domingo, 19 de abril de 2009

A conversa começa a azedar ?

Se, como alguns entendem, o discurso proferido pelo Presidente da República (PR), na passada sexta-feira, na abertura do 4º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores, foi um recado ao Governos (e aos empresários) e se o mesmo foi assumido como tal por José Sócrates, como parece indiciar a sua afirmação (feita ontem no Fórum Novas Fronteiras) de que "“o que o país não precisa é da política do recado" então não há dúvida de que a conversa entre os dois órgãos de soberania (Presidência da República e Governo) começa a azedar.
Já não faltará muito para termos a confirmação. As comemorações do 25 de Abril estão à porta e o PR terá, no seu discurso comemorativo, oportunidade para nos dar a interpretação autêntica.
Só vejo vantagens em que se faça luz sobre o ponto em que se encontra o relacionamento Presidência da República e Governo. A clarificação, seja num sentido ou noutro, é sempre melhor do que as meias tintas, pois, desta forma o país fica a saber com o que conta. O alimentar das dúvidas, com os constantes sussurros das "fontes" de Belém, ou os "recados" transmitidos pelos "afilhados" é que não me parece saudável, nem compatível com a dignidade da Presidência. Diria mesmo que o permitir simplesmente que a dúvida se instale também não é salutar.
Clarifique-se pois a situação e se desse esclarecimento resultar confirmada a deterioração do relacionamento, só teremos de concluir que os apelos à unidade das forças políticas para enfrentar a crise, também vêm acompanhados de alguma dose de hipocrisia.
Nada que seja de admirar nos tempos que correm em que toda a gente procura tirar a água do capote, incluindo Sua Excelência, que agora prega contra o que, com o actual Governo, nunca atingiu as dimensões do que foi a sua política (do betão) durante uma década à frente do executivo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Tento estar de acordo consigo e vou fazer uma tentativa.
Recados? Já o Dr. Jorge Sampaio os mandava e, a arte estava e continua a estar em darem para os dois lados ou então para os três, sendo esta última a versão da ménage à trois("o" presidente, "o" governo e "a" nação), ou seja aquela em que todos estão a dizer a mesma coisa, mas quem se lixa é sempre "a" nação.
É verdade que houve muito cimento e alcatrão com Sua Ex.ª mas o resto da A2 e a finalização da Via do Infante até foi coisa boa.
Não estou em condições de dizer que já no tempo de Sua Exª se devia ter parado ou então ter preferido outras alternativas que deveriam ter sido havidas como prioritárias.
Depois dele, houve muito PS e PSD, e cada um deles porfiou a ver quem fazia mais obra...

Recordo-me que no segundo mandato de Sua Exª(que ele, ganhou com maioria absoluta) e já e tão só no seu final, a sensação era opressiva, respirava-se arrogância e outros cheiros que não se assemelhavam a rosas...

Mas acho que Sua Ex.ª deveria ser mais concreto, não nos seus discursos, mas sobretudo na apreciação que vem fazendo das leis que, quer o Governo, quer a Assembleia da República lhe manda para promulgação.
A esmagadora maioria das leis, tenho a impressão que foi apreciada e sopesada "em cima do joelho", ou era obra de um afoito técnico de um ministério ou fruto de um lobby, ou transposição cega de Bruxelas com mais molho para sermos os melhores ou menos para não enervar certos sectores, mas sempre de modo a que só os pequenos se lixavam.

Nenhum governo se impôs na saúde: toda a gente sabia que ou faltavam as aparelhagens para fazer exames, ou havendo aparelhagens estas estavam encaixotadas.As salas de operações dos hospitais públicos tiham uma rendibilidade escabrosa.

Na educação, nenhum governo se conseguiu impôr: Também, como na saúde tinha uma "máquina" que burocratizava tudo, mas aqui os lobbis tinham outra configuração.
O ensino foi decaindo e fruto do ambiente geral e do ar que se respirava, facilitismo e porreirismo, tinham passado 20 anos, ninguém respeitava a escola nem esta se respeitava a si própria.

