domingo, 30 de setembro de 2012

Haverá nesta construção alguma pedra que se aproveite?


O "Expresso" de ontem, depois de anunciar em letras gordas na 1ª página, que "Passos quer remodelar o mais depressa possível", desenvolve o tema nas páginas interiores, especulando sobre o quando e o como. A dúvida que me assalta, depois de questionar para que serve a remodelação, é qual é o objecto da remodelação. Dir-se-á que o objecto da remodelação só pode ser o governo. Mas será que este (ainda) existe?
A pergunta, por paradoxal que pareça, é legítima. Assente numa coligação há muito feita em cacos, colados apenas com o "mel do pote", o governo nunca foi mais que uma invenção sem pés nem cabeça, saída da mente dum "rapazola", confirmado agora por gente das suas próprias hostes, como "impreparado". Nada que qualquer olhar atento não tivesse visto há muito, mas realidade hoje evidente até para os mais distraídos. Como é também óbvio e, neste ponto, são múltiplas as análises coincidentes, que tal governo sempre foi disfuncional e nunca passou duma equipa desorganizada e, o que é mais grave ainda, formada por gente que, salvo raras ou nenhumas excepções, não tem gabarito para ocupar uma cadeira ministerial.
Que sentido faz pois falar em remodelação do pretenso governo quando o alegado primeiro-ministro, que o concebeu, tem dado sobejas provas de incompetência e de incapacidade e que tem hoje a sua credibilidade reduzida a zero. Tudo o que ele disser a partir a partir de agora, só pode ser entendido se lido ao contrário. Mas o que se diz do alegado primeiro-ministro pode repetir-se em relação a toda a equipa dita ministerial: Paulo Portas, por muito inteligente que se diga que é, já deu abundantes provas de que não é de fiar; o ministro Gaspar tem a sua competência completamente estilhaçada, pois todas as contas lhe saem furadas, tendo-se revelado incapaz de acertar em qualquer espécie de previsão económica; Aguiar Branco é o que sempre foi, uma nulidade; o Álvaro, desde a primeira hora classificado como "o homem dos pastéis", tem de há muito, colada na testa a palavra "pateta"; a super-ministra Assunção Cristas não passa de mais um super-fiasco ou, se preferirem, duma mosca-morta, porventura, não tanto por culpa própria, mas mais por culpa de quem lhe enfiou nas mãos quatro pastas em relação às quais ela não percebe patavina ; o ministro Mota Soares, "o homem da vespa", agora transportado numa "bomba", não deixou,  por esse facto, de ser o que sempre foi: um zé-ninguém às ordens de Portas, capaz de dizer uma coisa, para logo a seguir, se desdizer, bastando que Portas lhe acene em sentido contrário; o ministro matemático Nuno Crato, que tomou a seu cargo a destruição da Escola Pública, já é mais conhecido por "Erro Crasso" do que pelo próprio nome; a ministra Paula Teixeira da Cruz, pelas posições que tem tomado, quer pressionando o Tribunal Constitucional, quer assegurando o fim da impunidade com referência a casos concretos, dá provas de que, não obstante ser uma jurista, não faz ideia do que seja um Estado de Direito e revela ter uma personalidade em tudo desadequada ao cargo que ocupa, o de ministra da Justiça, cargo onde é exigível sentido de equilíbrio que é tudo o que ela não tem; o ministro Miguel Macedo está na berlinda desde que foi conhecida a história do subsídio de deslocação que recebia tendo casa em Lisboa e esteve novamente sob a luz da ribalta com a história da "cigarra e da formiga"; Paulo Macedo não se livra da fama de ser o encarregado do desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde.
E com isto tudo, estava a esquecer-me de Relvas, o relapso (por via dos muitos "lapsos") mentiroso, que "nunca" pressionou jornalistas e que é  titular duma "licenciatura" por equivalência. Esquecia-me, é verdade,  mas será que o nosso homem ainda é ministro?
Aqui chegados, pergunto: Haverá em toda esta construção alguma pedra que se aproveite?
Se não é o caso, remodela-se o quê?
Qualquer remodelação, nestas circunstâncias, é uma perda de tempo e não passa duma manobra de diversão.
O povo pode ter tido a distracção de eleger a actual maioria parlamentar e escolhido, de forma indirecta, o tal governo. Não me parece, a crer nas últimas e recentes manifestações, que esteja muito disposto a deixar-se enganar segunda vez.

sábado, 29 de setembro de 2012

Ainda ficas a nadar em seco!


