quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tanto papel mal empregue!

Um guião com o título "Um Estado Melhor"  (a que pode  aceder aqui, se, para tanto, tiver pachorra) com 112 páginas é o que se pode chamar uma grande quantidade de papel muito mal empregue.
Perguntará o suposto pai da criança, Paulo Portas: porquê mal empregue?
Desgraça por desgraça, já basta aquela a que conduzistes o país, pá!

Rever a Constituição?

Pois sim, Portas e Coelho. Tomai lá!



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Uma assinatura apócrifa

Confesso o meu pecado: não ouvi, na íntegra, o blá blá de Portas sobre o guião da reforma do Estado. No entanto, ainda deu para o ouvir dizer que o CDS não participou na negociação do Memorando, o que significa que a assinatura supostamente aposta no Memorando por parte do CDS é apócrifa. 
Esta sim é uma novidade e tanto. Tudo o mais que Portas tenha dito ou possa ainda vir a dizer, é irrelevante.
E, de facto, atendo-me aos resumos feitos pela comunicação social,  o guião  em que Portas gastou couro e cabelo, durante meses e meses, é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Valerá a pena perder tempo a lê-lo?
Mesmo que viesse a cair na tentação, nos próximos dias tenho mais que fazer. Fico-me por ora com a assinatura apócrifa.
Tal a pobreza, benza-o(s) Zeus!

O último a sair que feche a porta

Pede-se, no entanto, ao último a sair que tenha o cuidado de não deixar passar o Cavaco, o Coelho e o Portas. Estes três, pelo menos, para não irem fazer mais estragos lá fora. Para estragos já bastam os que têm feito cá dentro. Aliás, com os cortes que têm feito, cá dentro é que eles ficam bem. Se os fazem, é porque gostam e não é justo contrariá-los.

Imagino

Imagino. Aliás, a bem dizer, nem é preciso imaginar. Está à vista. Só falta saber o coelho que vai saltar da cartola. 

Se "homem prevenido vale por dois",...



... bem se justificam, nos tempos que correm, uns treinos à beira da falésia (Cabo Espichel)

Quem é que Pires de Lima quer enganar?

Perguntava, ontem, Paulo Ferreira, em crónica no JN, Quem enganou Pires de Lima?
Ouvindo hoje Pires de Lima falar em "milagre económico", parece-me bem mais ajustada a pergunta: Quem é que Pires de Lima quer enganar?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sem pés nem cabeça

Apareceu há dias o (ainda e infelizmente) primeiro-ministro Passos Coelho a desvalorizar o facto de ainda não ter sido apresentado o guião para a reforma do Estado alegando que a reforma tem vindo a ser realizada desde há dois anos e meio a esta parte. Assim sendo, dir-se-ia que não faz sentido continuar a perder tempo com a elaboração de tal guião.
Não é esse, no entanto, o entendimento do ministro Miguel Macedo que veio defender a urgência da reforma do Estado “com pés e cabeça”, afirmação que só pode ter um significado:  a reforma de que fala o primeiro-ministro não tem pés nem cabeça.
 A conclusão é óbvia, mas não é, propriamente, uma novidade. Só o seria se política do governo não fosse, como é, toda ela sem pés nem cabeça.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"Amazing"...

... ou talvez não, para quem tenha presente conluios antecedentes:
CDU coliga-se com o PSD na câmara de Loures

Como qualquer coelho que se preze

São os  dois (Barroso e Coelho) farinha do mesmo saco, como é sabido. Todavia, não admira que Coelho se prepare para levar a palma a Barroso, porque a espécie conhecida pelo nome comum de coelho  é especialista em cavar "tocas", ou "buracos" para utilizar um termo mais vulgar em linguagem popular.
O pior está no facto de o Coelho de que ora se fala, nem com as carradas de areia transformadas em medidas extraordinárias, conseguir tapar os "buracos" que, ao longo do tempo tem vindo (e continua) a escavar.

"Já ninguém confia"

A SEDES acordou finalmente, mas a afirmação de que "já ninguém confia no que seja prometido por este governo", não corresponde inteiramente à verdade. Há ainda, pelo menos, um que no seu próprio interesse, se mostra confiante: Cavaco. Mas, como nele também já ninguém confia, a sua presumível confiança não adianta nem atrasa. Simplesmente já não conta.

sábado, 26 de outubro de 2013

O caso não é para menos: Oremos!

O texto a seguir reproduzido da autoria de J Nascimento Rodrigues (publicado no facebook) é mesmo de leitura obrigatória
Muito se tem escrito sobre o tema (programa cautelar), mas até agora ainda não tinha encontrado nada que explicasse, com toda clareza, o significado do recurso ao referido programa. Acresce que o que J Nascimento Rodrigues escreve, quanto ao caso português, é de pôr os cabelos em pé. Por isso, como ele também recomenda: oremos. Por minha conta direi que não basta orar. Há que agir. Hoje mesmo.


"CAUTELA NO CAUTELAR -- a conversa fiada sobre a "linha cautelar" ou "seguro cautelar" continua, com a inacreditável patetice de nenhum dos intervenientes se dignar ir consultar o site do EFSF (FEEF em português, o Fundo que funcionou para os resgates) e ver quais são as "guidelines" sobre o assunto, aliás definidos desde novembro de 2011.


Pois, imaginem, até há 3 variantes "cautelares", que são conhecidas pelas siglas PCCL (esta, na verdade, é aquela que tem no nome o termo "cautelar"), ECCL (uma linha de crédito com condições mais exigentes) e uma ECCL+ (que é a anterior mais uma protecção parcial de risco soberano).

A piada da coisa é que os analistas internacionais inclinam-se mais para a ECCL, nem tanto para a PCCL (aquele que tem o "precautionary" na sigla que o ministro Pires disse na entrevista à Reuters em Londres ). Ah ah ah. Vão ter de deitar o "cautelar" às urtigas, se calhar.

E os analistas inclinam-se mais para a ECCL, porquê? 

Porque a gente não chega aos calcanhares para ter uma PCCL. 

A nossa situação é "mais vulnerável" (do que o que se exige para uma PCCL), isto admitindo que o Eurogrupo e o BCE (e o FMI que continua a ser considerado um parceiro técnico) continuam, em 2014, a considerar que a dívida portuguesa é sustentável e que não há necessidade de um PSI (reestruturação da dívida dos credores privados) no médio prazo.

Mesmo uma ECCL o que é que implica?

# um MoU e um acordo de assistência

# condições ex-ante e ex-post (a PCCL não tem condições ex-post)

# dura 1 ano podendo ser renovada por 6 meses duas vezes (o que no nosso caso permitiria estender a linha até junho de 2016, grosso modo); depois acaba;

# A linha pode ir de 2% a 10% do PIB do país solicitante; os analistas inclinam-se para a hipótese de Portugal requerer os 10% (o que andaria entre 16 e 17 mil milhões de euros).

O que será avaliado, provavelmente o que tiver a ver com o "regresso aos mercados" (obrigacionistas) já realizada ou em perspetiva:

a) trocas de divida com recompra de obrigações que vencem em 2014 (junho, outubro) e 2015 (outubro) -- como aliás se fez numa primeira abordagem em outubro de 2012; o IGCP poderá não fazer como em 23 de setembro liquidando na totalidade a OT que venceu no valor de 5,8 mil milhões;

b) alguma emissão sindicada de dívida de médio ou longo prazo logo em 2014, eventualmente antes de junho -- como aliás se fez em janeiro e maio de 2013 com emissões a 5 e 10 anos.

Com os níveis atuais indicativos no mercado secundário, ainda acima dos verificados em maio de 2013, não nos safamos. Teremos de continuar na prateleira e recorrer à almofada que o IGCP dispõe.

Finalmente, há que insistir que a situação portuguesa e irlandesa não é comparável, nem como "aproximação". A Irlanda dispõe de uma almofada de 25 mil milhões de euros no seu "IGCP" e tem yields (ou seja juros indicativos) no mercado secundário de 1,27% a 2 anos (PT tem 3,9%), de 2,45% a 5 anos (PT tem 5,197%) e 3,54% a 10 anos (PT tem 6,2%). 

As vulnerabilidades da Irlanda são muito menores do que as portuguesas em qualquer análise mesmo superficial -- a Irlanda está mais próxima de uma verdadeira "cautelar" do que Portugal. A punição da sua economia e do seu povo foi menor -- o efeito acumulado de redução do défice orçamental primário entre 2011 e 2013 foi de 4% do PIB potencial (inferior inclusive ao de Espanha); no caso português foi de 6,73% do PIB potencial (dados das previsões da primavera de 2013 da Comissão Europeia).

A conversa fiada faz muito "soundbite" mas não serve para nada. Apenas engana o pessoal.

Oremos."

Enquanto assim falar...

... e mesmo que nem sempre tão eloquente seja, que nunca a voz lhe doa.




 Intervenções do deputado Pedro Silva Pereira (PS) na Assembleia da República durante a discussão do 2.º OE Rectificativo

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Por que razão haviam os americanos de o querer ouvir?

Passos Coelho faz bem em não se preocupar e em não alterar a sua forma de comunicar. É óbvio que, dada a sua irrelevância na cena internacional, os americanos não têm qualquer interesse no que ele diga, ou venha a dizer. Aliás, para saberem o que pensa Passos Coelho, se é que pensa alguma coisa, basta-lhes escutarem a senhora Merkel.

Um mentiroso é um mentiroso e ponto final.

Até já o "padrinho" confirma que o fulano é um aldrabão.
"Branco é, galinha o põe."

Faça chuva, ou faça sol


"Que se lixe a Troika" e o governo antes de mais!
A queda deste governo é uma urgência nacional.


"Não suba o sapateiro além da chinela"

O facto de o economista e   conselheiro Bento perceber tanto de direito constitucional quanto eu de lagares de azeite, não o impediu de dissertar sobre o funcionamento do Tribunal Constitucional (TC), nem se coibiu de dar conselhos sobre a forma como o TC deve exercer as suas competências.
Como não podia deixar de ser, atenta a justeza do ditado popular, saiu asneira. Felizmente, o  conselheiro Bento não esperou muito pelo correctivo mais que merecido:  aqui, pela pena de Fernanda Câncio.
E, já agora outra leitura de um texto da autoria de Manuel Esteves que se recomenda a Vítor Bento: Os irredutíveis e comunistas.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O guião que dava um filme

Afinal e ao contrário (para não variar) do prometido ontem  por Passos Coelho, durante o debate parlamentar, o famosíssimo guião da reforma do Estado, ainda não foi  hoje que viu a luz do dia, depois de tantíssimos outros adiamentos. 
Tantos ou tão poucos que já dava para fazer um filme interessante tendo apenas em conta as variadíssimas peripécias à volta da sua elaboração e conclusão, sendo certo que, em relação a esta, ainda estou para ver quando ocorrerá.
Se me refiro apenas às peripécias, é  porque o conteúdo do guião, em si, que já coube numa folha de papel A4, como se sabe, só poderia eventualmente servir para fazer um filme rasca protagonizado por dois actores tão ou mais rascas do que o próprio filme: Passos Coelho e Paulo Portas, obviamente.
(Reeditada) 

Estrelas cadentes

A entrada de António Pires de Lima para o governo, com a pasta da Economia, aquando da última remodelação governamental, foi saudada pelos representantes das confederações patronais e por boa parte da comunicação social como uma excelente opção, tendo em conta, designadamente, o facto de Pires de Lima se apresentar não só como um defensor de uma política mais orientada para o crescimento da economia e que não se traduzisse apenas em austeridade seguida de mais austeridade, mas também como um paladino da descida dos impostos, designadamente do IVA no sector da restauração, descida considerada por ele como um factor decisivo na dinamização. da economia.
Decorridos que são apenas alguns meses, as esperanças depositadas no novel ministro da Economia foram já todas por água abaixo. Para tanto bastou a apresentação da proposta de Orçamento, onde as ideias defendidas por Pires de Lima, antes da sua entrada no governo, não encontram um mínimo de expressão. De facto, se alguma coisa se pode dizer com verdade é que no Orçamento para 2014 não há qualquer medida que tenha a pretensão de promover o crescimento, pois todas elas se traduzem em acrescentar austeridade à austeridade que já vinha dos Orçamentos anteriores. E no que respeita à baixa do IVA para o sector da restauração, nem sinais.
Defende-se o ministro Pires de Lima com o argumento de que ele no governo é um "soldado leal e fiel". Fraca defesa, como é óbvio, até porque se as carências do governo eram devidas à falta de soldados leais e fiéis, Passos Coelho tinha nas forças armadas muita gente em condições para desempenhar esse papel..
Para a queda das expectativas depositadas em Pires de Lima, há que dizê-lo, também contribuíram as contradições resultantes das declarações que tem vindo a proferir sobre a questão do "programa cautelar", contradições que dão bem conta da sua desorientação.
Não foi, de facto, preciso muito tempo para se poder concluir que o proclamado astro em ascensão, não passa, afinal, de uma estrela cadente.
A queda induzida pela sua actuação atingiu tal dimensão que já surgem vozes  a reclamar pelo regresso do do "Álvaro". Vozes exageradas, sem dúvida, visto que o "Álvaro" foi um ministro-anedota inventado por uma outra anedota não menor: o próprio primeiro-ministro.
Pires de Lima não é, porém, a única estrela cadente no firmamento deste governo, pois Paulo Portas tem feito o mesmo caminho.
Recorde-se, a este propósito, que, aquando da última remodelação, na sequência da demissão de Vítor Gaspar e da "irrevogável demissão" de Portas,  não faltou quem tivesse afirmado que com a promoção do Portas a vice-primeiro-ministro e com a entrada de Pires de Lima para ministro da Economia, o CDS teria ganho uma muito maior relevância no seio do governo, prevendo-se que, com o reforço da posição do CDS, se iria assistir a um novo ciclo e, com ele, a uma inversão da política de austeridade para uma política caracterizada por uma maior atenção dada ao crescimento da economia.
Quem afinou por tal diapasão não pode deixar de estar hoje completamente desiludido. O reforço da presença de gente do CDS no governo não só não se traduziu numa inversão da política de austeridade, como, pelo contrário, o que se verificou foi um reforço dessa mesma política.
Desilusão tanto mais evidente quando é certo que Paulo Portas, que cultivava a sua imagem como estrénuo defensor e provedor dos contribuintes, dos reformado e pensionistas, dos idosos, dos órfãos, das viúvas e viúvos, é  visto, nos dia de hoje, por muitas e variadas que sejam as suas piruetas, como a face mais visível da política de austeridade com que este governo tem vindo a castigar aqueles sectores da população.
Por isso, até se pode dizer que, afinal, o alegadamente "muito inteligente" Paulo Portas foi completamente manietado pelo "pouco inteligente" e "impreparado" Passos Coelho, mas, pelos vistos, mais "esperto". 

De novo, no pódio, pelas piores razões

Desde que este governo entrou em funções todas as subidas ao pódio se ficaram a dever a dados negativos. Desta vez, a chamada tem como pretexto o facto de a dívida pública portuguesa ter chegado aos 131.3% do PIB, no segundo trimestre deste ano, dívida que é a terceira maior na Europa.
Para já, temos, pois, um desonroso terceiro lugar. Tendo, porém, em conta a aceleração que este governo tem vindo a imprimir à subida da dívida pública (sob a batuta de Passos Coelho, Portugal é mesmo o país onde a dívida pública em percentagem do PIB mais cresceu) não tarda que o governo consiga alcandorar o país ao lugar mais alto do pódio.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Que nunca a voz lhes doa

Intervenção do deputado Pedro Marques (PS) na audição da ministra das Finanças no âmbito da apresentação do OE para 2014 

Intervenção do deputado João Galamba (PS) na mesma audição

(Des)governar com recurso a expedientes

O governo da balbúrdia

Pires de Lima, ministro da Economia, anuncia em Londres que o governo (onde, segundo diz, faz  o papel de "soldado leal e fiel") quer começar a negociar um  programa cautelar com Bruxelas nos primeiros meses de 2014. De regresso a casa, um dia depois, o mesmo Pires de Lima garante precisamente o contrário, afirmando que o governo não está a preparar nenhum programa cautelar. No mínimo, temos de concluir que na cabeça do "soldado leal e fiel" anda a medrar uma grande confusão.
O mal, porém, não o afecta  apenas a ele, pois  todo o governo sofre do mesmo, a começar no suposto primeiro-ministro que ora diz que Portugal precisa de um segundo resgate, ora garante o contrário.
 Em boa verdade, a balbúrdia que, a este e a outros propósitos, reina no governo é tal que já ninguém se entende. A prova é que o secretário de Estado Carlos Moedas, adjunto do sobredito primeiro-ministro, apareceu agora a afirmar que o governo está a contar com "um seguro" para regressar aos "mercados". Não disse, porém, qual o "prémio" que o país terá de pagar para o governo obter o tal seguro, o que, aliás, não é motivo de espanto, pois não restam dúvidas de que este governo não faz ideia do que fazer para sair da embrulhada.
Como é evidente, a balbúrdia reinante no seio do governo só se compreende à luz da veracidade da afirmação feita pelo ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na sua carta de despedida, ao acusar Passos Coelho de falta de liderança.
Vítor Gaspar pode não ter acertado uma vez sequer nas suas previsões, mas, no que respeita à acusação dirigida ao suposto primeiro-ministro, acertou na "mouche". O que não admira, pois o ex-ministro era, porventura, a pessoa em melhores condições para fazer uma tal avaliação. E certo é que os factos assim o dizem.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Venha daí até ...







(Clicando nas imagens, amplia)

Mais dinheiro para a fogueira

Se, como afirma a UTAO, apesar do brutal aumento dos impostos, "excluindo o efeito de medidas de natureza temporária, a projecção actual aponta para um défice idêntico ao verificado no ano anterior”, não é difícil tirar a ilação de que todos os sacrifícios exigidos aos portugueses foram, este ano, uma vez mais, em vão. Um tal resultado significa também, muito simplesmente, que este governo continua a "queimar" o dinheiro dos portugueses, sem nenhum proveito. E impunemente, com a óbvia cobertura de Cavaco Silva.

"De pernas para o ar"

Exacta e precisamente.