Na justiça seria um milagre ter tribunais a fazer justiça a sério e com brevidade. Os processos começaram a ficar com barbas, os juízes em geral chegaram também à conclusão que tanto fazia esforçarem-se como "irem despachando".Alguém fazia um negócio, mas o outro não cumpria.
Os outros (con)tratantes vendo que o credor (ou vítima) ao fim de vários anos não conseguia ver o seu, nem justiça, foi-se aproveitando da situação ou fugindo do país para não regressar à barbárie fazendo justiça por próprias mãos.
A qualidade das leis é tal que, seguramente mais de 30% das decisões dos tribunais estão dedicadas a interpretações do que o legislador quis dizer e mesmo assim, não se entendem!
A bagunça é tal que até um orgão da soberania tem sindicato.

Na agricultura e pescas, Portugal resolver ser, sem qualquer referendo, um quintal mediterrânico da Europa e promoveu que as terras fossem transformadas em pinhais ou outras florestas, que as vinhas fossem arrancadas, que os barcos de pesca fossem abatidos e que cerca de 30% do seu território fosse integrado na Rede Natura 2000.
Agora temos cerca de 30% do território nas mãos do ICNB onde os agricultores e pequenos proprietários são esmagados pelo quero posso e mando sem prazos do ICNB. Temos os pequenos pescadores a serem impedidos de pescarem a pretexto de que é preciso salvar as espécies, pescadores à linha no mar impedidos de pescar todos os dias, mas nos mesmo sítios os pescadores profissionais até podem lançar as redes e "arrastar", temos um mar e uma fabulosa Zona Económica Exclusiva entregue às frotas pesqueiras dos outros países e onde os NOSSOS não podem pescar porque não têm quota.

Hoje ter umas vacas ou uns porcos é um sarilho, tem que ter manjedoura e casa de banho...( do 8 passou-se para o 80), está tudo tão apertado, tão limitado que de duas uma, ou faz ilegal ou não faz porque não tem dinheiro.( a história da colher de pau e a ASAE não anda longe disto, parecem um bando de palermas que correm para um lado feitos tolos e, quando lhe tiram o cheiro da lebre lá voltam para trás feitos badamecos "conscientes da sua missão"...
As grandes empresas como as dos petróleos essas riem-se de todos os parolos que somos todos nós os consumidores.
As leis ditas portuguesas permitem-lhes que subam os preços logo que suba o do barril, mas este desce e essa mesma lei permite-lhes que, seja no gás, seja nas gasolinas ou gasóleos, só desçam quando elas estiveram a abarrotarem de lucros, sacados, não a título de "robin dos bosques", mas desavergonhadamente de todoas as bolsas.Lucro porco!

É para evitar todos estes exageros, tontices e assaltos que existe o Sua Exª, ou seja para obrigar os outros orgãos da soberania a funcionar equilibramente, devolver as leis mal feitas, impedir que se governe por Portaria e não para mandar recados.
As leis importantes que envolvam direitos e garantias dos cidadãos só por 2/3 da assembleia da república e com um abanão aos senhores deputados para acordarem e ver o que estão a votar.
Depois de tantas palavras parece que estou de acordo consigo. Custou, mas foi.
Cumprimentos.

Francisco Clamote disse...

Caro anónimo:
Isto sim é que é falar !

Anónimo disse...

Eu sei que abusei, mas foi com a nobre intenção de melhor me explicar.Defeito meu porque não sei imitá-lo, dizendo muito em poucas palavras.
Bem-haja pela sua compreensão.
Neste altar sinto-me um santo com aquele pecado.
Muito obrigado.

Francisco Clamote disse...

Qual abuso qual carapuça !
Sempre ao dispor.
Saudações.

Anónimo disse...

Me desculpe, mas depois de ler estes posts e o artigo de opinião de hoje do blogue de o Jumento, acho melhor comentar aqui o post do Jumento do que lá.
Eu sei que aquele artigo será o 1º e que os outros prometidos serão diferentes.
Mas quero aqui dizer que me pareceu tão bem feito e tão bem redondo como outros que criticamos.

