Vitória do Sporting na Liga sobre o Guimarães, por 2-0. Regista-se e aplaude-se. Todavia, a ser verdade o que se relata aqui, temos dois árbitros que não vêem. E logo por duas vezes, é demais! Manifestamente, é falta de óculos. Para remediar a falta de visão, de um deles, seguem já por, Correio Azul, estes que estão aqui à vista. Não são de primeira, mas, para um cegueta, servem perfeitamente. E é oferta !
domingo, 30 de novembro de 2008
A pedra no sapato
Por muito surpreendentes que possam parecer as palavras dirigidas por Jerónimo de Sousa, no discurso de abertura do XVIII Congresso do PCP, contra o Bloco de Esquerda (BE) (a quem acusou de "indefinição ideológica"; e de ter um "carácter social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante", para concluir que "A sua fixação é o PCP e a sua concorrência é sempre contra o PCP, caindo muitas vezes no anticomunismo") manda a verdade que se diga que são perfeitamente compreensíveis, se se atentar nos principais objectivos do partido.
O PCP tem, a meu ver, neste momento, dois objectivos claros: Por um lado o PCP tenta à outrance impedir a obtenção de uma maioria por parte do PS nas próximas eleições (daí os constantes ataques ao PS e ao Governo, servindo-se de toda e qualquer contestação a que puder deitar a mão e daí também que se não ouçam, nesta altura, ataques à direita, por parte do PCP e se assista até a alguma convergência com o PSD, partido que lhe convém não debilitar); por outro lado, quer manter, a todo o custo, a liderança do "povo de esquerda", já que se considera como o partido de vanguarda das classes trabalhadoras.
Qualquer destes objectivos é importante para o PCP, afigurando-se-me, no entanto que para o PCP, o segundo é (por estranho que pareça) mais importante que o primeiro.
Porquê ? Pergunto e respondo:
Se o PCP desse prioridade ao primeiro objectivo, parece óbvio que privilegiaria o diálogo e a convergência com todas as forças à esquerda do PS, até porque sabe que há pessoas que nunca votarão no PCP (por recusa dos modelos que propõe - vide Teses), mas não terão qualquer dificuldade em votar no BE (até pela "indefinição ideológica" de que o PCP o acusa e, neste caso, com certa razão).
Ora não é isso o que temos visto. Na verdade, toda a estratégia do PCP, nos últimos tempos, tem sido no sentido de se desmarcar das iniciativas levadas a cabo pelas forças de esquerda, incluindo a dita ala esquerda do PS.
Torna-se assim evidente que, mais que derrotar a direita (assunto nem considerado) e mais que impedir o PS de alcançar a maioria nas eleições, importa ao PCP conservar a imagem mítica de partido da vanguarda da classe operária (ou da classe trabalhadora, conceito mais abrangente) imagem que colou a si próprio e que é particularmente atractiva para os sectores mais saudosistas da sua militância e do seu eleitorado, pois lembra a heroicidade de outros tempos. E saudosismo no PCP é coisa que não falta, como ainda agora se viu no Congresso.
O BE, surge, neste ponto de vista, como um obstáculo inesperado (uma verdadeira pedra no sapato) até porque vão sendo cada vez mais frequentes as indicações das sondagens de opinião (a última vem publicada no semanário Económico de ontem) no sentido de o BE poder vir a ultrapassar o PCP, em termos eleitorais, pese embora a muito superior organização deste partido.
Esse facto constituiria uma situação particularmente traumática para o PCP, porque poria em causa a liderança da "esquerda da esquerda" e, de certo modo, representaria a queda de um mito (muito cultivado pelo partido). Ora, com mitos não se brinca, sobretudo quando os mitos já têm a consolidação de largas décadas, como é o caso.
Concluiria dizendo, que, ou muito me engano, ou os "ataques" do PCP dirigidos ao BE, (mais ou menos subtis, conforme as circunstâncias) vão ter continuidade, a menos que o BE aceite uma posição de subalternidade, hipótese que não me parece muito provável, mas que não descarto por inteiro.
Adenda:
Entretando, Francisco Louçã já reagiu considerando as palavras de Jerónimo de Sousa o “ataque mais sectário jamais feito ao Bloco de Esquerda” e, neste caso, é difícil não concordar com ele.
Actualização: No discurso de encerramento do XVIII Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa parece confirmar a análise aqui expendida, ao fechar a porta a entendimentos com o Bloco de Esquerda e o PS, e ao apelar a uma "ampla frente social", liderada pelo PCP, claro está.
O PCP, embora vote à porta fechada, começa a ficar muito transparente, até para analistas de meia tijela, como é o meu caso.
Actualização (7/12): Vira o disco e toca o mesmo ! Aqui.
(A pedra, como se vê, é grande e veio de longe)
Visitas recomendadas ...
Odete Santos denuncia ataques às liberdades de Abril é o título dado pelo PUBLICO.PT à intervenção (muito aplaudida) de Odete Santos no XVIII Congresso do PCP a decorrer em Lisboa e em que a ex-deputada citou vários casos que aqui se reproduzem seguindo a lição da fonte.
À cabeça é referida "a lei dos partidos políticos aprovada em 2003, que impõe regras que os comunistas consideram uma interferência na liberdade de organização partidária, nomeadamente ao impor o voto secreto nas eleições internas, quando o PCP votava tradicionalmente por braço no ar". (Uma restrição e pêras, digo eu, tanto mais que a regra visa precisamente assegurar a genuinidade do voto, como é evidente para qualquer espírito sem preconceitos).
De seguida é referido o "caso recente de dois jovens militantes do partido que foram condenados ao pagamento de 350 euros de multa por terem pintado, num viaduto em Viseu o lema da JCP “Transformar o sonho em liberdade”, sem autorização camarária". (Pagar uma multa prevista na lei é mesmo uma grande limitação da liberdade, mas só para a Drª Odete Santos para quem, pelos vistos, a lei não é igual para todos, pois a alma da senhora até "cai ao chão e chora", quando "há tribunais que aplicam uma justiça de classe").
Finalmente (segundo a fonte) a ex-deputada denunciou "as invasões de sindicatos pelas forças da ordem”, como tal qualificando as visitas feitas pela polícia a alguns sindicatos, na véspera duma manifestação de professores, (se não estou em erro), para fazerem algumas perguntas sobre a organização das deslocações, como se as sedes dos sindicatos gozassem de alguma imunidade especial ou de algum privilégio de extraterritorialidade.
Perante tais "atropelos" às liberdades, talvez fosse oportuno recomendar à ex-deputada, para esta aprender o que é a liberdade (ou antes, a falta dela), uma visita a países que as Teses do Congresso proclamam como exemplos de construção duma sociedade socialista, a saber: Cuba (onde vigoram as mais amplas liberdades, incluindo a de ser preso por simples delito de opinião que ela e os seus camaradas exercem em Portugal, sem qualquer restrição - felizmente, acrescento eu, que prezo tanto a minha liberdade quanto a dos outros); China que a toda a hora é acusada de violações gravíssimas dos direitos humanos e que não hesita em matar os opositores do regime (que me abstenho de qualificar como comunista por respeito que tenho pelo verdadeiro); ou Coreia do Norte que mais não é que um imenso presídio colectivo. Para já não falar do Vietname e do Laos, (bons exemplos para o PCP) países que, como é sabido, também não deixam os seus créditos por mãos alheias nesta matéria de falta de respeito pela liberdade.
25 de Abril, sempre! Digo eu.
Actualização: Entretanto, lê-se aqui que o Comité Central do PCP é hoje eleito, por voto secreto, pelos cerca de 1500 delegados ao congresso numa reunião à porta fechada. Isto significa o quê ? Transparência ? Será ?
