terça-feira, 31 de maio de 2011

Um canil ?

"Nem todas as escolhas são iguais, há um político neste país que não anda como um cachorrinho de Pavlov, que pensa o que diz e que diz o que pensa". A afirmação que precede é atribuída aqui a Carlos Abreu Amorim (CAA), cabeça de lista do PSD pelo círculo de Viana do Castelo.
Não é difícil perceber aonde é que CAA quer chegar quando fala em "cachorrinho". Ao utilizar uma tal expressão para caracterizar um adversário político, CAA ganha indiscutivelmente e por mérito próprio, o direito de emparceirar ao lado dum grupo doutras personalidades do mesmo partido político que já usaram  expressões com semelhante "elevação", tendo como alvo a mesma pessoa, grupo onde pontificam pessoas como Catroga, Morais Sarmento ou José Luís Arnaut. Digamos, pois,  que CAA não destoa em tão "excelsa" companhia.
A raiva ao adversário, tem, no entanto e geralmente, como efeito afectar o discernimento e o candidato a deputado, CAA, não foge à regra, pois nem se apercebe que a sua afirmação, tomada à letra, e uma vez que só "há um político" "que pensa o que diz e que diz o que pensa" que não é ele próprio, força a sua inclusão no grupo dos que "ladram".
E como estamos em vésperas de eleições para a Assembleia da República, tendo em conta a expressão usada por CAA é caso para lhe perguntar se considera o Palácio de S. Bento como um canil e o conjunto dos futuros deputados como uma matilha.
Será que sim ?
(Reeditada)

Como ?

Como? Pergunto eu. É que ainda não lhe ouvi propor outra medida que não seja a de rever a Constituição por forma a permitir os despedimentos sem justa causa.

Cuidem-se...

Passos secundariza inflação nos aumentos na função pública.

Vamos contar anedotas ?

Para Passos Coelho chegou a hora de começar a contar anedotas. Diz ele que a  União Europeia (UE) está à espera de mudança de Governo nas eleições de domingo,  “Porque se não, não teriam dito que os outros partidos podem ganhar as eleições”. 
É de ficar sem fôlego perante a argumentação de Passos Coelho que é, realmente, de uma lógica imbatível. Que os outros partidos podem ganhar as eleições, é claro que podem. Que daí se conclua que a União Europeia está à espera dum Governo liderado por Passos Coelho é um salto lógico que nem o melhor equilibrista se atreveria a dar. Até porque da última vez que Passos Coelho passou por Bruxelas não se pode dizer que tenha tido uma recepção particularmente calorosa. Se bem lembro, até dos seus amigos do PPE não recebeu outra coisa que não fossem puxões de orelhas.

Frases da campanha

"Não apresentamos um mal menor como líder"
"Não propomos um líder para que outro não ganhe, como ouvimos daquela que tanto contribuiu para a crise que estamos a viver"
(Vieira da Silva)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cuidem-se...

"Os que recebem [Rendimento Social de Inserção]  e não são idosos e deficientes e não podem trabalhar que ajudem as instituições de solidariedade social". 
Passos Coelho, em matéria de radicalismo de direita, continua a bater Paulo Portas, aos pontos.

"Para bom entendedor, meia palavra basta"

Se até os seus companheiros de partido têm de Pedro Passos Coelho uma tão fraca opinião (um "mal menor", no dizer do Prof. Marcelo) o que se pode esperar, caso o PSD vença as próximas eleições ?
Em tempo de crise,  de "tempestade perfeita", é naufrágio pela certa.
Não digam mais tarde que Marcelo não avisou...
"Para bom entendedor, meia palavra basta".

Observação dos dias



Enganei-me. Afinal, as nuvens anunciavam borrasca. Esperemos que a meteorologia, que prevê melhoria do tempo, a partir de amanhã, não se engane também.

Na campanha...

... para DEFENDER PORTUGAL
CONSTRUIR O FUTURO
(José Sócrates, hoje, no almoço de campanha, em Almada)

Não vos traria aqui estas imagens se não se desse o caso de ter uma novidade para contar: à mesa onde me sentava com pessoas que não conhecia de parte alguma, dois comensais (um com 60 anos e outro com idade à volta dos 40) declararam para todos ouvirem que, pela primeira vez, iriam votar PS. Em anteriores eleições legislativas, sempre tinham votado CDU.
Repito-me: Há nuvens no horizonte, sim, mas o SOL ainda brilha !

Observação dos dias


Nuvens no horizonte ? Sim, mas algures o SOL ainda brilha....

domingo, 29 de maio de 2011

Movida a GasÓDIO


Se Passos Coelho tivesse algum bom senso, nunca chamaria esta senhora ao palco. É que ela, com a sua intervenção, não só mostra que é movida a "gasódio", como deixa bem claro que não o tem a ele, Passos Coelho, em grande conta: "eu não ando à procura dum outro primeiro-ministro, eu ando à procura que José Sócrates saia de primeiro-ministro".

Interessante é verificar que nem o pedido de desculpa que antecede a proclamação de Ferreira Leite alerta Passos Coelho para o facto de ela o estar a desqualificar para o cargo de primeiro-ministro. O homem será mesmo tolo? 
(Vídeo daqui)

Motor a ódio

Nem tranquila fico se ele ficar na oposição, porque acho que ele na oposição vai ser tão pernicioso para o país quanto na liderança do país”. (Manuela Ferreira Leite)
Esta afirmação de Manuela Ferreira Leite vem confirmar o que já se sabia: que a campanha do PSD, no essencial, é uma campanha que tresanda e é movida a ódio. A Sócrates. E, para Ferreira Leite, pelos vistos, só há uma solução: há que remeter Sócrates para as trevas exteriores.
Onde é que esta gente pensa chegar com tanto ódio ?  A um bom resultado para o país não é com certeza.
Estou certo que, um dia, vão ter que responder por isso. Mais cedo, ou mais tarde e quanto mais cedo, melhor. Se a resposta chegasse no próximo dia 5 de junho, seria oiro sobre azul.

sábado, 28 de maio de 2011

Para inglês ver

A decisão de impor a prisão preventiva como medida de coacção a uma das presumíveis participantes na agressão a uma rapariga de 13 anos, na zona de Benfica, bem como ao alegado autor da filmagem da cena e do vídeo que passou em tudo quanto é televisão, só pode ser vista como uma decisão para inglês ver. Não encontro outra justificação para a medida de coacção adoptada que não seja a de dar alguma satisfação ao "estimável" público telespectador. Nem a gravidade dos factos (gravidade que, todavia, não nego) nem o perigo de fuga, justificavam a decisão.
Alguém tem dúvidas de que se  agressão não tivesse sido filmada e se o vídeo não tivesse sido divulgado nas televisões, a decisão teria sido muito outra?  É que agressões desta natureza, embora não sejam tão frequentes assim, também não são coisa tão rara quanto isso. E quantos agressores, autores de factos tanto ou mais graves que os deste caso, estão em prisão preventiva ?
Boas perguntas para fazer ao juiz que decretou a prisão preventiva.
Quanto a mim, fazer "justiça" para televisão passar, nunca será boa justiça.

A consistência da gelatina

Quem tivesse um mínimo de bom senso sabia, à partida, que a ideia dum ministério com apenas 10 ministros era uma idiotice e uma fantasia. Mas para Passos Coelho era, aparentemente, uma ideia fixa e que fazia todo o sentido. E, para quem privilegia a demagogia (é preciso reduzir a despesa!), em detrimento duma boa governação, até fazia, mas, pelos vistos, já não faz. Bastou um pequeno "encontrão" de Cavaco para Coelho admitir mudar de ideias.
Já não é a primeira vez que assistimos a uma cena parecida e ainda mais ridícula. Quem não se lembra de Passos Coelho prontamente disponível para modificar o programa do PSD, em matéria de Educação, só porque um tal Santana Castilho lhe disse cara a cara que achava que o programa era mau?
Julgo que não há nada a fazer: as ideias, mesmo as fixas, de Passos Coelho são mesmo assim. Têm a consistência da gelatina.