"E que se lixe o povo"


A frase é dita com ironia, mas é isso mesmo o que este governo e a "amada" troika têm vindo a fazer: "lixar" o povo. Nem mais, nem menos. "Obrigado" e "apoiado", digo eu, não à troika, mas ao movimento "Que se lixe a troika".
A ironia e o humor também são armas a não desperdiçar. Contra o governo, contra a troika e contra todos os Camilos Lourenços ao serviço de um e  de outra. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Três anos das nossas vidas lançados à fogueira

Esta declaração tem o inquestionável mérito de acabar com todas as dúvidas: o governo português assume, sem disfarces, que Portugal, no final do actual programa de assistência, não estará em condições de financiar-se junto dos mercados financeiros, tendo forçosamente de recorrer a nova ajuda para se poder financiar a juros aceitáveis. Em boa verdade, notícias  como esta nem sequer permitem que o governo possa acalentar outra alternativa. 
Qualquer que seja a forma que o novo programa de assistência venha a tomar (novo resgate, ou programa cautelar) um dado é certo: Portugal, ao contrário do que Paulo Portas tem vindo a proclamar, não se verá livre do "protectorado". Duma forma ou de outra, Portugal continuará sujeito ao condicionalismo que os "assistentes financeiros", sejam eles quais forem, quiserem impor. Isto, pelo menos, enquanto em Portugal estiver no poder este governo de marionetas.
Se o país, ao fim de três anos de assistência financeira, sob o controlo da troika,  não só não consegue ver-se livre de uma qualquer forma de "protectorado", como está e vai estar, no fim do programa, mais pobre, mais endividado e com um número muito mais elevado de desempregados, então forçoso é concluir que os actuais governantes (Cavaco incluído) não se limitaram a "queimar"  12 ou 13 mil milhões de euros, para utilizar a expressão de Pedro Adão e Silva a que me refiro  aqui. Os incendiários são também responsáveis por, em pura perda, terem lançado à fogueira três anos das nossas vidas. No mínimo.
Não admira, por isso, que os incendiários se tenham vindo a esquivar, até agora, ao julgamento popular, mas o dia do julgamento da tragédia por que são responsáveis, há-de chegar. Queiram ou não queiram.

domingo, 20 de outubro de 2013

Tranquilamente, à volta da fogueira

Pelas contas de Pedro Adão e Silva transmitidas em crónica publicada na edição do "Expresso" de ontem, com o título " Há três anos a queimar dinheiro" (reproduzida aqui), a política deste governo traduziu-se até agora em retirar da economia (pela via dos impostos e dos cortes na despesa) 15 mil milhões de euros, para obter "uma diminuição efectiva do défice de [apenas] 3 mil milhões de euros". Conclui o cronista, e bem, que "Pelo caminho queimaram-se 12 mil milhões de euros".
Sejam 12 mil milhões de euros, como escreve Pedro Adão e Silva, ou 13 mil milhões de euros, como também já vi escrito, estamos, em qualquer caso, perante uma enorme quantidade de papel que dá para alimentar uma fogueira de tamanho tal que até é difícil imaginar para quem não está habituado a lidar com números de tal grandeza.
O que qualquer um de nós pode saber é quem são os incendiários e, por isso, nem é preciso adiantar aqui os nomes. Um deles (o ex-ministro Gaspar, alarmado por não conseguir lidar com as labaredas, já se pôs andar, mas a sua substituta  e os restantes continuam tranquilamente à volta da fogueira. E é também com toda a tranquilidade que continuam, não só a alimentá-la, mas também a atiçá-la. Aí está a proposta de Orçamento do Estado para 2014 que não me deixa em mentira.
Diz-se, com frequência que, em Portugal, os incendiários são tratados com excessiva benevolência e tudo indica que tal deve ser verdade olhando para o que se tem passado e continua a passar à volta desta fogueira.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Portugal não é, de facto, a Grécia

Ou melhor dizendo: o governo português consegue ser mais servil que o grego.

Dêmos-lhe o benefício da dúvida

Ora, como há, pelo menos, um documento com a sua assinatura que prova o contrário, admito que o esquecimento se deva à idade, que, dizem, não perdoa . Daí, pois, o benefício da dúvida. Mas, para que não volte tão cedo a esquecer-se, aqui fica o lembrete.

(imagem daqui)

Cavaco chamado à cabine de som

Será que Cavaco vai atender a chamada? Na dúvida, esperem sentados.

Os europarvos

A experiência decorrente dos sacrifícios suportados pelos portugueses desde que o actual (des)governo entrou em funções desmente cabalmente a tese dos eurocratas de Bruxelas, que, pelos vistos, nem sequer querem saber de estudos que demonstram precisamente o contrário.
Está visto que, nem a teoria, nem a experiência, demovem os europarvos e, cela va sans dire, os lusoparvos.
O povo que aguente, dizem uns e outros. Até um dia!

Nunca a voz lhes doa...

... para contestarem as opções deste governo que se assume como mero instrumento ao serviço da troika e dos credores internacionais.

(Pedro Marques, deputado do PS)

(João Galamba, deputado do PS)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Paus-mandados

Pires de Lima, o novo ministro da Economia, o homem quer era tido pelas confederações patronais como o ministro certo no lugar certo que iria promover o crescimento de economia, confessa agora que não passa de um "soldado disciplinado e leal".
Não é difícil contrapor-lhe, considerando que as expectativas de crescimento criadas com a sua entrada no governo foram inteirinhas por água a abaixo com a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2014, que ele não é mais do que os outros ministros, vice-primeiro-ministro e primeiro-ministro. São todos, sem excepção uns paus-mandados, às ordens da  troika e/ou dos credores internacionais que a troika representa . Repito: todos, sem excepção. 
(Imagem e citação daqui)

Os" pobrezinhos" e os "necessitados" deste governo

Cortam-se as pensões de sobrevivência a viúvos e viúvas com rendimento mensal de 2000 euros (uns "ricaços", como é bem de ver).
Em contrapartida:

- reduz-se a taxa de IRC em 2%, beneficiando, em primeira linha, as grandes empresas, benefício que se traduz de imediato numa valorização das empresas cotadas; 

- não é renovada a sobretaxa de solidariedade em sede de IRS para quem ganhava e ganha mais de 80.000 euros anuais (sobretaxa de 2,5%) e para quem ganhava e ganha mais de 250.000 euros anuais (sobretaxa de 5%). 

Compreende-se que assim seja: Em nome da "equidade" há que privilegiar os "pobrezinhos" como os patrões do Pingo Doce, os Belmiros e Amorins e os "necessitados" como Salgado, Mexia, Ulrich e outros como os Catrogas.

Finalmente, temos um governo que leva a sério a "equidade" iniquidade.

A "equidade" governamental na capa dos jornais



Já nem os jornais conseguem disfarçar a iniquidade que enforma o Orçamento do Estado da responsabilidade deste (des)governo. Tão simples quanto isto.

"Esmagados" os mesmos de sempre

Na 1ª página do Jornal de Notícias de hoje.

Embatocou?

