quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cavaco, a direita, o PS e o interesse nacional

Sob a invocação do "interesse nacional" Cavaco veio "impor" aos partidos do governo e ao PS a celebração de um "compromisso de salvação nacional" que, por muito estranho que possa parecer, tem tem fortes hipóteses de vir a ser subscrito pelo PS.
Digo muito estranho, porque qualquer que venha a ser o desenho final do famigerado  "compromisso", este não tem em vista o "interesse nacional", pois não passa de um expediente que permita salvar a pele de Cavaco e do seu governo de direita que, tendo abraçado, levianamente, o caminho da austeridade "custe o custar", estão, nesta altura, metidos num atoleiro até ao pescoço. 
O "interesse nacional" perfilhado por Cavaco e pela direita que o elegeu confunde-se sempre com os seus próprios interesses. E, se dúvidas houvesse bastaria atentar no que se passou nos idos de Março de 2011. Nessa altura, Cavaco e a direita, recusaram a aprovação do PEC IV forçando, com tal recusa, a demissão do então primeiro-ministro José Sócrates e a queda do Governo PS, quando estava mesmo à vista que o "interesse nacional" passava pela aprovação do PEC IV, aprovação que teria evitado a entrada da troika no país com todo o cortejo de desgraças que se lhe seguiram.
Cavaco e os partidos da direita não viram então as coisas por este prisma e, por isso, não quiseram salvar o país da humilhação resultante da intervenção da troika. Ontem, como hoje, o "interesse nacional" que invocam não se distingue do seu próprio interesse, que, na altura, ditava que o importante era que o "pote" do poder lhes caísse nas mãos o mais depressa possível. Como, de facto, veio a acontecer.
António José Seguro tem, pelos vistos, fraca memória. Só a falta de memória pode explicar que Seguro alinhe com Cavaco e com os partidos do governo nesse tal "compromisso" que põe sem dúvida em causa tudo aquilo que o próprio PS defendia como sendo do interesse nacional. Este, a crer nas declarações proferidas pelo PS, nos últimos tempos, passava pela queda deste governo e pela realização imediata de eleições antecipadas.
Pelos vistos, Seguro, além de fraca memória, também tem um conceito volátil do que seja o  "interesse nacional".
Cá se fazem, cá se pagam. Tão certo como 2 e 2 serem 4.


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