Os temas tratados e a forma e o tom usados por Paulo Rangel, no debate parlamentar de hoje, indo ao ponto de considerar como "fraude eleitoral" o exercício de funções que o Governo tem a estrita obrigação de cumprir até ao final da legislatura, revelam um político e um partido desesperados perante os resultados das últimas sondagens, a última das quais mostra que a popularidade da sua líder se encontra em queda vertiginosa, (embora, se calhar, por pudor, o "Expresso" se tenha abstido de publicar os números donde extraiu a conclusão) comprovando as restantes que, não obstante a crise (internacional, sem dúvida, mas que também nos afecta a todos) o PSD continua a patinar muito abaixo dos valores creditados ao PS, sabendo-se que estes já reflectem, forçosamente pela negativa, o descontentamento gerado pela crise, seja esta ou não, da responsabilidade do Governo por ele apoiado.
Se o PSD não cresce, em termos intenções de voto, só se pode queixar de si próprio, pois só ele é responsável: pela não apresentação de propostas alternativas de governação (se existem estão bem escondidas para, como diz Manuela Ferreira Leite, não serem copiadas); e pela escolha da actual líder a quem os portugueses, segundo as sondagens, não atribuem o mínimo de credibilidade exigível a quem ambiciona vir a chefiar o Governo do país.
Sibi imputet, pois !
Actualização:
O "desesperado discurso" de Paulo Rangel tem, pelos vistos, como já era de presumir, origem em Manuela Ferreira Leite, que vai ao ponto, segundo esta notícia, de desvalorizar "os poderes atribuídos constitucionalmente ao Governo". Tendo em conta os fracos resultados de antecedentes tomadas de posição pouco equilibradas, talvez seja recomendável um pouco mais de serenidade. Isto, claro está, se a senhora estiver interessada em ser levada a sério.
É impensável, com efeito, que ela se permita afirmar que mais vale a ética (em abstracto, ou a dela, ficou por esclarecer) do que as regras constitucionais. Lê-se e mal dá para acreditar que uma pessoa que preside a um partido com ambições de poder, possa fazer uma tal afirmação. Já a tínhamos ouvido falar em suspender a democracia. Ouvimo-la agora falar em substituir a Constituição, pela "ética". Por este caminho, onde é que o PSD vai parar ?
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