sexta-feira, 11 de maio de 2012

Em estado de negação

Perante as previsões avançadas pela União Europeia, traçando um cenário, para 2012, bem mais negro do que o desenhado pelo Governo (recessão de 3,3%, contra 3%;  desemprego de 15,5% contra 14,5%, com o défice público a suplantar a meta dos 4,5%  a que o governo se  obrigou) Cavaco, refugiando-se na afirmação de que não tem delas conhecimento, prefere acreditar na  "possibilidade de inversão da tendência da produção na parte final do ano" , se bem que a sua fé não seja por aí além, pois,  ninguém [nem ele]  consegue dar garantias. Cavaco, cada vez mais consciente de que se meteu num grande sarilho, entrou, definitivamente, num processo de negação da realidade. 
Mas não é o único. O ministro Gaspar, o tal que não mente, não engana, nem ludibria os portugueses, escusou-se hoje simplesmente a comentar as previsões, fugindo a sete pés dos jornalistas que o questionavam sobre o assunto. Perante a insistente exibição dos números, o ministro recusa-se a vê-los ou a ouvi-los, quanto mais a comentá-los. 
Mas o cúmulo do desplante na negação da realidade não pode deixar de ser atribuído à dúplice figura que dá pelo nome de Passos Coelho. Para o em má hora designado primeiro-ministro de Portugal, o drama maior que é o estar desempregado (digo eu)  não pode, ser visto (disse-o, também hoje,  Passos/Coelho) como "um sinal negativo", defendendo  mesmo que o "despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida".
Quem profere afirmações destas não está só a dar provas duma enorme insensibilidade para com os milhares que se encontram na situação de desempregados, situação pela qual é ele, presentemente, o maior responsável   devido às políticas que adoptou e que desde sempre se soube que só poderiam ter um desfecho possível: o desastre social. O fulano está também a gozar com todos nós, a começar por quem votou nele e por quem o designou como primeiro-ministro. 
Não terá ainda chegado a hora de também ele mudar de vida? 

1 comentário:

Isa GT disse...

Não tenho dúvida nenhuma que vai ser mesmo um desastre social... e o enterro definitivo deste país e já a partir do final do próximo ano se não for antes... as receitas dos impostos vão mesmo descer mais do que eles estão à espera... porque são mesmo incompetentes e não vêem que estão a asfixiar o país.