domingo, 13 de outubro de 2013

A fasquia dos 300

Com a introdução do Euro desapareceram as lojas dos 300 . Em substituição surgiu agora, pela mão deste governo, numa espécie de revivalismo, a fasquia dos 300. Creio não estar a cometer, com esta atribuição, nenhuma injustiça, pois, se bem me lembro foi o INE a entidade que anunciou, aqui há uns tempos, que os salários pagos nos novos empregos entretanto criados nos últimos meses e de que o governo tanto se ufana, apesar de a descida do desemprego se cifrar em escassíssimas décimas, andam à volta dos 300 euros por mês. O "mérito" cabe por inteiro a este governo, que, desde que tomou posse, outra política não tem seguido que não seja a de forçar a baixa de salários em nome da competitividade que, sabe-se lá se por pura "malvadez", não tem correspondido às "boas" intenções do governo: a  dita cuja, em vez de subir, tem baixado.
Se este governo não tem vergonha de estar a promover salários à volta dos 300 euros por mês, não tem nada de surpreendente o facto de o mesmo governo ter vindo a proceder a cortes em salários e pensões acima dos 600 euros e de se propor continuar pela mesma senda. Para um tal governo é óbvio que quem aufere rendimentos de tal montante é "gente rica" que, ainda por cima, na perspectiva do primeiro-ministro Coelho, tem vivido "acima das suas possibilidades" e bem merece os castigos que este governo lhe tem vindo a proporcionar. Com imenso gosto.
E é claro que, para um governo como este ("de delinquentes", como diz e bem, Mário Soares), falar de "direitos adquiridos" é pura perda de tempo, pois "direito" e "direitos", são termos que não fazem parte da novilíngua que este governo tem vindo a inventar. Mas não só. Basta ouvir ou ler os Gomes Ferreiras que há por aí para concluir que funcionários públicos, reformados e pensionistas não têm direitos. Nem sei mesmo se ainda se poderá falar em legítimas expectativas. Não desesperem, porém, os funcionários públicos, os reformados e pensionistas. Como esta gente fala muito em caridade, talvez ainda possam contar, no futuro, com umas esmolas na fasquia dos 300.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas este governo tem vergonha de alguma coisa, Francisco?
Hoje, no on the rocks, escrevi um post sobre um local que te deve trazer boas recordações :-)