Provavelmente a proposta apresentada pelo BE ao PS e ao PC no sentido de iniciarem conversações tendentes á "aprovação das bases programáticas de um governo de esquerda" não passará de mais uma iniciativa votada ao insucesso, tendo em conta que o PCP não parece disposto a dialogar com PS, pois o excluiu de uma série de encontros por ele proposta, encontros com vista à "afirmação de um Portugal desenvolvido e soberano”, seja lá isto o que for.
Em todo o caso, a iniciativa do BE parece demonstrar que pelo menos este partido não está disposto a refugiar-se numa retórica ultrapassada que, infelizmente, o PCP continua a cultivar, a sonhar, por certo, com os "ontens" que não cantaram. Com o proveito que, ao longo destes dois últimos anos, tem estado bem à vista.
Mesmo assim, a iniciativa do BE tem que ser vista como um passo em frente na direcção da união das esquerdas e, só por isso, já é de saudar. Como é de saudar a resposta pronta do PS em anuir à iniciativa. O que não estou a ver muito bem é como é que o agora tão requisitado PS, à direita e à esquerda, consegue desdobrar-se por forma a dar resposta a tanto convite, nem que respostas vai poder dar, no final.
Até por esse motivo me parece que houve da parte da direcção do PS uma grande dose de precipitação, para não dizer mais, ao responder lesta e positivamente ao repto lançado, tarde e a más horas, pelo presidente da República, tendente à obtenção de um "compromisso de salvação nacional" com os partidos do governo, pois tal compromisso mais não é que a forma encontrada para Cavaco salvar a face e para, ao mesmo tempo, escamotear as responsabilidades do actual governo, por ele patrocinado, na situação de desastre a que conduziu o país.
O país precisa, sem dúvida, de uma alternativa a esta governação, mas não se compreende muito bem como é que essa alternativa pode passar por qualquer dos partidos responsáveis pelo desastre. Se é para o desastre continuar, que continue com os mesmos responsáveis: Cavaco, PSD e CDS, a troika cá do sítio.
1 comentário:
O Seguro deixou o PS numa situação difícil para evitar o xeque-mate. Ou consegue um excelente acordo, ou o seu mandato tem os dias contados. O que, convenhamos, não será mau!
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