Uma pequena nota assinada por A.S. na página 9 do Primeiro Caderno do Expresso de hoje relata, ipsis verbis e sob o título 'PM disse "não" a Monti', o seguinte:

'Mario Monti convidou Passos Coelho, enquanto líder do PSD, para a reunião da Internacional do Centro (que inclui o PPE, de que o partido de Passos faz parte) mas o primeiro-ministro decidiu não ir a Roma. Passos alegou razões de agenda (nesse dia havia debate quinzenal na AR e Conselho de Estado). O líder do PS propôs por escrito adiar o debate caso o PM quisesse ir à reunião com os homólogos italiano e espanhol, mas o Conselho de Estado manteve o bloqueio da agenda. Só que Passos nem se fez representar em Roma. Fonte oficial explica: 'Não é a nossa praia'".

Já se sabia que a "praia" de Passos é lá mais para o lado das águas frias do Reno.No entanto, ninguém me tira a ideia de que Passos Coelho, ao desprezar as águas quentes do Mediterrâneo, está a correr o sério risco de, mais dia menos dia, ficar a nadar em seco, pois fica a depender inteiramente dos humores da senhora Merkel. 

O homem da dinamite


Já não é a primeira vez que António Borges, consultor do governo para as privatizações, lança mão do dinamite. Fê-lo ao vir declarar que era urgente a baixa de salários. Repetiu a cena com a apresentação da "boa" solução para a RTP, através da sua concessão a uma entidade privada. 
A meu ver, porém, ainda não tinha usado uma tão forte carga de dinamite como hoje, ao defender que as alterações que o Governo queria fazer à Taxa Social Única (TSU) constituíam uma medida "extremamente inteligente" e ao qualificar de "completamente ignorantes" os empresários que se manifestaram contra as alterações.
Que o homem não tem a mínima sensibilidade social está bem patente nas afirmações que tem proferido em catadupa. O que surpreende é a sua incapacidade para avaliar os efeitos das cargas de dinamite que usa.
Depois de o governo ter recuado na aplicação das referidas medidas, Borges, ao lançar esta bomba, insulta os empresários, dinamitando qualquer hipótese de o governo ainda vir a poder conseguir algum tipo de consenso com o mundo empresarial e, ao mesmo tempo, deixa Passos Coelho em muito maus lençóis. No mínimo, chama-lhe "frouxo".
Depois disto, o mais surpreendente é que Passos Coelho não despeça Borges sumariamente.
Será que Passos Coelho é suficientemente imbecil para não ver que Borges, tal como Relvas, só contribuem para denegrir ainda mais a sua imagem? Ou será que Coelho não passa dum "boneco" na mão destes dois "artistas"?Francamente, não vejo outra alternativa.
 Qual delas, a pior? Não sei, mas seja como for, certo é que nenhum dos três presta!
(Imagem daqui)

Ecos da Manifestação 29 Setembro 2012

Não sei se mais ou menos numerosa do que a de 15 Setembro. Em todo o caso, suponho que correspondeu às expectativas de quem a organizou (a CGTP), porque gente não faltou. A mim, soube-me a menos espontânea e, nos cartazes, menos imaginativa do que a de 15 de Setembro.
O que dirão os nossos "maiores"
sob cujos olhares decorreu?

Está quase...

É só mais uma "forcinha"!

Mas remodelar o quê, Zeus meu?

Mas remodelar o quê, se é mais que óbvio que este governo não tem remendo, nem recauchutagem possível, a começar pelo "impreparado"  primeiro-ministro? Impreparado, não sou eu que o digo. O que eu digo é que não estou a ver ninguém* que ainda acredite que este governo seja capaz de levar a nau a bom porto, com a receita que está a cozinhar de mais austeridade e de mais empobrecimento.
Até os próprios companheiros de partido e a direita em geral, estão fartos de dizer: Não presta. Deita fora! 
Cavaco está à espera de quê?
*"Ninguém" é força de expressão. A clientela que dele depende é capaz de ter outra opinião. E, mesmo assim, não garanto.

Um distraído, entretanto aterrorizado



"O facto de, dias antes do anúncio das alterações na TSU, o governo ter dito que estava tudo bem “mostra uma impreparação que aterroriza”, afirma ainda António Lobo Xavier"
(Texto e imagem: daqui

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Tem lepra !


Pobre homem, já nem os seus companheiros de partido querem ter nada a ver com ele. Berta Cabral, líder do PSD Açores e candidata à presidência do Governo Regional (na imagem, tirada daqui), não podia ser mais explícita, a desmarcar-se do líder do seu próprio partido. O homem, pelos vistos, tem lepra. Ainda que por outras palavras, o que ela está a dizer é, muito simplesmente: Afasta-te, Pedro, que a lepra é contagiosa e eu não quero de forma nenhuma ser contagiada.

"Galinha sem cabeça"


A expressão "galinha sem cabeça" referida ao governo de Passos Coelho não é minha. Daí as aspas. Quem a cunhou e patenteou foi Pacheco Pereira (conferir aqui) mas subscrevo-a.
Num só dia (hoje) temos três notícias a confirmar a justeza da asserção:
Dívida pública revista em alta: passa de de 112,5% para 119,1% do PIB;
(Imagem daqui)

Não presta. Deita fora!