(Imagem daqui)
(Imagem daqui)
(Reeditada)
Citações # 26
..."É que se genuinamente acreditam que os professores aceitam ser avaliados por um sistema seriamente avaliador e diferenciador, devem desenganar-se. Quem tem ligação directa ao meio dos professores sabe que, na sua generalidade, os professores não aceitam perder a autonomia que se habituaram a ter dentro das escolas. E não se poderá dizer que essa autonomia foi sempre mal aproveitada. Muitos bons professores fizeram dela bom uso. Mas muitos e muitos professores que entraram para o ensino por ser essa a única saída profissional disponível, têm feito dessa autonomia o desprestígio da classe.
A reforma proposta nas suas diversas vertentes, tenta reorganizar a escola, nomeadamente através da sua hierarquização. Isso é absoluta e definitivamente rejeitado pela generalidade dos professores. Até mesmo pelos bons professores que nada tinham a perder com isso, mas que viveram durante anos e anos uma organização de escola em que eram todos colegas e ninguém pedia responsabilidades a ninguém. E se prestar contas incomoda algumas pessoas, pedi-las não incomoda menos. Assim se juntam todos na rejeição.
Se alguém tinha dúvidas das seriedade das críticas anteriormente apontadas ao jovem sistema de avaliação proposto, creio que não podem mantê-las quando após a sua eliminação pela tutela, os professores insistem na rejeição do sistema. Fica claro que não eram aquelas anomalias, aliás ridiculamente não corrigidas por quem tinha de operar o sistema, a verdadeira razão da luta."
Texto completo e autor: aqui .
sábado, 29 de novembro de 2008
As contas furadas
Têm-se ouvido sucessivos avisos por parte dos professores de que a sua luta (ou melhor dizendo, a não capitulação por parte do Governo face às suas exigências e às ameaças dos seus sindicatos) vai prejudicar eleitoralmente o PS (e até aqui na casa já se viram comentários nesse sentido).
Pois bem, segundo uma sondagem hoje publicada no semanário "Económico", as intenções de voto no Partido Socialista continuam a subir. Não se justifica, pois, a "apreensão" dos professores. Acrescento que tal resultado até se compreende perfeitamente: Perante a ofensiva dos sindicatos dos professores (apoiados ou servindo a estratégia do PCP e do BE) e perante a atitude oportunística dos partidos da direita (PSD e CDS) a mostrarem ser mais que timoratos e ter pouco sentido de Estado, o PS revela-se como a única força política capaz de se opor e de impedir a "captura" (o termo não é meu) do Estado por parte de interesses sectoriais ou corporativos (termo que também colhi algures). E, assim sendo, quem entenda e defenda que o interesse geral do país tem que prevalecer sobre os interesses particulares de toda e qualquer classe profissional não tem hoje qualquer outra alternativa que não seja apoiar o PS.
José Sócrates ao defender, como o defendeu esta manhã, perante a Comissão Nacional do PS, que a avaliação dos professores é uma questão que envolve o primeiro-ministro e o Governo e não apenas a ministra da Educação, prova, se dúvidas houvesse, que é um político sem medo e o único (a nível partidário) a ter capacidade para levar a nau a bom termo, nestes tempos de cólera e de crise económica mundial.
Efeito de contágio ?
A agressão a murro, estalada e pontapé de uma professora da Escola EB 2,3 de Jovim, Gondomar, por parte de um aluno e que ontem teve lugar, é um caso de violência escolar que temos que lamentar e repudiar vivamente. Não se trata, como é sabido, de um caso isolado, pois o assunto tem sido debatido na comunicação social, pelo menos desde que veio a público o vídeo da agressão de uma aluna a uma professora por causa do telemóvel.
Até porque o caso não é virgem e também porque é um facto que a violência nas escolas não é só de agora, não é lícito estabelecer uma relação de causa a efeito entre o desrespeito com que os alunos tratam os professores e idêntico comportamento que os professores têm tido para com a ministra da Educação. Para não ir mais longe (por uma questão de decência), lembro aqui apenas que um das expressões mais usadas pelos docentes para a tratarem é o de "sinistra ministra".
Não sendo lícito estabelecer tal relação, não deixa de ser para levar a sério (pelos professores) a hipótese (que admito) de que a atitude desrespeituosa dos professores face à ministra da sua tutela em nada ajudará ao estabelecimento nas escolas de uma relação saudável (ou menos conflituosa) entre alunos e professores.
Não estou a simplificar, até porque reconheço que a violência escolar tem muitas causas e alguns pais serão mesmo os mais responsáveis. Em todo caso sublinho que sempre ouvi dizer que os maus exemplos são mais fáceis de seguir do que os bons.
Vão por mim!
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Isto está a ficar muito calmo...
Em dia,
do apelo do Presidente da República à "união" de todos os portugueses e ao "não baixar os braços";
e da contestação dos professores à sua avaliação (o que, sendo já rotina, nem se nota),
está tudo muito calmo, apesar de frio e chuvoso, pois não tivemos, nem novas "ironias" da Drª Manuela Ferreira Leite, nem pronunciamentos por parte das estruturas do PSD contra a sua liderança, nem novos desenvolvimentos à volta do BPN.
(O Banco Privado Português é que ainda vai gerando alguma animação. Valha-nos isso !)
(Reeditada)
Um espelho, por favor ...
... para Mário Nogueira (Fenprof) e João Dias da Silva (FNE), pois bem precisam, quando acusam a ministra da Educação de intransigente e de arrogante. Vendo-se ao espelho, que verão eles, quando se recusam liminarmente a discutir com o Ministério da Educação as propostas de simplificação do modelo de avaliação apresentadas pela tutela e afirmam que só aceitam a suspensão do modelo ? E que vão ao ponto de exigir a demissão da ministra ?
Se o espelho é baço, eu digo-lhes a figura que fazem: Além de arrogantes e intransigentes são também pouco sérios, pois não é seriedade falar de um novo modelo de avaliação que, pelo que tenho lido (designadamente aqui e aqui) até daria para rir, não fosse o caso demasiado sério.
Se o espelho é baço, eu digo-lhes a figura que fazem: Além de arrogantes e intransigentes são também pouco sérios, pois não é seriedade falar de um novo modelo de avaliação que, pelo que tenho lido (designadamente aqui e aqui) até daria para rir, não fosse o caso demasiado sério.
Actualização: Hoje, (29-11) o secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, reafirmou que o Governo está disponível para negociar o modelo de avaliação dos professores, caso os sindicatos o queiram, mas sem condições prévias:"A nossa disponibilidade em negociar é total. É preciso é que seja sem condições prévias e que os sindicatos não continuem a exigir a imediata suspensão do modelo de avaliação".
Nesta altura, não me parece que a renovada manifestação de disponibilidade, por parte do Governo, para negociar venha a ter correspondência do lado dos sindicatos dos professores, particularmente, por parte da Fenprop, dada a radicalidade das suas exigências. No fundo, o que pretendem é o regresso ao statu quo ante. Hoje isso é claro e julgo que o Governo não poderá ceder ao ponto de satisfazer tais exigências.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Por Terras de Ribacôa : Alfaiates (1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
Alfaiates é uma povoação e freguesia do concelho do Sabugal. Foi sede de concelho entre 1297 e 1836.
Legenda:
Fotos 1 e 2: Imagens do Castelo, classificado como Imóvel de Interesse Público, por Decreto publicado em 26 de Fevereiro de 1982, vendo-se a torre de menagem (foto 1) e a porta principal (foto 2), que é encimada por uma cruz, em virtude de a praça interior ter sido utilizada como cemitério entre 1846 e 1927;
Foto 3: Pelourinho;
Fotos 4, 5 e 6: Igreja da Misericórdia, vendo-se a fachada (foto 6), pormenor da fachada (foto 5) e porta lateral (foto 4).
(Para ampliar, clicar sobre as imagens)
De admissão em admissão ...
... até à demissão ?
Manuel Alegre admite não estar presente no próximo congresso nacional do PS , como já tinha admitido não se candidatar pelo PS nas próximas eleições legislativas, nem participar na campanha eleitoral.
