À primeira vista, os surpreendentes números desta sondagem, números que apontam para uma descida nas intenções de voto em relação a todos os partidos da oposição, sem excepção, poderão ser lidos como o resultado das (pretensas) lideranças fracas destes partidos, explicação que, no entanto, colide com a boa imagem de que gozam junto dos inquiridos, quer Jerónimo de Sousa (PCP), quer, sobretudo, António José Seguro (PS), por muito comentador considerado um líder sem carisma, a quem, no entanto, é atribuída, pelos inquiridos, uma popularidade muito superior à de qualquer outra personalidade, quer da oposição, quer do governo (incluindo, neste colectivo, o próprio Cavaco que, não sendo formalmente membro do governo, é visto, com toda a justiça, como seu apoiante e patrocinador).
A explicação terá, pois, a meu ver, de ser procurada alhures.
Uma pode ser esta: os portugueses são constantemente bombardeados pelos governantes, secundados por Cavaco (com a prestimosa ajuda da comunicação social) com a afirmação de que não há alternativa à política de austeridade "custe o que custar" prosseguida por este governo, afirmação que é complementada por uma outra visando inculcar em espíritos débeis a certeza de que quem vier depois não fará melhor. Aparentemente, digo eu, os portugueses, ingénuos, vão nesta conversa.
Mas, se a explicação não for esta, então teremos de dar razão a Cavaco e concluir que somos mesmo um povo de masoquistas.
Entre estas duas possíveis explicações (ingénuos ou masoquistas) venha o diabo e escolha.
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