quinta-feira, 3 de maio de 2012

Anda por aí um irresponsável brincalhão à solta!

O brincalhão dá pelo nome Jorge Moreira da Silva e é vice-presidente do PSD. O engraçadinho, aqui há dias, perante uma alegada "radicalização discursiva" por parte do PS, não encontrou melhor forma de a criticar, que não fosse assumir o papel dum mau humorista capaz de proferir declarações que, para além de ridículas pelo non-sense, não podem deixar de ser consideradas insultuosas para o partido visado. Disse o nosso homenzinho, e cito o que veio publicado nos jornais,  que "não se deve pedir ao PSD e ao Governo que obrigue o PS a ser responsável" acrescentando que "o PSD não pode andar com ele ao colo" e "muito menos fazer o papel de babysitter".
O insulto é evidente, na medida em que é atribuída ao PS uma atitude irresponsável, mas o ridículo das afirmações não é menor. De facto, o senhor Moreira da Silva está a ver o "filme" exactamente ao contrário. No "filme" que tem passado perante  os nosso olhos, quem tem feito o papel de babbysiter responsável tem sido precisamente o PS que até agora não foi além da famosa "abstenção violenta" e quem, na verdade, carece de "colo" é o governo que, como o citado brincalhão reconhece, precisa que se mantenha o "amplo consenso" com o PS, para credibilizar as políticas seguidas por este governo perante o exterior.
A esta postura (a meu ver, excessivamente) responsável por parte do PS tem o governo Passos/Coelho respondido com sucessivas desconsiderações, a última das quais traduzida na aprovação e no subsequente envio para Bruxelas do denominado Documento de Estratégia Orçamental, sem que o maior partido do oposição tenha sido ouvido nem achado.
Diz agora o impagável Moreira da Silva que o documento aprovado pelo governo e remetido às autoridades europeias  não passa duma "base técnica e provisória". É caso para perguntar ao brincalhão se o documento não passa dum papel para "inglês ver", por que razão foi enviado a Bruxelas e não endereçado ao primeiro-ministro inglês, o destinatário óbvio dada a alegada natureza do documento? 
Está visto que Moreira da Silva gosta de brincar, mas, desta vez, a brincadeira pode sair-lhe cara, a ele, ao seu partido e ao governo.
Para já fica o aviso de Francisco Assis, na sua crónica habitual, hoje, nas páginas do "Público".
Cito: "Esta atitude [entre o desprezo e a hostilidade] atingiu o seu ponto máximo com as declarações desastrosas proferidas no último fim de semana pelo vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva, que se permitiu tratar o Partido Socialista em termos que configuram um verdadeiro insulto institucional. Ficou, assim, claro que, para o PSD, o PS não passa dum refém a instrumentalizar em qualquer momento. Face a tal evidência, não resta ao Partido Socialista, em nome da salvaguarda da sua dignidade e tendo em consideração o contributo que deve dar para o debate democrático, a prossecução de outro caminho  que não seja o da afirmação cada vez mais clara da sua identidade programática e política. Esta opção terá consequências práticas mais ou menos imediatas. Não são vislumbráveis razões ponderosas que devam conduzir o PS  a adoptar em relação ao próximo Orçamento de Estado atitude idêntica à que manifestou face ao Orçamento anterior."
Amen, digo eu, que se faz tarde!


(Ilustração daqui)

Sem comentários: