeça de ninguém"

De regresso à base, depois dum intervalo para outros afazeres, respigo da entrevista dada por António José Seguro ao "Expresso" de hoje, a resposta a esta pergunta:
"Como encarou o anúncio do referendo grego?"
"Do ponto de vista interno grego, vi um primeiro-ministro a lutar pelo seu país, a fazer o possível e o impossível, e chega a Atenas e defronta-se com uma oposição irresponsável, além de deputados do seu partido e membros do Governo com posições diferentes da sua. O que está em causa não é a atitude dele, é a irresponsabilidade do líder da Nova Democracia que num momento destes quer é eleições! Os políticos pedem sacrifícios e depois não fazem o sacrifício de se entenderem? Não passa pela cabeça de ninguém."

Era aqui ao "Não passa pela cabeça de ninguém" que eu queria chegar, para dizer a António José Seguro que também não passa pela cabeça de ninguém que ele não se lembre que aquilo que ele censura aos dirigentes gregos da Nova Democracia foi exactamente o que fizeram os dirigentes dos partidos portugueses (PSD e CDS) que estão agora no poder e que, pelos vistos, não só não lhe merecem a menor censura, como beneficiam da sua simpatia.
Isto é tanto mais verdade quando é certo que a ele, Seguro e a mais uns quantos dirigentes do PS, passou-lhes pela cabeça abster-se na votação do Orçamento para 2012, quando, ao mesmo tempo, ele próprio considera que estamos perante um Orçamento profundamente injusto.
Para tomar tal decisão bastou-lhe a invocação dum pretenso interesse nacional que não se percebe onde mora, pois é sabido que o Orçamento da direita passaria na AR qualquer que fosse a posição do PS.
Ele e os que o acompanharam na decisão lá saberão as linhas com que se cosem, mas duvido que tenham ponderado bem as consequências, porque o PS vai pagar caro esta colagem à direita mais retrógrada que alguma vez esteve no poder em Portugal, depois do 25 de Abril e ao orçamento mais injusto de quantos já passaram na AR.
Falo por mim, como é óbvio, mas com Seguro como secretário-geral do PS, depois desta absurda decisão, não me passa pela cabeça votar de novo no PS. Serei mais um a engrossar o número dos abstencionistas: não votando PS, também não voto na direita, por princípio e porque não tenho a menor consideração pelos actuais governantes nem pessoal, nem politicamente e também não poderei votar nos ditos partidos da esquerda da esquerda, porque, gritem agora o que gritarem contra o actual governo e contra o Orçamento, são tão responsáveis quanto os partidos da direita pelo derrube do Governo anterior e pela ascensão da direita ao poder. 

5 comentários:

Otília Gradim disse...

Subscrevo!

José Nunes disse...

Estamos na mesma onda em relação a Seguro.Não consigo entender esta opção do PS.Será por isso que Manuel Alegre diz que entende ?

Miguel Gomes Coelho disse...

Em sintonia!
Um abraço, Franciso.

Anónimo disse...

Subscrevo 100%.
Votar no pcp ou be é votar na bengala da direita para combater o ps. A atitude dos partidos à esquerda do ps, durante a novela do PEC IV foi criminosa.
E agora? Agora temos um ps que mostra estar de acordo com os partidos de direita? Agora temos um ps com uma direcção amorfa e com um discurso que até dá náuseas? Um ps preocupado em ser bem visto pelos galifões da europa, ao serviço da grande finança?
É a isto que chegámos?
Eles são é todos amigos uns dos outros e o povo que se f***.
Cambada de fdp, isso sim.

Anónimo disse...

E, vai outro- APOIADO! Vamos à luta,que o tempo é breve..
Ginginha