Por acaso, já se ouviu alguma palavra vinda da boca de Cavaco sobre as relações de Portugal com Angola, depois de o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ter anunciado o fim da "parceria estratégica" com Portugal?
Embatocou, ou será que o assunto também não lhe diz respeito?

Sempre a crescer...

Tem razão o governo. De facto, há crescimento. Pode não ser da economia, mas sempre é crescimento. Do défice. Fixado em 5%, na primeira versão do Orçamento de Estado, revisto para 5,5%, acaba por ficar, diz o governo, em 5,9%, ou descontadas que sejam as receitas extraordinárias, em 6,3%.  Diz o governo, mas se até o ministro da Saúde acusa a ministra das Finanças de apresentar contas pouco sérias, é lícito a qualquer um duvidar que o "crescimento" fique por aqueles números. 
Vale ainda a pena, depois disto, perguntar se o governo, como é seu hábito, falhou? 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Olhó robot!

Tinha sido anunciada uma conferência de imprensa da ministra das Finanças onde era suposto que "miss Swaps" nos daria a conhecer, com algum pormenor, as desgraças que este governo andou a preparar ao longo deste ano para executar no próximo. 
Não só me preparei para ouvir como ouvi mesmo a suposta conferência de imprensa durante alguns minutos até chegar à conclusão de que, afinal, quem surgia nos ecrãs das televisões não era a ministra das Finanças a falar, mas um robô a debitar palavras. A debitar e mal.


Crescer em 2014?

Se, como escreve aqui Manuel Caldeira Cabral, "Os [ténues e recentes] sinais de recuperação vieram da procura interna, com a atenuação da queda do consumo, dos gastos públicos e do investimento, e não pela aceleração das exportações líquidas, que na realidade estão a desacelerar ", falar em crescimento da economia em 2014, quando se anunciam novas doses de austeridade que farão recuar ainda mais o consumo das famílias e a despesa pública, só faz sentido se apelarmos ao jargão usado pelos economistas, que falam em  "crescimento negativo" para significar "decréscimo".
Se for assim entendo. Mas só se for assim.

Àlguma dúvida?

"Os ricos (com 2000 euros) que paguem a crise"

Quanto mais te agachas ...

Ora aí está, uma vez mais, a comprovação do acerto do ditado popular: "José Eduardo dos Santos anuncia "fim da parceria estratégica" com Portugal"
O pedido de desculpas à "elite" angolana por parte de Rui Machete, entendido por ele como uma tentativa de apaziguamento nas relações com Angola, já produziu o previsível efeito. Que mais estragos terá ele de fazer para ser corrido, de vez, do Ministério dos Negócios Estrangeiros ?

A ponte-a-pé?

Naturalmente! Ou haverá outra forma de correr com eles?

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quem rompe compromissos ...

... não merece confiança.
O que fazer, então,  com  esta "gentalha?

Austeridade revista e aumentada

"Numa galáxia demasiado perto de si, um novo pacote de austeridade não representa nova austeridade, mas apenas austeridade que, por ter sido (em parte) anunciada numa carta de Passos Coelho à ‘troika' em Maio, não é nova. Denunciar este embuste é, nas palavras do primeiro-ministro, criar um "choque negativo de expectativas" que pode comprometer o sucesso do programa de ajustamento português. Para Passos, não são os cortes nas pensões, nos salários, na saúde, na educação e em tudo o que mexe que são negativos. Negativo, diz-nos, é a reação dos portugueses a mais este pacote de choque e pavor. Passos sente-se injustiçado. Aparentemente, o primeiro-ministro esperava que os portugueses, ufanos, estivessem a celebrar o seu próprio sacrifício.
Todo o discurso sobre o "novo ciclo" resume-se, afinal, ao seguinte: o "novo ciclo" é igual ao anterior, mas em pior. Em pior por duas razões: porque estas medidas vão fazer regressar a espiral recessiva e agravar a situação no mercado de trabalho; e porque, nesta "nova" fase, o governo reforçou o clima de autofagia nacional. Ao invés de mobilizar os seus cidadãos contra uma política que condena o País à servidão, o Governo prefere fomentar um clima de guerra civil: pobres contra remediados, pobres e remediados contra a classe média, trabalhadores contra pensionistas, público contra privado, novos contra velhos, etc. É a luta de classes, mas ao contrário: não constrói laços entre as pessoas, corrói os que existem; não aproxima ninguém, antes explora o ressentimento e a inveja. Aconteça o que acontecer, uma coisa é certa: não se reforça uma comunidade por esta via.
Numa altura em que Comissão Europeia, BCE, FMI, Barroso e fontes anónimas do Eurogrupo chantageiam o Tribunal Constitucional, responsabilizando-o pelo falhanço deste maravilhoso programa de ajustamento, o que se espera de um governo eleito pelos portugueses é que defenda Portugal. Pedir isto não é pedir demais, porque ser um Estado de Direito Democrático não é um luxo; é o que somos, é o que não podemos deixar de ser e, já agora, é (ou era) uma condição necessária para pertencer à União Europeia.
(...)"
(João Galamba; "Eterno retorno do mesmo"; na íntegra: aqui)

Pela hora da morte

Um governo que não honra os compromissos do Estado para com viúvas e viúvos (muitos ou poucos é irrelevante no plano dos princípios) para poupar 100 milhões de euros, uma gota de água tendo em conta as verbas globais do Orçamento de Estado,  é porque, mais que desesperado, já está pela hora da morte.
E, de facto, já só estrebucha.