Passos Coelho não disfarçou a sua  surpresa, ou antes, incomodidade, durante um almoço conferência sobre desenvolvimento sustentado, no Centro de Congressos do Estoril,  pelo facto de os próprios empresários terem rejeitado as alterações na TSU, o que revela, como bem salientou António José Seguro, que Passos Coelho ainda não compreendeu que é indigno e imoral transferir rendimentos do trabalho para financiar as empresas .
Não compreendeu, nem vai compreender, acrescento eu. Como também ainda não compreendeu que, perdida, de uma vez por todas, a sua já pouca credibilidade, mesmo para os empresários e até para a direita no seu todo, ele já não passa dum empecilho, impossibilitado que está de dar ao país a confiança de que ele precisa como pão para a boca, e que já nem sequer está em condições de levar a cabo as reformas que se propôs. 
Julgará ele que são fortuitos e sem causa os pronunciamentos vindos da área do seu próprio partido, desde  as violentas críticas desferidas por Manuela Ferreira Leite contra a sua política, passando por João Salgueiro (a considerá-lo impreparado para governar) até chegar a Marques Mendes (aconselhando-o a recolher à toca)?
É a direita a dizer: Não presta. Deita fora!

Competência estilhaçada

"(...)
Seja como for, o facto é este: foi o falhanço do Governo na execução orçamental deste ano que levou a "troika" a ter de rever as metas do Programa de Assistência Financeira, de tal modo que a meta do défice prevista para este ano (4,5% do PIB) ficou adiada para 2013. Dito de outra forma: o que o Governo não conseguiu este ano, terá de conseguir no próximo. Mas há ainda outra maneira, bem mais reveladora, de dizer exactamente a mesma coisa: a medida da austeridade adicional que o Governo vai exigir aos portugueses no Orçamento para 2013 corresponderá, essencialmente, ao desvio na execução orçamental que se registar este ano. É isto que significa fazer em 2013 o que o Governo não fez em 2012 - e é por isso, aliás, que saber o valor real do défice no final do ano, isto é, saber a expressão exacta do fracasso do Governo na execução orçamental, é tão importante para perceber o Orçamento que vamos ter e os sacrifícios que vão ser pedidos.
Sendo assim, há duas conclusões que importa reter. Em primeiro lugar, o seu a seu dono: ao contrário do que alguns pretendem, toda a austeridade adicional que vier aí no Orçamento de 2013 é da total responsabilidade do actual Governo e tem uma única razão de ser - cobrir o fiasco na execução orçamental deste ano, que é consequência da desastrada opção do Governo por uma "austeridade além da ‘troika'".
Em segundo lugar, o Ministro das Finanças tem de explicar, de uma forma que se entenda, porque é que anunciou para 2013 um programa adicional de austeridade da ordem dos 4900 milhões de euros ao mesmo tempo que diz estimar para este ano um défice real de 6,1%, o que corresponderia a um desvio de cerca de 2800 milhões de euros - um desvio colossal, é certo, mas muito longe de explicar a dimensão astronómica da austeridade anunciada para o próximo ano. A verdade é que as contas não batem certo e o facto de serem apresentadas por Vítor Gaspar já há muito que deixou de ser garantia suficiente."

(Pedro Silva Pereira; O seu a seu dono; na íntegra: aqui)
(Negrito meu)

Estilhaçada a competência de Gaspar e comprovada a inexperiência e impreparação de Coelho, que mais será necessário para pôr governo a andar?

Retrato do governo por um apoiante

"Miguel Relvas está limitado, Álvaro Santos Pereira está eclipsado e o ministro das Finanças está desaparecido em combate". Isto diz Marques Mendes militante do PSD e apoiante do seu governo. E vai mais longe. De facto, também aconselha o primeiro-ministro Coelho a não sair da toca, pois "Um dia destes os portugueses não terão paciência para ver a cara de Passos Coelho". 

O retrato só peca por insuficiente (infelizmente, não abarca todos os ministros) e por tardio: a verdade é que não é preciso esperar pelo tal dia. Afora a clientela, os portugueses já hoje não suportam a cara de Passos Coelho, nem a sua incompetência. Por mim falo.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"Portugal é mais China do que pensamos"

A afirmação em título é de Augusto Mateus, uma das boas cabeças pensantes deste país.
Veja aqui as razões da afirmação e tire as suas conclusões.

Os "ventos favoráveis"

Passos Coelho afirmou ( ver "post" anterior) que  "há ventos favoráveis a soprar nas nossas velas .
Devia estar a referir-se a estes "ventos": Clube da bancarrota: Portugal sobe para 7º:
"A probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa fechou hoje em 36,99%, quase quatro pontos percentuais acima do valor de fecho de há uma semana (...) O preço dos credit default swaps subiu hoje acima da linha dos 500 pontos base, fechando em 515,98. Há uma semana estava em 462,55 pontos base."


