terça-feira, 31 de julho de 2012

O que é que estes contribuintes não entendem?

Do reembolso dos dinheiros retidos a mais em sede de IRS, é que, pelos vistos, continua a não haver sinais. Admiram-se as vítimas deste confisco temporário com o facto, mas explicação é simples. Gaspar não tinha dito já  ao seu colega Álvaro que não há dinheiro? O Álvaro, duro de ouvido, não percebeu lá muito bem, pelo que levou uma rabecada do Gaspar: Qual das três palavras "não há dinheiro" é que não entendeu?
Será que os contribuintes queixosos também são duros de ouvido?
Calma, caros contribuintes, dirá Gaspar, afivelando o seu ar mais afável:  Não há dinheiro, mas, pelo menos, "vamos no bom caminho"!
Não fora Gaspar um cavalheiro bem educado, imagino eu que também lhes poderia perguntar: quem é que vos obrigou a votar nestes estafermos?

Maravilhas dum país alaranjado

(Sem comentários, por desnecessários.)

Pilatos

O Presidente da República aceitou os esclarecimentos do Governo quanto à "garantia de que será assegurada a estabilidade contratual e a protecção social dos arrendatários em situação de maior vulnerabilidade" e decidiu promulgar na segunda-feira, 30, o diploma que revê o regime jurídico do arrendamento urbano. 
Ou Cavaco é muito "crente", ou encontrou nos "esclarecimentos" do governo um excelente pretexto para daí (da lei das rendas) lavar as mãos, como Pilatos. 
Como não podia deixar de ser, tendo em conta o historial desta presidência da República, só posso optar pela última hipótese.

O vendedor de minérios, digo, de ilusões


De há uns tempos para cá o ministro Álvaro tem vivido obcecado com a exploração mineira e com os contratos relativos às respectivas concessões. Por seu lado, a comunicação social não se tem poupado a esforços para nos dar conta de tão intensa actividade ministerial. Quando não é o ferro de Moncorvo, é o ouro de Jales e do Alentejo, o cobre de Aljustrel, o estanho e o volfrâmio sei lá donde. 
O contrato de concessão para exploração do ferro de Moncorvo já passou à história, mas, mesmo admitindo que os restantes venham a ser concretizados, já alguém com mais cabeça deveria ter lembrado ao Álvaro que Portugal não é o "Eldorado" e que essa receita já está ultrapassada como forma de alcançar o desenvolvimento dum país. O "ouro", nos dias de hoje está nas energias renováveis, nas novas tecnologias, na ciência e na inovação.
É um facto que aposta nesses sectores era a política do anterior Governo e, só por sê-lo, o governo actual está impedido de  prosseguir por essa via, não só devido à estreiteza de vistas de Passos/Coelho, mas sobretudo, porque tal significaria a ratificação da política do Governo do "malvado" Sócrates.
Ainda assim, o Álvaro bem pode poupar-nos ao espectáculo deprimente de andar a exibir como grande feito o que mais não é que fogo de artifício. No século XIX, estou certo que uma tal exibição merecia fortes aplausos. Actualmente é um espectáculo banal que não suscita grandes entusiasmos e, quando é falso, como no caso, até pode causar repulsa.
(Imagem daqui)

"Silly season": a provável explicação

A taxa de desemprego em Portugal continua a subir tendo atingido em junho um novo recorde: 15,4% da população activa portuguesa, ou seja mais 0,2% do que no mês de maio, contrariando assim todas as teses que dão por garantido que no mês de junho o desemprego tende a diminuir por efeito do trabalho sazonal.
Não tendo à mão de semear uma explicação mais elaborada, resta-me concluir que este desfasamento entre a realidade e a percepção só pode ser fruto do facto de estarmos em plena silly season.
Atrevo-me mesmo a supor que o resultado das últimas eleições legislativas deve ter tido a mesma origem, pois, embora  a silly season ainda não tivesse chegado, vinha já mesmo a caminho. 
De facto, afastada a hipótese de ainda haver quem acredite em vendedores de banha da cobra, que outra explicação pode haver?

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A grande debandada

Mais de mil portugueses mudam-se para a Suíça todos os meses. Em grande destaque, na edição impressa do "Público" de hoje, a emigração dos portugueses em direcção à Suíça, tema a que dedica a "manchete" da 1ª página e as quatro páginas seguintes. 
Surpreendente é o numero de portugueses já residentes na Suíça, superior a 224.000, e mais ainda o ritmo das novas chegadas. 
Esta debandada tem algum significado e não é difícil descobri-lo. Acho eu.

"Gregos" e "romanos"

Como estamos em maré de epístolas, talvez não seja completamente despropositado chamar aqui S. Paulo, o apóstolo homónimo do nosso ministro Paulo Portas, que proclamava numa das muitas que escreveu (e que não identifico, porque não tenho as epístolas à mão) que já não havia "nem gregos nem romanos", pois seriamos todos iguais.
Estava, pelos vistos, completamente enganado, pois para Paulo, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, muito mais viajado que o celebrado apóstolo e, logo, com maior conhecimento do mundo,  a distinção entre "gregos e romanos" continua a fazer todo o sentido.
Na sua "1ª epístola aos populares" aqui comentada, Paulo não tem dúvidas em afirmar que "O nível de impostos já atingiu o seu limite". E, no entanto, o mesmo Paulo, enquanto ministro, não teve qualquer sobressalto em subscrever o Orçamento do Estado, onde o governo de que faz parte, sem curar de saber da constitucionalidade da medida, impôs o corte de dois subsídios (de férias e de Natal) aos funcionários públicos, trabalhadores de empresas públicas, pensionistas e reformados em geral. Por sinal, o mesmíssimo Paulo é também líder do CDS, o partido que mais se destacou na contestação ao acórdão do Tribunal Constitucional que julgou aquela medida inconstitucional, por violação dos princípios da igualdade, da proporcionalidade e da confiança. É um facto que, em tal matéria, se alguém merece a palma é, sem dúvida, o  líder parlamentar do CDS,  Nuno Magalhães, que chegou ao ponto de pôr em causa um dos princípios fundamentais do Estado de direito - o da separação de poderes - ao acusar os juízes do Tribunal Constitucional de "induzirem" um corte nos subsídios dos trabalhadores do sector privado e de assumirem "poderes orçamentais". 
Haverá outra forma de explicar tamanha contradição entre o "epistolar" e o "agir" de Paulo que não seja através do reconhecimento de que, para Paulo, há uns que são mais iguais do que outros? A uns (digamos  "romanos", ainda que entre eles figurem nomes tão pouco latinos, como Ulrich, por exemplo), não podem ser exigidos mais impostos, mas a outros, (digamos "gregos", embora com nomes tão portugueses como António, José ou Manuel) não só podem, como são, efectivamente, "impostos" cortes brutais nos seus rendimentos.
Isto, claro, a menos que se considere que os cortes não são "impostos", porque, se calhar, para Portas os cortes são "voluntários".
Não excluo esta hipótese, por completo, porque, ao que parece, anda uma grande confusão no interior do CDS entre o que é imposto e o que é voluntário e entre o que é voluntário e o que é obrigatório. O ministro  da Segurança Social, Mota Soares não me deixa em mentira. Não foi ele, porventura, quem veio anunciar que os beneficiários do RSI são "obrigados" a fazer trabalho "voluntário"?  