domingo, 13 de outubro de 2013

A fasquia dos 300

Com a introdução do Euro desapareceram as lojas dos 300 . Em substituição surgiu agora, pela mão deste governo, numa espécie de revivalismo, a fasquia dos 300. Creio não estar a cometer, com esta atribuição, nenhuma injustiça, pois, se bem me lembro foi o INE a entidade que anunciou, aqui há uns tempos, que os salários pagos nos novos empregos entretanto criados nos últimos meses e de que o governo tanto se ufana, apesar de a descida do desemprego se cifrar em escassíssimas décimas, andam à volta dos 300 euros por mês. O "mérito" cabe por inteiro a este governo, que, desde que tomou posse, outra política não tem seguido que não seja a de forçar a baixa de salários em nome da competitividade que, sabe-se lá se por pura "malvadez", não tem correspondido às "boas" intenções do governo: a  dita cuja, em vez de subir, tem baixado.
Se este governo não tem vergonha de estar a promover salários à volta dos 300 euros por mês, não tem nada de surpreendente o facto de o mesmo governo ter vindo a proceder a cortes em salários e pensões acima dos 600 euros e de se propor continuar pela mesma senda. Para um tal governo é óbvio que quem aufere rendimentos de tal montante é "gente rica" que, ainda por cima, na perspectiva do primeiro-ministro Coelho, tem vivido "acima das suas possibilidades" e bem merece os castigos que este governo lhe tem vindo a proporcionar. Com imenso gosto.
E é claro que, para um governo como este ("de delinquentes", como diz e bem, Mário Soares), falar de "direitos adquiridos" é pura perda de tempo, pois "direito" e "direitos", são termos que não fazem parte da novilíngua que este governo tem vindo a inventar. Mas não só. Basta ouvir ou ler os Gomes Ferreiras que há por aí para concluir que funcionários públicos, reformados e pensionistas não têm direitos. Nem sei mesmo se ainda se poderá falar em legítimas expectativas. Não desesperem, porém, os funcionários públicos, os reformados e pensionistas. Como esta gente fala muito em caridade, talvez ainda possam contar, no futuro, com umas esmolas na fasquia dos 300.

O que parece, é.

Parece um Governo de adolescentes e de gente imatura”, disse um Marques Mendes de compreensão lenta.
Não parece. É,  e muito pior do que isso. É um "governo de delinquentes", como Mário Soares disse. E bem.

"O Presidente da República está bem, obrigado."

"Rui Machete não disse inverdades, não cometeu incorrecções factuais, não teve afirmações menos felizes. Rui Machete mentiu. Pôs aquela cara de enfatuado e aquele ar de quem pensa estar acima da ignorante plebe, e mentiu com quantos dentes tem na boca. Aldrabou os angolanos, aldrabou os portugueses, aldrabou toda a gente quando disse conhecer pormenores de assuntos em segredo de justiça. Mentiu descaradamente e sem hesitações quando afirmou ter pedido informações ao Ministério Público. Mentiu chamando mentirosa à procuradora-geral. Também podíamos pôr a hipótese de ser Joana Marques Vidal quem mentiu. Mas, convenhamos, entre a procuradora e um senhor que se esqueceu de referir que tinha sido accionista de uma organização a que pertencia, e até aos órgãos sociais, e que lhe pagava em notas ou em seguros de vida, talvez me incline a pensar que o mentiroso nesta história é o Dr. Machete. 
(...)
Já sabemos que mentir despudoradamente não faz ninguém sair deste governo. Por exemplo, o co-primeiro-ministro Portas veio dizer no dia 3 de Outubro que já não havia mais medidas de austeridade. No domingo, através da TSF, ficámos a saber que se decidiu tirar dinheiro até aos viúvos e aos órfãos. Portas, que já não tem mais vergonha na cara para perder, disse que naquele dia ainda não sabia bem como seria o desenho da medida... - o outro co-primeiro-ministro, Passos Coelho, veio logo avisar para o choque de expectativas e soube-se, uns dias depois, que os funcionários públicos vão ter mais um corte de dez por cento nos ordenados; esta guerra entre os dois cônsules teria até piada se não fosse trágica.
Exemplos das mais delirantes mentiras não faltariam. Sugerir a Passos Coelho que talvez não fosse boa ideia manter um ministro que despreza pilares fundamentais da democracia também não teria qualquer efeito. Passos Coelho é o cavalheiro que disse que a Constituição não dá empregos, que não se importa de ouvir entidades estrangeiras a atacar as nossas instituições, que diz sem mexer o sobrolho que iremos perder soberania, que está tão confuso sobre os seus poderes e o seu papel que confunde o país com ele próprio quando diz que o fracasso dele será o de Portugal. Assim uma espécie Passos XIV, L' État c'est moi.
Pensando bem, a falta de vergonha, o desplante que Machete exibiu na Assembleia da República, a ausência de competência, o desprezo por valores fundamentais, não surpreende ninguém. É só mais um exemplo do irregular funcionamento das instituições. O Presidente da República está bem, obrigado."

(Pedro Marques Lopes; Podridão, tem V. Ex.ª razão; na íntegra: aqui)

sábado, 12 de outubro de 2013

"Muito medo"

"Pior que um animal feroz é um animal ferido. (...) O ferido, situação em que se encontra agora Passos Coelho, como já nada mais tem a perder, age em desespero, esbraceja aleatória e automaticamente apenas para tentar sobreviver. Não sabemos o que fará a seguir e temos de temer o pior.

Passos Coelho, (...) está cada vez mais sozinho, isolado. Sabe que o partido, do qual Marcelo o considera o pior líder de sempre, já só aguarda pelo seu sacrifício. Sabe que no Governo, ao permitir o adeus de Relvas acusando-o de ingratidão, a carta de Gaspar revelando a sua falta de liderança, e a subida de Portas a vice, cedendo à sua chantagem, perdeu toda a legitimidade. Dos ministros ditos políticos, que deveriam ser os seus guarda-costas, apenas já se ouve, e em murmúrio, Paula Teixeira da Cruz. Ficou sem apoios, não há quem não o critique e o futuro é um vazio completo.

Passos não tem futuro em nenhuma grande instituição europeia, como Durão ou Guterres. (...). Nem sequer os dotes oratórios que lhe possam dar o palco do comentário político, onde proliferam os seus antecessores à frente do partido. Passos não tem nada. Passos sabe que está no corredor da morte política.

O que lhe resta então? Na sua bipolaridade cada vez mais evidente, que num dia o põe a alimentar todas as expectativas sobre o nosso crescimento económico e no outro a avisar para o choque de expectativas que teremos com o Orçamento, Passos é o tal animal ferido na sua dignidade. Fisicamente envelheceu séculos e é a imagem de alguém que parece carregar aos ombros todo o peso do mundo. Está verdadeiramente convencido de que está a salvar o país, apesar de todos sabermos que o País, tal como o conhecemos, pode não lhe sobreviver. De um líder assim, que sabe que perdido por cem, perdido por mil, pode esperar-se tudo. Há por isso que ter medo. Muito medo.
(Filomena Martins; "Um animal ferido"; Na íntegra: aqui. Realces meus)

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Venha o diabo e escolha!