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A destempo e desmodo

Agora deu-lhe para citar Camões:
Daqui fomos cortando muitos dias/Entre tormentas tristes e bonanças/No largo mar fazendo novas vias/Só conduzidos de árduas esperanças./C’o mar um tempo andámos em porfias/Que, como tudo nele são mudanças/Corrente nele achámos tão possante/ Que passar não deixava por diante”.
Bem mal empregue tão bela estrofe para chegar uma réplica tão pífia, quanto a destempo e desmodo:  
Camões fala-nos aqui de uma corrente que nos arrasta para trás e que é mais poderosa do que os ventos que nos impelem para a frente. Mas hoje em Portugal, se é certo que não podemos subestimar a corrente em que o navio português foi posto - até porque estamos todos os dias a sentir dolorosamente a sua força -, também temos de reconhecer que há ventos favoráveis a soprar nas nossas velas”.
O chefe do "Governo [que] age desvairado" deve estar a tomar por "ventos favoráveis" alguma corrente de ar existente lá para os lados de São Bento. Só pode! 
(imagem daqui)

Mais um distraído

Pedro Passos Coelho “não estava preparado para tomar conta do poder”; o executivo “não tinha uma ideia clara do que tinha de fazer (João Salgueiro, mais um que, em Junho de 2011, também se distraiu.) 

Espairecer...

Depois do susto com a leitura da análise feita por Pedro Santos Guerreiro, parcialmente reproduzida aqui, análise que leva o conceituado jornalista e economista a afirmar que "O Governo age desvairado" (que o mesmo é dizer, segundo os dicionários, como louco, ou alucinado) e  que "o pior estar para vir", não me restava outra alternativa que não passasse por ir espairecer até ao campo. E foi o que fiz.
Para que não restem dúvidas, aqui deixo uma fotografia de um Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca Pallas) uma ave migradora que, pelos vistos e por enquanto, ainda se atreve a passar por cá.

Medidas justas? Não há!


Medidas justas de austeridade? Não há, diz o ministro Aguiar Branco. 
E, de facto, é verdade que cá não há, embora devesse haver. Se não há é porque este governo as não quer tomar.
Não será?
Não há medidas justas de austeridade, mas, em contrapartida, asnos não faltam cá! 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

"O pior está para vir"

"Sabíamos desde o princípio: era tudo ou nada. As probabilidades estavam contra, mas havia uma certa atracção naquela convicção vítrea de Gaspar. Mas a passarola não voou. Não é justo, mas não voou. As contas públicas descontrolaram-se. O Governo age desvairado. E a troika esconde-se atrás da sua própria desilusão. 


Vítor Gaspar é o elo de credibilidade do Governo com a troika. Já não o é com o eleitorado. Não pode queixar-se: mesmo protestando, o país foi suportando a austeridade. Houve um acto de fé generalizado, cheio de dúvidas e reservas, mas com o endosso da confiança. Até que a medida da TSU rompeu o lacre; até que a execução orçamental veio provar a desdita. Mesmo aqui, neste espaço, deu-se largamente o benefício da dúvida. Em Fevereiro, aqui escrevemos sobre essa credulidade ingénua, em "As verdades que nunca nos dirão". Hoje enunciamo-las: o crescimento, o número de anos e a sustentabilidade da dívida.



A credibilidade da política da austeridade deixou de ser uma divergência ideológica, é hoje um problema matemático. Não está a resultar. Como se confia em quem estimava um crescimento de receitas do IVA de 11,6% quando ele afinal cai 2,2%? Que credibilidade técnica tem quem em Março anunciava um aumento dos encargos com subsídio do desemprego de 3,8% quando eles em Agosto crescem quase 23%? Como se confiará nas previsões para 2013 depois do fracasso em 2012?



A troika devia olhar olhos nos olhos dos portugueses e responder a três perguntas: acredita mesmo que, com mais austeridade generalizada, a economia vai começar a crescer no segundo trimestre do próximo ano? Acredita mesmo que Portugal vai conseguir a redução brutal do défice em cada um dos próximos dois anos depois de ter falhado o deste ano? Acredita mesmo que Portugal conseguirá pagar a sua dívida pública já superior aos fatídicos 120% do PIB?



São perguntas simples, mas entristecidas. As contas não quadram. Não batem. Assim não vamos lá. 