sábado, 28 de julho de 2012

O PSD retratado pelo Vasco

"O PPD pretende-se “social-democrata” e aqui começam de facto os problemas. Porque naquela tábua rasa existe um único valor prático: o poder, ou seja, o sucesso. Feito pelo sucesso, ou querendo vir a ser feito pelo sucesso, o público do PPD só respeita o sucesso. Em 78 e 79, os príncipes de hoje ficaram em casa e desligaram o telefone. Muitos aderiram ao partido já no Conselho de Ministros. No PPD nasceram algumas das mais horríveis obsessões da política portuguesa: a obsessão com “ganhar”, como se “ganhar” fosse por si uma virtude, e a obsessão com a autoridade, como se a autoridade não exigisse justificação. O verdadeiro ethos do PPD é o ethos do arrivista. Quanto ao mais, desembaraçado de tradições, sem nenhum vínculo social seguro, recebe quem o ajuda e ajuda quem o recebe. 
Hoje reúne a Direita arcaica, que lá no fundo continua em guerra com o regime, a Direita dita “civilizada” dos empresários “dinâmicos”, das profissões e dos quadros “qualificados”, que se acham com um divino direito à proeminência e são PPD como poderiam ser socialistas, liberais, democrata-cristãos ou qualquer outra coisa que lhes conviesse."
(Vasco Pulido Valente, in Semanário, 27 de Junho de 1987) (Extracto repescado aqui)

Alguma dúvida de que o retrato do PSD traçado por Vasco Pulido Valente, nos idos de 1987, continua actual? Relvas e a sua manutenção no governo de Passos/Coelho, é a prova provada de que o verdadeiro ethos do PSD continua a ser o do arrivista.
Obrigado, Vasco!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Bem hajas, Vasco


Graças a Zeus,  temos um Vasco (que não sei se é) Pulido (nem) Valente (VPV) para nos orientar no labirinto dos plebeísmos do primeiro-ministro Passos/Coelho. Não fora ele, continuaríamos todos "biblicamente estúpidos" sem perceber o que queria dizer Passos/Coelho com o celebrado dichote "que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal” . VPV, hoje, no "Público", na coluna onde vem expendendo as suas opiniões, esclarece, finalmente, a afirmação. O que Passos/Coelho quis dizer, não há que duvidar, foi "que o Governo não mexeria um dedo para ajudar o partido na série de eleições que se aproximam (Açores, câmaras, Parlamento Europeu)". 
Não mexeria nem uma palha, quanto mais um dedo, diria eu. 
Bem hajas, Vasco. Não foras tu e eu continuaria sem compreender por que razão é que Passos Coelho recusou a interpretação que permite a transumância dos dinossauros do seu partido duma autarquia para outra para contornar a lei da limitação dos mandatos. 
Ou será que não foi bem assim ? Não é que, de repente, me surgiu a dúvida, e, ao esclarecê-la, verifico que o que o PSD defendeu com unhas e dentes foi precisamente o contrário. 
Valha-me, São Pascoal Bailão, que eu, nem com os ensinamentos do Vasco, atino com o bom caminho!
(Ilustração daqui)

Passos/Coelho e a sua Comissão Liquidatária estão de parabéns

Se ainda alguém tinha dúvidas sobre a capacidade de Passos/Coelho em conseguir levar a bom termo a sua política de empobrecimento do país, bem pode afastá-las de vez.  Na verdade, se, ao fim de um ano de exercício, a Comissão Liquidatária por ele presidida já conseguiu que mais de 50% da população portuguesa esteja em risco de pobreza ou vulnerável, não é muito difícil imaginar qual será a situação no final da legislatura. 
A avaliação é avançada pelo presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza na Europa, Sérgio Aires que, suponho, será  a pessoa melhor colocada para a fazer. E não devem faltar-lhe dados para chegar a uma tal conclusão até porque a sua avaliação é coincidente com o alerta deixado recentemente pelo comissário do Conselho da Europa para os direitos humanos, segundo o qual, existem crianças portuguesas a emigrar para trabalhar por causa da crise e famílias a retirar idosos das instituições para beneficiar das suas reformas.
O "êxito" é indesmentível: ter, ao fim dum ano, mais de metade da tarefa realizada, numa empreitada prevista para durar quatro anos, é obra! E continuando no "bom caminho", como a direita nos garante, não será coisa de admirar se dentro de mais um ano a "obra" ficar completa.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

As "sanguessugas"

Eles (Relvas & C.ª) bem que falavam, antes do assalto ao poder, em "gorduras" do Estado. Afinal, Relvas, pelo menos, sabia muito bem do que falava, por experiência própria. De facto, segundo as contas da "Visão" (edição de hoje) a autarquia de Tomar, gastou, só nos últimos seis anos,  a bela maquia de 26.463 euros com o telemóvel atribuído a Relvas.
Poderá objectar-se que é tudo legal. Mesmo perante a eventual objecção, nem sequer me vou dar ao trabalho de saber se a atribuição de um telemóvel ao presidente da Assembleia Municipal de Tomar (ou de qualquer outro município), sem limites na sua utilização e à custa do contribuinte é legal ou não. Pela razão simples de que se é legal, é evidente, a todas as luzes, que não o deveria ser.
Não estou com isto a defender que a atribuição de telemóveis de serviço deva ser simplesmente abolida. Muito longe disso,  porque, em muitos casos, essa atribuição tem plena justificação.  É o caso dos membros dos executivos governamentais e camarários e dos directores-gerais e chefes de serviço da administração central e local. Nesses casos faz todo o sentido, dentro de certos limites, como óbvio.
Não assim no caso ora vindo a público, nas páginas da Visão, em relação a  Relvas, caso que, admito, não será único.
Seja ou não seja caso único, é inadmissível que alguém, na situação de Relvas (presidente duma qualquer assembleia municipal) tenha direito à atribuição de telemóvel para usar como bem entender e ainda por cima, como no caso dele, sem limitação nos gastos. A participação, durante um ano, em meia dúzia (se tantas) reuniões da Assembleia Municipal de modo nenhum o justifica, até porque as reuniões são convocadas com antecedência e não é por telemóvel.
Quem assim procede, gastando quantias exorbitantes, como no caso de Relvas, usando em proveito próprio, dinheiros públicos, sem qualquer justificação (legal, ou não) merece inteiramente o nome de  "sanguessuga". 
Não ganhou, porventura, esta espécie o direito a tal designação exactamente porque se alimenta  sugando o sangue alheio? E qual a diferença?