Um farsante no seu melhor



(Via CC)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Alerta laranja


Esta sondagem realizada pela Intercampus para PÚBLICO e TVI, que regista, em relação à de 4 dias atrás, uma quebra nas intenções de voto no PSD da ordem dos 3,8% (cerca de 1% ao dia) e uma aproximação "perigosa" do PS (que diminui a distância em relação PSD de 6,4% para apenas 1,7%)  está a pôr os laranjinhas com os nervos em franja. A tal ponto que o jornalista do Público, Miguel Gaspar, nesta sua análise, está quase a mandar calar Passos Coelho.
Escreve ele, às tantas:  "E desta vez nem se pode queixar que o excesso de falatório seja culpa do partido. É ele quem fala de mais."
Está visto que, para Gaspar, teria sido uma boa ideia ter mandado o Coelho para Copacabana a fazer companhia ao Catroga.
Força Gaspar! Pela minha parte, caminho livre!

"Ensaio sobre a cegueira"


Se José Saramago fosse vivo, teria no comportamento revelado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda e nas atitudes que têm tomado, nos últimos tempos, uma rara oportunidade para escrever um segundo "Ensaio sobre a cegueira".
De facto, participar no derrube do Governo do PS, ao lado dos partidos da direita (PSD e CDS) (correndo o sério risco de estarem a abrir a porta a um Governo da direita) e passar a vida a atacar o PS, afirmando que este é igual ao PSD e ao CDS, mesmo sabendo que só o PS pode travar a fúria privatizadora e liberalizadora da direita que se propõe dar cabo do Serviço Nacional de Saúde, estrangular a Escola Pública e liberalizar os despedimentos, indo muito além das medidas acordadas com a "troyka", só pode ser levado à conta de cegueira.
Talvez a recente tomada posição de Passos Coelho sobre a realização de um novo referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez sirva para lhes abrir os olhos.
Dado o sectarismo que os dois têm manifestado (mais ainda o Bloco do que o PCP) leva-me a crer que nem isso é certo. E, sobretudo, temo que, mesmo que abram os olhos, seja já tarde.

Muda o vento, muda o pensamento

Louçã tem razão, nesta observação. O líder do PSD, de manhã, diz uma coisa, à tarde, diz o seu contrário e  à noite, é para onde sopra o vento.
Foi o que se passou com a sua posição sobre o referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às dez semanas, caso que serviu de pretexto à observação de Louçã, mas já se tinha passado o mesmo com a Educação. Bastou-lhe ouvir um ralhete dum Castilho qualquer, para mudar de opinião. Muito consistente, este Coelho: muda o vento, muda o pensamento.
Como um catavento...

(Imagem daqui)

As cerejas ...


...que não me deixam em mentira. E sim, acreditem: os melros já por lá andavam, a debicar nelas.

O Frágil Passos ...



... na "Quadratura do Círculo"

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Melros"

[Melro-preto (Turdus merula L.]

Pelo que vejo, leio e ouço há por aí muito "melro" à solta. Não tenho, pois, outro remédio que não seja ir colher as cerejas antes que os melros as comam.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Si non é vero ...


...já alguém devia ter desmentido.
Si é vero ... Bom, para ser franco, pese embora tudo o que a seu respeito tenho escrito, devo dizer que não acredito. Seria demasiado ridículo ver o líder do maior partido da oposição e com pretensões a primeiro-ministro, ser "pasto" de uma qualquer cartomante. 
Em todo o caso, fico à espera do desmentido.

Sejamos justos!

O ministro da Presidência, Silva Pereira disse em Vila Real e pode ser ouvido aqui, que o PS dispõe de um ás de trunfo que é a "obra feita" e, em contraponto, afirmou que no PSD o que há é um apagão e não pequeno, um grande apagão.
Ora esta afirmação de Silva Pereira constitui uma grande injustiça, que cumpre reparar. É que o PSD e Passos Coelho, apesar do curto currículo político deste e da sua completa inexperiência governativa, (como diz o sempre exagerado Vasco Pulido Valente, Passos Coelho nunca entrou num ministério, nem sequer numa secretaria de Estado) têm também "obra feita". Importa com efeito lembrar, pelo menos, dois "feitos" de grande alcance.
Desde logo, o projecto de revisão constitucional, apresentado, se não estou em erro,  por Passos Coelho, logo no Congresso a seguir às Directas de que saiu vencedor, como a sua grande prioridade política. Trata-se, como é sabido, do projecto mais radical no sentido do neo-liberalismo alguma vez apresentado na Assembleia da República. Tão radical ele é no sentido da liberalização nas áreas da saúde e educação, designadamente,  que o líder do PSD pede agora a todos os anjos e santos que, durante a campanha eleitoral, não se fale desse famigerado projecto (como ainda recentemente se viu, durante o debate Sócrates/PPC). É lá, no entanto, que se  encontra, sem disfarces eleitorais, o pensamento e a estratégia política da actual liderança do PSD. Recomenda-se, pois, a sua leitura e o confronto com o actual texto constitucional para avaliar a grandeza da "obra".
E depois também não se podem negar ao PSD  e a PPC os créditos que lhe são devidos pelo derrube do Governo, que teve como consequências perfeitamente previsíveis, a descida abrupta dos "rating" da dívida soberana, a subida vertiginosa das taxas de juro e, por último, a inevitabilidade do pedido de ajuda financeira externa.
Bastam, a meu ver, estes dois "feitos" para justificar a gratidão que o povo português não deixará de mostrar ao PSD e ao seu líder, nas próximas eleições. Que me dizem da ideia de mandar Passos Coelho de volta para o "remanso" de Massamá ? Ele merece...

Pesadelo

Neste caso (alguma vez havia de ser) acredito piamente no que diz Passos Coelho. Não sei se já repararam, mas o facto é que o ensaiante para primeiro-ministro anda realmente com umas olheiras de quem anda a dormir mal. E tem razão o coitado. Ele sabe que, em caso  de vitória do PS, vai recambiado de imediato da São Caetano para Massamá. Um pesadelo e dos grandes!

terça-feira, 24 de maio de 2011

"Dinossáurios"

(Monumento natural da Pedra da Mua - Cabo Espichel)

Há cerca de 145 milhões de anos, no final do período Jurássico, andaram por aqui os dinossáurios, passeando por uma planície que o tempo e as convulsões do planeta Terra transformaram nesta escarpa. Dizem os entendidos que, na Pedra da Mua, estão registadas 38 pistas de Saurópodes (dinossáurios quadrúpedes herbívoros) e 2 de Terápodes (dinossáurios bípedes carnívoros).
Dir-se-á que é muito dinossáurio, mas, de facto,  não é caso para admirar, pois, ainda que de tal não nos demos conta, muitos dinossáurios continuam a andar por cá. Bom, falar em dinossáurios, a propósito destes indivíduos, é um exagero, de que me penitencio, porque não é necessário recuar tanto no tempo. Direi antes que são homens da idade da pedra. Quem, à falta de argumentos, se limita a atirar calhaus, não merece outra qualificação, acho eu.
 (Para algum eventual interessado, fica a informação de que, na praia adjacente, calhaus é coisa que não falta.)
 (Bónus para o leitor: desenhos obtidos a partir dum cartaz do ICBN, existente na zona, representando algumas pistas de dinossáurios)
(Clicando nas imagens, amplia)

Novo banho de água fria



Nova sondagem, novo banho de água fria, para o apressado Passos Coelho.