Comecemos pelo défice: este ano, os portugueses fizeram um esforço brutal, suportaram austeridade como nunca imaginaram e ajustaram-se mais do que o Governo desejou, consumindo menos e exportando mais, o que ajudou as contas externas. Mesmo assim, depois de tudo, o défice orçamental (sem receitas extraordinárias) só se reduzirá em dois pontos percentuais em vez dos 3,5 pontos percentuais previstos. E isso se o último quadrimestre não piorar o cenário, coisa que a desastrosa comunicação do Governo com a TSU pode ter estragado, antecipando comportamentos recessivos. Pois mesmo assim chegaremos a um défice de pelo menos 6,1 a 6,2%, o que com receitas extraordinárias (sempre, sempre elas) baixará para 5%. Reduzir de 6,2% para 4,5% em 2013 e 2,5% em 2014? Como? Ou as reformas estruturais estavam todas certas, as empresas desatam a exportar e a economia cresce, ou teremos de manter todas as medidas de austeridade e encontrar mais dois pontos percentuais por ano de novas medidas. Alguém acredita?



Vamos à dívida. 120% é o nível de alerta vermelho, além do qual o BCE considera a dívida insustentável, isto é, que não pode ser paga. Ora, a previsão para Portugal saltou para os 124% do PIB, valor que ainda não inclui todas as empresas públicas e PPP falidas que venham a ser devolvidas ao Estado (há cinco nessa iminência). Será mesmo possível pagar essa dívida?



Estas perguntas são para a troika. Ao Governo o que se pede é que tome um banho gelado e volte a encaixar a cabeça. Porque o que está a demonstrar já não é falta de capacidade política, é pânico. O recuo na TSU foi uma vitória da sociedade civil sobre um Governo que se julgava ungido por ela, mas mostrou capacidade de recuo. Agora é preciso andar para a frente, não em círculos. O anúncio, ontem, de mais impostos foi vago e ambíguo. O IRS subirá através dos escalões (pelo menos quatro pontos percentuais a cada português) ou haverá um imposto extraordinário? De quanto? E os funcionários públicos, o que lhes acontece? E os pensionistas? E a despesa, senhores, a despesa do Estado? Semear incerteza revela mais que amadorismo, revela insegurança, revela falta de estratégia, revela incapacidade para liderar um povo que se desfaz em contas. 



(...)



Não parece ser crível que 2012 seja o pior ano da crise. O pior está para vir. O Governo andou a dizer-nos que estava tudo bem, mas está tudo mal. (...)"


(Pedro Santos Guerreiro; "As verdades que agora nos dirão". Na íntegra: aqui.)

E ainda que mal pergunte, pergunto eu: será avisado permitir que a governação do país continue entregue nas mãos de um "Governo desvairado"?

Branco é...

Esta conclusão era difícil. Quase tanto como a resposta à adivinha: "Branco é, galinha o põe".

(Não são inteiramente brancos, nem são de galinha, mas eram os que tinha à mão e não quis deixar este momento de humor (?) sem ilustração)

Símbolos trocados


Nos Estados Unidos, o símbolo do Partido Democrata é o "Burro", mas, a cada nova eleição, torna-se cada vez mais claro que os símbolos dos partidos nos States, andam trocados. Em particular, nas eleições presidenciais agendadas para este ano, não há dúvida de que se alguém tinha  todo o direito de andar com o símbolo do burro estampado na testa era o candidato do Partido Republicano  Mitt Romney.
Já não é a primeira vez que da boca lhe sai uma "burrice", mas esta é mesmo de bradar aos céus. Digo bradar aos céus porque estamos a falar de aviões. "Quando há um incêndio num avião, não há sítio para fugir. E não é possível fazer entrar oxigénio no avião porque as janelas não abrem. Não sei por que é que eles não fazem isso. É um problema sério. É muito perigoso"; disse o candidato
Não digo que o deixem fazer a experiência de viajar de avião com a janela aberta, porque acabava por não aprender nada com ela. O que digo é que o Partido Republicano tem dedo para escolher candidatos estúpidos. Este está, sem dúvida, à altura de George W. Bush, se é que o não supera.
Afinal, leio agora, as afirmações de Romney, foram uma piada. Teriam sido?  Na dúvida, o burro fica.
(Reeditado)
(ilustração daqui)

"Quem não sabe ser tendeiro, fecha (larga) a loja".

Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do PSD, não é parvo, nem palhaço e, como tal, tenho que o levar a sério: Quando o rapaz faz um apelo destes ("Seria no mínimo expectável que o PS (...) colocasse em cima da mesa propostas que visassem consolidar as contas públicas de uma forma alternativa àquela que o Governo tinha identificado há uma semana atrás") é porque ele e o governo do seu partido andam aflitos e já não sabem para onde se virar. E a verdade é que o caso não é para menos, tamanho é o desastre desta desgovernação. 
O apelo, no entanto, dificilmente pode ser correspondido. Desde logo, porque o Jorge não se dispensa de  fazer acompanhar o apelo da habitual lengalenga de acusações do seu partido contra o PS. Ora, ainda que mal comparado, sentencia o ditado: "Não é com vinagre que se apanham moscas".
E, já agora, Jorge, toma atenção a este outro : "Quem não sabe ser tendeiro, fecha (larga) a loja".
Compreendeste, Jorge?
(Título reeditado)

Ó Gaspar, é mesmo caso de mandar as mãos à cabeça!



