quarta-feira, 11 de julho de 2012

Em defesa de Relvas

É verdade. Forçado pelas evidências, tenho que rever o meu "discurso" sobre (o escandalosamente ainda ministro) Relvas. E começo por riscar a expressão que tenho vindo a usar. 
A revisão impõe-se de facto.
Por um lado, é cada vez mais evidente, à medida que o tempo passa, que se Passos/Coelho ainda não mandou Relvas passear para um qualquer relvado é porque não pode dispensá-lo. Se pudesse, perante tanto caso, suposta ou realmente,  escandaloso, já o teria feito, porque os danos causados, justa ou injustamente, na imagem do governo a que preside, são indesmentíveis.  E se não pode, impõe-se a conclusão, é porque Relvas é o esteio que impede que um Passos/Coelho desapoiado se estatele no chão, com todas as possíveis consequências. Já se imaginou o estado em que ficaria o pais, se depois do tombo, o primeiro-ministro ficasse impossibilitado de exercer as suas funções, nem que fosse só temporariamente? Ora este serviço que Relvas presta ao país, que é o de servir de esteio a Passos/Coelho, é inestimável.  Não sei se o país estará em condições de o compensar devidamente por tão altos serviços, mas, pelo menos, Relvas tem o direito a que os portugueses reconheçam os seus méritos. 
Por outro lado, ao ler o parecer (disponibilizado pelo "Público" aqui) que serviu base à atribuição das equivalências a Relvas para obtenção da licenciatura em Ciência Política (e ainda em mais qualquer coisa) desvaneceram-se de vez as dúvidas que ainda mantinha sobre o rigor da atribuição das equivalências. Há quem ponha em causa a transparência e o rigor da fundamentação do parecer, mas a meu ver, sem razão. Se atentarmos bem, ver-se-á que o parecer até não valorizou suficientemente as competências de Relvas, em particular, numa  "área essencial para o domínio científico a que o candidato concorre, a do marketing político".  O autor, honra lhe seja feita, deu-se conta, em face do currículo apresentado, da existência das competências do candidato nessa área, que  até considera essencial, mas não lhes deu, como lhe cumpria, a importância devida. Se essas competências tivessem sido devidamente valorizadas até se teria por inteiramente justificado que a Lusófona tivesse atribuído o grau de licenciado sem a exigência de realização de qualquer cadeira. Não procedeu assim e, a meu ver, mal, porque, em boa verdade, até havia fundamento para a atribuição do grau de mestre ou de doutor, graus que, todavia, Relvas não pediu, o que só pode ser levado à conta de modéstia. É mais um ponto a seu favor, como é óbvio. Façam o favor de anotar.
É verdade que o autor do parecer não podia adivinhar, só pelo currículo disponível na ocasião, até que ponto iam as competências de Relvas na área do marketing político porque essas competências só se viriam revelar, em toda a sua real dimensão, a posterior, ou seja, com o seu envolvimento na candidatura de Passos/Coelho a presidente do PSD e, posteriormente, durante a campanha para as últimas legislativas, pois em ambas as ocasiões conseguiu a façanha de contribuir para a eleição de alguém que, já nessas alturas, era considerado, até por companheiros do seu partido, como um político fraco. Ou, se preferirem, um fraco político. É como queiram.
Resultados como estes só estão ao alcance de um sobredotado, ou melhor, de um verdadeiro  "génio" em marketing político!
Querem mais, em defesa de Relvas? É que há mais, sim senhor. Já em 1997 ele era considerado "um verdadeiro artista". Ora vejam!

(Imagem daqui)

2 comentários:

antonio ribeiro disse...

Uma vergonha política e moral, a juntar-se a uma vergonha técnica consubstanciada nos colossais falhanços macro económicos do louco das finanças.Derrapagem do défice, derrapagem do desemprego, derrapagem da dívida, todos os principais indicadores estão piores que há um ano. E o compadrio continua, desde o arnaut,que tendo tido papel importante , como advogado do estado, no estabelecimento da regulação das eléctricas, passa directamente à gestão da REN, até ao rapaz do CDS contratado para assessorar o governo. Uma podridão.

Anónimo disse...

...palavras para quê, se as ações estão aí! Excelente o teu post!!!
Ginginha