Relvas e a história de mais um saco roto



Não se pode dizer que o senhor Passos/Coelho não tenha vindo a dar o seu melhor (que, convenhamos, não é lá grande coisa) para afastar o seu ministro e amigo Relvas das luzes da ribalta. Suspeito mesmo que as alarvidades que ultimamente tem andado a disparar, não tenham tido outro objectivo.
Objectivo frustrado,no entanto, porque, quando não é a licenciatura feita a martelo, as ameaças e censuras a jornalistas, ou as  mentiras no Parlamento, é o passado de Relvas que regressa a galope.
Hoje, mesmo, ficámos a saber, graças à investigação da Visão, que o (escandalosamente ainda ministro) Relvas é um autêntico recordista na especialidade de "dar à tramela", via telemóvel e à custa do contribuinte.
Para que não restem dúvidas, aqui vão os gastos do dito "cavalheiro" com o uso do telemóvel posto à sua disposição pela Câmara Municipal de Tomar, na sua qualidade de presidente da respectiva Assembleia Municipal:

"Ano 2002 - 1 598,50€
Ano 2003 - 934,40€
Ano 2004 - 947,79€
Ano 2005 - 559,49€
Ano 2006 - 3 896,03€
Ano 2007 - 5 623,32€
Ano 2008 - 4 858,29€
Ano 2009 - 7 444,46€ (ano de eleições europeias, legislativas e autárquicas)
Ano 2010 - 3 391,55€
Ano 2011- 1 251,03€ (até o dia 27 de junho de 2011; as eleições legislativas que deram a vitória ao PSD realizaram-se a 5 de junho e o Governo tomou posse a 21; Posteriormente o número do telemóvel foi cedido à Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros.)"


Se tivermos em conta que, segundo a lei, as assembleias municipais se reúnem, de forma ordinária, apenas cinco vezes por ano, qual terá sido a justificação para que a Câmara de Tomar tenha posto à disposição de Relvas um telemóvel de uso pessoal e sem limites de custos? O caso serve, pois, perfeitamente, para demonstrar que o cano por onde corre o dinheiro dos contribuintes tem mais "buracos" que um saco roto.
(Ilustração daqui

Simples ou simplórias?

Se os jornais não mentem, Passos/Coelho terá afirmado ontem em Cantanhede, depois de mais umas vaias e apupos, não inteiramente "abafados" pela fanfarra dos bombeiros locais, que o governo dele não está a exigir demais dos portugueses. Também terá afirmado, na ocasião, que "Pessoas simples entendem o que estamos a fazer".
Acredito que, nesta parte, Passos/Coelho tem razão. As pessoas "simples" que o rodeiam e que são, naturalmente, as que ele consegue ouvir, não me admira nada que entendam o que ele anda a fazer. Só não sei é se essas pessoas são "simples" ou, se não serão antes "simplórias", tendo em atenção os resultados que estão à vista e que são fruto do que ele anda a fazer.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quando não apagam, abafam

Os bombeiros, quando os não conseguem apagar, pelo menos "abafam-nos". Os fogos, claro. O que ainda se não se sabia é que também conseguiam, com a fanfarra a tocar, "abafar" as vaias e assobios de que é alvo o primeiro-ministro Passos/Coelho.
Os bombeiros, pelos vistos, são ainda mais úteis do que se imaginava. Se a moda pega, qualquer dia, apagam-se os fogos com a fanfarra a tocar. Mesmo que os não apaguem, talvez os consigam "abafar".  Em Cantanhede, com uma fanfarra destas (ver em baixo) já não digo nada!

Menos para clique

Quem se está a lixar para as eleições está-se a lixar para os eleitores (Carlos Zorrinho, líder parlamentar do PS, em remoque dirigido a Passos/Coelho.)
No fundo, Passos/Coelho está-se bem "lixando" para os eleitores e para o país, acrescento eu. Menos para a clique que o rodeia e o apoia, que essa, sim, tem sido por ele muito bem tratada, como nunca, suponho que também no seu próprio interesse, pois nunca se sabe quando muda a roda da fortuna. 
O que se espera é que a desmarcação por parte do PS em relação às políticas deste governo, sinalizada ultimamente por algumas declarações, onde a de Zorrinho de algum modo se integra, se não fique pelas palavras e passe aos actos. António José Seguro já não tem muito tempo para provar que o PS, sob a sua liderança, é uma oposição a sério e uma alternativa capaz de restaurar a confiança no país. Porque, com este governo de Passos, Gaspar, Portas, com acentuado cheiro a Relvas, já deu o que tinha a dar nessa matéria. Como no resto, aliás.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Companheiros, "lixei" o meu país

Ao que dizem as crónicas não terá sido aquela a expressão usada por Passos/Coelho. O que ele terá dito, e não ponho em dúvida o relato, foi "que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”.
Não ponho em dúvida o relato, mas não acredito na sinceridade de quem proferiu a afirmação. E não estou isolado nesta apreciação, pois de há muito se sabe que a estratégia de Passos Coelho passava por concentrar a austeridade nos dois ou três primeiros anos da legislatura para ganhar folga que lhe permitisse abrir os cordões à bolsa na véspera das próximas eleições legislativas. Ao fazer aquela afirmação, onde demonstra mais uma vez que é perito no uso do calão, Passos/Coelho, ou está a fazer mais um número de circo, ou então é porque já nem ele próprio acredita que a política de austeridade a tudo o custo  tenha saída.
Só que, sendo assim,  deveria dirigir aos deputados um discurso bem diferente. Por exemplo : "Companheiros, "lixei" o meu pais". Dando-se o caso de não querer arcar sozinho com as responsabilidades  poderia, aliás a justo título, optar por um discurso mais mais elaborado e, porventura mais de acordo com a realidade histórica. Algo como isto: "Companheiros,"lixámos" o país, ao votarmos contra o PEC IV, com o pretexto de não ser admissível o aumento da carga fiscal e dos sacrifícios, tal a era ânsia de chegarmos ao "pote". Alcançado este, passámos a justificar todos os aumentos e todos os sacrifícios impostos sobre a maioria da população. Espero que consigam viver de boa consciência com tamanha hipocrisia. Pela minha parte, como se tem visto, cá me vou aguentando. Bem."