O duche de água fria

PSD à frente mas com PS nos calcanhares
Um verdadeiro duche de água fria para as cabeças esquentadas dos dirigentes do PSD é o que representa esta sondagem.
Apesar da campanha mais suja de que me lembro e logo por parte do partido (o PSD) que reclamou, à partida, uma campanha limpa, campanha em que tem valido tudo, desde "resmas" de insultos a Sócrates (comparado a Hitler, por Catroga, a Sadam Hussein, por Morais Sarmento e a Drácula, por José Luís Arnaut) até à invenção de casos todos os dias, que só são "casos", porque o PSD conta com a complacência e cumplicidade da comunicação social, o PSD não evita mais um "empate técnico".
Apesar, repito-me, de Passos Coelho estar a ser levado ao colo pela comunicação social.
"Até ao lavar dos cestos é vindima".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tempos difíceis...

Esta sondagem anuncia tempos difíceis. Dará para aguentar ? E por quanto tempo?
Quem não acordar a boas horas, porque ainda vai a tempo, depois não se queixe. Ou antes, queixe-se, mas de si próprio !

Tanto mar...

O mar no Cabo Espichel...

... e na Serra da Arrábida
(Clicando nas imagens, amplia)

Uma vitória de "coissísima" nenhuma

O “consenso” sobre a renegociação da dívida, é a “maior vitória política do Bloco até hoje”, segundo  Francisco Louçã.
Lê-se, mas não dá para acreditar. A vitória de que fala Louçã, não é grande, nem pequena, é uma vitória de "coisíssima" nenhuma, pois, em boa verdade, não há, sequer, algum consenso.
De facto, para se poder falar em consenso, mister seria que os vários partidos tivessem o  mesmo entendimento sobre o que é a "renegociação da dívida". E não me parece que seja o caso: se por "negociação da dívida" se compreender a necessidade de acordar com os credores as condições dos empréstimos, contemplando, designadamente, o alargamento do prazo e a descida das taxas de juro,  o consenso entre os partidos estava assegurado à partida, pois nenhum partido é tão masoquista que não almeje alcançar tais objectivos. Não tem sido esse, porém, o entendimento do Bloco (e do PCP) que sempre falaram em "reestruturação da dívida" concebida como recusa do pagamento, nos termos a que o Estado está vinculado, independentemente de qualquer negociação prévia com os credores.
Será que, ao falar  em consenso, o Bloco quer significar que abandonou a sua tese e alinha agora com os partidos que aceitaram a negociação da "ajuda" financeira externa ?
Não acredito, mas admitindo que é essa a leitura correcta das palavras de Louçã, então estaríamos de facto perante um consenso. Só que, em tal tal caso, o que Louçã teria para apresentar não era "a maior vitória política do Bloco" mas antes a derrota mais rotunda. Das suas teses, claro está.

Ir para fora cá dentro

Serra da Arrábida - Convento
(Clicando, amplia)

domingo, 22 de maio de 2011

O dom da ubiquidade

"Cerca de 20 administradores acumulavam funções em 30 ou mais empresas distintas, ocupando, em conjunto, mais de mil lugares de administração, entre eles os das sociedades cotadas" (Relatório anual sobre o Governo das Sociedades Cotadas em Portugal, ontem divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) referente ao ano de 2009, aqui citado).
Que há por aí muita gente, ao nível de administradores de empresas, que tem o "dom da ubiquidade" já era uma realidade relativamente bem conhecida, sendo certo que, nalguns casos, a acumulação de funções de administração em mais do que uma empresa até pode ter justificação económica racional. Não é, porém e seguramente, o caso dos 20 administradores a que se refere o relatório, porque, quando se atinge um tal grau de "ubiquidade", é impossível  (por paradoxal que pareça) ter tempo para administrar seja o que for. Ou antes, talvez ainda haja tempo para passar pelas empresas para tratar das próprias remunerações, em regra, chorudas, pois segundo o  mesmo relatório, os 20 recordistas e os demais administradores na mesma situação (de acumulação) recebiam, em média, à data a que se reporta o relatório, por cada um dos lugares ocupados, "297 mil euros por ano, ou, no caso de serem administradores executivos, 513 mil euros".
A acumulação de remunerações, quando atinge valores escandalosos, é naturalmente censurável, mas, do meu ponto de vista, não é principalmente por aí que "o gato vai às filhoses". O mais grave é que a acumulação de funções de administração, quando se atinge o ponto que o relatório documenta, tem, forçosamente, reflexos negativos ao nível da qualidade da gestão e, logo, no plano da produtividade da empresa e da competitividade da economia. E igualmente grave é o facto que se pode deduzir do relatório de que nem todas as decisões são tomadas em função do interesse das empresas, nem dos sócios em geral, mas apenas e só em função dos interesses dos grandes accionistas que são quem tudo manda e quem ocupa, directamente ou por interposta pessoa, os lugares de administração.
Só assim se explica o alerta sobre o assunto deixado pela CMVM aos accionistas, alerta que corre o risco de cair em saco roto, exactamente porque os pequenos accionistas não têm voz activa na gestão e na vida das empresas. Todavia, o alerta não deixa de ser importante: a população em geral fica a saber (se é que ainda alguém tinha dúvidas sobre isso) que o sector privado é bem menos transparente que o sector público e que o sacrossanto "mercado" pode ser tudo, menos santo.

sábado, 21 de maio de 2011

A diferença

José Sócrates e o Governo do PS, embora tenham feito o que estava ao seu alcance para evitar a ajuda financeira externa (a "bancarrooota"), não o conseguiram.
É um facto, mas os partidos da oposição (de direita e de esquerda)  não só a desejaram (o PSD, pelo menos, que há longo tempo clamava pela vinda do FMI) como a provocaram, ao desencadearem  a queda do Governo, juntando a crise política à crise financeira.
É uma diferença. E não pequena.  

Fritam-nos, ou comem-nos vivos ?

"Sócrates já não é assunto racional; é para consumo exclusivo de fanáticos. Dia 5 de Junho saberemos, enfim, quantos existem em Portugal" (João Pereira Coutinho, colunista do CM, edição de hoje).
Se, neste momento, ainda são legítimas todas as dúvidas sobre o partido vencedor das eleições, tendo em conta os resultados de todas as sondagens conhecidas e, mesmo assim, a direita (leia-se:PSD), pela pena do dito Coutinho, já trata os apoiantes do PS, como um bando de "fanáticos", que destino lhes reservará a mesma direita se vencer as eleições?
Perante a "fome" de que dá mostras ("enfim", diz ele) em saber quantos são, pergunto ao Coutinho: fritam-nos ou comem-nos vivos ? 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Pela boca morre o peixe"

Retenho, como momento mais curioso do debate entre José Sócrates e Passos Coelho,  a afirmação por parte deste, durante a sua alocução final, de que o país precisa de um primeiro-ministro com capacidade de diálogo. Estranhas palavras estas vindas de quem vieram, porque essa é, precisamente, uma qualidade que, ao longo dos últimos tempos, ele tem demonstrado não ter. Face às posições intransigentes que  Passos Coelho tem tomado em matéria de possíveis soluções governativas, após as eleições, ele é, sem margem para dúvidas, de todos os dirigentes partidários, o menos aberto a qualquer espécie de negociação.
Será caso para dizer que "pela boca morre o peixe"?

Com fraca memória e a meter o nariz onde não é chamado

Pedro Passos Coelho insiste que José Sócrates, é o responsável pela "maior tragédia de que há memória em Portugal" e que, "com esta liderança, o PS é um problema para Portugal" revelando, com a primeira afirmação, que tem fraca memória e, com a segunda, que anda a meter o nariz onde não é chamado.
Não haverá entre o círculo dos seus assessores, consultores, amigos e companheiros, ninguém capaz de lhe dar umas lições de História de Portugal?
Que lhe ensine também que a actual crise que se vive em Portugal só cá chegou por efeito da globalização e por via da "tempestade perfeita", ou seja, da maior crise económica mundial iniciada nos Estados Unidos?
E, já agora, que lhe dê umas noções sobre regras de boa educação?
É que, além do mais, é feio andar a meter o nariz onde se não é chamado.

