Paulo Portas arrisca-se, com a sua decisão de recusar a escala, em território português, do avião do Presidente boliviano, Evo Morales, a ser "queimado" como tem vindo a acontecer com a bandeira portuguesa, um facto inédito, em tais paragens.
Para não importar um problema, como ele disse na Assembleia da República, Portas, enquanto ainda ministro demissionário do governo, criou sérias dificuldades no relacionamento a curto e a longo prazo com os países da América Latina.
Obedecendo às pressões do "amigo" americano, Portas, ao impedir "a importação do problema", até pode ter seguido a orientação do governo no que respeita à restrição das importações, mas esqueceu o pormenor de que os países da América Latina além de serem países amigos (sem aspas) estavam a ser, no seu conjunto, um destino cada vez mais importante para as exportações portuguesas.
Mesmo pondo de parte a relação import/export, a decisão de Portas só pode ser vista como desastrosa. A imagem de Portugal ficou indelevelmente manchada em toda a América Latina. Que outra razão pode haver para a bandeira portuguesa andar ali a ser queimada, a não ser para lavar a mancha?
O respeito e a amizade dos outros povos não se alcançam sem tempo e sem esforço. Para os destruir basta uma decisão impensada e mal explicada, como esta.
No deve e haver da política, Portas, com esta decisão, saiu a perder. Se Portas, que já é consensualmente tido como um político não confiável, com esta decisão, revelou que a sua inteligência, melhor dito, a sua esperteza também não está à altura da fama.
Diga-se que pouco importa que Portas não tenha ganho louros com a decisão que tomou, porque o que releva é o facto de Portugal ter perdido a amizade e o respeito de um sem número de países duma parte do globo muito importante para a diplomacia portuguesa.
Se este governo tiver alguma dúvida sobre este ponto, que faça a experiência. Candidate-se a um qualquer lugar com importância na cena internacional e veja se consegue repetir os êxitos alcançados durante os Governos de José Sócrates.
À cautela, digo eu, o melhor é nem tentar. Os bons tempos daquele tempo já eram!
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