A direita, com destaque para o PSD, contando demasiadas vezes com a colaboração da "esquerda da esquerda" (leia-se PCP e BE) e sempre com a indiferença, senão com a inspiração ou a cumplicidade de Cavaco Silva, levou anos e anos a flagelar o PS e os seus Governos, não recuando perante nenhum meio, por mais ilegítimo que fosse. De tudo se serviu para alcançar o poder, desde a mentira mais descarada, passando pela difamação, pela calúnia, e inclusive pela instrumentalização dos órgãos de soberania (Assembleia da República e tribunais).
Durante anos, a direita, ora no poder, com a colaboração da generalidade dos media, encheu-nos os ouvidos com a afirmação de que um só homem era responsável por todos os males do país. Descobrem agora, estes falsos ingénuos, que "Há 4 anos, começou nos EUA a crise financeira que ainda hoje nos atormenta"; que "a crise das dívidas soberanas não tem, apenas, uma dimensão nacional. Tem também uma dimensão europeia" e constata, finalmente que estamos numa "Europa sem alma, sem estratégia, sem política e, sobretudo, sem líderes à altura do desafio que têm pela frente" (Marques Mendes).
O desafio até 5 de Junho era só nosso e, repito, culpa dum só homem. O desafio, com o PSD no Governo, passou a ser também europeu e a ter uma tal dimensão (com o fogo a alastrar) que não cessam os apelos à "coesão nacional".
Apesar de Passos Coelho ter fracas credenciais nessa matéria (na oposição deu mesmo provas de não conhecer tal conceito) o PS, pela voz da sua líder parlamentar interina e dos actuais candidatos à sua liderança, mostra-se sensível a tal apelo, demonstrando um sentido de responsabilidade e um patriotismo que de todo faltou à direita, quando na oposição. A invocação da "coesão nacional" não pode, no entanto, servir para a direita destruir, quando e como muito bem entender, o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, como é intenção do actual Governo contando, aliás, com a inequívoca e pública conivência de Cavaco Silva.
Espero bem que não.
1 comentário:
o portas anda tão caladinho, até faz pena.
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