sexta-feira, 13 de julho de 2012

Três razões ou mais

"Não, o primeiro-ministro, que anda pelo PSD há muitos anos e conheceu bem a fauna jotinha do seu partido (Passos foi presidente da JSD já Relvas tinha sido seu secretário-geral), sabia muitíssimo bem quem era o seu ministro. Sempre soube. Não o escolheu como seu aliado para ganhar o partido pelas suas capacidades políticas ou intelectuais. Escolheu-o pelo seu talento em mexer-se na lama. E depois meteu-o no governo, com um poder quase absoluto sobre os restantes ministros, sobretudo nas pastas onde possa haver bons negócios.
...
Por estes dias, Passos Coelho não descobriu nada sobre o carácter de Relvas que não soubesse há muito tempo. Ainda assim, seria de esperar que se preocupasse com as aparências. Restam três justificações possíveis para Passos Coelho não demitir imediatamente tão incómodo ministro: tem medo de o ver à solta, depende dele para manter a fidelidade da mafia do partido ou nada disto o choca porque, na realidade, só aparentemente são diferentes um do outro."
(Daniel Oliveira -  A fama que vem de longe. Na íntegra: aqui)(Negrito meu) 

As razões que o Daniel Oliveira apresenta não me parece que sejam suficientes para explicar a renovação da confiança em Relvas, por parte de Passos/Coelho, até porque é evidente que essa manifestação de confiança está a afectar a imagem do prímeiro-ministro, como Daniel Oliveira salienta no texto transcrito. Se ele o não demite, mesmo que a sua imagem fique afectada, forçosamente que, para além daquelas razões, tem de haver mais. E depois de o conselheiro de Estado, Bagão Félix, se ter pronunciado nos termos em que o fez (a presença de Relvas no governo "vulnerabiliza o primeiro-ministro, até porque toda a gente sabe que a relação entre eles é muito forte") mais se acentua a convicção de que a justificação para a permanência de Relvas no governo de Passos/Coelho tem de ser procurada alhures.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muitas vezes não concordo com o DO, mas desta vez acho que tem razão. Passos Coelho e Relvas são duas faces da mesma moeda, a moeda da incompetência, da sem vergonhice e do chico espertismo.
Não vale a pena bater mais no ceguinho, o povo português perceberá um dia quais as reais consequências de ter eleito esta gente (os professores já começaram a perceber como foram usados por algumas pessoas que tinham o dever de os defender e qual vai ser o seu destino).