A forma como Judite de Sousa conduziu a entrevista a Dias Loureiro (toda atenciosa para com este) indicia que a mesma foi ensaiada e preparada com o intuito de branquear a acção de Dias Loureiro enquanto administrador do BPN e do grupo da Sociedade Lusa de Negócios (SLN). E digo ensaiada, porque a entrevistadora já não é virgem nesse procedimento: De acordo com o "Expresso" de hoje, Judite de Sousa, antes da entrevista com a ministra da Educação (com quem teve um comportamento extremamente agressivo, bem contrastante com o observado perante Dias Loureiro) teve um prévio ensaio com Mário Nogueira, o dirigente da Fenprof. (Entre parêntesis, diga-se que esta notícia que vem justificar a posteriori o título dado ao "post" Judite de Sousa travestida de Mário Nogueira . Digam lá que não há premonições! Há, pelos vistos, pois até aqui batem à porta !)
Feito o parêntesis, retomemos o tema: O objectivo da entrevista não foi, porém, minimamente atingido e a entrevista foi mesmo contraproducente. Na verdade, ninguém ficou convencido de que Dias Loureiro não tenha responsabilidades pelo que se passou no BPN e no grupo SLN, seja ou não integralmente verdadeiro o que afirmou e seja qual for a natureza dessas responsabilidades. Para se chegar a tal conclusão basta ouvir dizer da boca de Dias Loureiro que o BPN era gerido sem reuniões do Conselho de Administração ou que "Oliveira e Costa tinha um método de gestão que era reunir com cada um em separado”. Como é que ele pactuou com tal procedimento que, sem margem para dúvidas, é irregular, como ele, como jurista, tinha obrigação de saber? Refira-se complementarmente que tal procedimento levanta um outro problema que é o de saber como é que, não reunindo o conselho de administração, se documentavam as decisões da competência do mesmo conselho. No mesmo sentido das responsabilidades de Dias Loureiro apontam também os negócios em Porto Rico em que esteve envolvido pessoalmente e relativamente aos quais ainda terá muito que contar e explicar se quiser merecer alguma credibilidade.
A entrevista foi também contraproducente (como já disse) porque ao alijar as suas responsabilidades, alegando que confiava neste (José Oliveira e Costa) e naqueloutros (auditores e supervisão), revelou que de duas uma: ou é ingénuo até ao extremo, ou então é pouco perspicaz, qualidades que, seja uma, seja outra, não o recomendam nem como político, nem como gestor de empresas.
ADITAMENTO: Depois desta entrevista falhada já não havia razão (se é que alguma vez houve) para o PS continuar a pôr obstáculos à audição parlamentar de Dias Loureiro. Saúda-se, por isso, a (ainda que tardia) decisão do grupo parlamentar do PS em viabilizar a comissão de inquérito parlamentar ao caso BPN.
ADENDA: O CDS-PP mostrou-se satisfeito com a viabilização por parte do PS da referida comissão de inquérito que, sublinhe-se, havia sido proposta por ele próprio. Tem razão para a satisfação manifestada, pois marcou pontos a seu favor.
NOVA ADENDA: O PCP apoia comissão mas não defende demissão de Dias Loureiro .
O PCP anda a "piar" tão de mansinho em relação a personalidades ligadas ao PSD (veja-se esta reacção e a de há dias em relação a Manuela Ferreira Leite) que dá para pensar que por aquelas bandas o importante é entalar o PS, pela esquerda e pela direita, para evitar uma nova maioria do PS nas próximas eleições. A estratégia é boa, se considerarmos que em política vale tudo. Pelos vistos, vale.
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