sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O nacional "porreirismo"

Até acredito que Dias Loureiro está a ser sincero quando afirma que não participou, nem teve conhecimento de irregularidades no BPN, porque confiou sempre nas boas intenções e na boa gestão de José Oliveira e Costa e porque acreditava nos mecanismos de controlo do grupo. Tal facto, no entanto, não o iliba de per se, a ele e a outros administradores na mesma situação, de responsabilidades, pois é suposto que um administrador executivo acompanhe de perto a gestão das sociedades que administra e que não se limite simplesmente a confiar. Podem ter outros alibis, mas só a "confiança" não lhes serve de justificação.
Esta atitude de confiar por confiar pode ter duas explicações: uma tem a ver com o nacional "porreirismo" (este tipo é um gajo "porreiro", não há que duvidar e toca a andar para frente sem olhar para onde); a outra está ligada ao facto de alguns políticos, sem experiência de gestão (como julgo ser o caso de Dias Loureiro) transitarem para a administração de empresas ou de grupos, sem mais aquelas. Basta o nome e o ser conhecido na praça e, pronto, temos mais um gestor em funções. Ora, como é evidente, o nome na praça não é critério de selecção para nenhum cargo e menos ainda para o de gestor.
As eventuais responsabilidades de Dias Loureiro e de outros administradores na mesma situação derivam daqui mesmo: Não eram remunerados para confiar; eram pagos para gerir. Se confiaram e não geriram como lhes era exigível, terão que assumir as consequências dos seus actos e/ou omissões, acho eu.
Em relação a Dias Loureiro, há ainda, a meu ver, algumas questões abordadas na entrevista dada a Judite de Sousa [hoje muito atenciosa para com o entrevistado, ao contrário de ontem com a ministra da Educação (são dias !)] que carecem de explicações. É o caso, por exemplo, dos negócios em Porto Rico em que esteve pessoalmente envolvido. Outro caso prende-se com o facto de, segundo ele afirma, não haver reuniões do conselho de administração. Como é que ele pactuou com tal situação irregular, sabendo, como jurista, que, de acordo com o Código das Sociedades Comerciais, as decisões da administração são tomadas em conselho de administração, salvo nos casos previstos na mesma lei em que é admitida a delegação de competência?
(Reeditada)

3 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente. As pessoas têm de ser responsáveis pelos lugares que ocupam e consequentemente responsabilizadas pelo desempenho tido.
É que, na verdade não se erra só por acção, também se erra (para usar uma expressão soft) por omissão ou negligência.

Anónimo disse...

Concordo plenamente. As pessoas têm de ser responsáveis pelos lugares que ocupam e consequentemente responsabilizadas pelo desempenho tido.
É que, na verdade não se erra só por acção, também se erra (para usar uma expressão soft) por omissão ou negligência.

Anónimo disse...

reneauÉ claro, inteiramente de acordo. Só uma certeza (sensação, não basta!) de impunidade, caso algo viesse a correr mal, justifica este tipo de comportamento.
Se assim não fosse a pessoa teria de segurar-se muito bem.

E engordou à mesa? Pois, agora que está gordo, não venha dizer que quando comeu ( e que lhe soube muito bem perante outros que andavam às migalhas) as iguarias eram comida normal e não lhe pareceu terem lá muitas calorias, quer dizer até desconfiou por sensações do palato e até comentou com alguém muito entendido e responsável pela saúde pública: "Isto se calhar pode fazer mal à saúde!".
E nesta sensação de "dever cumprido" e barriga cheia lá foi à vidinha que fazia horas...
É altura de se ver como é que esta gente esperta enriquece e os outros parvos continuam pobres.
Ou será descaramento?
José Ferreira