Convenhamos que já são "admissões" a mais, e decisões a menos. Com tanta hesitação, o mais natural é que não vá a parte nenhuma. A ver vamos, como diz o outro !
Adensam-se as nuvens ...
Com a Distrital de Braga do PSD a criticar a liderança de Manuela Ferreira Leite e a querer um congresso extraordinário, adensam-se as nuvens sobre a cabeça da líder do PSD. Será que a tempestade está próxima ?
A Distrital de Braga não se fica, no entanto, pela crítica à actual liderança. Também vai debater um eventual pedido a Marcelo Rebelo de Sousa para que se candidate à liderança do partido.
Será que o "sermão" foi encomendado ?
E o que diz a isto a "Central" da Marmeleira ?
Mais uma despesa inesperada
Tudo se prepara para, na sequência da decisão de extradição proferida pelo tribunal inglês de Westminster, termos de volta o advogado (suspenso pela Ordem) e ex-presidente do Benfica, Vale e Azevedo.
É mais uma despesa com que o ministro das Finanças não contava e é mais uma razão para a oposição parlamentar exigir a revisão das previsões do OE 2009. Com cama, mesa e roupa lavada, é uma despesa e tanto ! Digam lá que não !
Então, ninguém aplaude ?
O aumento do salário mínimo nacional para 450,00€ mensais, hoje aprovado formalmente pelo Governo, em conformidade com o acordado em sede de concertação social, merece aplauso, não porque se trate de um grande aumento, mas sobretudo porque o Governo foi capaz de fazer frente à oposição das confederações patronais, oposição que nalguns casos chegou a atingir foros de chantagem, porque acompanhada de ameaças de encerramento de empresas.
Entretanto, não ouço palmas por aí. Que se passa ?
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
E ela a dar-lhe ...
Manuela Ferreira Leite, dixit.
Pela minha parte, fico muito agradecido pela oferta de baixa dos impostos, mas, por ora, dispenso. Para a próxima, depois de ultrapassada a actual crise económica, vou pensar. Prometo.
Por que não tomar do próprio remédio ?
No "Público" de hoje lê-se um editorial assinado pelo seu director, José Manuel Fernandes (JMF) em que este, a propósito da crise do BPN e da associação que tem sido feita ao facto de estarem ligados ao caso diversos nomes que fizeram parte dos Governos de Cavaco Silva, sugere que estaremos perante uma manobra de diversão tendo como finalidade desviar as atenções do "crescendo da contestação social, protagonizado sobretudo pelos professores mas latente em muitos sectores da sociedade" e, não se ficando por aqui, alerta para a gravidade da situação em que "o país [se] arrisca ... a regressar ao clima de uma guerra de "terra queimada" onde nenhuma referência se salva: nem Governo, nem oposição, nem Presidente", finalizando com um aviso no sentido de que "... numa democracia em tempos de crise, optar pela táctica da "terra queimada" pode ser suicidário".
Este alerta e o aviso chegam a ser "comovedores" vindos de quem não tem feito outra coisa que não seja lançar achas para a fogueira contra o Governo legítimo do país, ora fazendo ataques sucessivos de par com o colunista José Pacheco Pereira (parceria que este não se coibiu de confirmar), ora antecipando e promovendo, nas primeiras páginas do jornal que dirige, tudo quanto são lutas contra o Governo (a luta dos professores, para quem acompanhado o tratamento dado ao caso, é, neste aspecto, exemplar), quer ainda patrocinando (como director) a devassa da vida do primeiro-ministro (devassa de que se têm encarregado: o jornalista António José Cerejo e, em menor grau, o jornalista Luciano Alvarez, o autor da denúncia das "fumaças" no voo aéreo para Caracas).
É caso para perguntar ao director do "Público", porque não toma, ele, do remédio que receita aos outros ?
É que ele, não só não faz mea culpa, como insinua que alguém com interesse em desviar as atenções (que só pode ser o Governo ou o PS) está por detrás da manobra. Isto, partindo do pressuposto (como ele parte) de que tal manobra existe, pressuposto que não aceito, pela razão simples de que ainda não vi assacar qualquer responsabilidade ao PR no caso BPN. O que tenho visto sim, até nas páginas do "Público" (mais uma razão para JMF bater com a mão no peito) são referências a factos conhecidos (há pessoas ligadas ao BPN que fizeram parte dos governos do actual PR) ou a factos sem qualquer relevância para o caso (contribuições de accionistas do BPN para a campanha presidencial de Cavaco Silva).
Ou seja, o director do "Público" ao mesmo tempo que quer fazer de "bombeiro" (daí o alerta e o aviso) não se esquece de continuar a sua tarefa de "incendiário" (ao lançar suspeitas para o ar).
Enternecedor! Concluo eu.
Meter-se em sarilhos escusados
O primeiro comunicado do Presidente da República a propósito das notícias envolvendo o BPN e em que o seu nome aparecia associado ao facto conhecido de personalidades ligadas ao BPN terem sido membros de governos por ele presididos começa a fazer mais sentido com o aparecimento de notícias como esta em que se dá conta de que José Oliveira e Costa, doou a título pessoal 15 mil euros para a campanha presidencial de Cavaco Silva. Não que, a meu ver, uma coisa tenha a ver a ver com outra, mas é compreensível por parte do Presidente da República algum incómodo com esta revelação, até porque ela surge associada a outra em que se dá conta de que na lista dos apoiantes da sua candidatura há "outros accionistas do BPN, entre eles Joaquim Coimbra, que terá feito a doação mais generosa, com mais de 22.482 euros".
Esse comunicado fazia sentido (repito-me) e agora mais ainda, pois tudo indica que a "campanha", na altura ainda não iniciada (e que o comunicado quis, porventura, prevenir) parece agora já estar em marcha.
Os esclarecimentos posteriores, tal como já aqui se referiu é que já não se podem considerar como muito avisados, se bem julgo.
Infelizmente, e para culminar, as últimas declarações do Presidente da República, após a audição concedida a Dias Loureiro, têm pouco a ver com a virtude da prudência. É que, quaisquer que sejam as responsabilidades de Dias Loureiro no caso BPN, do labéu de ingénuo ou incompetente já ninguém o livra, pois foi ele mesmo que se encarregou de se apresentar como tal na entrevista dada à RTP1 (ou, melhor dizendo, oferecida por esta). Ora, que o PR tenha vindo, nestas circunstâncias, reafirmar a sua confiança no conselheiro de Estado, Dias Loureiro, de tal forma que este não se sentiu na obrigação de renunciar ao cargo, é, pura e simplesmente, meter-se em sarilhos. E bem escusados, julgo eu.
Meter as mãos na massa é que é o diabo ...
A ruptura entre o Bloco de Esquerda (BE) e o vereador José Sá Fernandes, eleito para a Câmara de Lisboa, como independente nas listas daquele partido, revela, sob a capa de explicações mais ou menos claras, a incapacidade do BE em passar das palavras aos actos. Não é novidade, diga-se, mas este caso tem a virtualidade de o confirmar. Discursos, sim senhor, há por lá (BE) quem saiba fazer, assumir responsabilidades, comprometer-se com o concreto, em suma, meter as mãos na massa, é que é o diabo ...
Para o BE, o "Zé" já não faz falta. José Sá Fernandes, no entanto, não terá outra alternativa que não seja a de, como ele diz, e bem, "continuar a trabalhar". É para isso que foi eleito e o ser "independente" dá-lhe suficiente cobertura ética para prosseguir. A bem de Lisboa, claro.
Adenda:
Falar em perseguição política e em purga, como o faz Vitalino Canas, não me parece, porque, em bom rigor, purga não existiu, nem podia existir, porque Sá Fernandes é independente e perseguição é um termo demasiado forte para caracterizar uma situação de discordância, ou de simples ruptura, como é o caso.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Exigir o impossível ...