"De acordo com o boletim mensal publicado esta segunda-feira pela Direcção Geral do Orçamento, as receitas fiscais apresentaram, nos primeiros oito meses do ano, uma variação negativa de 2,4% face ao mesmo período do ano passado.

É verdade que, face ao que acontecia até Julho (uma quebra de 3,4%) se registou uma melhoria, mas o objectivo para o total do ano presente no Orçamento do Estado continua ainda muito distante.
A queda de 5,3% registada nos impostos indirectos constitui o principal problema que enfrentam actualmente as Finanças. O IVA cai 2,2%, o ISP 7,6%, o Imposto sobre o Tabaco 10,8% e o Imposto sobre veículos 44,4%.
Ao nível da despesa, regista-se até Agosto uma redução muito acentuada das despesas com pessoal (15,5%), o que se explica essencialmente pelo corte efectuado no subsídio de férias dos funcionários públicos. As dificuldades surgem, no entanto, por causa do aumento do desemprego, que estão a fazer com que a despesa com o subsídio de desemprego suba 22,9% face ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o facto de haver menos pessoas empregadas, conduz a que se verifique uma quebra das contribuições, que estão a diminuir 4,7%.
Nos primeiros oito meses do ano, o défice da Administração Central e da Segurança Social situou-se em 5493 milhões de euros. "

(Texto e imagem daqui)

Não fora o confisco (ilegal e inconstitucional) dos subsídios dos funcionários públicos, dos reformados e pensionistas, até a despesa pública teria aumentado em relação ao ano anterior (a despesa efectiva “registou, até Agosto, um variação homóloga de 0,4%”), resultado que é espantoso quando os actuais (des)governantes garantiam que a consolidação das contas públicas se faria através da redução da despesa e, nomeadamente através do corte nas "gorduras" do Estado. O descalabro da execução orçamental é, apesar do confisco, de tal magnitude, que, fossem outros os tempos e  estes farsantes já nem cabeça teriam para coçar!
Não digo que se lhes aplique a receita dum tal Pedro Passos Coelho ("Se temos um Orçamento e não o cumprimos, se dissemos que a despesa devia ser de 100 e ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa também têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus atos e pelas suas ações")
O que eu sugiro e reclamo é que, para salvação do país, se ponham a andar. Quanto antes!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Acontece a quem muito se distrai

Uma boa parte dos portugueses deixou-se ir na "cantiga" dos farsantes agora no poder (a culpa era toda do Sócrates; os sacrifícios então pedidos eram insuportáveis; uma vez eles no poder, era tudo um mar de rosas) e aí temos o resultado da distracção: não há um único indicador económico que não tenha piorado. Nem um! 
Como assinalam vários economistas, até o tão aclamado "ajustamento" nas trocas com o exterior, é fruto apenas da diminuição das importações, consequência, por sua vez, da baixa acentuada do consumo e do investimento, o que significa que, considerando, sobretudo, a queda do investimento, o "ajustamento" não só não é estrutural, como está muito longe de ser virtuoso. Bem pelo contrário, porque a quebra do investimento induz uma ainda maior baixa na produtividade. 
A desfaçatez destes farsantes chegou ao ponto de se mostrarem ingratos e de tratarem os portugueses em geral, incluindo, naturalmente, os seus votantes, como "piegas", viciados no "regabofe" e, agora, por último, até por "mandriões",  pois é isso mesmo o que o ministro Miguel Macedo quis significar ao chamar-lhes "Cigarras".
E, a propósito, o leitor revê-se na fotografia infra?
Se não sabia, fique a saber que a Cigarra (Cicada orni) é este insecto e, já agora, que a "história da cigarra e da formiga" está muito mal contada.

Muda-te tu, ó Camilo

O indivíduo que suponho ser jornalista e que dá pelo nome de Camilo Lourenço acaba de descobrir, após a reunião do Conselho de Estado, que o mal está em que "o país não quer mudar". E o pior é que, segundo ele, o "mal" tanto afecta a Esquerda como a Direita.
Estivesse certo o diagnóstico de Camilo e o caso era grave, pois o mal, afectando a Direita e Esquerda, não tinha mesmo remédio. Felizmente, acontece que o diagnóstico de Camilo,  para além de apressado, é errado.
A prova de que o país quer mudar está nas recentes manifestações populares demonstrativas de que o povo quer sair do sufoco criado pelas medidas tomadas pelo governo de que ele é, sem dúvida, um dos últimos e um dos mais acérrimos e mais acríticos defensores, medidas que se revelaram claramente contraproducentes, razão por que o país se recusa a aceitar mais do mesmo, uma vez que as medidas anunciadas vão no mesmo sentido e, ainda por cima, vêm acompanhadas de agravantes.
Há, no entanto, que reconhecer que o país não quer mudar para o modelo perfilhado por Camilo e por este governo que é o de, através da baixa de salários e do corte, a torto e a direito, dos direitos dos trabalhadores, transformar Portugal na China do Ocidente.
De forma que, Camilo, se não estás de acordo com a opção da maioria da população, tens bom remédio: muda-te tu para a China e aproveita para levar contigo toda a pandilha que segue a tua cartilha. (Digo pandilha só para rimar).
Ah! e antes que me esqueça: leva também o Crespo e larga-o em Washington. Fazes-lhe um favor a ele,  que está mortinho por viver lá, e outro a muitos de nós, ou, pelo menos, a mim que já tenho, há muito, o enorme desejo de o ver pelas costas.
Segue o meu conselho e se, daqui por uns tempos, deres uma volta por cá, verás que até o ar se tornou muito mais respirável.

