sexta-feira, 6 de julho de 2012

Relvas daninhas


Não restam dúvidas de que a "licenciatura" de Miguel Relvas em   Ciência Política e Relações Internacionais "adquirida" na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa (doravante, simplesmente, Lusófona) não passa de uma anedota de mau gosto, tanto mais que, através de dados vindos a lume no "Público"* de hoje, se ficou também a saber que foram atribuídas ao (ainda) ministro Miguel Relvas equivalências em 11 cadeiras, "com base, essencialmente, na experiência profissional que declarou ter obtido em quatro empresas privadas" com as quais a ligação não durou mais do que "alguns meses" (citações extraídas da edição do "Público de hoje, pág. 7).
Só que, e isto é o mais grave, a "anedota", além de ser de mau gosto, é  altamente prejudicial. A começar, para o próprio Relvas, cuja credibilidade, que já não era muita, passou a zero,  excepto para Passos/Coelho que, como já veio declarar publicamente, mantém toda a confiança no sujeito, o que parece indiciar a existência duma singular (ou dupla) dependência até agora inexplicável.
Prejudicial também para a Lusófona que, não sabendo da existência de relvas daninhas, passou a sabê-lo à sua custa, pois é mais que certo que, depois do conhecimento deste caso, já não se livra de ser cotada como uma fábrica de diplomas, tanto mais que foi divulgado pela própria Lusófona que o caso Relvas não é único: há "89 alunos que pediram admissão (...) e que obtiveram entre 120 e 160 créditos devido ao reconhecimento da sua experiência profissional e académica (edição citada do "Público" pág. 6). O que significa, com grande probabilidade, que o caso Relvas, não sendo  único, poderá não ser também o mais escandaloso, probabilidade que se infere não só dos números referidos, mas também do facto já igualmente divulgado de que na Lusófona  não está estabelecida  qualquer limitação no que respeita á atribuição de créditos em função da experiência anterior dos alunos. 
Que Relvas e a Lusófona saiam penalizados do caso, não é motivo para tirar o sono a ninguém, excepto aos próprios. Actos deles, problema deles. 
Já é muito diferente o caso  dos actuais e dos antigos alunos da Lusófona que, inocentes, correm o risco de vir a ser os mais prejudicados. Alguém duvida que tais alunos, mesmo tendo feito um percurso académico sem falhas, vão ver as suas competências postas em dúvida apesar de terem sido adquiridas com toda a limpeza e legitimidade?
No meio de toda esta história, esta é, sem dúvida, a mais grave das consequências. Não sei quem poderá vir a responder por elas. A Lusófona, sem dúvida. Mais alguém?
* Também já on line.
(ilustração daqui)

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