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Moral da "estória"

Moral da "estória" contada pela fotografia que mostra um Trigueirão (Emberiza calandra)  pronto para engolir um gafanhoto: o mais forte devora o mais fraco
Moral, ou antes, observação dos dias que passam.
(reeditado)

domingo, 22 de julho de 2012

Uma reforma do Cratogénio

O ministro da Educação, Nuno Crato, é, sem margem para dúvidas, um génio, ou melhor dito, um Cratogénio. Mal acabou de fazer 10 anos de idade foi, pelos vistos, capaz de escolher o seu percurso escolar e profissional que passaria por ser ministro dum governo liderado por Passos-tardiamente-licenciado-Coelho e onde haveria de ter como colega de governo o célebre ministro Miguel-super-rápido-a "licenciar-se"-Relvas.
Só assim se explica, de facto, que lhe tenha passado pela cabeça efectuar, agora, uma reforma que vai permitir que crianças com 10 anos possam ser forçadas pela escola, pelos professores, ou pelos pais a seguir por "uma alternativa mais adequada" que não seja a de estudar, isto numa altura em que em Portugal está instituído o ensino obrigatório e gratuito com a duração de nove anos.
Crato esqueceu-se, porventura, que nem todas as crianças deste país são génios como ele e que ao facilitar ou  forçar o abandono da escola a crianças em tão tenra idade está a impedir que elas mesmo façam a sua própria escolha em idade mais avançada, designadamente a partir dos 15 anos, segundo as recomendações da OCDE. 
Uma criança, nestas condições,  fica condenada, logo quase à nascença, a um futuro que, só por mero acaso, poderá corresponder às suas verdadeiras capacidades e que só dificilmente poderá satisfazer as suas legítimas ambições. É, pois, quase inevitável que uma escolha tão prematura não venha a ser fonte de enormes frustrações no futuro.
É, mesmo, uma reforma do Cratogénio!

Rui Ramos, é boa altura de ir a banhos!

O historiador Rui Ramos, na sua crónica publicada na última edição do "Expresso",  passa por cima de todas as perguntas sem resposta feitas inclusive pelo jornal onde escreve, e são mais que muitas, para concluir, sem deixar margem para dúvidas, que o ministro Relvas ao obter a sua "licenciatura", "limitou-se a aproveitar a lei". E vai mais longe. Escreve ele: "Dizem-nos que o caso Relvas revela o carácter de um ministro. Não: revela o carácter de toda a gente. Revela o carácter de uma sociedade que finge indignar-se com o sistema de que, em massa, tirou partido". 
Se bem o interpreto, quer ele dizer, com isto,  que, com excepção dele (certamente) e de mais uns tantos (talvez), toda a gente que neste país obteve a sua licenciatura, usou os mesmos expedientes que o ministro Relvas. O que significa, ao fim e ao cabo, que  para o historiador Rui Ramos, os portugueses são todos, "em massa", uns Relvas.
Se o historiador usa do mesmo rigor de análise na sua especialidade, coitada da História! 
Perante tal desconchavo, vindo de um historiador, é caso para lhe deixar um conselho: com o calor que agora se faz sentir, é boa altura para o historiador e cronista ir a banhos. Pode ser que os banhos lhe façam bem e deixe de dizer disparates. E quem sabe se até passa a apreciar as anedotas que circulam por aí a propósito do caso Relvas, anedotas que, lendo a sua crónica, bem vejo que lhe causam grande  incómodo. 
Com o tempo e com uns banhos o íncómodo passa-lhe.

sábado, 21 de julho de 2012

A palavra a Pacheco Pereira

Demos a palavra ao "artista"...

.... porque, como está bem de ver, o "artista" é um "homem de palavra".
(Via)

Oxalá fosse!


"Como já se percebeu, a 5ª revisão do programa de assistência financeira, agendada para Agosto, não vai ser igual às outras: o Eurogrupo ("sem que Portugal o tivesse pedido", na versão angélica do ministro das Finanças) instou a ‘troika' a assegurar que o programa português "permanece no bom caminho"; o próprio Vítor Gaspar entregou-se a um enigmático jogo de palavras sobre os objectivos desta 5ª revisão (destinada, segundo ele, a "melhorar", "favorecer" e "facilitar" as condições de sucesso do programa); as instituições da ‘troika' multiplicaram comentários, sinalizando que o momento é de grandes decisões; e até o primeiro-ministro, que marginalizou o maior partido da oposição nas quatro revisões anteriores, acha que desta vez é preciso envolver o PS.
Se perguntar não ofende, impõe-se uma perguntinha óbvia: porquê? Porque é que a 5ª revisão há-de ser diferente das outras? Se o programa está "no bom caminho", se a sua execução mereceu quatro avaliações positivas e se está tudo a correr tão bem, porque é que, subitamente, é necessária uma revisão tão profunda? A explicação é simples: ao contrário do que diz a versão oficial, o programa não está no bom caminho, a execução não tem sido assim tão positiva e não está tudo a correr bem.
Como sintetizou o secretário-geral do PS no debate do Estado da Nação, "os portugueses cumpriram, mas o Governo falhou". A opção do Governo por uma austeridade "além da troika", para além de contrariar as promessas eleitorais, foi um erro de tremendas consequências: gerou um tão elevado grau de destruição da economia e do emprego que prejudica gravemente a recuperação da confiança, sem a qual não é possível cumprir o objectivo de regresso pleno aos mercados em Setembro de 2013. Ao agravamento da recessão (-3% este ano) e ao disparar do desemprego (acima dos 15%), junta-se o fracasso no cumprimento das metas do défice que, apesar de todos os sacrifícios, aumentou (!) para 7,9% no primeiro trimestre (mais 0,4 p.p. do que no trimestre homólogo do ano passado). E não adianta negar: sem medidas adicionais, o Governo não vai cumprir a meta de 4,5% fixada para este ano. Por isso, a primeira decisão a tomar é sobre o que fazer com este desvio. Só que as coisas estão ligadas: se a ‘troika' for tolerante com o falhanço deste ano mas mantiver a meta para o próximo ano (défice de 3%), então o exercício orçamental de 2013, que já era difícil, tornar-se-á virtualmente impossível sem o acentuar da espiral recessiva. É por essas e por outras que na 5ª revisão está tudo em causa: metas, calendário, programa orçamental - e mesmo o eventual prolongamento da assistência financeira, ou seja, um novo pedido de ajuda externa.
E não se diga que o Governo "fez a sua parte" ao cumprir o programa previsto, pelo que os maus resultados hão-de dever-se a "razões externas". Pelo contrário: nem o Governo cumpriu o programa como estava inicialmente previsto, nem o agravamento da recessão se deve ao contributo negativo da procura externa líquida (até se regista um bom desempenho das exportações e uma forte redução das importações). O agravamento da recessão deve-se, isso sim, à queda abrupta da procura interna, que é consequência da estratégia de empobrecimento adoptada pelo Governo, bem para lá da execução do programa. É por isso que estes maus resultados derivam, essencialmente, de razões internas, ligadas ao excesso de austeridade que destruiu os equilíbrios, já de si precários, do Memorando acordado com a ‘troika'. Nenhuma revisão do programa de ajustamento será bem sucedida se este erro estratégico da política orçamental do Governo não for corrigido. E não será corrigido se não for reconhecido."
(Pedro Silva Pereira; "O bom caminho")

Expedientes

Afinal,  estes "tipos" não são tão "nabos" quanto se apregoa. Em expedientes são bons! 
Neste caso, o expediente serve-lhes para mascarar os resultados da desastrosa execução orçamental que,  não fora a marosca, se teriam revelado bem piores do que os divulgados. O expediente, porém, não lhes há-de servir por muito tempo, pois em 30 de Agosto os reembolsos terão que estar concluídos. E nessa altura, se saberá a verdade inteirinha. E daí, talvez não, pois nunca se sabe até onde é que "eles" são capazes de ir em matéria de "expedientes".