Frase do dia

Ou queremos combater a crise preservando o Estado social; ou, como a direita quer, aproveita-se a crise para colocar em causa o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e a segurança social pública”.
(José Sócrates)

Oh Relvas, oh Relvas !...

"Portucale: Miguel Relvas tentou «agilizar» processos"

"O secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, admitiu esta quinta-feira, no julgamento do caso Portucale, que tentou agilizar alguns processos no final do Governo de gestão PSD-CDS (2004) e que funcionava como «coordenador» político entre partidos e elementos do executivo".
«Funcionei como coordenador e nunca com mensageiro. Saí do Governo para fazer a ligação política com o CDS. A minha intervenção foi visível e passou por tentar acelerar e criar condições para que alguns processos fossem resolvidos»
(...)

"Em tribunal, Miguel Relvas explicou a sua «ligação política» a Abel Pinheiro, garantindo nunca ter considerado que este lhe estava a pedir favores."
«Tratei destes assuntos com quem tinha de tratar, com o dr. Abel Pinheiro, e se entendesse que algum destes casos não era bom para o país não me tinha empenhado» (...)
"O ex-deputado do PSD negou ter tido alguma intervenção no caso Portucale, mas admitiu que falou do assunto com o ministro da Agricultura de então, Costa Neves, «porque tinha sido eleito por Santarém».
"Um dos juízes mostrou-se admirado com a intervenção de um secretário-geral de um partido, em questões governamentais, nomeadamente nos processos Aenor e PDM de Gaia e questionou Miguel Relvas sobre isso.
A testemunha confirmou a sua intervenção por forma a agilizar procedimentos e combater a burocracia, explicando que o Governo estava em gestão, «uma fase em que tudo estava desmembrado e era tudo muito complicado», garantindo, porém, que tudo fez em nome do interesse público."
«Também gostaria que não fosse assim, mas, enfim, já estávamos na fase final do Governo¿ tem toda a razão», disse a testemunha, recordando que tinha sido secretário de Estado da Administração Local e que tinha muitos contactos com autarcas."
(...)
"O processo Portucale tem 11 arguidos, entre os quais Abel Pinheiro, ex-dirigente do CDS e administrador do grupo Grão Pará, que está acusado* de tráfico de influências e falsificação de documentos.(...)"

(A notícia na íntegra aqui. O negrito é meu. Só 11 arguidos ? Não falta lá ninguém ?)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Mude-se o hino !

Se a "elite" do PSD considera: que Portugal é um "país de abjecta subsidio-dependência e de calaceiros profissionais" (Vasco Graça Moura); que os demais portugueses são estúpidos e ladrões (António Nogueira Leite), espertos e aldrabões (Diogo Leite de Campos) e dispostos a enfiar qualquer "barrete" (Alberto João Jardim) só se compreende que tal partido se disponha a  governar o país, por verdadeiro espírito de missão: transformar toda a cambada num verdadeiro escol, à imagem e semelhança de tão "ilustre" gente.
Como essa missão vai levar uns tempos a cumprir-se, mister se torna que, ao menos e entretanto, se altere  o hino nacional. Forçar o partido missionário a cantar "Heróis do mar, nobre povo, nação valente", seria uma violência intolerável.
Isto digo eu, porque o povo pode entender, na sua sabedoria, dar ao caso outra solução. Como o povo, por enquanto, ainda é "quem mais ordena", aceita-lá-ei de bom grado.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

"Cobras e lagartos"

Não vale a pena tentar esconder o sol com a peneira: os números hoje divulgados pelo INE sobre a taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano (12,4%) são preocupantes, mesmo descontando o efeito derivado da nova metologia adoptada pelo INE, uma vez que, mesmo seguindo a anterior metodologia, sempre se teria verificado um aumento da taxa de desemprego (11,4% que é superior, quer quando comparada com a taxa de 11,1% apurada no trimestre anterior, quer em relação à taxa de 10,6% referente ao primeiro trimestre de 2010).
São preocupantes, dizia eu, em primeiro lugar, para os trabalhadores atingidos, mas também para toda a sociedade, já que o desemprego afecta o desempenho da economia do país em geral. Mas, como seria de esperar, há sempre umas tantas carpideiras em todos os quadrantes políticos da oposição para quem os números são bem-vindos, porque esperam extrair deles dividendos  eleitorais. Não vejo, no entanto, que haja motivo para grande satisfação por parte desses sectores, porque a haver responsabilidade dos poderes públicos pela situação (quod erat demonstrandum) as diferentes oposições não podem muito simplesmente lavar daí as mãos. É que, numa situação política de Governo minoritário, como a que vivemos, com uma Assembleia da República em que as oposições dispunham de maioria, estas não estão livres de responsabilidade em tudo quanto diz respeito à governação, pois, não só podiam, como deviam, tomar as inciativas que julgassem do interesse do país. Ora, não me consta que, alguma vez, se tenham concertado para tomar qualquer providência na área do emprego. Se foram capazes de se entender para, por mais que uma vez, boicotar a acção do Governo e para o derrubar, é estranho, no mínimo, que não tenham sido capazes de se juntar para resolver o premente problema do desemprego. Daí que pergunte: as lágrimas derramadas pelas carpideiras não serão apenas "lágrimas de crocodilo"?

Não era, porém, este o último ponto a que queria chegar. Ao trazer aqui os dados do desemprego, parece-me também oportuno chamar a atenção para "as cobras e lagartos" que se disseram, aquando do anúncio pelo INE de que ia optar por uma nova metodologia para apurar os números do desemprego. Convém, com efeito, lembrar que, na altura, as vozes da oposição garantiam, em coro, que a nova metologia mais não era que uma forma de camuflar os verdadeiros números do desemprego. Para beneficiar o Governo, como é bom de ver.
Pois bem, com os números agora divulgados, a "camuflagem" eclipou-se, mas ficou à vista de toda a gente, a forma "séria" como as forças políticas da oposição andaram a fazer política nos últimos anos.

Nunca é tarde para aprender...

... que a demagogia não compensa e Passos Coelho tem, no documento de que, a seguir, se transcreve  a parte final, uma NOVA OPORTUNIDADE para chegar a essa conclusão.  Ora leia:

"A Iniciativa Novas Oportunidades nasceu para responder a um imperativo de justiça e de necessidade: o de mobilizar o elevado número de adultos portugueses detentores de baixas qualificações – em percentagem clara e preocupantemente superior ao dos nossos pares europeus – para um novo modelo de oferta educativa, inovadoramente desenhado para reconhecer as competências adquiridas por via não formal e informal e para oferecer os complementos de formação indispensáveis para uma certificação formal de qualificações básicas ou secundárias e profissionais.
A adesão das populações visadas pela Iniciativa é, pela sua expressão quantitativa e temporal, um caso único e destacado no panorama das políticas públicas de educação-formação de adultos, seja em Portugal, seja mesmo no contexto europeu.
A avaliação externa levada a cabo vem fornecendo informação e dados preciosos para a melhoria continuada da Iniciativa bem como métricas de aferição da sua qualidade e dos seus impactos.
No plano estratégico, e num horizonte de médio prazo, a Iniciativa Novas Oportunidades encerra  um potencial precioso e de inigualável riqueza conceptual para inspirar a estruturação de um sistema de Aprendizagem ao Longo da Vida susceptível de colocar Portugal na dianteira dos demais países Europeus e da OCDE, que normalmente lhe servem de benchmark."

