quinta-feira, 11 de julho de 2013

Conselheiro matrimonial

Cavaco Silva, como presidente da República tem nas mãos o poder formidável de dissolver a Assembleia da República para assegurar o regular funcionamento das instituições, funcionamento que, na sua perspectiva, tendo em conta a sua declaração de ontem, não está assegurado.
Em vez de exercer tal poder, armou-se em conselheiro matrimonial indo ao ponto de patrocinar um  casamento a três. Não podendo ignorar as mais que evidentes incompatibilidades dos parceiros de tão estranho casamento, devia saber que tal união era, nas actuais circunstâncias, uma vera impossibilidade, até porque o proposto "compromisso de  salvação nacional" a ser aceite por um dos parceiros convidados (o PS) significaria mais ou menos a destruição deste. Nem Seguro é tão tolo que não consiga antever o resultado.
Está, pois, mais que visto que a ideia de Cavaco não tem pés para andar, e, por isso, o PR está metido numa grandíssima embrulhada donde não estou a ver como é que ele vai conseguir sair de forma airosa.
Uma vez que recusa a dissolução imediata da Assembleia da República, limitando por essa forma  as suas possibilidades de actuação e sabendo-se que continua a haver uma maioria que apoia o governo na Assembleia da República da qual o governo depende politicamente, como Cavaco tem feito questão de lembrar repetidamente, o PR tem que engolir a "refundação" do governo nos termos que lhe foram propostos e não tem forma de evitar essa humilhação. Se já é um presidente enfraquecido e se as coisas chegarem a esse ponto (e tal é perfeitamente possível, por sua exclusiva culpa) é óbvio que Cavaco deixa de contar seja para o que for.
Não passará, então definitivamente, de um verbo-de-encher que ninguém levará a sério.

1 comentário:

Graça Sampaio disse...

Ao que este povo chegou!...