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O cartão que tanta falta fazia!

(O cartão Relvas)
Depois de dois "post" sobre o SMN, estava quase a esquecer-me do inesquecível Relvas. Imperdoável!
(Via)

Não comeu o bolo, saiu-lhe disparate


Desde que os seus amigos tomaram conta do "pote", com a sua prestimosa e indispensável ajuda, Cavaco deixou-se de "avisos" e agora, quando fala, ou diz banalidades ou sai-lhe asneira.
A culpa não é tanto dele, reconheço. É mais da responsabilidade da sua Casa Civil que abandonou, não sei por que razão, a rotina de ter sempre à disposição de Cavaco um bolo que ele se apressava a mastigar, evitando assim  que lhe saísse da boca mais algum disparate.
Seja essa ou não a razão, a verdade é que os disparates na boca de Cavaco dispararam.
Vem este intróito a propósito da  última entrevista dada por Cavaco ao "Sol", entrevista que, diga-se desde já, não li, mas da qual tomei conhecimento através do "Público" que faz simultaneamente o favor de transcrever algumas das "pérolas" proferidas por Cavaco.
Uma delas merece destaque. Segundo a transcrição do "Público", Cavaco garante que o país é hoje mais respeitado”.
Faltou-lhe o bolo, saiu disparate. Neste caso, porém, é fácil tapar-lhe a boca. Como os factos são recentes e até têm reflexos no presente, é suficiente fazer-lhe uma simples pergunta para o calar.
Portugal, deve ele lembrar-se, tem actualmente assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, assento que alcançou, era então primeiro-ministro José Sócrates, em disputa com um país da dimensão do Canadá que gozava, e goza,  de enorme prestígio a nível internacional. Não obstante, o certo é que, nessa disputa directa, foi Portugal o eleito, tendo o Canadá, perante a evolução das votações, acabado por desistir da contenda para não fazer pior figura. 
Isto dirá alguma coisa a Cavaco sobre o respeito e o prestígio de que Portugal gozava na altura, a nível internacional? Se calhar, não. Mas, se tem dúvidas, daqui se lhe sugere que promova a repetição da experiência, nas Nações Unidas, ou noutra organização internacional qualquer. Talvez consiga ver, então, o tamanho do seu disparate.
A Cavaco garanto eu que não assistirá a uma tal façanha, nos tempos mais próximos e seguramente nunca antes do fim do seu actual mandato.
(imagem daqui)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Fala a experiência

Fala a experiência de Cavaco. Não digo que tenha experiência em prepará-las, porque a sua intervenção ostensiva daria demasiado nas vistas, mas que já apareceu a incentivá-las não sofre dúvidas. E, ultimamente, até tem que as suportar, quando, de todo, as não pode evitar. 
Mas, bem vistas as coisas, Cavaco até nem tem grandes razões de queixa. É verdade que as manifestações que lhe são dirigidas podem causar-lhe algum incómodo, mas também lhe trazem alguma vantagem. A partir de agora ninguém pode pôr em dúvida que Cavaco quando se pronuncia sobre o assunto não está a falar de cor. O que diz é com conhecimento de causa. É a experiência dele a falar.

Por "caminhos de pedras"


"Eles" bem se fartam de proclamar que Portugal vai no "bom" caminho. Para o comum dos mortais que vive neste cantinho da Europa o caminho é mais parecido com  um "caminho de pedras". Eis algumas:
(Em Junho, quando era suposta a diminuição do desemprego por efeito do aumento do emprego sazonal? Pois é verdade, mesmo em Junho, porque estamos no "bom" caminho!)
(Impossível num Portugal que vai no bom caminho!)
(Algo de anormal se passa com estes indicadores!)
(Para os bancos e não só, diria eu!)

Não quero com isto dizer que "eles" mintam. Se calhar, para quem circula em bons automóveis, com melhores suspensões e motorista às ordens, até os "caminhos de pedras" pode parecer bons.  Recomenda-se por isso que passem a andar a pé para afinarem a percepção sobre a "bondade" do caminho.
E chega de pedras. Por hoje.
(Ilustração daqui)

Devolvida a batata quente

Isto não se faz, ó Draghi ! 
Devolver a batata quente ao Costa. Logo ao Costa que estava, ansiosamente, à espera que o BCE lhe descalçasse a bota. Esfumou-se assim o pretexto para excluir os reformados do Banco de Portugal,  Cavaco incluído, do corte relativamente aos subsídios de férias e de Natal.
Francamente, a solidariedade do BCE para com os bancos centrais da zona Euro já não é o que era!
Sorry, Costa! Sorry, Cavaco!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Salvemos o ministro (Relvas)!

Eu já tinha dado conta de que estava em marcha uma campanha contra o (escandalosamente ainda) ministro Relvas. Tanto assim que, aqui há dias, entendi ser meu dever sair em sua defesa. Todavia, estava longe de supor que era a "mais brutal campanha" de que há memória, nos tempos democráticos, ainda para mais dirigida contra um um ministro, como diz o deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim que, sendo considerado como um dos mais animados participantes na(s) campanha(s) contra o ex-primeiro-ministro Sócrates, deve saber do que fala, pelo que não é favor nenhum reconhecer-lhe a mais alta autoridade  para se pronunciar sobre o assunto.
Ainda assim, só me convenci de vez que se tratava, na verdade, de algo sem paralelo, ao verificar que a campanha já ultrapassou fronteiras, pois a contestação a Relvas já chegou ao Tour de França e ao Col du Tourmalet
Chegadas as coisas a tais extremos, tudo aponta para a eventualidade de o ministro estar em grave risco de extinção. Digo o ministro e não o Relvas, que este está aí para lavar e durar. Mesmo não estando em causa a pessoa de Relvas, o caso não deixa de ser sério e há que providenciar para que aquela eventualidade se não venha a concretizar. Há, pois, que lançar de imediato  uma contra-campanha para a qual me proponho contribuir, lançando, para já, o lema: "Salvemos o ministro (Relvas)!"
A contra-campanha tem as suas dificuldades, mas parece-me que a melhor maneira de a iniciar, será demonstrar a falta de fundamentos das críticas que têm sido dirigidas contra o ministro.
A começar pela última que, não dizendo directamente respeito ao ministro, mas ao Relvas, himself, não deixou de afectar a imagem do ministro.
Refiro-me, como é óbvio, à "licenciatura" de Relvas. O que não se disse e se escreveu já sobre este assunto, divino Zeus! Não têm faltado alegações sobre ilegalidade, a imoralidade, a falta de ética e sei lá mais quê, quando, afinal a "licenciatura" vista pelos olhos do perspicaz, atento, avisado e bem informado Marcelo não passou de uma "oferta". Ora, digam lá como é que alguém, presenteado como uma "oferta", normalmente reage ? Recusa-a e passa por "pobre e mal agradecido" ? Ou, o mais normal não será aceitar e agradecer? Relvas aceitou e agradeceu. Que mal há nisto?
É verdade que também têm vindo à baila as "mentiras" do ministro sobre as suas ligações ao ex-espião Silva Carvalho, sobre o caso Relvas/Público e até as relativas às suas declarações sobre habilitações académicas constantes do seu registo biográfico na AR. O próprio o ministro já veio esclarecer, quanto este último ponto, que se tratou de um lapso (alguém, todavia, atento,  já corrigiu para "relapso") e quanto ás restantes temos de convir que as mentiras do ministro não passam de "mentirolas" triviais, quando comparadas com as aldrabices do primeiro-ministro. (Toda a gente ainda se lembra que o dito cujo não aprovou o PEC IV, por não serem admissíveis mais impostos, sendo que, uma vez no governo, não tem feito outra coisa. Suponho que também ainda ninguém esqueceu que o candidato Passos/Coelho garantiu publicamente que, com ele no governo, não haveria cortes no subsídio de Natal e, uma vez no poder, não só  concretizou o corte nesse mesmo ano (2011), como acabou, este ano (2012), por levar dois subsídios por atacado (o de férias e do de Natal) e por aqui se ficou, porque, entretanto, alguém lhe travou o passo.) 
Alguém incomoda o primeiro-ministro por tamanhas aldrabices? Ninguém, ou, se há por aí algum recalcitrante, a verdade é que a sua voz não se ouve. Por que razão é que o ministro (Relvas) é vítima de tanta crítica só por causa duma "mentiroras" proferidas no Parlamento? 
É mais que evidente a necessidade de encetar um aturado estudo para encontrar uma explicação para tão diferenciado tratamento, mas pela sua amplidão terá, naturalmente, que ficar para mais tarde. 
Em matéria de críticas dirigidas ao ministro sobra, depois disto tudo, o quê?
Apenas e só as alegadas "ameaças e pressões" dirigidas ao "Público", mas sobre isto, pouco há já para dizer, em defesa de Relvas. A ERC, como já disse Relvas, "ilibou-o em toda a linha" e disse-o, com total propriedade, pois até na linha onde aparecia a referência a "pressões inaceitáveis", esta expressão acabou por cair. 
Por obra de "amigos", dir-se-á. Mas, porventura, os amigos não são para as ocasiões?
A defesa do ministro (Relvas) fica feita, acho eu
Haja alguém que pegue no contra-ataque, pois há muito por onde pegar.
Pela minha parte, só mais uma contribuição: a escolha do símbolo da campanha. Nem mais, nem menos que o Lince ibérico", também ele um mamífero que esteve em perigo crítico de extinção. Se a campanha "Salvem o Lince ibérico" teve êxito, a campanha "Salvemos o ministro (Relvas)!" não há-de ter menor sucesso. Assim espero!

(ilustração daqui)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Humilde?

(Cynara humilis L.)

Humilde, com toda esta exuberância!?
E com esta interrogação/exclamação vos deixo. Até já.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Quem com ferros mata, com ferros morre"

Miguel Relvas está a ser alvo da mais brutal campanha que eu me lembre que alguém tenha sido sujeito, um ministro, nomeadamente nos tempos democráticos", segundo o deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim (CAA) que, pelos vistos, dá mostras de ter fraca memória.
Esqueceu-se, de facto, muito depressa da, essa sim brutal e feroz, campanha desencadeada contra o ex-primeiro-ministro José Sócrates, campanha em que ele teve a "honra" de participar e com a ferocidade que lhe é própria.
Ele esqueceu-se, mas ainda há quem se lembre e aproveite para lhe lembrar a ele que a direita no poder de que ele faz parte só está, por ora, a provar do remédio que ela própria fabricou e ministrou em doses cavalares e sem paralelo.
Lá mais para a frente, é bem possível que ainda venham a sentir na pele, o que significa o ditado "quem com ferros mata, com ferros morre". Esta direita no poder, mais que ninguém, merece ficar a sabê-lo. 


Terá passado pela cabeça do assanhado CAA que lá pelo facto de o PSD ser, antes de outra coisa, um caldeirão de mistelas, seriam todos, ele e os seus actuais companheiros de partido imunes ao ferro, tal como o famoso Obélix?


Dinheiro "bem" espatifado


Depois de anos e anos em investigações, com dois magistrados (?) a tempo inteiro, com cartas rogatórias dum lado para o outro e com a Judiciária a passar a pente fino contas e mais contas, o caso "Freeport" vai terminar com a absolvição, já pedida pelo Ministério Público, dos dois únicos réus acusados no processo pelo crime de tentativa de extorsão. Perante uma acusação pífia, a cargo dos dois ditos magistrados(?), não teria sido difícil adivinhar, logo à partida, qual seria o desfecho do caso.
Não se diga, porém, que o caso "Freeport" não foi um sucesso. O dinheiro espatifado foi muito "bem" empregue. Serviu para, ao longo de anos, enxovalhar um primeiro-ministro em funções, a família, um procurador que não era havido nem achado no processo e vários membros do Executivo de José Sócrates, às mão de jornalistas sem escrúpulos, de alguns magistrados nas vestes de sindicalistas, de vários políticos da direita a começar pelo autor da denúncia anónima e duns não sei quantos "operadores judiciais", incluindo os tais magistrados(?) que, não tendo tido tempo, ao longo de anos, para interrogar José Sócrates, acharam por bem, numa iniciativa inédita e insólita, deixar por escrito no despacho de encerramento do processo, umas quantas perguntas dirigidas ao então primeiro-ministro, com o propósito de prolongar o enxovalho. Eu, pelo menos não consigo descortinar outra utilidade. E, em boa verdade, até fizeram doutrina, seguida durante a fase do julgamento. Isto, se bem compreendo a crítica da advogada da defesa, que estranha que, "90 por cento do tempo gasto em julgamento tenha incidido sobre factos que nada tinham a ver com o objecto da acusação".
Pois não tinham, na verdade, mas havia que levar o enxovalho até onde houvesse pano para mangas.
Continuo, porém, a acreditar que o processo não foi inútil. Pelo contrário, contribuiu, e muito, para descredibilizar o anterior primeiro-ministro, ajudou ao derrube do seu Governo e, sobretudo, teve a vantagem de levar ao poder a "gente honrada" (como o ministro Relvas) que agora nos (des)governa e que tanto êxito tem tido no destroçar da economia, no aumento do desemprego e da pobreza e na destruição do Estado Social, designadamente, nas áreas da Educação e da Saúde. Não é exagero, julgo eu, pois não há um único sector da vida nacional do qual se possa dizer que saiu beneficiado com a troca. Excepções? Só talvez a troika e, seguramente, os catrogas.
(ilustração e notícia daqui)

