O debate sobre o estado da Nação foi mais propriamente um debate sobre o estado a que isto chegou: um estado, sem dúvida, lamentável em que os principais actores políticos mais não fazem que representar uma cena de pantomina. Passos Coelho faz de conta que tem a sua legitimidade e a sua credibilidade intacta, como se não tivesse sido desautorizado e humilhado publicamente pelo presidente da República; Portas profere o discurso de encerramento como se não fosse um ministro demissionário; e até Cavaco Silva se lembra de emitir, durante o debate, um comunicado em que exige aos partidos que concluam num prazo muito curto as negociações tendentes à celebração do "compromisso de salvação nacional", como se os termos desse compromisso estivessem já minimamente estabelecidos e como se a celebração de tal compromisso fosse um dado assente. Que não é.
Disse pantomina, mas deveria antes falar de teatro do absurdo, pois os últimos desenvolvimentos políticos se para algum lado apontam é para o absurdo da situação em que o país vive. País que, por esta altura, é um pântano onde existe um presidente da República que vai além dos seus poderes, mas não usa os que a Constituição lhe confere; um governo que é assim, mas que quer ser assado; e uma oposição que não se une e, como tal, não ata, nem desata.
Belo estado a que isto chegou!
1 comentário:
Cavaco esteve tanto tempo caladinho e agora abriu a boca para meter o pé na argola.
Como venho dizendo há temos, isto vai acabar (muito) mal!
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