Detestável é como Vasco Pulido Valente qualifica, em artigo hoje assinado no "Público", o título do livro recentemente publicado por Mário Soares "um político assume-se" com o subtítulo "Ensaio Autobiográfico Político e Ideológico". Ora, pelo contrário, eu acho que o título é particularmente feliz. Numa época em que a actividade política é conotada negativamente e os políticos são vistos com suspeição, Mário Soares, com a coragem que o caracteriza, não só se assume como político, como declara que tem muita honra em sê-lo.
Mas compreendo o ponto de vista de Pulido Valente. De facto, para uma boa parte da direita, o exercício da actividade política, em democracia, é visto como algo pouco dignificante, se bem que em ditadura já não diga o mesmo. E, por alguma razão, Cavaco Silva, o político há mais tempo em actividade, não se assume como tal, posição que, escusado será dizê-lo, está em contraste completo com a atitude de Mário Soares. Mas é assim mesmo. Até neste particular, que não é de somenos, se vê a distância que separa um grande Homem de um Zé-ninguém.
1 comentário:
Hoje que, tantos falam da falta que nos fazem,a nível europeu, políticos como Mitterrand, Churchill,etc, etc, eu digo:Mário Soares ombreia com eles e até lhes acrescenta valor , em dimensões que me dispenso de enumerar...
Ginginha
Enviar um comentário