Pela boca do deputado Duarte Pacheco, o PSD veio manifestar a sua estranheza pelo facto de o PS ter anunciado que vai votar favoravelmente a moção de censura apresentada pelo partido "Os Verdes", Baseando a estranheza no facto de o PS ter aceite o repto do presidente da República para participar nas negociações tendentes à celebração de um "compromisso de salvação nacional".
O deputado Duarte Pacheco não deixa de ter alguma razão para falar em "estranheza", mas mais estranho seria que o PS, que já apresentou, ele mesmo, idêntica moção, visando o derrube do governo e que não cessa de reclamar a realização eleições antecipadas, não se manifestasse agora a favor da moção de "Os Verdes"
Onde porém reside o maior motivo para estranheza é no facto de o PS ter cedido à chantagem do presidente da República ao aceitar participar nas referidas negociações que, diga-se, mais não são do que um expediente para Cavaco se eximir às suas próprias responsabilidades.
Cheguem ou não tais negociações a bom porto, só o simples facto de ter aceite participar nelas já é um sinal de fraqueza. António José Seguro se queria ser tido na conta de um líder à altura das circunstâncias, teria apenas que dizer não.
Cavaco é hoje um presidente em acelerada perda de influência e as ameaças que deixou subentendidas na sua declaração não são sequer para levar a sério, pois o povo também já o não leva a sério. Por isso, para recusar a chantagem, nem era necessária uma grande dose coragem. Pelos vistos e lamentavelmente, Seguro nem essa pequena dose possui.
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