É altamente improvável, dados os antecedentes e o comprometimento de Cavaco com este governo e com a política de austeridade por ele prosseguida, que o actual presidente da República não venha a sancionar o acordo a que terão chegado os desavindos partidos da coligação, entretanto aparentemente reconciliados, não se sabe por quanto tempo.
Cavaco invocará a necessidade de preservar a estabilidade governativa, pese embora o facto de o governo continuar entregue a dois protagonistas (Pedro e Paulo) que já deram provas de que com eles tal objectivo não é alcançável, porque um é um líder incapaz, autêntico "boneco de palha", no dizer de Pedro Bidarra e o outro é o protótipo de político não fiável, como os seus recentes ditos por não ditos amplamente comprovam. Limitar-se-á, pois, Cavaco. a repetir a lengalenga de que o governo não depende politicamente do PR, não lhe cabendo a ele derrubar o governo.
Paradoxalmente, Cavaco, em nome da estabilidade, vai, pois, na verdade, perpetuar a actual situação de instabilidade, uma vez que o país vai continuar a ter à frente dos destinos do país, com toda a probabilidade, os dois principais responsáveis pela política de desastre que está em vias de transformar o país num sítio infrequentável para a grande maioria dos portugueses, como já o é para milhares de cidadãos, sobretudo para os pobres, os desempregados e os jovens, tantos deles forçados a emigrar para sobreviver.
Aos olhos de muita gente (v. comentários parcialmente transcritos em vários "posts" aqui publicados durante o dia de ontem) a manutenção deste governo, remendado ou não, com Portas ou sem Portas ,parece uma loucura, mas não é de estranhar que tal venha a acontecer quando estes governantes estão a transformar o país numa casa de orates e a loucura, pelos vistos, é contagiosa.
Com a crise política desencadeada, nos últimos dias, pelo próprio governo, Cavaco teve uma excelente oportunidade para se redimir perante o país dos erros entretanto cometidos, erros que começaram com o derrube do anterior Governo por ele escandalosamente patrocinado e que prosseguiram com a colagem excessiva à actual fórmula governativa, tornando-se, por esta via, também responsável pelo completo falhanço da política prosseguida pelo governo, falhanço que é hoje inquestionável por alguém de boa fé, uma vez que foi reconhecido, sem ambiguidades, pelo ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, um dos seus principais mentores.
Duvido que Cavaco venha a ter uma oportunidade tão boa quanto esta para evitar que se lhe cole definitivamente a imagem do pior presidente da República que Portugal já teve, em tempos de democracia.
Dir-se-á que o problema é dele, o que só em pequena parte é verdade. De facto, quem sofre as consequências dos seus erros e omissões é o país e não estou a ver como é que se livram dessas consequências todos cidadãos obrigados a permanecer nesta casa de orates, por falta de alternativa. Fecha-se a "loja"?
1 comentário:
Cavaco podia, ao menos, poupar-nos a esta farsa de ouvir os partidos e os parceiros sociais.
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