Vá lá, comecem a ser concretos e a dizer o que está mal em cada ministério como o tentou o ilustre Anónimo anterior neste Blogue e que me parece ser um bom começo.

Portugal, para mim, precisa de uma tal reviravolta semelhante à que Obama está a fazer nos EEUUAA, mas ainda mais profunda e corajosa e, de tal modo que eu diria semelhante à que ocorreria no mundo cristão se a Igreja Católica Apostólica e Romana, agora elegesse um novo Papa e este proclamasse: « meus irmãos, vamos levar a doutrina cristã aos recônditos da célula e tocar no átomo.
«A Igreja vai promover e sacralizar todos os casamentos mesmo entre gays desde que seja para promover o amor, a solidariedade, todas as cristãs virtudes e em geral a paz e a harmonia universal».

É de uma reviravolta desta dimensão que nós precisamos.

Pode começar pela Agricultura e pelo Ambiente e pela mentalidade dos dirigentes da Administração Pública que são 2 temas que me marcaram hoje as notícias dos jornais.
Não seria cometida nenhuma ilegalidade se o Presidente do Instituto do Emprego e FP "voasse" por ordem do Ministro tutelar, por ter impedido o acesso a números que deviam ser públicos. O jornal o Público iria fazer mau uso deles?
A administração pública está cheia deste tipo de gente e com esta mentalidade tacanha estamos justificadamente onde estamos!
Neste caso a lei até está certa, existe muita jurisprudência da CADA e até dos tribunais administrativos, o que quer dizer que a lei ainda não é suficientemente clara, ou, então, a litigância de má fé, prevista na lei processual e as sanções judiciais previstas, são só para os desgraçados e e desengraçados (sem graça) ou então letra morta.

Quanto ao da Agricultura e do Ambiente a legislação existente também sofreria uma reviravolta.

Alguém já passou na Andaluzia na autopista que vai do Algarve a Granada? Já viram que tipo de terrenos eles têm e que tipo de culturas implementaram? Já viram e compararam aqueles montinhos a que na nossa tropa chamávamos "mamões" todos cobertinhos com olival?
Já verificaram que em Portugal aquilo, ou estaria classificado como REN ou como um Parque Natural para salvar as espécies que por lá andariam?
Já viram que tipo de protecção ridícula andam a fazer ao montado de azinheira matéria em que se mostram incapazes de equilibrar o plantio de oliveiras e conduz à proibição deste plantio que é o mesmo a que conduzem todas as restrições existentes?
O que é que está em perigo? A bolota da azinheira para a indústria do porco preto? A árvore em si? No passado Portigal não produzia mais azeite e cortiça e porventura existiam as proibições de hoje?
Afinal o que queremos ser daqui por 20 anos?
Cerca de 90.000 km2 de Parque Natural com uns esfoemeados vigilantes da natureza, uns desgraçados agricultores de vara de marmeleiro ( espécie protegida) com aguilhão( protegido por cápsula de cortiça) e boi barroso de hastes protegidas com carro a rodar munido de sabão azul para evitar a chiadeira dos rodados de madeira (carvalhos das florestas nacionais), pois que o óleo proveniente do petróleo era desaconselhado e caro e mais barato o sabão azul financiado pelo transparente PRODER apoiado pelo QREN.
Toda a lógica das nossas leis vai no sentido de tornar dependente uma autorização de qualquer coisa.
Foi nesta lógica que o ICNB conseguiu meter uma área onde existiam já construções fabris dentro da Reserva do Estuário do Tejo para depois ter uma palavra a dizer estou convencido.
Nesta lógica surgiu o caso Freeport.
A Justiça nada entretida com todos estes casos e outros e demora naturalmente a decidir.
E a sua lógica é diferente?

A administração pública só decide a tempo e horas quando lhe apetece e não o faz reiteradamente. Tem desculpas para tudo, ninguém lhe vai à mão ou à cabeça ou ao rabo correndo-os da função pública aos ponta-pés.
Obrigado e desculpe ter-me excedido.
(Serafim da Saudade da Silva)