... parece ser a ideia dos sindicatos da Função Pública. Sabendo (porque suponho que sabem, pois os seus dirigentes ainda devem ter tempo para prestar atenção ao que se passa no mundo) a dimensão da crise que afecta toda a economia mundial, com todos os países desenvolvidos a braços com a recessão, a que Portugal, segundo as previsões da OCDE, não vai escapar, só se compreende a insistência dos sindicatos em recusar a proposta do governo, porque esperam que este, em ano de eleições, acabe por se vergar às suas exigências. É, porém, evidente para qualquer observador que o governo, se pecou, foi por se ter excedido na proposta e não o inverso. E também é claro que não tem margem de manobra para maior "generosidade", até porque os contribuintes a quem competiria pagar a factura de tal "generosidade"não estão certamente para aí virados, tanto mais que os funcionários públicos gozam ainda de uma situação de privilégio face aos demais trabalhadores deste país.
Exigir o impossível não é má ideia, mas só se for possível...
E, infelizmente, não é o caso.
Metro em Almada
O último troço do Metro Sul Tejo (MST) previsto na primeira fase do projecto é inaugurado amanhã numa cerimónia oficial que irá contar com a presença do ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Passados 19 meses sobre a inauguração da primeira linha do MST, em Abril de 2007, entre Corroios e a Cova da Piedade, o metro estender-se-á agora até Cacilhas, acrescentando seis paragens às treze já existentes.
Espera-se por estas bandas que o MST, com a inauguração do novo troço e a ligação a Cacilhas, deixe de ser, como tem sido até agora, o TGV (TREM GERALMENTE VAZIO) e passe a justificar os 400 milhões de euros (ou perto disso) que nele foram gastos.
Not good, but not so bad...(2)
Segundo as previsões de Novembro da OCDE, a economia portuguesa deverá conhecer no próximo ano, uma contracção de 0,2%, enquanto que a Zona Euro, segundo a mesma previsão, vai ter uma contracção do PIB bastante superior (0,6%).
É evidente que a notícia, ou melhor a previsão, não é boa, nem o mal dos outros nos deve servir de conforto, mas, em todo o caso, parece poder dizer-se que, face à conjuntura internacional, a economia portuguesa tem resistido bem melhor do que alguns esperariam.
Não posso garantir que o mérito seja do actual governo, mas, a meu ver, não fica mal ao primeiro-ministro salientar o facto de as previsões serem "menos negativas" que para outros países.
Qual o político que no lugar dele não o faria ? Pelo que tenho lido, há por aí muitas falsas "virgens" que julgam que somos todos parvos !
(Reeditada)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
A Judite "guerrilheira" está de volta !
Depois da entrevista a Dias Loureiro, ao estilo "à beira da lareira", Judite de Sousa regressou hoje, na entrevista ao governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, ao estilo "à guerrilheira" que já tinha ensaiado e praticado com a ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues. O que me leva a concluir que esta entrevistadora usa dois pesos e duas medidas: Se o entrevistado for amigo (lá de casa?) é só atenções e cordialidade; se o entrevistado não for da sua cor (política?) é vê-lo sob constantes rajadas de perguntas que mal dão tempo para articular uma resposta, como se o mais importante não fosse o que o entrevistado tem a dizer, mas sim o que ela (Judite) tem para perguntar ou argumentar (sim, que o descaramento da senhora chegou a este ponto).
Pergunta-se: Será que esta senhora sabe o que é deontologia profissional ? Duvido e talvez não fosse má ideia que alguém lhe desse umas luzes.
Pergunta-se: Será que esta senhora sabe o que é deontologia profissional ? Duvido e talvez não fosse má ideia que alguém lhe desse umas luzes.
Lince ibérico: A sobrevivência, como espécie, à vista ?
O governo regional da Andaluzia anunciou que, em 2008, nasceram no sul da Espanha 82 linces ibéricos (Lynx pardinus) número que ultrapassou as melhores expectativas.
(Notícia aqui, ou melhor, ici . A imagem tem a mesma proveniência)
(Notícia aqui, ou melhor, ici . A imagem tem a mesma proveniência)
Obviamente...
Luís Filipe Menezes considera que a hipotética candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência do PSD pressupõe o “insucesso eleitoral” do partido nas legislativas de 2009.
Isso é óbvio e até aqui já se deu conta disso. Só que Marcelo vai mais longe: Ele também não acredita que um novo líder ainda vá a tempo de evitar o "desastre". Nem ele, nem, pelos vistos, outros presumíveis candidatos ao lugar. E esse é que é o maior drama do PSD, nos dias que correm.
(Imagem daqui)
O guardião da moral pública
Arvorado em guardião da moral pública, Francisco Louçã, lamenta que o Presidente da República (PR), no comunicado de ontem, não se tenha pronunciado sobre se sustenta ou não a posição do Dr. Dias Loureiro, enquanto membro do Conselho de Estado, alegando Louçã que é uma questão institucionalmente relevante e muito importante.
Que é uma questão muito importante não há dúvidas sobre isso. Saber se o Presidente da República devia, para já, tomar uma atitude sobre a questão, é algo diferente e aí eu diria que não.
A exigência de um imediato pronunciamento por parte do PR, releva, a meu ver, de um excesso de "moralismo" que normalmente afecta os "guardiões do templo" (e Louçã faz muito esse estilo) "moralismo" que, por via de regra, dá origem a julgamentos apressados (figura a que sou alérgico, como já por aqui tenho dito mais que uma vez).
No caso concreto de Dias Loureiro, não excluo, antes considero provável, face às suas próprias declarações, que possam vir a ser-lhe pedidas responsabilidades, mas responsabilidades no plano cível, designadamente por "culpa in vigilando". Todavia, não há indícios, por ora, da existência de responsabilidades de natureza criminal. Sendo assim, parece-me evidente que qualquer tomada de posição por parte do PR pecaria por extemporânea e prematura. Antes de a justiça se pronunciar, qualquer atitude do PR sobre a matéria equivaleria a um julgamento antecipado. Não dispondo de dados para o efeito, tal julgamento seria, no mínimo, imprudente.
Já sobre o comportamento de Dias Loureiro, tenho entendimento diferente: Pedir a sua demissão de conselheiro de Estado para evitar incómodos ao PR era uma atitude que só lhe granjearia simpatia. Ficaria bem na fotografia, não tenho dúvidas e ganharia até mais espaço para defender a sua posição.
ADENDA: Entretanto, Dias Loureiro, veio afirmar que "se sentir que a situação se torna incómoda para o Presidente da República" avaliará sua posição e tomará o procedimento que achar necessário.
Bom, que a situação é incómoda para o PR, parece evidente. Será que Dias Loureiro continua a ter dificuldades em ver o que se passa à sua volta?
NOVA ADENDA: Este esclarecimento por parte da Presidência da República (no sentido de que o PR não tem poderes para demitir ou retirar confiança aos conselheiros de Estado) não adianta nem atrasa, nem tira nem põe, mesmo dando de barato que esta interpretação do Estatuto dos conselheiros de Estado seja a mais correcta. Uma coisa é "demitir ou retirar confiança", outra bem diferente é "pronunciar-se sobre". Não que me pareça que para já o deva fazer, pelo que acima ficou dito, mas a insistência no assunto por parte da Presidência da República, começa a ficar caricata.
(Imagem daqui)
(Imagem daqui)
Depois de 2009, logo se vê
Até às eleições de 2009, Marcelo Rebelo de Sousa, não será candidato à liderança do PSD. Depois de 2009, pela conversa dele, logo se vê.
