O historiador Rui Ramos, na sua crónica publicada na última edição do "Expresso", passa por cima de todas as perguntas sem resposta feitas inclusive pelo jornal onde escreve, e são mais que muitas, para concluir, sem deixar margem para dúvidas, que o ministro Relvas ao obter a sua "licenciatura", "limitou-se a aproveitar a lei". E vai mais longe. Escreve ele: "Dizem-nos que o caso Relvas revela o carácter de um ministro. Não: revela o carácter de toda a gente. Revela o carácter de uma sociedade que finge indignar-se com o sistema de que, em massa, tirou partido".
Se bem o interpreto, quer ele dizer, com isto, que, com excepção dele (certamente) e de mais uns tantos (talvez), toda a gente que neste país obteve a sua licenciatura, usou os mesmos expedientes que o ministro Relvas. O que significa, ao fim e ao cabo, que para o historiador Rui Ramos, os portugueses são todos, "em massa", uns Relvas.
Se o historiador usa do mesmo rigor de análise na sua especialidade, coitada da História!
Perante tal desconchavo, vindo de um historiador, é caso para lhe deixar um conselho: com o calor que agora se faz sentir, é boa altura para o historiador e cronista ir a banhos. Pode ser que os banhos lhe façam bem e deixe de dizer disparates. E quem sabe se até passa a apreciar as anedotas que circulam por aí a propósito do caso Relvas, anedotas que, lendo a sua crónica, bem vejo que lhe causam grande incómodo.
Com o tempo e com uns banhos o íncómodo passa-lhe.
Sem comentários:
Enviar um comentário