Infelizmente, para o país, Gaspar está redondamente equivocado, pois a viragem de que fala não passa duma miragem e até um leigo que esteja atento às notícias que vão passando é capaz de lhe explicar porquê.
Em emissões de dívida pública de curto prazo ou por período que não exceda o tempo de duração da ajuda financeira da "troika", os investidores sabem que não correm o risco de incumprimento e, por isso, não só acorrem aos leilões da dívida, como não exigem juros excessivamente altos. Mas já o mesmo não se passa com emissões de dívida a cinco ou dez anos, pois, por coincidência, quando o ministro se pôs a falar de viragem, já "os mercados" estavam a dizer-lhe, com toda clareza que ele estava com visões. E a dizer-lho com factos: os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos, no mesmo dia em que Gaspar "botava faladura", atingiram, no mercado secundário, um novo máximo (14,58%) e o risco de incumprimento subiu para 66,6%, (outro máximo).
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