Louçã versus Passos Coelho

Se Passos Coelho estava confiante em que iria repetir, com Francisco Louçã,  a conversa de café que manteve com Jerónimo de Sousa, para malhar em José Sócrates e no PS, como cedo tentou, cedo também viu Louçã indeferir-lhe a pretensão, ao declarar que o debate com José Sócrates já o tinha feito e que estava ali para debater com ele.
E, com não menor presteza, Louçã arrumou com Passos Coelho ao acusar o PSD de ser "o campeão dos Estados Gordos", trazendo à colação, designadamente, o caso do "Jornal da Madeira", propriedade do Governo Regional (liderado pelo PSD) "que já custou quase cinquenta milhões aos contribuintes" (como se lembra aqui) e que não passa de um pasquim gratuito que não faz outra coisa que não seja propaganda do regime, e ao devolver a acusação de extremismo, afirmando que encontra "no PSD um radicalismo extremista que nunca tinha visto na democracia portuguesa", citando, muito a propósito, a ideia avançada pelo PSD de obrigar os beneficiários de subsídio de desemprego a fazerem trabalho comunitário, como se o subsídio de desemprego  não proviesse dos descontos feitos pelos trabalhadores para a Segurança Social, para acorrer precisamente ao casos de desemprego . E com tanta mais razão, acrescento eu, quando é o próprio coordenador do programa do PSD quem garante que “Nós vamos ser muito mais radicais no nosso programa do que a troika, vamos ser muito mais radicais”.
Derrotado no penúltimo round (em que Louçã nem sequer deixou passou passar em claro mais uma infeliz referência de Passos Coelho ao programa Novas Oportunidades, dizendo-lhe que faz um "estigma social" quando afirma que o Novas Oportunidades são um embuste) veremos como é que  Passos Coelho se sai no último  e decisivo. Para já, teve um mau ensaio. Louçã, pelo contrário, esteve impecável, começando pelo facto de não ir na "conversa" do adversário.

terça-feira, 17 de maio de 2011

E mandou ele o Catroga para Copacabana !...

Sabendo-se que "o programa Novas Oportunidades (...) tem sido elogiado por instituições internacionais como a UNESCO  [e que] é alvo de uma avaliação externa por parte de “uma prestigiada universidade portuguesa” – tarefa coordenada pelo ex-ministro da Educação Roberto Carneiro", a exigência e as afirmações de Pedro Passos Coelho são, antes de mais, um insulto dirigido a todos os que se empenharam e se esforçaram para melhorar as suas qualificações, em benefício próprio, mas também do país.

Passos Coelho, porém, na sua destrambelhada demagogia, nem sequer se apercebe que as suas palavras acabam por ser um autêntico tiro no pé. De facto, quem é que, entre formandos e formadores, aceita de bom grado que alguém ponha em causa a sua seriedade e o seu esforço?

Por causa das parvoíces e dos dislates proferidos por Catroga, Passos Coelho mandou o seu "futuro ministro das Finanças" de férias para Copacabana. Para o substituir, na pasta das asneiras, pelos vistos, ficou ele. Com pena minha, diga-se. É que, confesso, a Catroga, por vezes, ainda achava graça. A Passos Coelho nem isso.

Delírio pré-eleitoral

"Além disso, como o homem é ou passa por socialista, já se sabe: ouviríamos versões infindas de cabalas e lendas negras, como aliás já começámos a ouvir no caso concreto de Strauss-Kahn."

À primeira vista, o leitor que, desprevenido, passe os olhos por este naco de prosa, excerto duma crónica de jornal, será levado a pensar que o autor só pode ser um pulha. Estaria, no entanto, equivocado. É que o autor é, sim, um jurista (que como tal assina) atacado de delírio pré-eleitoral.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Obrigado, Alberto João !

A minha "ousada" tese de que terá chegado a hora de os dirigentes do PSD tomarem como alvo os próprios eleitores, elevados à categoria de estúpidos e ladrões, acabou por obter  confirmação, mais depressa do que o suposto,  pela boca de Alberto João Jardim, que entende que "não se tem que criticar o engenheiro Sócrates de ter a lata que tem e de dizer as aldrabices que diz" mas acha que, pelo contrário, quem tem que ser criticado " é o povo português que enfia esses barretes". Quem enfia "barretes", na minha terra, é "burro". Felizmente, na Madeira, tal espécie não existe e é por isso que ele, o "esperto" Alberto João, persiste!
Ainda assim, cumpre reconhecer que Alberto João Jardim, desta vez, não vai tão longe quanto o empertigado Doutor Nogueira Leite. Em vez de nos tratar como uma cambada de estúpidos e ladrões,  desta feita,  a habitual truculência de Jardim fica-se pelos "barretes" enfiados.
É caso para lhe agradecer a moderação e, já agora, também a confirmação.

Nobre "mártir"

Noticiava ontem o "Público" que "não foi feliz" a passagem de Fernando Nobre pela Feira do Livro de Lisboa por onde andou, na véspera, em pré-campanha, acompanhado por uma comitiva com bandeiras laranja,  porque, de facto, houve um pouco de tudo, com destaque para a recusa de folhetos da campanha por "uma quantidade de gente". Segundo Nobre, a pouco amistosa recepção faz parte de "uma campanha suja, negra", "politicamente orquestrada" para o denegrir a ele e à família. Mas Nobre não se fica por aqui e promete: "Na devida altura (...) contarei tudo num livro que hei-de escrever".
Não foi preciso esperar muito para conhecermos o essencial do "livro": hoje, em entrevista dada ao mesmo jornal, o cabeça de lista do PSD por Lisboa esclarece que é vítima de dum "ataque concertado" por parte do PS, mas, como noblesse oblige, mostra-se "disposto a sofrer o que for necessário","em nome dos portugueses, de Portugal e do bem-estar deste povo". 
Um Nobre "mártir", sem dúvida, mas demasiado ridículo para ser levado a sério. Pena é que não se tenha dado ao trabalho de apresentar a mínima prova em abono da sua acusação, facto que, só por si, transforma o Nobre "mártir" num pobre caluniador.
Para remate, uma pergunta: como é que um simples, ainda que Nobre, "pavão" pôde enganar tanta gente, durante tanto tempo?

"Está frito"

Na sua homilia dominical na TVI, o Prof. Marcelo aproveitou para dar conselhos a Passos Coelho sobre as tácticas que deve seguir no próximo debate entre o próprio Passos Coelho e José Sócrates, debate que, no seu entender, vai ser decisivo. E as tácticas recomendadas a Passos Coelho passam por entrar  "ao ataque porque se deixa que Sócrates comece ao ataque, está frito”.
O espectador atento à lição do Prof. Marcelo não pode deixar de reflectir sobre o alcance das suas palavras e de se interrogar sobre o que é que ele, afinal, pretende. É que, de facto, dar conselhos ao líder do seu partido faz todo o sentido, se tudo se passar em privado. A lição em público tem apenas como efeito menorizar o visado. Mesmo que não seja essa a intenção do Prof. Marcelo, a leitura que fica é esta: para Marcelo, Passos Coelho é incapaz, por si só, de conceber uma táctica ganhadora.  
Cá por mim diria que se Marcelo não receber, de volta, o troco é porque Passos Coelho pouco se importa que Marcelo o trate por "incapaz".
E, nesse caso, "frito" será.

domingo, 15 de maio de 2011

Ora "Toma"



Ultrapassados todos os limites em matéria de insultos dirigidos a José Sócrates, enquanto primeiro-ministro e secretário-geral do PS,  parece ter chegado agora a altura de os dirigentes do PSD tomarem como alvos os próprios eleitores, elevados à categoria de estúpidos e ladrões. Atendo-nos aos comentários da autoria de António Nogueira Leite, reproduzidos supra (copiados daqui e daqui) não será inteiramente descabido, nem ousado, conceber, tendo em conta que o subscritor é "conselheiro económico de Passos Coelho e n.º 2 do Conselho Nacional do PSD",  que tal é o entendimento que circula pelos corredores da São Caetano.
Como "quem não se sente, não é filho de boa gente",  o Zé Povinho  já tem pronta uma resposta à altura: Ora, "Toma*"!
(*Peça da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro)
(Clicando, amplia)

sábado, 14 de maio de 2011

Portas por interposto Passos

A entrevista conduzida por Clara de Sousa, ontem, na SIC,  em que Paulo Portas "toureou" Passos Coelho, fazendo dele "gato sapato", deu para perceber quem é que faria de primeiro-ministro, caso a direita (PSD/CDS) viesse a ter a maioria nas eleições do próximo dia 5 de Junho.
Paulo Portas, que não se cansa de afirmar que não há dois, mas três candidatos a primeiro-ministro, lá sabe porquê. Contando com os votos do CDS, por muito que ainda possam crescer as intenções de voto no seu partido, ele sabe que não chega lá, mas por interposto Passos Coelho, quem sabe ?

