sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um discurso e um funeral (take 2) ...

...ou a colecção de "ironias" de Manuela Ferreira Leite (MFL):
"Ao desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia, isso ajudam. Ao desemprego de Portugal, duvido"
(Comentário de MFL quando questionada sobre se a realização de obras públicas poderia contribuir para a redução do desemprego. Ironia ou xenofobia?).
"Enquanto o sistema jurídico não for eficaz, o polícia está tranformado num palhaço, porque prende um indivíduo e meia hora mais tarde está na rua"
[A ironia é dirigida à polícia ou à justiça ? Porventura ao próprio PSD, que pode reivindicar (a justo título, porque nela tem colaborado) a sua quota parte na reforma da legislação penal ? ]
"Não pode ser a comunicação social a seleccionar a aquilo que transmite".
(A liberdade da comunicação social e, já agora, a ironia moram onde ?)
"Se eu já tivesse políticas, não as anunciava até ás eleições. Eram todas aproveitadas pelo PS".
(Ironia, tacanhez , ou, mais provavelmente, falta de ideias ? )
"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia... ". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se" ."E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".
(As últimas e as pretensamente mais irónicas "pérolas". Como a senhora ainda só há pouco quebrou o silêncio a que se dedicou durante largo tempo, é justificada a expectativa de enriquecimento da colecção.)
*
Não têm faltado, incluindo, além de vozes provindas do PSD, outras alinhadas à esquerda do PS (vozes estas que até compreendo, pois quanto mais o PSD se afundar, mais hipóteses terá o PS de conservar ou ampliar a vantagem que as sondagens lhe atribuem, o que não cola nada bem com a estratégia que o PCP e o BE delinearam com vista às próximas eleições) que tentam desvalorizar os sucessivos dislates de MFL, alegando, ou que estamos perante afirmações irónicas (que, infelizmente, só os muito argutos conseguem descortinar) ou que as palavras que ela profere não correspondem ao pensamento da senhora.
Não consigo encontrar (culpa minha, por certo) no discurso de MFL a muito subtil ironia que outros vêem, mas concedo, sem esforço, que as palavras da senhora podem não corresponder ao profundo do seu pensamento. É possível e provável, admito. Só que, se MFL diz o que não pensa e não diz o que pensa, é porque já não sabe o que diz. E, em tal caso, são sei o que é melhor para a sua credibilidade como política. Em qualquer das hipóteses, ela revela que não tem estofo e já não tem capacidade, nem para dirigir o PSD, nem muito menos para ter a pretensão de vir um dia a desempenhar as funções de primeiro-ministro.

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