terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não vá o sapateiro além da chinela ...

Henrique Neto considerou hoje "um absurdo" o projecto do terminal de contentores de Alcântara. Suponho que Henrique Neto perceberá tanto de portos quanto eu, pois não lhe conheço especiais qualificações na matéria. Assim sendo, a sua opinião pouco mais pode valer do que a minha.
Por pouco ou nada que a minha valha, tendo em conta a celeuma que por aí vai sobre o assunto, com petições contra e a favor, aqui ficam as minhas também desqualificadas considerações:
Ponto 1. Lisboa tem um porto que é gerador de trabalho e de receitas, porto que, provavelmente, como porto natural que é, terá sido a razão do nascimento da povoação que deu origem à própria cidade de Lisboa, em tempos históricos, senão antes;
Ponto 2. Ao que se afirma, as actuais condições de operação portuária são já insuficientes e carecem de reformulação (afirmação que será devidamente fundamentada pelas autoridades competentes, como se espera);
Ponto 3. A operação portuária, de acordo com o projecto do terminal de contentores de Alcântara, não é incompatível com o desenvolvimento de outras actividades na frente ribeirinha do Tejo, onde existem e continuarão a existir amplas zonas de acesso livre à linha de água.
Ponto 4. A legalidade da renovação sem concurso da concessão à Liscont está a ser analisada pelo Tribunal de Contas. Está, pois, entregue o assunto a quem de direito, pelo que não é aceitável qualquer julgamento apriorístico sobre a questão, julgamento que, por isso mesmo, é prematuro.
Ponto 5. A criação de movimentos populares para criticar ou apoiar decisões governamentais, como é o caso, parece-me altamente saudável e útil. Lançar suspeições, ainda por cima sem qualquer consistência e sem qualquer fundamento, parece-me também a todos os títulos lamentável.
Ponto final.
Era ponto final, mas com continuação: Veja-se aqui o que diz o ministro Mário Lino sobre o assunto. Si non é vero o que o ministro afirma, passa a ter direito à demissão.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Ministro Mário Lino disse que um dos grandes benefícios era o conjunto de ligações ferroviárias que ía ser criado.
Ouvi num programa a meio de um noticiário das nove (SIC ?) onde estava tb a Arqtª Helena Roseta e um outro comentador bem informado a entrevistar o presidente da Liscount e de cuja conversa conclui que quem pagava esse "benefício" das ligações ferroviárias era o Governo, quer dizer todos nós contribuintes.

A questão está em 1º lugar se uma concessão que só acaba em 2013 ou 2015, tinha que ser já renovada e sem que se saiba quanto dariam outros potenciais concorrentes e tudo à pressa depois de entrar um pedido na Assembleia da República.
Bom seria que ficasse claro que o grupo onde se integra a Liscount e onde estará, segundo ouvi dizer no mesmo programa da tv, o senhor Eng.º Jorge Coelho, não foi havido nem achado em matéria de influências políticas.
Se a lei impõe concurso público o MºPº que peça a anulação da renovação, acho que o Tribunal de Contas pode dizer é irregular, mas quem anula é o tribunal a pedido dos advgados do povo - M~º Pº.
Bem haja e vivo sporting

Luís Serpa disse...

Posso estar enganado; mas não foi esse o Minsitro do "Jamais!"? E do "deserto"? Eu acho que é um bom indicador: se ele diz que é branco podemos de certeza pensar que é preto, e se diz que é preto, as probabilidades são que seja o contrário.

Há muitos problemas com esta ampliação:

a) é absurda - aquela área devia ser utilizada como pólo de náutica de recreio, e não para contentores;
b) é pouco transparente - porquê a concesão de mão beijada à Liscont?
c) Não foi feita comparando com outras possíveis utilizações - foi decidido que era para contentores e acabou;
d) Não está bem explicada - um dos seus objectivos é servir de plataforma ibérica, não é servir Lisboa ou a "margem norte";