Quem apostava na agudização da crispação, entre a Presidência da República e o Governo, ficou certamente desiludido com o discurso do Presidente da República comemorativo do 25 de Abril, discurso que passou inteiramente ao lado de eventuais divergências entre os dois órgãos de soberania. Ao invés da, por muitos, desejada crispação, o discurso do PR, de carácter claramente pedagógico, centrou-se no apelo à participação dos cidadãos nos próximos actos eleitorais, ao empenhamento de todos na resolução da crise e dos problemas que o país enfrenta (e que não iludiu) ao consenso entre os partidos, aos quais dirigiu também palavras no sentido de se apresentarem às eleições com propostas credíveis e realistas. Deixou também implícito que a crise (que agora nos afecta) teve origem na desregulação dos mercados financeiros e é fruto da ganância e da irresponsabilidade do grande capital (o que não sendo novidade, é justo que tal seja lembrado). Deixou ainda uma palavra de esperança no futuro, afirmando que “se forem tomadas as decisões certas, a crise será vencida”.
Excelente discurso diria eu, que, todavia, tendo em conta exemplos anteriores, duvido que tenha encontrado ouvidos abertos e atentos para o ouvir.
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