Embora morto, julga que ainda mexe

As declarações dos parceiros sociais à saída da reunião com o governo em sede de Concertação Social, não deixam dúvidas de que, depois do clamoroso falhanço, apesar dos pesados sacrifícios impostos à população, em alcançar as metas do défice e a consolidação das contas públicas nos termos acordados, a pouca confiança que já depositavam em Passos Coelho se esvaiu por completo após o anúncio desastrado das novas medidas que o seu governo pretendia levar a cabo para remediar o descalabro, medidas que, para além de serem portadoras de mais iniquidade, revelaram nem sequer terem sido objecto de um estudo que avaliasse as suas consequências. 
Os parceiros sociais passaram a ver em Passos Coelho e no seu ministro Gaspar dois irresponsáveis amadores que, quais loucos, se atrevem a tomar medidas em cima do joelho. Não será, pois, fácil, fazerem passar as medidas alternativas que o governo venha a querer impor. Uma vez perdida a confiança, ela não volta assim tão depressa. E ainda menos depressa regressará, se é que há hipótese de regressar, a confiança, a compreensão e o respeito por parte da generalidade da população. 
Coelho e o seu governo, minado até no seu interior pela fragilidade da coligação que o sustenta, julga que ainda mexe, mas está morto.
Cavaco, cúmplice e co-responsável pela formação deste governo, recusa-se, por ora, a passar a certidão de óbito, mas com o agravamento (inevitável) da situação e face à contestação popular que, uma vez perdida a confiança e o respeito, não vai abrandar, mais tarde ou mais cedo, ver-se-á forçado a confirmar o óbito.

O sapo...

Digo "aquário", porque, por momentos, deve ter passado por lá para poder dizer que António José Seguro tem "memória de peixe de aquário". Mas com maior rigor deveria dizer "no charco", porque já não é a primeira vez que, ao passar por perto, o vejo lá e o ouço a coaxar.
(Imagem daqui)

domingo, 23 de setembro de 2012

O bombeiro


Marcelo Rebelo de Sousa tem-se esforçado, desde que este governo tomou posse, a desempenhar o papel de bombeiro. Mas com tanto incendiário no governo, a começar no rapazola primeiro-ministro e a acabar neste, não há bombeiro que consiga apagar tanto fogo. Nem um Conselheiro de Estado, bombeiro a tempo inteiro, consegue uma tal proeza, até porque maneja a mangueira de forma enviesada. Que o não consegue, está à vista. 
(Imagem daqui)

Com os anéis, vai-se a esperança

Muito mau sinal quando as exportações crescem por tal motivo, ou seja, porque também se vão embora os anéis. O pior, porém, é que, com os anéis, também se exporta a esperança, não havendo, em relação a esta, nem retorno, nem contrapartida.
(reeditado)

Quem precisava de mais um incendiário?

Quem haveria de supor que o ministro da Administração Interna, a quem incumbe apagar fogos, era um incendiário?
E a quem, pelos vistos, não basta o fogo que alastra por esse país fora e no qual tem também a sua quota de responsabilidade.
(reeditada)

Regresso ao Oeste







sábado, 22 de setembro de 2012

Um dos verbos que melhor sabem conjugar

Delapidar.


Pelos vistos, chegou a vez da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Acordai, dorminhocos!

Encenação

Por muito respeito que tenha por vários membros do Conselho de Estado, com os ex-presidentes à cabeça, a verdade é que estou convencido que a sua convocação por parte do presidente da República não passou, tal como escrevi  aqui, de mais uma manobra  de Cavaco. Não me restam dúvidas que a reunião não foi mais que uma encenação para dar cobertura ao recuo de Passos e do seu desastrado governo em relação às alterações da TSU. A leitura do comunicado final (O Conselho de Estado foi informado da disponibilidade do Governo para, no quadro da concertação social, estudar alternativas à alteração da Taxa Social Única) tira-me todas as dúvidas.

Remodelação

Se isto é verdade (e é) para que serve uma remodelação ?
Se o cabecilha é a maior nódoa deste governo, para que serve adiar o funeral?