Ou seja: Para Marcelo, as eleições em 2009 são um caso perdido para o PSD. Logo, nem ele, nem nenhum dos seus companheiros de partido se arrisca a substituir Manuela Ferreira Leite, até lá. Mesmo que para isso o professor tenha de ir dando algum apoio público à líder do partido, de preferência por meias palavras. Porque acreditar que Manuela Ferreira Leite possa levar o partido a bom porto, é claríssimo que o professor já não crê. Difícil seria, aliás, pensar o contrário e ele burro não é.
domingo, 23 de novembro de 2008
Humorista (colectado?)
O PCP, pela voz do líder parlamentar da bancada comunista, Bernardino Soares, congratulou-se com a decisão do PS de viabilizar a comissão de inquérito parlamentar sobre o caso BPN, mas avisou os socialistas contra qualquer tentativa de "pôr obstáculos" durante os seus trabalhos.
Estes "avisos" de Bernardino Soares têm muita graça. Será que o deputado comunista está colectado como humorista ?
Estes "avisos" de Bernardino Soares têm muita graça. Será que o deputado comunista está colectado como humorista ?
Abre e fecha (rápido !)
A biblioteca multimédia online da Europa "Europeana" tão depressa abriu, como fechou. A procura foi tanta que o site não aguentou. Lá para meados de Dezembro estará de volta, segundo se anuncia no site temporariamente inacessível.
E esta, hein!
Era só o que faltava...
... que os contribuintes também tivessem que pagar as dívidas dos clubes de futebol, como pretende o presidente da Liga de Futebol, Hermínio Loureiro!
Bem andou, pois,o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, ao afirmar que "jamais o Governo terá a ver com os salários em atraso ou poderá substituir-se no pagamento a quem deve salários". Até porque, como também muito bem disse, o Governo não intervém, nem pode intervir para impedir os clubes e jogadores de fazer contratos.
Quem não tem unhas não toca viola, digo eu. Ou, vendo a coisa por outro ângulo, quem quer luxos (ou pontapés na bola) que os pague!
Quem não se sente...
...não é filho de boa gente.
Não estaríamos propriamente perante uma campanha contra o "cavaquismo" como pretende Marco António da Costa, mas as associações feitas à pessoa de Cavaco Silva só pelo facto de José Oliveira e Costa (até agora, o único arguido do caso BPN) ter feito parte de um dos seus governos têm um pouco a ver com o chamado "jornalismo de sarjeta".
Justifica-se assim o comunicado da Presidência da República para pôr tudo em pratos limpos.
De falta de respeito por órgãos de soberania, já temos que baste! Um pouco de bom senso na comunicação social (e já agora noutros órgãos e funções) precisa-se!
Tenho para mim que neste país nem tudo é lama, graças a Zeus!
sábado, 22 de novembro de 2008
"Até já a formiga tem catarro"?
A entrevista falhada...
... ou de como o tiro lhes saiu pela culatra
A forma como Judite de Sousa conduziu a entrevista a Dias Loureiro (toda atenciosa para com este) indicia que a mesma foi ensaiada e preparada com o intuito de branquear a acção de Dias Loureiro enquanto administrador do BPN e do grupo da Sociedade Lusa de Negócios (SLN). E digo ensaiada, porque a entrevistadora já não é virgem nesse procedimento: De acordo com o "Expresso" de hoje, Judite de Sousa, antes da entrevista com a ministra da Educação (com quem teve um comportamento extremamente agressivo, bem contrastante com o observado perante Dias Loureiro) teve um prévio ensaio com Mário Nogueira, o dirigente da Fenprof. (Entre parêntesis, diga-se que esta notícia que vem justificar a posteriori o título dado ao "post" Judite de Sousa travestida de Mário Nogueira . Digam lá que não há premonições! Há, pelos vistos, pois até aqui batem à porta !)
Feito o parêntesis, retomemos o tema: O objectivo da entrevista não foi, porém, minimamente atingido e a entrevista foi mesmo contraproducente. Na verdade, ninguém ficou convencido de que Dias Loureiro não tenha responsabilidades pelo que se passou no BPN e no grupo SLN, seja ou não integralmente verdadeiro o que afirmou e seja qual for a natureza dessas responsabilidades. Para se chegar a tal conclusão basta ouvir dizer da boca de Dias Loureiro que o BPN era gerido sem reuniões do Conselho de Administração ou que "Oliveira e Costa tinha um método de gestão que era reunir com cada um em separado”. Como é que ele pactuou com tal procedimento que, sem margem para dúvidas, é irregular, como ele, como jurista, tinha obrigação de saber? Refira-se complementarmente que tal procedimento levanta um outro problema que é o de saber como é que, não reunindo o conselho de administração, se documentavam as decisões da competência do mesmo conselho. No mesmo sentido das responsabilidades de Dias Loureiro apontam também os negócios em Porto Rico em que esteve envolvido pessoalmente e relativamente aos quais ainda terá muito que contar e explicar se quiser merecer alguma credibilidade.
A entrevista foi também contraproducente (como já disse) porque ao alijar as suas responsabilidades, alegando que confiava neste (José Oliveira e Costa) e naqueloutros (auditores e supervisão), revelou que de duas uma: ou é ingénuo até ao extremo, ou então é pouco perspicaz, qualidades que, seja uma, seja outra, não o recomendam nem como político, nem como gestor de empresas.
ADITAMENTO: Depois desta entrevista falhada já não havia razão (se é que alguma vez houve) para o PS continuar a pôr obstáculos à audição parlamentar de Dias Loureiro. Saúda-se, por isso, a (ainda que tardia) decisão do grupo parlamentar do PS em viabilizar a comissão de inquérito parlamentar ao caso BPN.
ADENDA: O CDS-PP mostrou-se satisfeito com a viabilização por parte do PS da referida comissão de inquérito que, sublinhe-se, havia sido proposta por ele próprio. Tem razão para a satisfação manifestada, pois marcou pontos a seu favor.
NOVA ADENDA: O PCP apoia comissão mas não defende demissão de Dias Loureiro .
O PCP anda a "piar" tão de mansinho em relação a personalidades ligadas ao PSD (veja-se esta reacção e a de há dias em relação a Manuela Ferreira Leite) que dá para pensar que por aquelas bandas o importante é entalar o PS, pela esquerda e pela direita, para evitar uma nova maioria do PS nas próximas eleições. A estratégia é boa, se considerarmos que em política vale tudo. Pelos vistos, vale.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
O nacional "porreirismo"
Até acredito que Dias Loureiro está a ser sincero quando afirma que não participou, nem teve conhecimento de irregularidades no BPN, porque confiou sempre nas boas intenções e na boa gestão de José Oliveira e Costa e porque acreditava nos mecanismos de controlo do grupo. Tal facto, no entanto, não o iliba de per se, a ele e a outros administradores na mesma situação, de responsabilidades, pois é suposto que um administrador executivo acompanhe de perto a gestão das sociedades que administra e que não se limite simplesmente a confiar. Podem ter outros alibis, mas só a "confiança" não lhes serve de justificação.
Esta atitude de confiar por confiar pode ter duas explicações: uma tem a ver com o nacional "porreirismo" (este tipo é um gajo "porreiro", não há que duvidar e toca a andar para frente sem olhar para onde); a outra está ligada ao facto de alguns políticos, sem experiência de gestão (como julgo ser o caso de Dias Loureiro) transitarem para a administração de empresas ou de grupos, sem mais aquelas. Basta o nome e o ser conhecido na praça e, pronto, temos mais um gestor em funções. Ora, como é evidente, o nome na praça não é critério de selecção para nenhum cargo e menos ainda para o de gestor.
As eventuais responsabilidades de Dias Loureiro e de outros administradores na mesma situação derivam daqui mesmo: Não eram remunerados para confiar; eram pagos para gerir. Se confiaram e não geriram como lhes era exigível, terão que assumir as consequências dos seus actos e/ou omissões, acho eu.
