Se é que alguém ganhou com o acordo, em sede de concertação social, não foram seguramente os trabalhadores, pois as medidas gravosas pendem todas para o seu lado (mais dias de trabalho, perda de remuneração, emprego menos estável, diminuição do montante e da duração do subsídio de desemprego).
Assim sendo, seria suposto que o governo e o patronato tivessem obtido algum ganho: pelo lado da diminuição da conflitualidade laboral e pelo lado do aumento da produtividade e da competitividade da economia.
Os ganhos podem, no entanto, revelar-se ilusórios, a breve trecho, e não falta quem, desde já, o antecipe.
De facto, não parece que a participação da UGT na assinatura do acordo sirva para o legitimar perante os trabalhadores. E sendo assim, não estou a ver como é que o acordo vai estancar ou diminuir a conflitualidade laboral. Mais provável é, a meu ver, que o envolvimento da UGT sirva de incentivo à radicalização das posições da CGTP, a central sindical com maior implantação e, de longe, com maior influência no mundo do trabalho.
Não falta também quem considere que o acordo não vai trazer melhorias no plano da produtividade e da competitividade. Alega-se, e com razão, que uma e outra passam, antes de mais, pela motivação dos trabalhadores, pela capacidade da gestão, por uma boa organização empresarial e pela inovação. Os baixos salários podem agradar a alguns patrões, mas têm, exactamente, o efeito contrário: desmotivam os trabalhadores* e são um incentivo para que as empresas pouco eficientes não inovem, nem melhorem a sua gestão. Nestas condições, para que uma tal receita traga benefícios à economia portuguesa, seria preciso um milagre. E, francamente, estes já passaram de moda.
* O acordo não contribuiu para a desmotivação dos trabalhadores apenas através da baixa dos salários. O governo encontrou ainda outra forma que foi diminuir o número de dias de férias aos trabalhadores mais empenhados e, logo, mais assíduos. Se não estamos perante uma aposta forte e propositada na desmotivação, até parece.
* O acordo não contribuiu para a desmotivação dos trabalhadores apenas através da baixa dos salários. O governo encontrou ainda outra forma que foi diminuir o número de dias de férias aos trabalhadores mais empenhados e, logo, mais assíduos. Se não estamos perante uma aposta forte e propositada na desmotivação, até parece.
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