"A Grécia não vai cair. Mas não vai ser salva. Vai continuar em cuidados intensivos. Pior ainda, a interferência externa sobre a gestão orçamental vai transformá-la num protetorado. Sem disfarce. Será que a troika se comoveu com o sofrimento dos gregos? Nem remotamente. A Grécia vai ser mantida em coma assistido porque os custos da sua saída seriam incomportáveis para os credores. Os dados de outubro mostram que a austeridade imposta por Berlim já está a fazer efeito boomerang na própria economia alemã. Os valores abaixo de 50 significam contração económica. Num mês, o índice da produção industrial e dos serviços baixou de 49,2 (setembro) para 48,1. Na Zona Euro, caiu de 46,1 para 45,8. Em grande medida é a indústria automóvel que sofre com um Sul que já não compra. Há alguns dias, a fundação germânica Bertelsmann alertava para o efeito dominó da eventual saída da periferia da Zona Euro. O estudo apresentava diferentes cenários. O mínimo consistia na saída da Grécia. O máximo incluía também Portugal, Espanha e Itália. São números assustadores. Neste último cenário, a economia mundial perderia até 2020 a soma astronómica de 17,2 biliões de dólares (cerca de cem anos de PIB português!). Cada alemão perderia 21 mil euros. A China e os EUA ainda sofreriam mais do que a Alemanha. A lição é clara, também para nós: a crise europeia é sistémica. É preciso dizer aos nossos credores que ou nos salvamos juntos, ou empobrecemos juntos. É do interesse dos nossos credores que Portugal não sucumba, pois os mortos têm o perdão de dívida assegurado."
(Viriato Soromenho Marques; "Fazer contas sem medo"; aqui)
(À consideração da troika Gaspar, Passos e Portas, da troika propriamente dita, da senhora Merkel e dos nossos credores, em geral.)
(À consideração da troika Gaspar, Passos e Portas, da troika propriamente dita, da senhora Merkel e dos nossos credores, em geral.)
Sem comentários:
Enviar um comentário