Em relação a Dias Loureiro, há ainda, a meu ver, algumas questões abordadas na entrevista dada a Judite de Sousa [hoje muito atenciosa para com o entrevistado, ao contrário de ontem com a ministra da Educação (são dias !)] que carecem de explicações. É o caso, por exemplo, dos negócios em Porto Rico em que esteve pessoalmente envolvido. Outro caso prende-se com o facto de, segundo ele afirma, não haver reuniões do conselho de administração. Como é que ele pactuou com tal situação irregular, sabendo, como jurista, que, de acordo com o Código das Sociedades Comerciais, as decisões da administração são tomadas em conselho de administração, salvo nos casos previstos na mesma lei em que é admitida a delegação de competência?
(Reeditada)
O Prémio Ig Nobel da Educação
*
Lê-se e não se acredita até onde pode ir a desfaçatez de Mário Nogueira. Basta ler esta notícia para não haver dúvidas de que o Prémio Ig Nobel da Educação tem dono. Mário Nogueira, por estas declarações merece (e por outras do mesmo jaez já merecia, há muito) o honroso prémio. Desta vez, embora houvesse outros candidatos, não se vislumbram concorrentes à altura. Nestas condições, a atribuição é certa. Os votos estão, à partida, assegurados.
Possível, provável ...e desejável ?
O agravamento do défice público é não só possível, como é o mais provável. Face às previsões anunciadas, diria até que é mais que certo. Se esse resultado é também desejável, eu diria também que sim, se as medidas propostas pela Comissão Europeia visando a retoma da economia europeia, pela via de "estímulos pela via orçamental", forem, como se espera, no sentido de se poder ultrapassar o limite de três por cento estabelecido no PEC.
Sócrates é que mantém o seu optimismo inabalável. Se as suas previsões vierem a ser confirmadas pela realidade (hipótese em que não creio, pois não tenho a pretensão de ser tão optimista quanto ele) Sócrates ganha o Prémio Nobel da Economia. Pela certa!
Um discurso e um funeral (take 2) ...
...ou a colecção de "ironias" de Manuela Ferreira Leite (MFL):
"Ao desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia, isso ajudam. Ao desemprego de Portugal, duvido"
(Comentário de MFL quando questionada sobre se a realização de obras públicas poderia contribuir para a redução do desemprego. Ironia ou xenofobia?).
"Enquanto o sistema jurídico não for eficaz, o polícia está tranformado num palhaço, porque prende um indivíduo e meia hora mais tarde está na rua"
[A ironia é dirigida à polícia ou à justiça ? Porventura ao próprio PSD, que pode reivindicar (a justo título, porque nela tem colaborado) a sua quota parte na reforma da legislação penal ? ]
"Não pode ser a comunicação social a seleccionar a aquilo que transmite".
(A liberdade da comunicação social e, já agora, a ironia moram onde ?)
"Se eu já tivesse políticas, não as anunciava até ás eleições. Eram todas aproveitadas pelo PS".
(Ironia, tacanhez , ou, mais provavelmente, falta de ideias ? )
"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia... ". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se" ."E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".
(As últimas e as pretensamente mais irónicas "pérolas". Como a senhora ainda só há pouco quebrou o silêncio a que se dedicou durante largo tempo, é justificada a expectativa de enriquecimento da colecção.)
*
Não têm faltado, incluindo, além de vozes provindas do PSD, outras alinhadas à esquerda do PS (vozes estas que até compreendo, pois quanto mais o PSD se afundar, mais hipóteses terá o PS de conservar ou ampliar a vantagem que as sondagens lhe atribuem, o que não cola nada bem com a estratégia que o PCP e o BE delinearam com vista às próximas eleições) que tentam desvalorizar os sucessivos dislates de MFL, alegando, ou que estamos perante afirmações irónicas (que, infelizmente, só os muito argutos conseguem descortinar) ou que as palavras que ela profere não correspondem ao pensamento da senhora.
Não consigo encontrar (culpa minha, por certo) no discurso de MFL a muito subtil ironia que outros vêem, mas concedo, sem esforço, que as palavras da senhora podem não corresponder ao profundo do seu pensamento. É possível e provável, admito. Só que, se MFL diz o que não pensa e não diz o que pensa, é porque já não sabe o que diz. E, em tal caso, são sei o que é melhor para a sua credibilidade como política. Em qualquer das hipóteses, ela revela que não tem estofo e já não tem capacidade, nem para dirigir o PSD, nem muito menos para ter a pretensão de vir um dia a desempenhar as funções de primeiro-ministro.
Masoquismo
Quando muitas são as vozes que afirmam que o Governo ao propor aumentos salariais de 2,9% para a função pública, o fez com propósitos eleitoralistas, por considerarem excessivos tais aumentos na actual situação de crise, eis que os sindicatos não se conformam e voltam às manifestações.
É óbvio que o Governo, mesmo que reconheça que os trabalhadores da administração pública perderam poder de compra nos últimos anos, não pode ir mais além, sob pena de se perder o controlo das contas públicas que tanto esforço tem exigido aos portugueses e que, dizem os entendidos, é essencial para que a economia do país não derrape ainda mais do que aquilo que já é previsível, face à crise económica internacional que também nos irá afectar, como agora já é claro para toda a gente.
Os sindicatos, sabendo que a situação profissional dos trabalhadores da Administração Pública, quer em termos salariais, quer em matéria de estabilidade de emprego (conquanto já não tão famosa como em tempos idos) é bem melhor que a da grande maioria dos trabalhadores portugueses, revelam, com estes exercícios, que têm manifesta tendência para o masoquismo. É que, não podendo o governo ser mais "generoso" (até porque se o fosse cairia o Carmo e Trindade, em termos de opinião pública) é claro que com estas manifestações, os sindicatos mais não farão que não seja bater contra a parede. Mas há, pelos vistos, quem goste. A isso chama-se masoquismo.
ADENDA: Desta vez, alguém não soube fazer as contas e precisa urgentemente de umas lições de cálculo elementar: Na manifestação estiveram entre 3 mil a 4 mil pessoas, segundo a PSP, e 50 mil segundo a Frente Comum. Ou alguém (PSP) se deixou dormir durante a contagem, ou alguém (Frente Comum) tem lentes de aumentar. Como não vi, não sei, mas lá que os números duma e de outra parte nunca mais se vão encontrar tal a distância que os separa, é quase certo.
NOVA ADENDA: Confirma-se a primeira hipótese (PSP a dormir) pois esta entidade acabou de rever para 20 mil a 25 mil o número de manifestantes.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
O PSD que se cuide...
... caso contrário, o CDS ainda lhe passa a perna!
Na questão da avaliação dos professores, como no caso do BPN, (são exemplos), o CDS tem mantido uma postura que, concorde-se ou não com ela, é responsável e é coerente, ao contrário da do PSD e da sua líder que estão fartos de dar cambalhotas, num caso e noutro. Além do mais, diga-se. A manter-se o comportamento errático da presidente do PSD e do seu inner circle, não me admiraria muito uma nova ressurreição do CDS de Paulo Portas.
Judite de Sousa travestida de Mário Nogueira
Acabo de ver a entrevista da ministra da Educação, conduzida por Judite de Sousa, que, pelo seu comportamento agressivo para com a entrevistada, mais parecia estar a fazer o papel de uma sindicalista enraivecida do que o de entrevistadora.
O Mário Nogueira já tem concorrente e deve começar a ficar preocupado. E tem razões para isso: Judite de Sousa está a preparar-se para o substituir. O seu comportamento assim o indicia. Ele, Mário Nogueira, que se ponha a pau!
O Mário Nogueira já tem concorrente e deve começar a ficar preocupado. E tem razões para isso: Judite de Sousa está a preparar-se para o substituir. O seu comportamento assim o indicia. Ele, Mário Nogueira, que se ponha a pau!
A corda parte mesmo ?
Os sindicatos dos professores mantêm a sua posição de contestação ao modelo de avaliação e, assim sendo, parece que, pela parte deles, o esticar da corda vai continuar. Pelos vistos, até que a corda parta.
