Quando muitas são as vozes que afirmam que o Governo ao propor aumentos salariais de 2,9% para a função pública, o fez com propósitos eleitoralistas, por considerarem excessivos tais aumentos na actual situação de crise, eis que os sindicatos não se conformam e voltam às manifestações.
É óbvio que o Governo, mesmo que reconheça que os trabalhadores da administração pública perderam poder de compra nos últimos anos, não pode ir mais além, sob pena de se perder o controlo das contas públicas que tanto esforço tem exigido aos portugueses e que, dizem os entendidos, é essencial para que a economia do país não derrape ainda mais do que aquilo que já é previsível, face à crise económica internacional que também nos irá afectar, como agora já é claro para toda a gente.
Os sindicatos, sabendo que a situação profissional dos trabalhadores da Administração Pública, quer em termos salariais, quer em matéria de estabilidade de emprego (conquanto já não tão famosa como em tempos idos) é bem melhor que a da grande maioria dos trabalhadores portugueses, revelam, com estes exercícios, que têm manifesta tendência para o masoquismo. É que, não podendo o governo ser mais "generoso" (até porque se o fosse cairia o Carmo e Trindade, em termos de opinião pública) é claro que com estas manifestações, os sindicatos mais não farão que não seja bater contra a parede. Mas há, pelos vistos, quem goste. A isso chama-se masoquismo.
ADENDA: Desta vez, alguém não soube fazer as contas e precisa urgentemente de umas lições de cálculo elementar: Na manifestação estiveram entre 3 mil a 4 mil pessoas, segundo a PSP, e 50 mil segundo a Frente Comum. Ou alguém (PSP) se deixou dormir durante a contagem, ou alguém (Frente Comum) tem lentes de aumentar. Como não vi, não sei, mas lá que os números duma e de outra parte nunca mais se vão encontrar tal a distância que os separa, é quase certo.
NOVA ADENDA: Confirma-se a primeira hipótese (PSP a dormir) pois esta entidade acabou de rever para 20 mil a 25 mil o número de manifestantes.
4 comentários:
é a tradição... o pior é que isto vulgariza as manifestações e quando for a sério, ninguém liga... há falta de bom senso nestas questões. Por outro lado, os sindicatos têm de mostrar trabalho perante o dízimo que sacam todos os meses dos trabalhadores sindicalizados...
Eu observei toda a passagem da manifestação e a postura dos manifestantes e, pelo seu "facies" e "aragem" não me pareceu ver pessoas com cara de "quadros" da FP. Mais me pareceu ( embora "quem vê caras não vê corações") uma grande percentagem de pessoas remunerada pelos escalões mais baixos da FP, ou seja aquelas que menos ganham em valores absolutos e que terão mais dificuldade em fazer contas à vida.
Estas serão aquelas mais vulneráveis e sensíveis aos apelos dos sindicatos. Porventura as menos esclarecidas e que pior aceitarão o argumento de que, até porque estamos em crise , o Estado não poderá pagar mais que o proposto e mesmo assim, já julgado excessivo por muitos que olham com preocupação para o disparo da despesa pública.
Este tipo de pessoas precisa de perceber que quando for mesmo a sério ninguém ligará... como disse o comentador anterior.
Adalberto da Gama
Já há que considere um exagero os 2,9% para a FP , mas, desses, eu gostaria de ouvir comentários sobre as falcatruas nos Bancos, cujo expoente máximo é o caso do BPN, e cujas consequências todos os contribuintes vão sofrer. Muitos desses gestores, transitam para outro banco, para uma outra Empresa e está tudo bem.
Eu não acho que 2,9% de aumento seja muito, mas também acho que nesta altura em que estamos numa situação de crise que tudo indica se vai agravar, o governo não poderia ir mais longe. Mesmo assim, já muitos economistas se pronunciaram no sentido de que o governo foi eleitoralista.
Este assunto dos aumentos parece-me, no entanto que nada ter a ver com as falcatruas dos bancos, que a existirem e a provarem-se (como jurista, tenho obrigação de fazer esta ressalva) devem ser sancionadas pela medida grande. É o que penso.
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