Pura maldade !


Depois de se ver obrigado a despedir (que pena!) o "seu" ministro das Finanças (Catroga) e depois da sova que ontem levou de Portas, a apresentação desta sondagem é pura maldade!
Mas lá que Passos Coelho e a sua malta se têm esforçado por vir por aí abaixo de escantilhão nas sondagens e que andavam mesmo  a pedi-las, depois de tanta asneira feita, lá isso andavam.
(Infografia daqui)

Um "edifício" testado

"O Programa (...) resiste a qualquer teste de avaliação ou credibilidade. Tudo o nele se propõe foi estudado, testado e ponderado" (Programa Eleitoral do PSD, p. 6)
Viu-se: o "edifício" não resistiu logo ao primeiro leve abalo. Posto perante as críticas de Santana Castilho dirigidas ao "programa" para a Educação, Passos Coelho apressou-se de imediato a  prometer "melhorar" o programa eleitoral nessa área.
Sabendo-se que o "empreiteiro" Catroga já foi despedido, (embora "oficialmente" esteja em férias), esta prometida revisão revela bem a resistência dos "pilares" e, em geral, a consistência do edifício.
Demolidora, no entanto, é a afirmação de Santana Castilho que garante que o conteúdo do programa eleitoral do PSD para o sector da Educação, não corresponde sequer ao pensamento de Passos Coelho. Manda a verdade que se diga que a afirmação tem boa base de sustentação. De facto, Passos Coelho prefaciou o livro O Ensino Passado a Limpo da autoria de Castilho e não lhe poupa nos elogios,  sabendo-se que as medidas previstas no programa contrariam o que o livro preconiza.
De forma que, de duas uma:  ou o programa eleitoral do PSD não reflecte o pensamento do seu líder, pelo menos, na área da Educação, e, nesse caso, Passos Coelho não é mais que um "pau mandado", ou, mais simplesmente, Passos Coelho aprovou o Programa do seu partido e  nem sequer se deu ao trabalho de o ler. 
Das duas, venha o diabo e escolha, porque, seja como for, o retrato de Passos Coelho está traçado: Se o "empreiteiro" despedido é mau, o "dono da obra"  muito menos é de fiar.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Com "amigos" destes ...

Portugal vai pagar uma taxa de juro entre 5,5 e 6% pelos 52 milhões de euros que virão do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), enquanto que pagará pelos 26 milhões a emprestar pelo FMI, uma taxa de juro entre 3,25 e 4,25%.
Diz-se "União Europeia" ? Só para rir. Prefiro "cambada de usurários"!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Falsificação

No debate com José Sócrates que ontem teve lugar na TVI, Paulo Portas apresentou um gráfico, servindo-se dele para demonstrar que Portugal era o país onde a dívida, em percentagem do PIB, mais tinha crescido no período de 2005 a 2011.
(Gráfico apresentado por Paulo Portas)

Acontece que o gráfico não é mais que uma reprodução falseada deste outro (reproduzido infra) por onde é possível verificar que há quatro países da União Europeia com uma subida superior da dívida em percentagem do PIB, durante o período considerado [Letónia, Reino Unido (Inglaterra), Grécia e Irlanda, por esta ordem).

(Gráfico do Eurostat)

O facto é grave, porque estamos, não apenas, perante uma mentira, mas perante uma falsificação.
E quer ele, capaz de uma tal falsificação, ser primeiro-ministro ? !

(Para mais esclarecimentos, passe os olhos por aqui)

(Para mais fácil leitura, clique sobre os gráficos)

Assustado!

[Chapim-real (Parus major L.) (Juvenil)]

Depois de ler o programa eleitoral do PSD e depois de ouvir dizer que o Dr. Catroga vai ser o ministro das Finanças se o PSD vencer as eleições, ficou neste estado: assustado e em depressão. Não é por acaso que está todo encolhidinho!
(Reeditada)
(Se quiser ver, mais em pormenor, o facies do Chapim, clique na imagem)

"Bancarroooota"!

Se o PSD não tem nenhuma outra personalidade capaz de defender os seus pontos de vista e o seu programa além do Dr. Eduardo Catroga (e parece que não, visto que não encontrou ninguém melhor para coordenar a elaboração do seu programa eleitoral, para além de lhe ter confiado sucessivamente a chefia das delegações do partido, primeiro nas conversações com o Governo, no âmbito da discussão prévia à aprovação do Orçamento de Estado 2011 e, agora, para manter conversações com a "troyka" no âmbito do pedido de ajuda financeira) é caso para dizer: Valha-os Zeus!
Vem esta conversa a propósito de mais uma intervenção do Dr. Catroga, esta no programa "Prós & Contras", onde contracenou com o ministro Silva Pereira (PS) e António Pires de Lima (CDS), um e outro em bom nível. Do Dr. Catroga é melhor nem falar, pois o que dizer de alguém incapaz de articular um discurso coerente e que até faz rir a plateia (de gozo) com algumas suas intervenções. É, no entanto, capaz, reconheço, de encher a boca e repetir, até à náusea, a palavra "bancarroooota".
E dizem que este homem é o futuro ministro das Finanças se o PSD ganhar as próximas eleições !
Se for assim, é a nós que Zeus tem de valer.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Extraterrestre

Paulo Portas não perde uma oportunidade para acusar o primeiro-ministro de viver "na estratosfera". Dá-se, porém, a coincidência de ser o mesmo Portas quem ignora, no seu discurso e nas suas análises, a existência da maior crise financeira mundial dos últimos 80 anos que afectou todos os países desenvolvidos e a crise da dívida soberana, crises a que Portugal, só por milagre (que já não há) teria podido escapar. Portas recusa-se, mesmo quando questionado directamente, a falar sobre tais assuntos, como, ainda há pouco, se viu no debate entre Paulo Portas e José Sócrates, na TVI.
É, pois, caso, para perguntar quem é que vive "na estratosfera". Diria eu, perante a negação da realidade que está à vista de toda a gente, que o "Extraterrestre" é Paulo Portas. A leitura que os inquiridos nesta sondagem fazem não anda longe da minha, pois, "uma maioria clara (55%) considera que nenhum partido faria melhor do que o PS se estivesse a governar".
Por muito que lhe custe, e por muito que Portas desvalorize as sondagens, esta é a realidade.

Um ingénuo !

Um ingénuo, este Picanço! O que o seu partido pretende é isso mesmo: levar ao colapso os serviços públicos, para dar espaço e benefícios aos negócios privados, designadamente, na área da saúde e da educação.
Ó homem, leia o programa!

Não são favas contadas (IV)


"O PSD continua a perder terreno para o PS. Comparando a sondagem desta segunda-feira com a de sexta-feira, o PSD desce 0,8% e os socialistas sobem 0,3%."

"Abençoado" "mix" !

