quarta-feira, 11 de julho de 2012

O "excelente" Estado da Nação

A Nação está bem de saúde e recomenda-se. Pelo menos, a crer na rapaziada do PSD que está orgulhosa com o excelente comportamento da economia portuguesa”, baseando-se, por certo, nas previsões do Banco de Portugal (BdP), ontem divulgadas, que apontam para uma contracção da actividade económica da ordem dos 3%, em 2012, o que, a confirmar-se, representa uma, ainda que pequena, melhoria em relação às anteriores previsões (-3,4%)  e que antecipam que a balança comercial passará de deficitária a superavitária,  situação que já não ocorre desde os tempos do Estado Novo,  no longínquo ano de 1943.
Não me parece que se justifique tanto entusiasmo até porque se aquelas são umas, relativamente, boas notícias, não faltam outras que muito pelo contrário.
 A começar pelo facto de o Boletim do BdP também anunciar que a economia portuguesa em vez de entrar, em 2013, numa fase de estagnação, de acordo com as anteriores previsões, vai manter-se em recessão. Depois, porque fica claro que a melhoria das contas com o exterior se fica a dever mais à diminuição das importações (-6,2%), fruto do empobrecimento geral imposto por este governo, do que ao aumento das exportações (3,5%) que o BdP espera que seja para continuar, embora estejamos bem longe do crescimento superior a 10%  verificado antes da entrada em funções do actual governo, graças ao esforços desenvolvidos pelo "caixeiro viajante" (era assim que a tal rapaziada chamava a José Sócrates) que em boa hora apostou na diversificação dos mercados externos que tão benéfica se tem vindo a revelar.
E o que dizer do facto de o BdP estimar que o desemprego vai continuar a aumentar, prevendo para 2012 e 2012 a perda de mais de 214 mil empregos? Sem dúvida, mais um motivo de "orgulho", pelo menos para o deputado do PSD, Duarte Pacheco, para quem "o caminho está certo, o rumo está tomado". 
Para completar, por ora, o ramalhete dos motivos de "orgulho" só falta acrescentar que Portugal é, segundo a OCDE, o país onde os salários mais caíram em 2011, apesar de, como é sabido, o desemprego ter continuado a aumentar.
Isto sem esquecer que por estas vias (menores salários, mais desemprego) e graças ao aumento dos impostos, "eles" vão conseguir que em matéria de balança comercial, se alcance um feito só verificado nos tempos da "outra senhora". Porventura, para "eles" é mais um motivo de "orgulho".
Mas estamos no "caminho certo". Valha-nos isso.

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