O tom geral do artigo de opinião de Maria João Avilez (MJA) publicado hoje na edição impressa do "Público", sob o título "Água que devia correr e não corre", até nem é de critica e, em boa verdade, nem tal seria de esperar vindo de quem vem, pois a autora é uma devota do passismo, como o demonstra a afirmação expressa das "qualidades óbvias" por ela atribuídas a Passos/Coelho, qualidades que "só não as vê quem não quer", como é, por sinal, o meu caso, não porque as não queira ver, mas porque muito simplesmente as não vejo e disso me penitencio: mea culpa.
O escrito tem mais o ar dum conselho que, depois de dado em privado, a autora achou por bem tornar público. Por razões que ela lá saberá e de que não curo.
Não obstante, a verdade é que MJA acaba por cometer o deslize de atacar o governo passista por um dos seus flancos mais vulneráveis. Com efeito, a dado passo, escreve MJA o excerto que a seguir transcrevo e do qual, a benefício da autora, expurgo alguns comentários dirigidos a terceiros, menos próprios de quem se arma em "gente fina". Feita a observação precedente, passo a citar:
"4. Nem era preciso haver muitos cérebros políticos em São Bento ou nalguma assoalhada governamental para aconselhar ao executivo mais atenção pelo valor (sem preço) do "apoio" do PS em passos cruciais da caminhada imposta pela troika. (...)
Para não falar do respeito devido ao líder da UGT. Um caso. Em situação "impossível", pisando solo minado (...) salvaguardando sempre a sua independência, dizendo sempre o que "acha", João Proença faz o que entende que o país - e não o Governo - dele espera. Há quem dê pela diferença, hélas, há quem não dê. Dando ou não dando, levem Proença ao colo." (Negrito meu)
Dizer do executivo passista que não tem cérebros políticos, nem em São Bento, nem em qualquer "assoalhada governamental" é uma crítica que não pode deixar de ser tida na conta de violenta e de virulenta.
Para chegar a tal ponto, a frustração da "devota" deve ser enorme!
Seja ou não seja, a verdade é que não era este o ponto a que queria chegar. Se trago para aqui o artigo de MJA, é porque a crítica que dele transparece parece confirmar a ideia expressa, ainda que por outras palavras, neste outro post, no sentido de que Passos/Coelho começa a dar os primeiros passos a caminho do julgamento no pelourinho da opinião publicada. É meio caminho andado para também subir os degraus do pelourinho da opinião pública.
E já não era sem tempo, digo eu, tantas são as desgraças, já concretizadas umas e anunciadas outras mais.
(Na imagem: Pelourinho da Sertã)
(Na imagem: Pelourinho da Sertã)
1 comentário:
Ouvi-a ontem com o mesmo discurso na 25ª Hora. Palavras e facies têm um denominador comum: plástico
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