Parafraseando Marcelo


Não falta quem diga que Relvas e Passos/Coelho são inseparáveis, que se conhecem bem de longa data e que, no fundo, se Passos/Coelho não demite Relvas é porque um é igual ao outro. Ou seja, passam bem por gémeos. 
Se como diz Marcelo "Não há ministro da Presidência no Governo e Passos Coelho precisa de um” e deve “encontrar um a sério”, pergunto eu, parafraseando o professor Marcelo, se não será também caso para se encontrar um primeiro-ministro a sério. 
Nem sempre o perspicaz Marcelo consegue (ou quer) ver o óbvio. Digo eu.
(notícia e imagem daqui)

domingo, 15 de julho de 2012

É desta massa que eles são feitos?



Aqui há tempos, interrogava-me eu, a propósito duma cena patética protagonizada pelo, na altura, presidente da JSD-Madeira, se era daquela massa que eles eram feitos.
É uma pergunta que se justifica novamente, agora a respeito de Duarte Marques, o actual presidente nacional da JSD, a quem, imagine-se o desplante, passou pela cabeça pedir explicações a Mariano Gago, ministro da Ciência e do Ensino Superior durante os últimos Governos do PS, sobre a "licenciatura" de Miguel Relvas em "Ciências Políticas e Relações Internacionais", "adquirida" na Lusófona.
Ó Duarte, não te marques, mates a puxar por essa cabecinha. O que dela costuma sair não vale a maçada!
(notícia e imagem daqui)

Beber do cálice até à última gota



A "licenciatura" de Miguel Relvas já não é só um uma fonte inesgotável  do anedotário nacional. Quando até  um político no activo, como  Alberto João Jardim (ele próprio, uma boa anedota) se dá ao luxo de ironizar sobre o caso (Trinta e tal anos de Governo, penso que vai dar para Veterinária, Biologia, Informática e Astronomia. Vou querer estes quatro cursos) é evidente para toda a gente, com excepção de Passos Coelho, que a permanência de Relvas no governo é insustentável. 
Insustentável e inexplicável, por muitas que sejam as explicações já avançadas. A meu ver, talvez já só falte  esta: Relvas, com o acordo de Passos/Coelho, terá decidido beber do cálice da vergonha até à última gota, em expiação dos seus "pecados". Quem sabe?
(ilustração daqui)

O soba de Gaia





 Firmino Pereira, vice-presidente do PSD/Porto limitou-se a dizer algo que é óbvio e de simples bom senso:  Acho que os incidentes que se têm repetido em volta do ministro Miguel Relvas fragilizam e prejudicam em muito a imagem do Governo”. 
E deixa-lhe um aviso que nem sequer prima pela subtileza: O militante Firmino Pereira é também vereador da minha Câmara e ocupa provisoriamente um lugar de vice-presidente, na substituição de Marco António Costa”. Provisoriamente, percebeste, Firmino? 
Como nem a Câmara Municipal, nem a Assembleia Municipal se pronunciaram, nem se pronunciarão sobre a permanência, ou não, de Relvas no governo, porque não têm nem competência nem legitimidade para tal, não parece ser necessário forçar muito a nota para concluir que quando Menezes, o também chorão e efémero ex-presidente do PSD, alude a posições públicas coerentes com as da maioria dos oito vereadores e dos membros da Assembleia Municipal, está a dizer com todas as letras que  os vereadores e a Assembleia Municipal não passam de figuras decorativas. Quem manda é ele. Le roi c'est moi!  
O soba da Madeira tem aqui, visto isso, um ilustre discípulo e sucessor. Mais dia menos dia, o Alberto João  passa-lhe a pasta. Pelos vistos, fica bem entregue. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O que vale um "canudo"


"Ontem fui atendido numa caixa de supermercado por uma licenciada em Engenharia, área em que parece não faltar emprego. O seu problema, explicou-me resignada, era a universidade que lhe atribuíra o diploma...
Muitas escolas de ensino superior privado são hoje apenas negócios (e sem departamentos de pós-venda). Comercializam diplomas de "dr", de "mestre" e de "doutor por extenso" como poderiam comercializar frutas ou legumes. Com uma diferença: o sector das frutas e legumes é mais fiscalizado e os seus consumidores mais protegidos do que os do "sector" do ensino superior.
As universidades públicas, apesar do "salve-se quem puder" orçamental para que foram empurradas, vão sobrevivendo ao naufrágio. E o mesmo se diga de algumas universidades privadas, que mantêm cotação de exigência e rigor. (Uma sugestão ao ME: já que o ensino superior é uma actividade empresarial "liberalizada", por que não uma Bolsa de Valores Universitária? Assim, os alunos saberiam o que compram ao matricular-se em certas universidades. Um "outlet" para diplomas inúteis ou com defeito também não seria má ideia.)
(...)
(Manuel António Pina - O "mercado" universitário. Na integra aqui)
(ilustração daqui)

O sósia

Anda por aí alguém a fazer-se passar pelo primeiro-ministro Passos/Coelho e a defender que "é necessário criar valor suficiente para defender um modelo não de baixos salários num determinado país ou economia", modelo que  'só pode ser sustentado por um tecido económico que "aposte na inovação e na qualidade"'.
Tudo indica que se trata de um sósia do primeiro-ministro, apesar de Passos/Coelho apresentar, frequentemente, dupla personalidade (Passos a dizer uma coisa e Coelho a fazer outra e vice-versa). 
De facto, mesmo sendo assim, estou em crer que o actual primeiro-ministro, que tem defendido e praticado uma política de baixos salários e que tem desinvestido, como nunca, nas áreas da educação, da ciência e da inovação, nunca se teria lembrado de fazer tais afirmações, tão contraditórias elas são com a sua prática e  com as suas orientações políticas.
A prova, porém de que se trata mesmo dum sósia está na fotografia (em baixo) que ilustra a notícia. Perante esta, fica-se com a certeza absoluta. O indivíduo que se fez passar por primeiro-ministro, embora seja muito parecido com este, esqueceu-se de cortar o cabelo à escovinha, que é o modelo que Passos/Coelho agora usa. Este descuido é que permitiu descobrir-lhe a careca. Que lhe sirva de emenda e para a próxima que tenha mais cuidado.
O indivíduo, apesar de documentada a fraude, ainda não foi preso. Pelo menos não há notícia de que tal tenha acontecido.

