Pedro e Paulo são, a toda a hora, acusados de serem bons a prometer uma coisa e melhores a fazerem o contrário.
As críticas têm tido mais dirigidas a Pedro do que a Paulo, porque a este tem sido muito difícil encontrá-lo, o que, sendo pura verdade, é perfeitamente compreensível. Como se sabe, foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros e ele tomou a designação do seu ministério tão à letra que se transformou no "ministro do Negócio"*. (Não sou eu que o digo, mas um colunista do "Expresso", seu admirador)*. Do Negócio, no estrangeiro, como não podia deixar de ser. Por exemplo, na China, que ainda é estrangeiro, ** país por onde tem andado ultimamente a vender a imagem de Portugal. Com sucesso, segundo tenho ouvido dizer.
Mas não é este o ponto a que quero chegar. O meu propósito, ao escrever estas linhas, é tão só o de demonstrar que as críticas não têm razão de ser. Pelo menos, no que respeita às nomeações para cargos públicos ou em empresas, quer sejam empresas públicas, quer sejam empresas onde o Estado tenha uma palavra a dizer no que respeita à sua governação.
Recordo que, nesta matéria, Pedro e Paulo prometeram rigor e transparência nas nomeações. Ora, a bem da verdade, deve reconhecer-se que não é possível ser-se mais rigoroso e transparente. Rigor é coisa que não tem faltado nas nomeações. Basta dizer que quem não tenha o emblema de um dos dois partidos, (CDS ou PSD) não é nomeado. O rigor, porém, vai a tal ponto que as nomeações são feitas segundo a quota a que cada um dos dois partidos tem direito, em função da sua representação parlamentar. Pode ser-se rigoroso do que isto? Duvido.
E, no que respeita, à transparência não imagino sequer que se possa ir mais longe, quando o governo já indica, nos despachos de nomeação, o partido donde o nomeado provém. Não sei se este procedimento já está generalizado, mas, se não está, espero bem que, em breve, venha a ser adoptado como norma.
Pedro e Paulo, porém, indo muito além das promessas, não usam só de rigor e transparência nas nomeações. Também procedem com zelo. Se alguém (com emblema) for posto a andar de um cargo qualquer, sobretudo se for um cargo de topo, seja por mero azar ou com algum fundamento, tratam de imediato e com todo o zelo e empenho de encontrar um refúgio para os despedidos, indo ao ponto de criar cargos supranumerários, se na altura não houver lugar disponível. Até o cargo de ministro supranumerário, eles arranjam. António Borges que o diga.
Tendo em conta o exposto e considerando que a designação do actual governo ("XIX Governo Constitucional de Portugal") não só é longa, como se presta a confusões, tantos são já os chamados Governos Constitucionais***, sou levado a sugerir que que se adopte a designação de Governo Rigor Transparência e Zelo, designação que, reduzida a siglas, ficará: Governo RTZ. É merecida a designação e é inconfundível. Não há, não houve e não é possível haver outro igual ou semelhante.
*****
(* Quem tiver dúvidas sobre os direitos de autor, se folhear o caderno de economia da última edição do "Expresso", facilmente as remove.
**Digo que a China ainda é "estrangeiro", porque, apesar dos esforços de Pedro e Paulo e dos seus êxitos na venda de Portugal à China, há umas quantas partes que ainda não conseguiram vender, porque a China ainda as não quis comprar.
*** Isto para já não falar no facto de que é muito provável que, estando Pedro e Paulo apostados, mais aquele do que este, em rever/subverter a actual Constituição, se sintam pouco confortáveis com a designação.)
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