Toda a gente sabe que o acordo de ajuda financeira celebrado com a troika (UE, FMI e BCE) que o PSD subscreveu, tem como contrapartida o  aumento de vários impostos. E também toda a gente ficou a saber, até pela voz do seu líder que o programa do PSD  "vai para além do que foi negociado" entre o Governo e a equipa de técnicos do FMI, do BCE e da Comissão Europeia e que é mais duro e exigente, como o Dr Catroga está farto de dizer.
Não obstante, os dirigentes do PSD não se coíbem de proclamar que “não haverá aumento de impostos com os sociais-democratas no Governo" (Relvas), nem mesmo com a descida de 4% da Taxa Social Única, que o PSD pretende levar a cabo e que, contas feitas, leva à perda de receita do Estado de cerca de 1600 milhões de euros.
Dirá qualquer pessoa simplesmente habilitada a fazer contas de somar e de sumir, como é o meu caso, que, perante estes dados, não aumentar impostos é impossível, até porque, violaria o acordo de ajuda financeira e, violando-o, lá se ia a ajuda.
Mas não é assim para os "iluminados" do PSD. E tudo graças a uma receita milagrosa inventada no "laboratório" da São Caetano, o "mix" de impostos, receita que tem a virtualidade de não gerar aumento de impostos, mas, vá-se lá saber por que artes, faz crescer a receita! "Abençoado" mix !
Como já não acredito em milagres, estou mais inclinado a considerar que na São Caetano se enganaram na transcrição da receita: não será "mix", mas "mist." abreviatura de mistificação.

domingo, 8 de maio de 2011

Megalomania

Para quem ouviu o discurso do furibundo Louçã, na Convenção do Bloco de Esquerda,  é difícil não concordar com Jerónimo de Sousa quando afirma que  “O BE não se liberta da mania das grandezas”.
O que é grave, porque, como se sabe a megalomania distorce a realidade, distorção que, no caso do Bloco é já um dado de facto.
Com efeito, como é que o Bloco se propõe formar um Governo de esquerda, quando todas as sondagens conhecidas lhe atribuem uma acentuada diminuição nas intenções de voto e quando o ódio a Sócrates (que só tem paralelo no PSD de Passos Coelho) tornam impossível qualquer aproximação ao PS ?  
(Reeditado)  

sábado, 7 de maio de 2011

Um bom exemplo

Não há ninguém que consiga bater Alberto João Jardim na conjugação do verbo delapidar (dinheiros públicos, obviamente) e cá temos mais um exemplo de gestão danosa do líder madeirense.
Deve ser por isso (ou é só por ser imbatível?) que Alberto João sempre mereceu os maiores encómios por parte dos dirigentes do PSD.
Em todo o caso, perante tantos elogios por parte dos seus "companheiros", não parece descabido perguntar se a administração liderada por Alberto João Jardim não é vista, pelo PSD, como um bom exemplo a replicar a nível nacional?
Sim, quem me garante que não?

Sem perdão

Continuemos  pelo Europarque a ouvir Passos Coelho:
O que aconteceu em Portugal nos últimos seis anos não tem qualquer espécie de perdão”; “Este Governo não tem desculpas porque tudo aquilo que se propôs fazer para resolver o problema financeiro e económico de Portugal resultou num fiasco e num fracasso, e não foi por não ter tido apoio para essas medidas".

Eis a  "Política de Verdade", de novo, em todo o seu esplendor. Para Passos Coelho:
- a crise económica mundial nunca existiu;
- a crise da dívida soberana a nível europeu não passa duma patranha;
- as dificuldades  da Grécia, da Irlanda, para não falar da Espanha, da Itália, da Bélgica e, imagine-se, da França, são obra do "poderoso" Sócrates;
- o Governo dispôs sempre, como é sabido, do "apoio" do PSD para tomar as medidas que  achou por bem, em todos os domínios da governação, designadamente na área da Educação, Saúde, Justiça, Finanças e Segurança Social;
-  o PSD concertado com a restante oposição nunca revogou qualquer medida tomada pelo executivo do PS;
- o PSD nunca rompeu o acordo para a reforma da Justiça;
- o PSD nunca pôs em causa a honorabilidade do primeiro-ministro, nem o atacou da forma mais ignóbil e sempre recusou instrumentalizar as comissões parlamentares de inquérito e magistrados para atacar o primeiro-ministro;
- o PSD nunca se serviu de todos os expedientes para ter acesso a conversas privadas do primeiro-ministro escutado ilegalmente no processo "Face Oculta";
- não foi o PSD, conluiado com a restante oposição, quem rejeitou o PEC IV e muito menos é responsável pela crise política subsequente e que esteve na origem do aumento exponencial das taxas de juro da dívida pública, aumento que, obviamente, também lhe não pode ser imputado;
- e, para também chamar à colação o PR, que bem o merece, pela sempre afirmada cooperação institucional, o caso das escutas em Belém não passou duma invenção jornalística.

Passos Coelho, porém, tem razão quando diz que o Governo não tem perdão, pois, de facto:
- nunca se investiu tanto na educação; na ciência;  nas novas tecnologias; e nas energias renováveis;
- fica a dever-se ao Governo do PS a sustentabilidade da Segurança Social através da reforma realizada;
- os governos do PS e, em particular, o primeiro-ministro, apostaram fortemente na diversificação dos destinos para as nossas exportações, com reflexos bem visíveis no seu aumento.

E fiquemo-nos por aqui, que isto é quanto basta para "condenar" o PS a colher os frutos de tanto "desperdício".

Uma espécie de democracia

Estamos de regresso ao Europarque para ouvir Passos Coelho:

"No Governo ou vai estar o PS ou o PSD; não vamos estar os dois”.“E ninguém diga que isto não é democrático porque os portugueses é que vão escolher”.

(Na espécie de democracia á moda de Passos Coelho, os portugueses é que escolhem, mas só depois dele fazer as escolhas que muito bem entender. E não é "arrogante", dizem. Imagine-se até onde iria se o fosse!
É por esta e por muitas outras que
Aqui fica o aviso já: com o meu voto não vais lá!)

Maios em maio

Maios-roxos (Iris xiphium L.)
(Clicando na imagem, amplia)

Entreacto no Europarque

(Personagens: Jornalista; Prof. Marcelo; M. Ferreira Leite)

- Boa noite. Já sei que se encontram aqui, no Europarque, para participar, como ex-líderes do PSD, no jantar comemorativo do 37.º aniversário do partido. Por isso, peço desculpa por estar a interrompê-los, mas será que posso aproveitar a vossa presença para fazer uma perguntinha ?

- Ó homem, dispare!

- O que é que acham da comunicação que o Presidente da República acaba de fazer ao país?

- Ó Marcelo, você di-las e nem as pensa. Como é que pode fazer uma tal afirmação quando é evidente que nem o Marcelo, nem eu ouvimos "com atenção a intervenção do senhor Presidente porque vinha[mos os dois] no carro”?

- Pois é, a Manuela é capaz de ter razão. Eu, de facto, nem as penso. Se não as sonho,  invento. É a "Política de Verdade". Certo ?

(Cai o pano) 

Para os "Verdadeiros Finlandeses", com os melhores cumprimentos

(Como é de bom tom, os cumprimentos surgem no final)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Umas quantas verdades e outras tantas banalidades

 Na comunicação que acaba de dirigir ao país, o PR  disse, em resumo:"se não aumentar a poupança interna; se não aumentarem as exportações e diminuírem as importações; se não reconquistarmos a confiança dos investidores internacionais, Portugal voltará a enfrentar graves problemas de financiamento."
Foi a expressão de umas quantas verdades, sim senhor, mas que não passam de outras tantas banalidades.
Faltou ao PR fazer um discurso mobilizador que, diga-se, para ser credível teria de passar pelo reconhecimento da sua quota de responsabilidade no desencadear da crise política que esteve na origem do pedido de ajuda financeira e que o tornou inevitável.
Mas isso, de facto, era exigir demais a quem, como ele, vive enclausurado no casulo que o próprio teceu.
O país vai certamente ultrapassar a crise, apesar de termos este PR. Não será graças a ele, como é bom de ver, por mais este exemplo.

Boas indicações

Para Passos Coelho "tudo indica" que ele vai ganhar as eleições legislativas e ser primeiro-ministro.

