"Confesso que me diverti a ver tanta gente a clamar contra as agências de rating. Sobretudo tanta gente que achou desculpável a bizarra incompetência das três manas (Moody's, Standard & Poor's e Fitch) na crise de 2008. [...] Não tomei nota de todos os que agora estão dispostos a pegar em armas prontos a marchar sobre Washington. Mas a esmagadora maioria não se indignou quando, em abril, a Fitch cortou o rating de Portugal em cinco níveis em apenas uma semana."
(Ricardo Costa; in "Expresso", edição impressa de hoje)
"É curioso - e seria cómico se não estivéssemos a entrar no buraco a que ninguém sabe como fugir - o coro de protestos contra as agências de rating por parte de quantos, ainda há pouco, se mostravam complacentes com elas. Desde o Presidente da República a Manuela Ferreira Leite, passando por outros agentes políticos, incluindo os que estão agora no poder, desde banqueiros a especialistas de vários matizes, todos se atiraram à Moody's, como se o cerco das agências tivesse começado nesta quarta-feira".
(Fernando Madrinha; idem, ibidem)
"[...] Mas foi inquietante ver aqueles que se indignavam quando o engenheiro Sócrates rugia contra a especulação internacional - prontos para lhe copiar os piores tiques à primeira oportunidade. Aparentemente, houve quem se tivesse convencido de que a crise era o engenheiro Sócrates e que removido este e declaradas duas ou três boas intenções, não seriam precisos esforços nem resultados para tudo passar a correr muito bem."
(Rui Ramos; id.; ibid.)
De facto, é divertido, curioso e, ao mesmo tempo, inquietante ver estes jornalistas e comentadores a criticar aqueles cujas fantasias (o culpado era Sócrates) opiniões e opções partilhavam. O que é que esta gente escrevia antes do 5 de Junho?
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