À primeira vista, os surpreendentes números desta sondagem, números que apontam para uma descida nas intenções de voto em relação a todos os partidos da oposição, sem excepção, poderão ser lidos como o resultado das (pretensas) lideranças fracas destes partidos, explicação que, no entanto, colide com a boa imagem de que gozam junto dos inquiridos, quer Jerónimo de Sousa (PCP), quer, sobretudo, António José Seguro (PS), por muito comentador considerado um líder sem carisma, a quem, no entanto, é atribuída, pelos inquiridos, uma popularidade muito superior à de qualquer outra personalidade, quer da oposição, quer do governo (incluindo, neste colectivo, o próprio Cavaco que, não sendo formalmente membro do governo, é visto, com toda a justiça, como seu apoiante e patrocinador).
A explicação terá, pois, a meu ver, de ser procurada alhures.
Uma pode ser esta: os portugueses são constantemente bombardeados pelos governantes, secundados por Cavaco (com a prestimosa ajuda da comunicação social) com a afirmação de que não há alternativa à política de austeridade "custe o que custar" prosseguida por este governo, afirmação que é complementada por uma outra visando inculcar em espíritos débeis a certeza de que quem vier depois não fará melhor. Aparentemente, digo eu, os portugueses, ingénuos, vão nesta conversa.
Mas, se a explicação não for esta, então teremos de dar razão a Cavaco e concluir que somos mesmo um povo de masoquistas.
Entre estas duas possíveis explicações (ingénuos ou masoquistas) venha o diabo e escolha.

De Felício, uma defesa feliz

"Bispo da Guarda defende que bancos e ricos é que devem pagar a crise"
(Notícia e imagem daqui)

Machete 4ever

Os partidos da oposição, com maior ou menor insistência, não cessam de reclamar a demissão imediata do ministro Machete, perante os sucessivos escândalos em que se envolveu, exigência que dificilmente não será subscrita por qualquer mortal com um mínimo de decência.
Aparentemente, entre esses mortais não se incluem, nem Machete, que não se sente no dever de se demitir, nem Passos Coelho, que não o demite, nem Cavaco, que não se dá sequer ao trabalho de dizer uma palavra sobre o assunto, lavando daí as mãos, como Pilatos, gesto que é habitual nele quando os assuntos são espinhosos ou estão em causa os "seus", como é o que ocorre no caso presente.
Fernanda Câncio, em mais um brilhante exercício de escrita, lembra aqui que  "Há muito muito tempo, num país muito muito distante, um ministro ousou fazer, no Parlamento, um gesto muito muito pateta. O ultraje foi tal que pouco depois o ministro apresentava a demissão e o PM desculpas pelo ocorrido, enquanto o presidente da Assembleia da República, do partido do Governo, assegurava, cenho franzido: "Aquilo que se passou não se podia ter passado." Garante do funcionamento regular das instituições e farol moral da nação, o então PR pontificava: "Pouco acrescentaria em relação à indignação que foi manifestada na AR por parte de todos os grupos parlamentares e por parte do senhor presidente da AR, o que de alguma forma reflete a gravidade daquilo que aconteceu."
O contraste entre a ética que vigorava então e a falta de ética que impera agora em todos os órgãos de soberania (sem excepção, mas com obrigatória ressalva dos deputados da oposição)  não podia ser mais flagrante.
Como cidadãos não está na nossa mão evitar a permanência 4ever de Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, mas nada nos impede de tirar as conclusões que se impõem.
E, para o efeito, faço novo apelo à escrita da Fernanda: "se os processos que o ministro mandou arquivar por entrevista forem mesmo arquivados, como fica a cara da PGR? E se avançarem para acusação, como fica a do Governo e a relação com Angola? Os cornos chegam para todos."

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A minha pergunta a Passos Coelho


Passos Coelho, por acaso, já falaste verdade, alguma vez na vida?

"É o que nos separa da selva"

(Sócrates em defesa do Tribunal  Constitucional)

Vergonha

Eu também sinto vergonha. E mais que vergonha, asco.

"L'État c'est moi"

Em arrogância, o primeiro-ministro deste governo pede meças ao rei de França, Luís XIV, autor da frase em epígrafe. Partilham ambos, pelos vistos, o mesmo conceito de Estado: "O Estado sou eu". 
Partilhando o mesmo conceito, é uma pena que Coelho não partilhe também  as vestes do Rei-Sol, para o ridículo ser completo.
E, já que falei em ridículo, cumpre dizer que as vestes de palhaço também lhe assentariam que nem uma luva.

(Imagem daqui)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Figura de corpo presente

Já vimos que por mais graves que sejam as acusações que recaiam sobre Rui Machete, nem ele se demite, nem o primeiro-ministro o demite, nem o força a demitir-se. Tratando-se de quem se trata, até são compreensíveis tais comportamentos, visto que, até agora, nem um nem o outro deram sinais de se preocuparem com ofensas à ética republicana, ou com a violação dos deveres que incumbem a um governante digno desse nome. Já me admira, no entanto, que, por simples razões pragmáticas, nem um, nem o outro tomem a decisão que há muito se impõe.
Se bem que seja verdade que, para salvaguarda da dignidade do Estado, a demissão já vem tarde, sempre essa demissão poderia ter a virtualidade de criar a aparência de que o governo funciona. Ora, até essa aparência se esfuma, caso Machete permaneça no governo, pois fica à vista de toda a gente que, sendo tantas e tão graves as encrencas em que o ministro Machete se envolveu, não lhe sobra tempo para tratar dos assuntos do ministério a seu cargo.
E sendo este o caso,  o que faz ele ainda no Ministério dos Negócios Estrangeiros?
Diria eu que figura de corpo presente, mas lendo esta peça, sou levado a concluir que é bem pior do que isso.

Para quando o fim do pesadelo?


A interrogação do editorialista (no "Público", hoje) só tem, a meu ver, uma resposta: este governo, dispondo na Assembleia da República duma maioria acéfala e contando com a conivência de um presidente da República que dá pelo nome de Cavaco Silva, não só  se como se comporta como um inimputável  que não conhece limites, como é, de facto, inamovível. Isto, a menos que o povo decidisse tomar o destino nas suas mãos e a iniciativa de derrubar o governo iníquo e o presidente cúmplice. Não se detectando sinais de que o povo seja capaz de realizar tal proeza, ténue é a esperança de não estarmos condenados a suportar esta corja até ao final da legislatura e a esperar pelo fim do pesadelo.
Mas como a esperança é a última a morrer, quem sabe se, perante tanta ignomínia, não poderá surgir ainda, em tempo útil, um sobressalto cívico que varra, de vez, toda esta gentinha para longe das nossas vidas?