Não faço ideia sobre quem é que lhe anda a ler a sina, mas convém que não se fie muito, porque ainda que não se possa dizer que tudo indica o contrário,  há, pelo menos, boas indicações de que não vai acontecer nem uma coisa, nem outra.

"PS (36%) ultrapassa PSD (34%) e Direita fica sem maioria"

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Liga Europa: uma final portuguesa

A final da Liga Europa vai ser disputada por duas equipas portuguesas, Futebol Clube do Porto e Sporting de Braga, pelo que a vinda da taça para Portugal é já um dado adquirido.
Trata-se, suponho, de um feito inédito do nosso futebol, pertencendo o mérito, por igual, aos dois finalistas.
O Futebol Clube do Porto ganhou o direito a disputar a final, ao eliminar a equipa espanhola do Villarreal  (vitória no Dragão por 5-1 e derrota em casa do adversário, hoje, por 2-3).
Ao Sporting de Braga, a grande surpresa desta competição, cabe o mérito de ter eliminado o Benfica, equipa que era, de longe, tida como favorita à passagem à final (graças à vitória em casa por 1-0 e apesar da derrota na Luz por 1-2). O golo marcado no terreno do adversário, foi neste caso, como acontece com frequência, o factor decisivo no apuramento.
E venha a taça que, qualquer que venha a ser o vencedor, fica bem entregue.
Para já, fiquemos com este resumo do Sporting de Braga - Benfica.

Por mim, podia, muito belamente, continuar calado

Segundo consta, Cavaco Silva vai fazer, amanhã, sexta-feira, uma comunicação sobre o auxílio financeiro a Portugal.
Depois de arrumadas as negociações sobre a ajuda financeira externa em que não meteu nem prego, nem estopa *,  Cavaco nada mais tem a dizer ao país senão umas quantas banalidades.
Sabe-se que o mal que tinha a fazer já o fez e  também se sabe que já não vai a tempo de remediar coisa alguma. Por mim, podia, pois, continuar calado, até porque tenho tanta confiança nele que tudo o que ele possa vir a dizer tão depressa me entra por um ouvido, como logo sai por outro.
(*Diga-se que, em relação à estopa, o caso nem é para admirar. De facto,  toda a estopa de que Cavaco dispunha já ele a tinha gasto  a servir de mecha para incendiar as bombardas usadas no derrube do Governo.)

Subscrevo

Passos Coelho “não está preparado neste momento para governar o país e não tem máquina que o consiga preparar para governar o país”.
 “Considero de grande gravidade amanhã se vir o Dr. Passos Coelho vitorioso e primeiro-ministro de Portugal” (Basílio Horta)
(* Não é por se poderem enquadrar no conceito de propaganda eleitoral, que as afirmações de Basílio Horta  deixam de ser verdade).

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Entreacto na São Caetano

- Ó Relvas, como podes imaginar, estou completamente desapontado. Então não é que os rapazes da Troyka, em especial os do FMI, que eram tidos como uns tipos duros, acabam por nos sair uns frouxos que tiveram o desplante de apresentar um programa de ajuda externa que está longe das nossas exigências em matéria de liberalização. Vê-me só estes exemplos:
  1. - o nosso primeiro cavalo de batalha (rever a Constituição) foi por água a baixo;
  2. - não há  despedimentos para ninguém na função pública, nem despedimentos sem justa causa, (e lá se vai outro cavalo de batalha);
  3.  -  ao contrário do que venho vindo a propor, com tanto empenho, a Caixa Geral de Depósitos não vai ser privatizada
  4. - o desmantelamento, que há muito defendemos, do Serviço Nacional de Saúde e  da escola pública, está fora de causa; e
  5. - em matéria de segurança social, mantém-se tudo como dantes e lá se vai também o plafonamento, essa ideia que nos é tão cara.
E, infelizmente, as coisas não ficam por aqui, vê lá tu:
    I- Não se acaba nem com o 13.º mês, nem com o 14.º mês dos trabalhadores, nem dos reformados;
    II- Não há mais cortes nos salários da função pública, nem redução do  salário mínimo.
Já viste ? Isto é o cúmulo!

- Ó Pedro, já vi isso tudo e até te digo mais: o programa até parece feito à medida do Sócrates.

- Pois é. O grande sacana lá conseguiu, uma vez mais, levar a água ao seu moinho.

- É verdade, mas olha que nós também contribuímos para este "belo" resultado.

- Contribuímos como ?

- Ora, não fizemos outra coisa senão asneiras.

- Asneiras ?  A que asneiras te referes ?

- Olha, refiro-me ao chumbo do PEC IV, à escolha do Catroga para chefiar a delegação negociadora, às cartas dirigidas ao Governo e à "Troyka" pondo em causa a veracidade das contas públicas,  à "brilhante" ideia de andar a soprar aos órgãos de comunicação social notícias alarmistas que se vieram a revelar contraproducentes.

- Já chega, não digas mais. Até parece que tu não tiveste nada a ver com tudo isto.

- Se queres saber, tive e não tive. O chumbo do PEC e a escolha do Catroga foram decisões tuas. Lembro-te que na manhã do dia em que anunciaste o chumbo do PEC, manifestei-me favoravel à sua aprovação. Quanto ao Catroga não fui havido, nem achado.

- É verdade, tens razão no que dizes, mas também é verdade que eu não fui o único responsável, embora não te possa, por enquanto, adiantar mais nada. Já quanto à escolha do Catroga posso dizer-te que aí andou o dedo de Cavaco. E não me digas que não gostaste da prestação do Catroga a responder à declaração do Sócrates ?

- Prestação, dizes tu. Eu diria antes "imprestação".  Aliás, toda a acção por ele desenvolvida, durante a negociação,  enquanto tu andavas a fazer "farófias" pelas revistas cor-de-rosa, foi um perfeito desastre, um "não-presta" completo. Vê o caso das cartas. Sei que tinha o propósito de malhar no Governo, dando a entender que as contas públicas escondiam os tais "esqueletos no armário", mas a verdade é que a "Troyka" não só não encontrou esqueletos a não ser os "esqueletos" escondidos pelo Alberto João, na Madeira, como não ligou nenhuma às cartas que, imagina, foram parar ao caixote do lixo.

- Eh pá, estou a ver que estás muito pessimista!

- E achas que não tenho razão ? Vê o fiasco das notícias plantadas nos jornais. Como vieram a revelar-se falsas acabaram por ter como efeito virar-se o feitiço contra o feiticeiro.

- Desculpa lá, mas nesse caso, nem tudo está perdido. Ainda vamos a tempo de dar a volta ao texto. Não sei se sabes, mas já pus a circular a versão de que quem plantou as notícias foi gente do PS.

- E tu julgas, por acaso, que as pessoas são parvas ? Pensas que as pessoas não sabem a quem é que favorecia o alarmismo das manchetes e, se calhar,  também julgas que  não sabem que, nesta altura, as administrações, as direcções e as redacções de tudo quanto é media são de gente nossa que, em caso nenhum, faria um tal frete ao PS  ?

- Achas que é assim ? Recordo-te que ainda há dias dizias tu que há muita gente que gosta de ser enganada.

- Não confundas um exercício de demagogia com aquilo que penso realmente.

- Pelo que dizes, parece que caminhamos para um desastre. Não te esqueças, porém, que ainda podemos contar com o Portas.

-Qual Portas ? O que tu desconsideraste quando te propôs a formação duma coligação pre-eleitoral ? Não penses mais no Portas como um amigo. É mais avisado considerá-lo como um adversário a temer. Lembra-te que o Portas tem sabido cavalgar a onda e já não esconde que pretende discutir contigo o lugar de primeiro-ministro.

- Não me digas ! Já chegámos a tal ponto ?

- Já e se queres saber  sempre te digo que não é o país que está na bancarrota, como temos andado a apregoar, facto que a "Troyka", no fundo, acaba por desmentir. Quem está na bancarrota e em descrédito completo, somos nós!
(Cai o pano)