Só que, com o partir da corda, os oponentes vão todos parar ao chão (isto é seguro) mas já não é seguro saber quem sairá mais magoado do trambolhão !
Os árbitros (os pais dos alunos e os portugueses) decidirão. Pessoalmente já decidi. Os sindicatos (e os partidos que oportunisticamente os apoiam) não vão sair ilesos desta "guerra" (digo eu, mas este termo não é meu).
A justiça chega tarde, mas chega ?
Ao que parece, a justiça desta vez vai a caminho. Depois de tanta denúncia e acusação na praça pública, a detenção de José Oliveira Costa (afinal, aqui tão perto) parece demonstrar que a justiça, embora lenta, ainda mexe. Aguardam-se os desenvolvimentos que, pelo andar da carruagem, ainda a procissão vai no adro.
Actualização: A detenção e o começo da audição do arguido no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, para fixação de medidas de coacção, estão confirmados: aqui.
Nova actualização: José Oliveira e Costa vai ficar em prisão preventiva. Assim o decidiu o juiz Carlos Alexandre do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, depois de terminado o interrogatório do arguido.
Continuaremos a seguir, com natural curiosidade, os desenvolvimentos posteriores, até porque casos de ex-banqueiros presos não são frequentes, como é sabido.
De tanto esticão, a corda parte ?
Depois de tanto esticão, mais este. Será que a corda parte ?
Dentro de momentos vamos ficar a saber: A conferência de imprensa do conselho de ministros extraordinário sobre o processo de avaliação dos professores está marcada para as 18h00, e contará com a presença da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues.
Pelo que se tem visto, é evidente que pela parte dos sindicatos, a corda é mesmo para partir, sejam quais forem as consequências. Veremos se o governo ainda é capaz de dar a volta e remendar a corda. O país agradece.
Actualização: As medidas anunciadas pela ministra da Educação após a reunião do conselho de ministros (simplificação e clarificação de alguns itens das fichas de avaliação; observação de aulas apenas para os professores que queiram obter a classificação de "muito bom" e excelente", bem como a sua redução de 3 para 2; a não contagem para efeitos de avaliação dos professores das notas obtidas pelos alunos, bem como do abandono escolar; a possibilidade de o professor poder requerer um avaliador da sua área específica a quem reconheça competência; a compensação no horário dos professores avaliadores pelas horas gastas no processo de avaliação) são todas elas de aplaudir. A resposta do governo parece-me, pois, a adequada: Não prescinde dos princípios (a meu ver, bem) mas torna bem mais exequível a avaliação que todos dizem defender. A ver vamos !
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Os Limites do Planeta
"L'homme atteint les limites de la planète : les énergies fossiles s'épuisent, les matériaux sont dispersés, la biodiversité de même, ... La liste est longue et connue.
Les rendements décroissants constituent un des problèmes majeurs de la science économique : tout développement d'une activité s'appuie sur des ressources moins performantes, car les plus performantes sont utilisées en premier.
Quand un système atteint ses limites, ce sont le plus souvent les derniers développements qui sont de fait les premières victimes. Ainsi, la construction des chemins de fer classiques s'est arrêtée avec la deuxième guerre mondiale. Ensuite, avec la concurrence de la voiture, les dernières lignes construites furent les premières à être fermées, certaines n'étant même pas achevées.
Atteindre les limites de la planète a ainsi de profondes conséquences économiques au regard de cette sorte de fatalité des rendements décroissants. Plongeons dans un examen prospectif en appliquant l'idée que les premières victimes sont les derniers développements :
- En agriculture, la rareté des engrais issus du pétrole ainsi que l'impossibilité d'étendre les terres à outrance du fait de la démographie va inciter à réduire fortement la partie au rendement le plus faible : la production de viande. Il faudra donc s'habituer à manger moins de viande et garder ça comme un plaisir raffiné.
- Dans les transports, le mode le plus énergivore, à savoir la voiture individuelle, va forcément se réduire. Elle ne soutient pas la comparaison avec le vélo, la marche ou le transport collectif. L'automobile va d'abord s'alléger, économiser l'énergie mais à terme elle perdra aussi beaucoup de son individualité. Dans le transport collectif, l'avion devra se restreindre aux voyages vraiment importants.
- Dans l'habitat, l'espace de logement par habitant va se réduire, surtout dans les pays développés où la disponibilité de l'énergie et des matériaux avait permis de construire à la demande dans un souci de confort toujours renouvelé allant souvent au-delà des besoins réels.
- Les produits matériels de consommation vont aussi progressivement subir le jeu de leur réelle utilité. Tous ceux qui se fabriquent actuellement à foison, à bas prix et qu'on achète "au cas où" ou "comme ça" seront les premiers à ne plus être fabriqués.
- Le territoire, en lien avec les transports et l'habitat, va subir lui aussi de profondes transformations. L'habitat périurbain, moins bien placé que l'urbain mais que l'on colonisait grâce à la voiture, se retransformera en champs. Le rural, lui, retrouvera une jeunesse, car il faudra plus de bras dans l'agriculture. Les villes se densifieront sans plus s'étendre.
Le tableau ainsi dressé n'est constitué que des conséquences logiques d'une hypothèse : l'atteinte des limites. Il suppose aussi une linéarité de l'Histoire, ce qu'elle n'est jamais vraiment. Des évènements peuvent infléchir son cours, l'accélèrer ou le devier. Mais si les limites sont atteintes, je vois mal comment ces conséquences pourraient être totalement évitées.
Une réponse est de dire que non, par exemple d'autres sources d'énergie viendront en remplacement : éolien, solaire, nucléaire, ... Mais les unes sont adaptées à du local alors que le pétrole est une énergie solaire concentrée et transportable, les autres déplacent le danger. Ces énergies vont influer mais sans doute pas assez pour infirmer l'hypothèse.
Ces conséquences économiques et de mode de vie ont aussi des profondes incidences sur des comportements de tous les jours.
- L'éthique économique serait amenée à changer : si je suis conscient des limites, il me sera difficile d'accepter les voyages superflus en avion, les très grands logements pour peu de personnes, ... surtout si je peux personnellement me les payer mais que je m'en abstiens volontairement.
- La propriété elle-même peut évoluer. Une telle notion est fondamentale depuis des siècles parce qu'il y avait toujours de la place plus loin pour l'acquérir à force de travail. Atteindre les limites la remet en question parce que le partage ne pourra plus guère se faire sur ce qui sera (ce qui est très pratique), mais sur ce qui est (ce qui l'est moins).
- Le rapport au temps ne peut rester le même : par exemple l'impact énergétique d'une livraison pressée ou non n'est pas du tout le même. Sous la contrainte, l'urgence désertera l'accessoire.
- La performance, l'efficience instantanées seront relativisées. Les limites inciteront à redécouvrir la notion de temps long.
Le tableau est ici forcément incomplet. Il n'intègre même pas l'effet en retour sur l'économie et son organisation.
Mais, pour résumer, l'éthique utilitariste (maximisation du bonheur) sous-jacente dans notre société devra passer d'une maximisation du développement à une maximisation du durable, au lieu de vouloir à toute force accoler les deux notions."
Les rendements décroissants constituent un des problèmes majeurs de la science économique : tout développement d'une activité s'appuie sur des ressources moins performantes, car les plus performantes sont utilisées en premier.
Quand un système atteint ses limites, ce sont le plus souvent les derniers développements qui sont de fait les premières victimes. Ainsi, la construction des chemins de fer classiques s'est arrêtée avec la deuxième guerre mondiale. Ensuite, avec la concurrence de la voiture, les dernières lignes construites furent les premières à être fermées, certaines n'étant même pas achevées.