(notícia e imagem daqui)

Três razões ou mais

"Não, o primeiro-ministro, que anda pelo PSD há muitos anos e conheceu bem a fauna jotinha do seu partido (Passos foi presidente da JSD já Relvas tinha sido seu secretário-geral), sabia muitíssimo bem quem era o seu ministro. Sempre soube. Não o escolheu como seu aliado para ganhar o partido pelas suas capacidades políticas ou intelectuais. Escolheu-o pelo seu talento em mexer-se na lama. E depois meteu-o no governo, com um poder quase absoluto sobre os restantes ministros, sobretudo nas pastas onde possa haver bons negócios.
...
Por estes dias, Passos Coelho não descobriu nada sobre o carácter de Relvas que não soubesse há muito tempo. Ainda assim, seria de esperar que se preocupasse com as aparências. Restam três justificações possíveis para Passos Coelho não demitir imediatamente tão incómodo ministro: tem medo de o ver à solta, depende dele para manter a fidelidade da mafia do partido ou nada disto o choca porque, na realidade, só aparentemente são diferentes um do outro."
(Daniel Oliveira -  A fama que vem de longe. Na íntegra: aqui)(Negrito meu) 

As razões que o Daniel Oliveira apresenta não me parece que sejam suficientes para explicar a renovação da confiança em Relvas, por parte de Passos/Coelho, até porque é evidente que essa manifestação de confiança está a afectar a imagem do prímeiro-ministro, como Daniel Oliveira salienta no texto transcrito. Se ele o não demite, mesmo que a sua imagem fique afectada, forçosamente que, para além daquelas razões, tem de haver mais. E depois de o conselheiro de Estado, Bagão Félix, se ter pronunciado nos termos em que o fez (a presença de Relvas no governo "vulnerabiliza o primeiro-ministro, até porque toda a gente sabe que a relação entre eles é muito forte") mais se acentua a convicção de que a justificação para a permanência de Relvas no governo de Passos/Coelho tem de ser procurada alhures.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Uma lágrima !


Depois ter garantido solenemente que não iria invocar a "herança" do passado para justificar as suas políticas, Passos/Coelho e as figuras, figurinhas e figurões que o acompanham não têm feito outra coisa que não seja lançar culpas sobre os governos do PS por todos os males do país, os passados, os presentes e, não é difícil presumir, os futuros.
Até ontem. 
Pressionado pela derrapagem das contas públicas (o homem, apesar do aumento brutal e generalizado dos impostos e dos esbulhos a que procedeu, inconstitucionais, hoje sem margem para dúvidas,  já sabe que não vai conseguir consolidar as contas públicas, nos termos do memorando) e sem saber o que fazer, depois da declaração de estarem feridos de inconstitucionalidade os cortes dos subsídios de férias e de Natal, apesar de ter contado com a benevolência dos juízes do Constitucional que lhe permitiram que ficasse com o roubo dos subsídios deste ano, Passos/Coelho, ontem, durante o debate sobre o Estado da Nação, viu-se  forçado a dirigir apelos ao PS para "assumir as suas responsabilidades", indo ao ponto de convidar a  "participar na avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira e a na preparação do Orçamento de Estado"  um partido relativamente ao qual não tinha tido até agora outra atitude que não fosse a de o atacar e desconsiderar. Coisa nunca imaginada, quanto mais vista!
O homem, para chegar a tais extremos, por certo que já teme que o céu lhe caia em cima, ou que o chão lhe falte debaixo dos pés. Ou as duas coisas juntas. Já não está simplesmente aflito. Vive numa situação permanente de aflição. 
Entretanto, acabo de sentir uma lágrima a cair-me pela cara abaixo. Não é que o raio dum mosquito teve a ousadia de entrar por um dos meus olhos adentro, causando-me uma tal irritação que me levou às lágrimas. Muito mal vão as coisas quando até um mosquito já me faz chorar!
(ilustração daqui)

Estado de negação

Depois de afirmar que o caso da "licenciatura" de Relvas na Lusófona era um "não assunto", Passos Coelho veio ontem dizer, às 15h41, durante o debate na AR, perante a interpelação se António José Seguro sobre o número de desempregados, que "Fazer a descrição do desemprego não é fazer a avaliação do Estado da Nação".
Daí, concluo eu, sem forçar, que com o esteio em que se apoia (Relvas) já um tanto apodrecido e fragilizado, Passos/Coelho está em vias de dar um tombo. Ainda que tal não venha a acontecer, certo, certo é que  ele já não sabe o que diz. Ou, então, anda com a mente por outras paragens.
Talvez também não seja despropositado, de todo, deixar aqui uma pergunta feita por outrém (Tiago Mesquita): "Senhor primeiro-ministro: temos caras de palhaço?"

Uma bênção!

A "licenciatura" de Relvas já causou a primeira vítima: o reitor da Universidade Lusófona do Porto, Fernando Santos Neves, responsável pela atribuição das equivalências na licenciatura do ministro Miguel Relvas foi substituído no cargo. Falta saber se a substituição ocorreu por ter sido demitido, ou se a demissão foi da iniciativa dele, o que, a ter sido o caso, significaria que ainda tem vergonha na cara. 
O (escandalosamente ainda ministro) Relvas é que ainda não se demitiu, nem foi demitido, mas,  já estou como diz o "Jumento", ainda bem.
Como é que um povo fustigado pela austeridade "além da troika" levada a acabo por este governo e  a viver "numa apagada e vil tristeza" iria encontrar, dum momento para o outro, alguém que substituísse Relvas como fonte de anedotas que, embora não encham a barriga, sempre dão aso a que se encontre algum motivo para rir?
A permanência de Relvas no governo é, pois,  deste ponto vista, uma bênção. Que temos de agradecer a Relvas e a Passos/Coelho. 

Não acredita?

O governo  “não está a preparar qualquer aumento de impostos nem qualquer medida dessa natureza” (Passos/Coelho, no debate sobre o Estado da Nação).
O leitor não acredita ? Pois eu acredito piamente. O governo não precisa de estar a preparar qualquer aumento. Perante a derrapagem das contas públicas, evidente depois de conhecidos os últimos números da execução orçamental, o aumento dos impostos, taxas e alcavalas já está preparado há muito. Desta vez, para variar, Passos/Coelho nem precisou de mentir. Já é um progresso face ao antecedente.