Ao que dizem as crónicas não terá sido aquela a expressão usada por Passos/Coelho. O que ele terá dito, e não ponho em dúvida o relato, foi "que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”.
Não ponho em dúvida o relato, mas não acredito na sinceridade de quem proferiu a afirmação. E não estou isolado nesta apreciação, pois de há muito se sabe que a estratégia de Passos Coelho passava por concentrar a austeridade nos dois ou três primeiros anos da legislatura para ganhar folga que lhe permitisse abrir os cordões à bolsa na véspera das próximas eleições legislativas. Ao fazer aquela afirmação, onde demonstra mais uma vez que é perito no uso do calão, Passos/Coelho, ou está a fazer mais um número de circo, ou então é porque já nem ele próprio acredita que a política de austeridade a tudo o custo tenha saída.
Só que, sendo assim, deveria dirigir aos deputados um discurso bem diferente. Por exemplo : "Companheiros, "lixei" o meu pais". Dando-se o caso de não querer arcar sozinho com as responsabilidades poderia, aliás a justo título, optar por um discurso mais mais elaborado e, porventura mais de acordo com a realidade histórica. Algo como isto: "Companheiros,"lixámos" o país, ao votarmos contra o PEC IV, com o pretexto de não ser admissível o aumento da carga fiscal e dos sacrifícios, tal a era ânsia de chegarmos ao "pote". Alcançado este, passámos a justificar todos os aumentos e todos os sacrifícios impostos sobre a maioria da população. Espero que consigam viver de boa consciência com tamanha hipocrisia. Pela minha parte, como se tem visto, cá me vou aguentando. Bem."
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