"O PPD pretende-se “social-democrata” e aqui começam de facto os problemas. Porque naquela tábua rasa existe um único valor prático: o poder, ou seja, o sucesso. Feito pelo sucesso, ou querendo vir a ser feito pelo sucesso, o público do PPD só respeita o sucesso. Em 78 e 79, os príncipes de hoje ficaram em casa e desligaram o telefone. Muitos aderiram ao partido já no Conselho de Ministros. No PPD nasceram algumas das mais horríveis obsessões da política portuguesa: a obsessão com “ganhar”, como se “ganhar” fosse por si uma virtude, e a obsessão com a autoridade, como se a autoridade não exigisse justificação. O verdadeiro ethos do PPD é o ethos do arrivista. Quanto ao mais, desembaraçado de tradições, sem nenhum vínculo social seguro, recebe quem o ajuda e ajuda quem o recebe.
Hoje reúne a Direita arcaica, que lá no fundo continua em guerra com o regime, a Direita dita “civilizada” dos empresários “dinâmicos”, das profissões e dos quadros “qualificados”, que se acham com um divino direito à proeminência e são PPD como poderiam ser socialistas, liberais, democrata-cristãos ou qualquer outra coisa que lhes conviesse."
Alguma dúvida de que o retrato do PSD traçado por Vasco Pulido Valente, nos idos de 1987, continua actual? Relvas e a sua manutenção no governo de Passos/Coelho, é a prova provada de que o verdadeiro ethos do PSD continua a ser o do arrivista.
Obrigado, Vasco!
1 comentário:
Boa malha, Francisco!
Enviar um comentário