sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Opto pelo gravador*


"O discurso de ano novo do Presidente tem sido uma oportunidade de ouro para os portugueses distraídos perceberem melhor o seu país. Os cidadãos do país cujos salários estão entre os mais baixos da Europa e cuja taxa de desemprego é das mais altas, interrogam-se periodicamente acerca dos tempos em que vivem. Serão estes tempos muito fáceis, ou apenas moderadamente fáceis? Por sorte, todos os anos, o Presidente da República revela os resultados da análise exaustiva que fez a Portugal e comunica a todos que, na sua opinião, estes tempos são difíceis. E trazem consigo dificuldades. Claro que os cidadãos menos sofisticados protestam que assim também eles fazem previsões, porque é evidente que os tempos estão difíceis uma vez que vivemos em Portugal, e isto está difícil desde 1143. Não reparam que o diagnóstico de Cavaco é mais completo do que isso. Não são apenas tempos difíceis: são tempos difíceis repletos de dificuldades, subtileza que costuma escapar aos analistas. Além disso, mesmo em tempos de crise, Cavaco consegue transmitir uma mensagem de esperança - e de poupança. Numa altura em que se fala tanto de corte de custos, Cavaco sugere, com o seu discurso, que a figura do Presidente pode ser substituída por um gravador. De cinco em cinco anos, os cidadãos votariam na marca de pilhas a colocar no aparelho. E, no primeiro dia de cada ano, a maquineta anunciava dificuldades difíceis, sem cobrar salário nem auferir reforma. E ainda dizem que Cavaco Silva não aponta caminhos e soluções."
(O negrito é da minha conta)
(Ricardo Araújo Pereira - As dificuldades difíceis de 2012. Na íntegra: aqui.)

*Com a crise que por aqui vai, nem penso duas vezes. O gravador sai muitíssimo mais barato, mesmo que seja do modelo mais sofisticado. (Não sei se é o caso deste, aqui em baixo, mas este, pelo menos, tem boa aparência e não faria má figura na televisão) 

(Titulo reeditado)

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu também!!