À atenção do dono da vinha

Se bem compreendi o comunicado lido após o final do Conselho de Estado, o governo está prestes a recuar no que respeita ás alterações anunciadas relativamente à Taxa Social Única. Se tal se vier a confirmar, como parece ser entendimento geral, o recuo fica a dever-se (e só)  aos protestos do "dono da vinha" contra a forma como os inábeis "vindimadores" se preparavam para fazer a vindima.
Convém, porém, que "o dono da vinha" se mantenha atento, porque já ficou provado que estes "vindimadores" podam os ramos que produzem e deixam intactos os estéreis e são mesmo  incapazes de distinguir entre uvas verdes e maduras.
Em última instância, o desastre já provocado por estes "vindimadores" mais que justificava o imediato despedimento.  
Como tal ainda não aconteceu, "o dono da vinha" não poderá descansar, porque a natureza dos "vindimadores" não mudou e "encarregado da vinha" já demonstrou que é cúmplice.
Toda a atenção é pouca!

Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012): juntando o útil ao agradável


Sumaúma (Chorisia speciosa St.-Hill.)

Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012) Bem por perto, sinais da grandeza de outros tempos




(Mosteiro dos Jerónimos)

Ecos da Vigília em Belém (21-09-212) Humor também houve


Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012): Poliglota


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012): Afonso de Albuquerque

O grande Afonso de Albuquerque também esteve por lá e em lugar privilegiado.

Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012): Uma ciclista em grande forma

(Helena Roseta)

Ecos da Vigília em Belém (21 - 09- 2012): ACORDAI!


A canção "Acordai" com letra de José Gomes Ferreira e música de Fernando Lopes Graça foi hoje interpretada durante a Vigília em Belém.

A letra:

"Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!"


A partitura (fotografada durante a vigília, infelizmente, não nas melhores condições)


A canção interpretada pelo Coro da Academia de Amadores de Música

(Via)
(Título reeditado)

Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012) (IV)


Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012) (III)


Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012) (II)


Ecos da Vigília em Belém (21-09-2012) (I)


Mais um que não está a ouvir lá muito bem.

Depois de Passos Coelho ter garantido, hoje mesmo, no debate na AR , que não está cego nem surdo,  embora pareça, coube a vez de Cavaco vir dizer, também hoje, que  a “eventualidade” de uma crise política “está ultrapassada”Não percebo, nestas condições, por que razão manteve em agenda a reunião do Conselho de Estado.
Provavelmente, também não está a ouvir lá muito bem.
Mais uma razão para o povo se fazer ouvir, de novo.

Quantos mais formos, maior a probabilidade de os surdos ouvirem!

Coerência em Belém é coisa que não há*


"Passou um ano e meio desde que, no discurso de tomada de posse, o Presidente da República (PR) fez um retrato negro do país e pediu aos portugueses que fizessem ouvir a sua voz.
Falou dos demasiados sacrifícios a que o Governo de então sujeitava os portugueses, traçou-lhes um limite, associou-se aos que ansiavam pelo recurso à intervenção externa. Iniciou-se nesse dia 9 de março, também pela mão do PR, uma crise política que levaria à queda do Governo, ao fechar dos mercados internacionais, à necessidade de recorrer ao programa de assistência financeira.
No último ano, o PR assistiu à rutura de todos os compromissos. Assistiu à rutura com a primeira versão do memorando, substituindo a estratégia inicial por uma revolução além do memorando. Fê-lo, apesar das consequências económicas, sociais e políticas dessa escolha serem previsíveis e evitáveis.
Assistiu a uma afronta à concertação social e à desvalorização dos acordos conseguidos, que culminou na apresentação da TSU sem ouvir os parceiros. Assistiu, ao longo do último ano, a um progressivo esboroar do espaço de compromisso político entre os partidos do Governo e PS, fragilizando assim as condições de governabilidade. Assiste agora, ao vivo e a cores, à guerra civil na coligação governamental.
Nos últimos dias ouvimos muitos protagonistas políticos intimar o PR a nomear um governo de iniciativa presidencial. Mas, antes disto, cabe ao presidente presidir. Quebrar o seu silêncio e presidir. Exercer o seu papel junto do Governo, ajudando a esclarecer a verdadeira situação económica e orçamental do país. Contribuir para que o memorando seja aplicado procurando um equilíbrio entre consolidação orçamental e estabilidade económica.
Lembrar ao governo que a paz social não se suplica, mas constrói-se e que para tal a concertação social é essencial. E garantir que o orçamento que promulga não é um instrumento de uma contra-revolução social. Em silêncio e excusando-se a presidir, o PR não só não contribui para o fim desta crise política, como a reforça."
(Mariana Vieira da Silva - Socióloga ; Falta Presidir ; daqui)
(* Há fortes indícios de que nunca houve.)