"Quando não há escrúpulos"

"(...) A maior parte dos economistas não comprometidos com os partidos no poder acha que a dívida actual é insustentável.
Passos Coelho e Cavaco Silva, pelo contrário, acham que é sustentável. (É verdade que Cavaco diz que é masoquismo dizer o contrário, sendo que antes disse o contrário do que disse agora, mas isso é aquele problema dos fios trocados que nós fingimos não ver).
Há ainda imensas coisas que eles acham que se pode fazer para ir buscar dinheiro. Não existe linha vermelha definida pela lei, pela moral ou pelo interesse nacional que eles não admitam ultrapassar.
Isto significa que, enquanto Passos Coelho estiver no poder, a renegociação não será vista como a melhor opção para os credores. Eles sabem que têm um amigo na presidência e outro em São Bento. Enquanto eles lá estiverem, os credores estão garantidos. A dívida vai ser sustentada. Os portugueses, esses é que vão ficar sem sustento"
(José Vítor Malheiros; "A dívida é sustentável quando não há escrúpulos" (extracto), hoje no "Público", sem link)

De cócoras

Pelos vistos, nem perante este "vómito" produzido em sua defesa, o Dr Rui Machete se sente na obrigação de se despir das vestes de ministro dos Negócios Estrangeiros, quando é manifesto que o artigo em questão, no seu reverso, não deixa dúvidas sobre a humilhação a que as declarações  de Machete prestadas à Rádio Nacional de Angola sujeitaram o país e que, para além disso, serviram de pretexto ao autor do "vómito" para desferir mais um destrambelhado às instituições da República Portuguesa. E Passos Coelho, perante a prova provada da humilhação, continua a achar que as declarações de Machete não passaram de declarações menos felizes, achando outrossim por bem reiterar ao ministro a sua confiança?  E Cavaco continua a fazer de conta que ele não tem nada a ver com o assunto e a limitar-se a repetir, com ar enfatuado e pretensamente professoral, que "Os ministros respondem exclusivamente nos termos da Constituição perante o senhor primeiro-ministro", quando o que está em causa é a defesa da honra do país?
Como, até ao presente, não se conhece qualquer outra tomada de posição por parte de nenhuma das referidas personalidades que não seja a que decorre das declarações referenciadas no parágrafo anterior, tal só pode levar à conclusão de que todas elas acham confortável a postura de cócoras. Mesmo que essa postura seja perante a cleptocracia que reina em Angola.
Nunca será demais repetir: Uma vergonha!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Um forte cheiro a podre

Que Paulo Portas é um exímio farsante é já um dado adquirido. Não era preciso confirmação, mas ele faz questão de, dia sim, dia sim, apresentar novas provas, porque, pelos vistos, tem orgulho nessa imagem de marca. 
Não admira, por isso, que a sua irrevogável decisão de se demitir deste governo, tenha passado a revogável, dum momento para outro. Bastou-lhe, como pretexto, que Passos Coelho (um farsante de menor qualidade, mas, nem por isso, menos perigoso) lhe tenha acenado com a promoção a vice-primeiro-ministro para Portas dar o dito por não dito.
Tanta questão faz Portas em que não haja dúvidas sobre as suas capacidades no capítulo da farsa, que ainda recentemente, nos presenteou com novas provas. Durante a recente conferência de imprensa sobre os resultados da 8ª  e 9ª avaliações da troika, Portas usou, uma vez mais, da sua já proverbial habilidade: não só fez passar, como se nada fosse, a derrota, às mãos da troika, da sua posição sobre a necessidade de aumentar o défice para 2014 de 4% para 4,5% do PIB, como teve o desplante de vir garantir que, no próximo ano, os portugueses não teriam de suportar novas medidas de austeridade, garantias que, ainda a procissão não saiu do adro, já estão a ir por água abaixo, com o anúncio de uma nova "TSU" que vai atingir as pensões de sobrevivência dos viúvos (atacando um dos sectores da população portuguesa mais fragilizados) e o anúncio de novos cortes nos subsídios de refeições de trabalhadores de empresas públicas, para já não falar dos cortes a incidir sobre as pensões dos reformados da Caixa Geral de Aposentações, em nome duma falaciosa convergência com as pensões do regime geral, em qualquer dos casos, em completo desrespeito pelos direitos adquiridos, direitos que a prática deste governo vem demonstrando que podem ser impunemente violados desde que as vítimas sejam os mais fracos, como é próprio de um governo "forte" com os pobres e remediados e "fraco" com os ricos.
Num país decente, Portas (e quem diz Portas, diz qualquer outro governante que siga a mesma cartilha - e o que não falta neste governo é gente desta) já teria sido sacrificado na ara da comunicação social com a consequente perda de credibilidade. Em Portugal, porém, tal não acontece. Com uma ou outra sempre honrosa excepção, o que mais se vê, é gente a incensar Portas pela inauguração de um novo "estilo" fruto da sua "inegável habilidade", posto em confronto com o "estilo" do ex-ministro Gaspar que seria (dizem) marcado pela "seriedade".
Se, como já se tem dito por aqui, este governo fede, a verdade é que o fedor que paira na sociedade portuguesa não provém apenas dos lados do governo. Da comunicação social também sopra um forte cheiro a podre.
Daí a pergunta: com gente desta, no governo e na comunicação social, onde é que este país vai parar?
Adenda:
Portas, acabo de ler,  tem uma explicação para a não divulgação do corte das pensões de sobrevivência: a medida ainda não estava desenhada. Como, afinal, ainda não está. Mas que importa este pormenor a um sujeito que, para além de ser um mentiroso, faz gala em sê-lo?

"Sacanas sem lei"


"Escolas não têm professores para garantir inglês obrigatório no 1º ciclo"
"Governo corta pensões de sobrevivência para poupar cem milhões"
Se não estou em erro, há um filme com o título em epígrafe. Ao ver as noticias para que chamo a atenção, lembrei-me do filme, ou melhor, do título. Por alguma razão.
(reeditada)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Vence, mas não convence

António José Seguro. É a conclusão que parece ser lícito tirar olhando com mais atenção para os resultados das eleições autárquicas, como se faz aqui
E, sendo assim, faz todo o sentido o texto encimado pela bem humorada pergunta de Ferreira Fernandes: "E que faço eu com um Rato Mickey?"