Pires de Lima, ministro da Economia, anuncia em Londres que o governo (onde, segundo diz, faz o papel de "soldado leal e fiel") quer começar a negociar um programa cautelar com Bruxelas nos primeiros meses de 2014. De regresso a casa, um dia depois, o mesmo Pires de Lima garante precisamente o contrário, afirmando que o governo não está a preparar nenhum programa cautelar. No mínimo, temos de concluir que na cabeça do "soldado leal e fiel" anda a medrar uma grande confusão.
O mal, porém, não o afecta apenas a ele, pois todo o governo sofre do mesmo, a começar no suposto primeiro-ministro que ora diz que Portugal precisa de um segundo resgate, ora garante o contrário.
Em boa verdade, a balbúrdia que, a este e a outros propósitos, reina no governo é tal que já ninguém se entende. A prova é que o secretário de Estado Carlos Moedas, adjunto do sobredito primeiro-ministro, apareceu agora a afirmar que o governo está a contar com "um seguro" para regressar aos "mercados". Não disse, porém, qual o "prémio" que o país terá de pagar para o governo obter o tal seguro, o que, aliás, não é motivo de espanto, pois não restam dúvidas de que este governo não faz ideia do que fazer para sair da embrulhada.
Como é evidente, a balbúrdia reinante no seio do governo só se compreende à luz da veracidade da afirmação feita pelo ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na sua carta de despedida, ao acusar Passos Coelho de falta de liderança.
Vítor Gaspar pode não ter acertado uma vez sequer nas suas previsões, mas, no que respeita à acusação dirigida ao suposto primeiro-ministro, acertou na "mouche". O que não admira, pois o ex-ministro era, porventura, a pessoa em melhores condições para fazer uma tal avaliação. E certo é que os factos assim o dizem.
2 comentários:
Creio que se refere a Vítor Gaspar e não a Carlos.
Obrigado, amigo, tem toda a razão. Vou rectificar de imediato.
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