- A 7 de Setembro, Passos Coelho anuncia novas e mais gravosas medidas de austeridade e propõe-se, como medida salvífica da economia em prolongada recessão, introduzir alterações na Taxa Social Única, alterações que se traduziriam num aumento da contribuição dos trabalhadores que passaria de 11% para 18% e, simultaneamente, numa redução da contribuição das empresas que cairia de 23,75% para 18%. Perante a generalizada contestação de tão esdrúxula medida, incluindo por parte dos pretensos beneficiários (os "ignorantes" empresários), Passos Coelho não teve outro remédio que não fosse recuar, metendo rapidamente a medida no caixote do lixo.
- Vítor Gaspar, em conferência de imprensa, ao apresentar publicamente as linhas mestras do Orçamento para o próximo ano, teve o desplante de afirmar que o próximo Orçamento trará um "enorme aumento de impostos". Dias depois, na passada segunda-feira, o mesmo Gaspar vem declarar que está a estudar com afinco formas de "mitigar" o agravamento da carga fiscal, como se não fora ele o autor do "crime".
- No mesmo dia em que a comunicação social dá conta que o governo tenciona reduzir a metade o número de funcionários públicos contratados a prazo, traduzindo-se a redução no despedimentos de mais de 50000 funcionários, o mesmo governo, pela voz do desacreditado (e ainda lamentável e incompreensivelmente ministro) Relvas, vem negar que o número de despedidos atinja aquele número, evitando, porém, comprometer-se com qualquer outra cifra.
Todos os casos apontados são uma pequena amostra dos sinais que este governo vai dando de que está sem rumo e em completo desnorte.
O indisfarçável fracasso da política do governo (que, inclusive, falhou rotundamente no seu objectivo primordial, senão único, de controlar e consolidar as contas públicas) e o claro desnorte de que dá provas, fizeram com que a credibilidade do governo, a confiança nele e a esperança no futuro tivessem entrado em acelerado estado de decomposição. Sem confiança e sem esperança, não há vida. Por isso, a actual situação do governo faz-me lembrar a cauda da lagartixa, depois de cortada: já sem vida, ainda mexe.
A comparação, porém, termina aqui. A lagartixa consegue regenerar a cauda. Não me parece que este governo tenha uma tal capacidade de regeneração.
[Na imagem: Lagartixa-de-montanha (Iberolacerta monticola)]
2 comentários:
...a cauda da lagartixa... uma enguia que morta continua a mexer ou uma barata que mesmo sem cabeça continua a viver e só morre de fome, por não poder comer...
O maior problema é que ainda nos conseguem roubar a saúde porque isto de acordar todos os dias sem saber bem que mais irão inventar (roubar)... é desgastante.
Bjos
Tanto andaram a criticar a oposição por ser irresponsável e não se preocupar em manter a imagem de credibilidade lá fora e no fim vêm com estas cenas. Para já não falar das desavenças da coligação que se esforçam em maquilhar, mas ninguém acredita...
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