Como é evidente, a história do "desconvite" a Bernardo Bairrão para integrar o actual executivo como secretário de Estado do ministro Miguel Macedo está muito mal contada, pois as interrogações são mais que muitas.
Desde logo fica-se sem se saber se Bairrão foi "desconvidado" ou se tomou ele, segundo a sua versão, a iniciativa de renunciar ao convite. Depois, as "razões políticas e pessoais", invocadas por uma e outra parte, é óbvio que não explicam rigorosamente nada. Finalmente, o mistério adensa-se com a investigação à pessoa de Eduardo Bairrão levada a cabo pelos Serviços de Informação, noticiada pelo "Expresso" na edição de ontem, notícia que é negada pelo Governo, mas confirmada pelo director do semanário, que tem, segundo afirma, "a certeza absoluta que é verdadeira".
Para um Governo que afirma cultivar a "transparência" convenhamos que é mistério a mais à volta dum caso, aparentemente, tão fácil de explicar.
O que já não tem explicação possível é a forma como o Governo se serviu dos serviços secretos para coscuvilhar a vida dum particular sem que, presume-se, tenha estado em perigo a segurança do país.* E não tem, porque se trata dum caso de grave desvio do poder que carece, não de explicação, mas de ser esclarecido por uma comissão parlamentar eventual.
Ou será que as comissões parlamentares, com a queda do anterior Governo, também caíram em desuso ?
(* Dou por assente que a notícia do "Expresso" é verdadeira. Um órgão de informação que, à semelhança de muitos outros, andou com Passos Coelho ao colo até o levar ao poder, não se ia agora lembrar de inventar uma notícia tão grave e tão desagradável para o Governo. Este, sim, tem todas as razões e mais uma para a desmentir)
(* Dou por assente que a notícia do "Expresso" é verdadeira. Um órgão de informação que, à semelhança de muitos outros, andou com Passos Coelho ao colo até o levar ao poder, não se ia agora lembrar de inventar uma notícia tão grave e tão desagradável para o Governo. Este, sim, tem todas as razões e mais uma para a desmentir)
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