Atteindre les limites de la planète a ainsi de profondes conséquences économiques au regard de cette sorte de fatalité des rendements décroissants. Plongeons dans un examen prospectif en appliquant l'idée que les premières victimes sont les derniers développements :
- En agriculture, la rareté des engrais issus du pétrole ainsi que l'impossibilité d'étendre les terres à outrance du fait de la démographie va inciter à réduire fortement la partie au rendement le plus faible : la production de viande. Il faudra donc s'habituer à manger moins de viande et garder ça comme un plaisir raffiné.
- Dans les transports, le mode le plus énergivore, à savoir la voiture individuelle, va forcément se réduire. Elle ne soutient pas la comparaison avec le vélo, la marche ou le transport collectif. L'automobile va d'abord s'alléger, économiser l'énergie mais à terme elle perdra aussi beaucoup de son individualité. Dans le transport collectif, l'avion devra se restreindre aux voyages vraiment importants.
- Dans l'habitat, l'espace de logement par habitant va se réduire, surtout dans les pays développés où la disponibilité de l'énergie et des matériaux avait permis de construire à la demande dans un souci de confort toujours renouvelé allant souvent au-delà des besoins réels.
- Les produits matériels de consommation vont aussi progressivement subir le jeu de leur réelle utilité. Tous ceux qui se fabriquent actuellement à foison, à bas prix et qu'on achète "au cas où" ou "comme ça" seront les premiers à ne plus être fabriqués.
- Le territoire, en lien avec les transports et l'habitat, va subir lui aussi de profondes transformations. L'habitat périurbain, moins bien placé que l'urbain mais que l'on colonisait grâce à la voiture, se retransformera en champs. Le rural, lui, retrouvera une jeunesse, car il faudra plus de bras dans l'agriculture. Les villes se densifieront sans plus s'étendre.
Le tableau ainsi dressé n'est constitué que des conséquences logiques d'une hypothèse : l'atteinte des limites. Il suppose aussi une linéarité de l'Histoire, ce qu'elle n'est jamais vraiment. Des évènements peuvent infléchir son cours, l'accélèrer ou le devier. Mais si les limites sont atteintes, je vois mal comment ces conséquences pourraient être totalement évitées.
Une réponse est de dire que non, par exemple d'autres sources d'énergie viendront en remplacement : éolien, solaire, nucléaire, ... Mais les unes sont adaptées à du local alors que le pétrole est une énergie solaire concentrée et transportable, les autres déplacent le danger. Ces énergies vont influer mais sans doute pas assez pour infirmer l'hypothèse.
Ces conséquences économiques et de mode de vie ont aussi des profondes incidences sur des comportements de tous les jours.
- L'éthique économique serait amenée à changer : si je suis conscient des limites, il me sera difficile d'accepter les voyages superflus en avion, les très grands logements pour peu de personnes, ... surtout si je peux personnellement me les payer mais que je m'en abstiens volontairement.
- La propriété elle-même peut évoluer. Une telle notion est fondamentale depuis des siècles parce qu'il y avait toujours de la place plus loin pour l'acquérir à force de travail. Atteindre les limites la remet en question parce que le partage ne pourra plus guère se faire sur ce qui sera (ce qui est très pratique), mais sur ce qui est (ce qui l'est moins).
- Le rapport au temps ne peut rester le même : par exemple l'impact énergétique d'une livraison pressée ou non n'est pas du tout le même. Sous la contrainte, l'urgence désertera l'accessoire.
- La performance, l'efficience instantanées seront relativisées. Les limites inciteront à redécouvrir la notion de temps long.
Le tableau est ici forcément incomplet. Il n'intègre même pas l'effet en retour sur l'économie et son organisation.
Mais, pour résumer, l'éthique utilitariste (maximisation du bonheur) sous-jacente dans notre société devra passer d'une maximisation du développement à une maximisation du durable, au lieu de vouloir à toute force accoler les deux notions."
(Por Yves Tresson - Le Monde.fr)
Monsieur de la Palisse no BCE
Quanto pior, melhor...
Podem os professores dizer o que muito bem entendam, mas é evidente que este senhor (Mário Nogueira) não está minimamente preocupado com a resolução dos problemas da educação e dos professores. O que lhe interessa, está visto, é o conflito. E quanto pior melhor! Agora, até abandona as reuniões com a ministra da Educação. E a arrogante é ela ? Tenham dó!
ADENDA: Em socorro da tese aqui defendida, o ministro Augusto Santos Silva acusa a Fenprof de ter uma "agenda" de "posições extremistas" e que "apostam no agravamento do conflito".
Obrigado, senhor ministro, pela ajuda !
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Como sopas no mel ...
Em dia de divulgação das previsões do Banco de Portugal que reviu em baixa o crescimento económico deste ano, calculando que o aumento do Produto Interno Bruto se ficará por 0,5 % (previsão que, não sendo propriamente inesperada, nem por isso deixa de ser pouco agradável para o Governo e mais ainda para o país) as declarações de Manuela Ferreira Leite (ver aqui) caíram que nem sopas no mel, para o PS e para Sócrates. Olá se caíram !
Grande amiga !
Oh diabo !
A coisa complica-se ...
Aditamento: As audições de Dias Loureiro e de Miguel Cadilhe, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, reclamadas pelo PCP e pelo BE, passam a fazer todo o sentido, se é que já antes o não faziam. A meu ver, a resposta é sim.
Novo aditamento: Que o assunto BPN se estaria a complicar, com a notícia sobre a participação de Dias Loureiro na compra das empresas em causa, parecia-me evidente. Contudo, não me parece que se justifique, para já, o apelo de Francisco Louçã para que Dias Loureiro se demita de conselheiro de Estado. Estes julgamentos apressados continuam a causar-me alergia. O homem ainda não foi ouvido (e ele até pediu para ser ouvido na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças) e já está condenado ?
A precipitação nunca é boa conselheira e é sempre censurável, mas o julgamento apressado de quem tem responsabilidades políticas, como é o caso de Louçã, é, a meu ver, prova de imaturidade.
A finíssima ironia !
Afinal, segundo o secretário-geral do PSD, Marques Guedes, as palavras de MFL a que se refere o "post" anterior têm de ser entendidas como uma crítica que a senhora estava a fazer à política do Governo, pois (cito) "Manuela Ferreira Leite estava a fazer uma crítica à forma autoritária, errada, de governar do engenheiro Sócrates e deste Governo e ao fazer essa crítica ilustrou-a com aquilo que ela acha que não se deve fazer" .
A senhora, segundo Marques Guedes, serviu-se, para criticar o Governo, da figura da ironia. Pena é que a ironia tenha sido tão fina, tão fina, que ninguém se apercebeu disso !
Neste caso lamentável, não sei o que é melhor: se "o soneto" se a "emenda". Seja como for, o PSD está bem servido ! Helas !
Um discurso e um funeral
"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...", "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se" e "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia" são afirmações de Manuela Ferreira Leite proferidas hoje durante um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana.
Depois de tantas outras afirmações por ela proferidas reveladoras de uma péssima economista e de um espírito tacanho, surge agora este discurso que, mesmo para um partido como o PSD (que ela lidera), é inaceitável, estou certo.
A senhora, com tal discurso, encarregou-se de fazer o seu próprio funeral. Como presidente do PSD, está visto.
ADENDA 1: Para Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP "Estas declarações são naturalmente infelizes e despropositadas” . Tão meigo ? Será que depois da convergência entre os dois partidos (PSD e PCP) a propósito das manifestações dos professores, temos à vista um conúbio entre os dois? Só faltava mais esta !
ADENDA 2: Por sua vez, o PS acusa Ferreira Leite de falta de cultura democrática e cívica . É o mínimo que se pode dizer, pois estamos perante um verdadeiro escândalo !
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Excelente ideia !
Excelente ideia, se a intenção for a de aumentar a animosidade dos pais dos alunos e da população em geral, em relação à luta dos professores contra a avaliação de desempenho. Modesta opinião deste escriba que vale o que vale.
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