Por muito respeito que a SEDES mereça, pelo seu passado, não me parece que tenha legitimidade para fazer juízos de intenção sobre quem quer que seja, até porque me parece que está a tresler: A única declaração que ouvi fazer ao primeiro-ministro vai em sentido contrário ao afirmado pela SEDES. Com efeito, ainda não há muito tempo, o primeiro-ministro afirmou que baixar os impostos em 2009 seria "uma aventura". Declaração mais contrária ao eleitoralismo não conheço.
A SEDES apresenta como prova a “declaração do fim da crise orçamental”, “a ênfase nos investimentos públicos”, “a cedência à agitação social” e “as recentes baixas de impostos", exemplos, cuja validade é fácil infirmar:
1. A declaração do fim da crise orçamental feita pelo primeiro-ministro não é mais que a constatação de realidade (o défice público é já inferior a 3%) e não há motivos que nos levem a supor que a rota traçada para a sua diminuição não se vá manter.
2. A alegação de que passou a haver cedência à agitação social é desmentida pelos factos. Ou será que o Governo não se recusou até agora a satisfazer as pretensões dos empresários de camionagem, dos pescadores e dos agricultores e de tutti quanti a baixar o ISP ?
3. Quanto às recentes baixas de impostos, que eu saiba, ainda não houve nenhumas, com excepção da baixa da taxa máxima do IVA de 21%, para 20% , medida já há meses tomada . As anunciadas, relativas ao IRS e ao IMI, são insignificantes, de acordo, aliás, com o que o PUBLICO tem feito questão de salientar, por mais de uma vez, insistindo na mesma tecla.
4. A referência aos investimentos públicos faz-me lembrar as recentes tomadas de posição da líder do PSD. Parece que a SEDES se tornou na sucursal deste partido.
Mas o que querem estes senhores: Que o país pare?
1 comentário:
É pena que uma voz de referência como foi a SEDES, tome este rumo de comentador, do estilo de "sermão de domingo" do professor Marcelo Rebelo de Sousa.
Creio que já há o suficiente no panorama de passatempo jornalístico português.
08/07/08
Zé Mário
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