"Das duas uma: ou o Governo do ministro das Finanças vê o que quase mais ninguém vê (nem sequer o FMI) e fará da poção mágica explosiva para o próximo ano um milagre económico-financeiro nunca antes visto, ou estará a promover a eutanásia económica colectiva do país, qual enfermo sem cura sedado por alguém com reputação internacional e discurso pausado.
Acreditar na primeira hipótese tornou-se numa mera questão de fé, porque não há qualquer motivo racional para acreditar que o reforço de uma medicação que não resultou, possa agora ter sucesso.
Por que votaram os Portugueses no PSD/CDS? (...) Uma coisa é certa: ninguém votou nisto! Ninguém votou num governo socialista adjectivado de neoliberal. Ninguém votou num Governo que é liberal no que é fácil (ou seja, privatizar empresas com potencial), socialista na visão que tem do sistema fiscal, dirigista no controlo que pretende exercer sobre entidades privadas (como acontece, por exemplo, com fundações privadas que nada recebem do Estado ou com gasolineiras), arrogante para com o tecido empresarial e totalmente inoperante na reforma e supressão dos inúmeros tentáculos do Estado. É evidente que o actual Governo vive refém de uma dívida pela qual não é responsável e, por isso, decidiu tomar a ‘troika' como base de suporte social, mas as pessoas começam a ficar cansadas que o sentido do seu voto não seja respeitado. É óbvio que ninguém responsável pode querer "a ‘troika' fora daqui", mas é preciso ter noção que os nossos financiadores não são, nem nunca poderão ser, a base social e democrática de um Governo e que, em última instância, só esta garantirá a estabilidade necessária para que o país possa cumprir as suas obrigações. Portanto, exige-se dos governantes mais política e bom senso, menos dependência da tecnocracia de gabinete e, acima de tudo, mais respeito pela base social que lhes confiou o poder. Se tal persistir em não suceder, a democracia não ficará menos desrespeitada do que já está se o Presidente da República resolver agir."
(Francisco Proença de Carvalho: Na íntegra: aqui)
1 comentário:
Passos e Portas esperam por um milagre, mas eu não acredito na multiplicação dos pães. Portanto só vejo uma razão para o optimismo desta "gente honrada". A senhora Merkel, que está para chegar a Lisboa, deve ter alguma coisa para oferecer ao nosso país: a montagem de tres fábricas de automóveis, uma para os BMW, outra para os Audi A-7, e outra para os Mercedes Classe A. Assim, o país é capaz de encontrar a salvação.
Um abraço.
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