sábado, 13 de julho de 2013

"Resmas" de bom senso

Precisam-se para entrega urgente no Palácio de Belém. 
Cavaco tinha na mão duas soluções bem simples e facilmente exequíveis para resolver a crise política originada com a demissão de Gaspar e com o pedido de demissão de Portas:  ou dava seguimento à remodelação proposta por Passos Coelho, caso mantivesse a confiança no governo saído da actual coligação, ou, no caso contrário, dava a palavra ao povo, convocando de imediato eleições antecipadas. Qualquer destas soluções, ainda que contestáveis, ou à direita, ou à esquerda, conforme a opção, era inteligível. A solução por que optou para além de incompreensível é, de longe, a mais prejudicial ao país, porque o lança num caos que se pode prolongar indefinidamente, situação que não desagrada, por certo, aos especuladores que apreciam águas turvas, onde encontram o melhor ambiente para fazer os seus negócios. Para além de excelente para especuladores, a proposta de Cavaco também pode ser vista como uma forma de o próprio não assumir as responsabilidades que sobre ele impendem. Lançando sobre os partidos a responsabilidade de encontrarem uma saída para a crise, Cavaco lava uma vez mais as mãos como Pilatos. Suponho que não foi para isso que ele foi eleito.

Se não for pedir muito, convém que na encomenda venham também "resmas" de coragem para entrega a António José Seguro para que ele seja capaz de recusar um acordo que é, a todas luzes, prejudicial para o partido que dirige e, o que é mais importante, para o país. Não curando agora dos riscos que o PS corre se alinhar no compromisso que Cavaco propõe, porque são mais que evidentes, há que reiterar com firmeza que o povo português precisa e tem direito a que lhe sejam apresentadas alternativas claras pelas quais possa optar. A democracia não se compadece com soluções pré-formatadas que, no essencial, é o que Cavaco propõe. Negociações, se delas houver necessidade, só depois de eleições em que o povo tenha tido a possibilidade de dizer livremente o que quer. 
Se Seguro não quiser ser cilindrado pelos manhosos no poder, não pode exigir outra coisa que não seja a realização imediata de eleições e sem condições prévias. Se Cavaco não quiser seguir por aí, que assuma ele a responsabilidade de manter a actual coligação no poder, pois a decisão cabe-lhe a ele. Seguro só tem que ter a coragem de devolver a bola a Belém. Parece-me que nem  é preciso ter muita coragem para dar um tal chuto. 

2 comentários:

luis disse...

Caro Francisco, não posso estar mais de acordo. Já o escrevi no meu blog. Cavaco, mais uma v ez, provou a incompetência que é e sempre foi.

folha seca disse...

Caro Francisco Clamote
Parece que há em geral uma diminuição no numero de comentários na Bloga. Pelo que vejo não se trata de diminuição de visitas, mas concordâcia ou discordância "muda".
Neste caso concordo em absoluto consigo o que em geral acontece.
Abraço
Rodrigo